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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE TEFÉ –


CEST/UEA
CURSO DE HISTÓRIA

DISCIPLINA: AMÉRICA III


PROFESSOR: TIAGO SANTOS

COMPONENTES: Bruno Ferreira


Flávia Oliveira
BRASIL, ARGENTINA E ESTADOS
UNIDOS

Conflitos e integração na América do Sul


(Da tríplice Aliança ao Mercosul)

Autor: Luiz Alberto Moniz Bandeira

Capítulo IX e X
Capítulo IX
Bases sociais dos governos de Dutra e Perón

• O PLANO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E A TERCEIRA POSIÇÃO DA ARGENTINA

• O FIASCO DA POLÍTICA DE BRADEN

• AS RELAÇÕES BRASIL-ARGENTINA

• OS INTERESSES COMERCIAIS DO BRASIL

• A QUESTÃO DO TRIGO

• A POLÍTICA LATINO-AMERICANA DE PERÓN

• O FIM DA HEGEMONIA BRITÂNICA NA ARGENTINA


BASES SOCIAIS DOS GOVERNOS DE
DUTRA E PERÓN

 Semelhanças:
 Os dois governos foram longos e com objetivo de permanência no poder. Características
semelhantes no sistema político governamental de governo conservador com aparência de
democrático.

 Diferenças:
 Dutra - reconciliou as elites econômicas e políticas do Estado Novo e da oposição em um bloco
de caráter liberal-conservador, ao mesmo tempo que, a pretexto de combater o comunismo e
o queremismo (trabalhismo), reprimia o movimento sindical e os que lutavam pela
nacionalização do petróleo

 Perón - O governo de Perón, pelo contrário, consolidou a aliança entre o movimento sindical e
o Exército, como fatores reais de poder, com o objetivo de garantia do trabalho e promover o
desenvolvimento industrial da Argentina, e por isto não só coagiu as classes dirigentes, mas
também todos os que a ele se opunha, estendendo o raio de perseguição aos jornais e as
universidades, tanto aos alunos como aos professores. Perón estabeleceu um governo populista
e conquistou o povo ou os mais pobres a aceitar seu governo.
BASES SOCIAIS DOS GOVERNOS DE
DUTRA E PERÓN

 O conteúdo popular do regime de Perón, que a extraordinária


influencia de Evita, como sua esposa, ressaltou, a ponto de tornar-se
ela própria também líder dos descaminados, bem o caráter
nacionalista de seus objetivos econômicos concorreram para
condicionar a politica interna e externa da argentina, dentro daquela
conjuntura de guerra fria.
 Ao contrário do que ocorreu no Brasil, Perón não só proscreveu o
partido comunista da argentina, que se alinhava com as elites
econômicas e politicas na oposição ao governo, como estabeleceu
relações diplomáticas com a URSS, no dia imediato ao de sua
ascensão a presidência da República, não obstante ser anticomunista
e antigo simpatizante do nazi-fascismo, como Eurico Dutra.(pg.220)
O PLANO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E A TERCEIRA
POSIÇÃO DA ARGENTINA

 Essa terceira posição que se inspirava em sua própria doutrina,


posteriormente denominada justicialista, contraria tanto ao
capitalismo quanto ao comunismo por serem os abusos do
primeiro a causa do aparecimento do segundo.
 O programa de Perón para aindustrialização da Argentina,
consubstanciado no plano Quinquenal (1947), não lhe dava, aliás,
senão essa alternativa, mesmo em tempos de paz. (pg.220)
O FIASCO DA POLÍTICA DE BRADEN

 A política de Braden, aquele tempo, já se revelara um fiasco, em


virtude do embaixador norte-americano George S. Messersmith,
tentar não estabelecer ou normalizar suas relações com a
Argentina, alegando que a Argentina se fortalecesse e tornasse
um inimigo pessoal podemdo empreender ações violentas
contra os interesses dos EUA e chegar a um entendimento mais
estreito com a URSS, o que levaria o sistema interamericano a
designar-se. (pg.221)
 A posição de Breden tornou-se, assim insustentável e ele
renunciou ao cargo de secretário-assistente do departamento
de Estado, meados de 1947. logo, os EUA melhorou suas as
relações com a Argentina.
AS RELAÇÕES BRASIL-ARGENTINA

 Entretanto, a forte coerção que o Departamento de Estado até então


exercera sobre o governo de Perón contribuíra, indireta e, ás vezes,
diretamente, para formentar tensões entre o Brasil e a Argentina.

 Apesar da rivalidade, o Brasil sempre procurou evitar o confronto com


a argentina. Mesmo quando as pressões do Departamento de Estado
se intensificaram e o Blue Book apareceu, ele deixou claro que não se
enredaria em uma contenda com um vizinho, com qual mantinha
importantes relações econômicas pelos beaux yeux dos EUA, da
mesma forma que não se desaviria com os EUA por sua causa.

 O Brasil continuava a insistir em que a Argentina participasse da Ata


de Chapultepec e se opunha a toda tentativa para a excluir da ‘família
Americana’’, o que julgava ‘impossível e indesejável’’. (Pg.223)
AS RELAÇÕES BRASIL-ARGENTINA

 A posição de Dutra não só correspondia aos interesses comerciais do Brasil como


também refletia a tendência dominante nas forças armadas, contrárias à discriminação
da Argentina, embora pequena elite de oficiais pudesse desejar alguma espécie de
conflito na Bacia do prata, e muitos, sobretudo entre os que lutaram na Itália, não
simpatizassem com Perón, por se alinharem política e ideologicamente com os EUA.

