● O tempo abordado localiza-se numa fase da história das relações internacionais
brasileiras em que se deitavam as raízes de uma nova política externa decorrente da inauguração do regime republicano. Aqui, o Brasil busca emancipar-se da estrutura tradicional imperial ● De acordo com Quintino Bocaiuva, a forma anterior de governo era "antinômica (ser contrário a) e hostil ao direito e aos interesses dos Estado americanos” e geradoras de hostilidade e de guerras com os países vizinhos. Além disso, também dizia que o Brasil era um país isolado, pois era tido, na Europa como “uma democracia monárquica que não inspirava simpatia nem provocava adesões''. Perante a América passamos por ser uma democracia monarquizada" ● Assim, era necessário um esforço para que o Brasil conseguisse suprir este estado de coisas colocando-o em contato fraternal com todos os povos e em solidariedade democrática com o continente americano. De modo que a República teria a obrigação de criar uma relação de amizade com toda a América do Sul ● Após a proclamação da república, o Brasil possuía uma política expansionista idealista, mas que não conseguiu passar do campo das ideias, já que ele manteve-se equidistante dos demais países ● Chile e Argentina passaram por momentos difíceis no que se refere a disputa por fronteiras e tentativas de exercício de primazia num quadro formalmente parecido como europeu; ao consultar jornais, dá-se a entender que o momento seria uma versão sul-americana caracterizada de uma “paz armada” e pela "política das alianças” ● O texto busca mostrar como os representantes brasileiros localizados nesses países lidaram com a situação de acordo com os interesses brasileiros ● Após um curto período de concórdia entre Argentina e Chile, as relações entre esses dois países voltava a tensionar; é nesse momento que o Brasil retraia-se ● Carlos de Carvalho: “Procure não externar opinião alguma sobre a questão argentino-chilena. Incerteza deles é grande força para nós” ● Chile e Argentina passaram por diversos momentos de acirramento da disputa entre eles, mas também passaram por alguns períodos de concórdia ● Chile estava com as finanças exauridas devido a paz armada ● Argentina aumentou seu prestígio na região, erguendo-se como defensora do Peru e da Bolívia; além da criação de legações em países como México, Colômbia, Venezuela, Equador e América Central; já que a nação platina era rica, tinha condições de aumentar sua arrecadação, a renda tendia ao crescimento e havia progresso material ● A Argentina estaria colocando em prática uma política internacional com tendências hegemônicas no contexto sul-americano; houve rompimento do apoio à Bolívia e ao Peru, já que a nova posição era de neutralidade e de ênfase no revigoramento das forças nacionais ● Houve uma ausência de continuidade, já que houve diversas mudanças na PE da Argentina. Ciro de Azevedo coloca q a política externa argentina mudou radicalmente indo de comunhão de interesses, para aliança ofensivo defensiva, para indiferença ● Preocupação diplomática brasileira durante toda a 1° República: manter relações com as nações menores do Prata em excelente nível e entreter com o Chile relações mais cordiais possíveis. Essas, além dos interesses comerciais, poderiam funcionar como contrapeso a presença da Argentina no contexto sub-regional ● O Brasil nunca abandonou sua posição de equidistância entre Argentina e Chile, mesmo quando as relações estavam em seus momentos mais tensos. A sua atitude manteve-se de atento acompanhamento, o que proporcionou importantes subsídios às orientações de seu posicionamento no contexto ● Além disso, a mídia foi extremamente influenciadora das relações que ocorriam nos países do Cone Sul, já que ela era o veículo de divulgação de qualquer informação, sendo ela verdadeira ou apenas um rumor ● Mostra-se uma análise do jornalista argentino Ernesto Quesada, que diz que o Chile teria um plano de vasta projeção, o qual não se esgotava em questões transitórias nem de limite com a Argentina, e que ele seria impossível de se realizar sem a aliança com outros países ● Afirmava ainda que, se não havia um acordo formal escrito, haveria uma entente tácita, principalmente entre Chile e Brasil, o que poderia ser um perigo para a pez na América ● Isso levou a um clima de desconfiança entre as principais nações do Cone Sul, já que todos estavam retraídos devido aos rumores de aliança ● “Assim como na Europa, a Alemanha, unida a Áustria e a Itália, formaram uma tríplice aliança para garantir o equilíbrio europeu, assim, na América do Sul, o Brasil e o Chile poderiam formar uma aliança para garantir a paz e a estabilidade desta parte do continente, para manter o equilíbrio sul-americano, e para ser o árbitro dos destinos desta região. Seus interesses estariam reciprocamente assegurados, e, como em parte alguma podem chocar entre si, - porque geograficamente estão separados por outras nações e politicamente tem esferas distintas de ação, são as duas únicas potências da Sul América nessas condições… É a única aliança sólida que cabe nesta parte do mundo, e é a única que garante a ambos os contratantes o justo predomínio que a cada um corresponde nos respectivos oceanos que banham as suas costas” ● Então, de modo geral, as relações entre os países do Cone Sul foi muito baseada naquilo que a mídia divulgava. Houve momentos de suspeita por parte de outros países devido aquilo que era noticiado, o que ocasionava em uma política externa mais fechada e protecionista. Além disso, os conflitos que ocorriam nesses países também dificultaram a expansão da política externa brasileira. Política essa que, ao final do período analisado, o Brasil já havia abandonado sua visão romântica em detrimento de outra mais realista