 O próprio Dutra, ao tempo em que exercera o cargo de ministro da guerra no governo


de vargas, fora, a princípio, favorável á “política do ABC’’, ou seja, á formação de um
bloco econômico, político e militar, integrado pela Argentina, Brasil e Chile, em
contraposição ao pan-americano e a política de boa vizinhança’’ do presidente
Roosevelt, que Oswaldo Aranha, ministro das Relações Exteriores, que defendia.

 No entanto, João Neves da Fontoura, que assumira o Ministério das Relações Exteriores
e era profundamente adverso a Perón, tratou de conduzir a política do Itamaraty
“diretamente em harmonia’’ com os EUA, o que inibiu o Brasil de aproximar-se da
Argentina. (Pg.224)
OS INTERESSES COMERCIAIS DO
BRASIL

 A política interna no Brasil assim se projetou, diretamente,


sobre sua política exterior e as relações com a Argentina
tornaram-se ainda mais frias e mesmo tensas.(Pg.224).
 Em 1947, Brasil e Argentina restabeleceram o acordo de
pagamentos e, em outubro, firmaram novo convênio
constituindo o cruzeiro (moeda brasileira na época) como base
de suas transações comerciais e determinando a utilização
apenas de navios das duas nacionalidades para o transporte de
mercadorias em seu intercâmbio bilateral, o que desagradou
tanto à Grá-Bretanha quanto aos EUA.
A QUESTÃO DO TRIGO

 Com o Brasil, ao negociar, em fim de 1946, um convênio para a compra de 1,2


milhão de toneladas de trigo, não aceitara fixar o preço de cada 100kg em 35
pesos, calculando que as cotações no mercado cairiam, o que não ocorreu, a
Argentina, com a política monopolista de comércio exterior, aumentou-o, depois,
para 40, 45 e, finalmente, não fornecia aquele produto a qualquer país por menos
de 60 pesos.(Pg.225)

 Perón igualmente se ressentia da política do Itamaraty, sempre esquivo a


qualquer acordo mais amplo com a Argentina, conforme ele pleiteava. Os atritos
assim evoluíram e, em 1948, ele tirou o Brasil do grupo, que fora, em 1947, o
maior fornecedor da Argentina, vendia-lhe cada vez mais, além de fios e tecidos
de algodão, vários outros insumos e manufaturados, tais como borracha, pneus,
madeiras, ferro-gusa e aço, ao mesmo tempo que constituía, praticamente, uma
extensão do mercado interno, para o escoamento de sua produção de trigo, não
somente devido á proximidade geográfica, mas também, ao fato de que o grupo
Bunge & Born (Argentino) lá controlava a maioria dos moinhos. (Pg.225-226).
A POLÍTICA LATINO-AMERICANA

 As políticas internas do Brasil e Argentina de unificação ou cooperação da América


Latina passaram por diversas divergências.
 E suas políticas exteriores estavam a divergir, profundamente, como
demonstraram, tanto na Conferência do Rio de Janeiro (1947), quando se celebrou
o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), quanto na Conferência
de Bogotá (1948), para a criação da Organização dos Estados Americanos (OEA).
 Enquanto o Brasil acompanhou os EUA, em quase todas as questões, a Argentina
recalcitrou e somente aderiu àqueles dois instrumentos do pan-americanismo, que
se contrapunham aos seus objetivos de formar o Bloco Austral com base na união
aduaneira dos países do Cone Sul, a fim de não se isolar no continente.
 Entretanto, por não se conformar com o reordenamento internacional do pós-
guerra e a bipolarização política e ideológica entre dois centros de poder, a diretriz
de Perón, situado dentro do sistema capitalista, sempre fora a de obstar a
liderança dos EUA, embora declarasse que colocaria a Argentina ao seu lado, caso
o conflito armado com a URSS se desencadeasse, pois a terceira posição era uma
política para tempos de paz.
O FIM DA HEGEMONIA BRITÂNICA NA ARGENTINA

 O governo de Buenos Aires, que desde 1948 já se tornara mais conciliatório com os EUA,
começou a aceitar suas condições, a fim de receber ajuda financeira. Tomou várias medidas por
modo a melhorar o clima para os investimentos estrangeiros, como a liquidação dos motivos de
queixa da Swift Internacional e da Pan American, e o congresso, dominado pela maioria do
partido justicialista, ratificou o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca.
 E os EUA, em 1950, começaram a suplantar a Grã-Bretanha, como principal cliente da
Argentina, absorvendo cerca de 26% do total de suas exportações, em 1952, enquanto
mantinha o primeiro lugar como fornecedor da Argentina, reconquistando antes da guerra de
193-1945. (Pg.229-230)
 Por outro lado, os investimentos norte-americanos, pela primeira vez, superaram os britânicos
na Argentina, que caiu em completa dependência dos EUA, dependência maior que a do Brasil,
porque nem sequer conseguira implantar uma forte indústria pesada.
 A política de Perón, conforme diplomatas britânicos em 1945 previram, concorreu,
paradoxalmente, para produzir aquela situação. Com o fim do predomínio da oligarquia rural,
afastada da direção do Estado pelo golpe militar de 1943, o programa de industrialização da
Argentina, ao fomentar a demanda de bens de capital e insumos e prejudicar a produção
agropecuária, esgarçou os vínculos de dependência em relação à Grã-Bretanha, o principal
mercado de consumo para as suas exportações, e a levou a ajoelhar-se ante os EUA, que não
necessitavam de carne e cereais para o abastecimento de seu mercado interno.

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