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FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL PLANEAMENTO URBANO E


MEIO AMBIENTE

TRABALHO DE CAMPO

PLANEAMENTO URBANO VERSUS FORMAÇÃO DE ASSENTAMENTOS URBANOS


INFORMAIS.

Autor: Tutor:

Leonel João

Tete

2022
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................3
1.1. Objectivos.....................................................................................................................5
1.1.1. Geral.............................................................................................................................5
1.1.2. Específicos....................................................................................................................5
1.2. Metodologias................................................................................................................6
1.2.1. Classificação da pesquisa.............................................................................................6
1.2.2. Etapas da pesquisa........................................................................................................6
1.2.3. Métodos e fonte de informação....................................................................................6
2. PLANEAMENTO URBANO VERSUS FORMAÇÃO DE ASSENTAMENTOS
URBANOS INFORMAIS..................................................................................................................7
2.1. Generalidade.................................................................................................................7
2.2. Área de estudo..............................................................................................................7
2.2.1. Cenário demográfico-urbano da cidade de Tete...........................................................8
2.3. Instrumentos de planeamento urbano aplicáveis na cidade de Tete...........................10
2.3.1. A nível distrital...........................................................................................................10
2.3.2. A nível municipal.......................................................................................................10
2.4. Factores de formação de assentamentos informais na cidade de Tete e sua análise
crítica………………………………………………………………………………………….11
2.5. Estratégias para conter o crescimento dos assentamentos informais..........................13
2.5.1. Plano de Estrutura Urbana da cidade de Tete (PEUT)...............................................14
2.5.1.1. Programa de melhoramento de bairros.............................................................................14
2.5.1.2. Projectos de habitação social.............................................................................................15
3. CONCLUSÃO............................................................................................................................16
4. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................17
1. INTRODUÇÃO
A temática da formação de assentamentos urbanos informais é bastante verificada nos centros
urbanos do nosso país, causando um desequilíbrio a urbanização, no entanto, torna-se
emergente a implementação de planos exequíveis que possam reverter a situação, assim
sendo, o planeamento urbano resolveria os problemas do meio envolvente, apresentando
soluções com os recursos existentes e com danos ambientais minimizados, contribuindo para
o desenvolvimento social a nível regional.

Nesse caso, é necessário a criação e desenvolvimento de programas que buscam melhorar ou


revitalizar dentro de uma área urbana ou de uma nova área urbana, a melhor qualidade de vida
possível aos seus habitantes, assim, o planeamento surge como uma resposta aos problemas
enfrentados pelas cidades, tanto aqueles não resolvidos pelo urbanismo moderno quanto
aqueles causados por ele.

Este trabalho, foi desenvolvido com base no estudo de campo realizado na cidade de Tete
pertencente a província com o mesmo nome na zona centro do país. É notório a criação de
assentamentos urbanos informais nesta parcela do país, devido a atracção económica desde a
criação de empresas no sector mineiro que operam na província.

A cidade de Tete se expandiu de forma precária e desordenada desprovida de infra-estruturas


básicas e de serviços, com sistemas de saneamento básico, sistema de transportes e regulação
da ocupação do solo urbano.

Diante da situação, em 2011, o concelho municipal de Tete desenvolveu o Plano de Estrutura


Urbana da cidade de Tete (PEUT), na qual cobriu diversos aspectos relacionados com a
resolução da problemática dos assentamentos urbanos informais desordenados, assim como
melhoramento de vias de acesso.
Estruturado em 3 (três) partes (Introdução, desenvolvimento e conclusão), esta pesquisa,
debruça preferencialmente na instrumentalização do planeamento urbano, descreve também,
os factores condicionantes para formação de assentamentos informais e as estratégias para
conter o crescimento dos assentamentos informais na cidade de Tete.

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1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
A presente pesquisa tem como objectivo geral debruçar sobre o planeamento urbano versus
formação de assentamentos urbanos informais na cidade de Tete.

1.1.2. Específicos
Para que o objectivo geral seja alcançado, foram traçados os seguintes objectivos específicos:
 Contextualizar abordagens referentes ao planeamento urbano versus formação de
assentamentos urbanos informais na cidade de Tete.
 Apresentar os instrumentos de planeamento urbano aplicáveis na cidade de Tete;
 Descrever e analisar os factores de formação de assentamentos informais na cidade de
Tete;
 Enumerar as estratégias para conter o crescimento dos assentamentos informais na
cidade de Tete.

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1.2. Metodologias
1.2.1. Classificação da pesquisa
Quanto aos objectivos: entende-se aquilo que se deseja atingir com a pesquisa. Nesse
contexto, a pesquisa é classificada como sendo pesquisa exploratória.

Visa proporcionar maior familiaridade com o assunto, com o problema, para maior
conhecimento ou para construir hipóteses (Gil, 1999).

Quanto aos procedimentos técnicos e colecta de dados: classifica-se esta, como sendo
pesquisa bibliográfica.

Elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de


periódicos e, actualmente, com material disponibilizado na Internet (Gil, 1999).

Também, esta pesquisa é classificada como um estudo de campo, na qual faz-se a pesquisa na
cidade de Tete, lugar alvo de estudo. O procedimento de colecta de dados, baseou-se na
observação directa e sistemática e levantamento bibliográfico.

1.2.2. Etapas da pesquisa

Revisão bibliografica e reconhecimento do campo


1

Apresentação dos instrumentos de planeamento urbano aplicáveis na cidade de Tete.


2
Descrição e análise dos factores de formação de assentamentos informais na cidade
3 de Tete.
Apresentação das estratégias para conter o crescimento dos assentamentos informais
4 na cidade de Tete.

1.2.3. Métodos e fonte de informação


Pesquisa Bibliográfica
Consistiu na consulta de fontes secundárias (artigos científicos, relatórios técnicos,
instrumentos de ordenamento territorial elaborados) disponíveis na internet com informação
relevante sobre a cidade de Tete.

Diário de Campo
Os dados essenciais para a análise da situação urbanística foram registados em diário. A partir
da observação directa dos fenómenos, na qual possibilitou a compreensão da realidade vivida
na cidade de Tete, no caso particular dos bairros informais.

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2. PLANEAMENTO URBANO VERSUS FORMAÇÃO DE ASSENTAMENTOS
URBANOS INFORMAIS
2.1. Generalidade
De acordo com (Rosa, 2011), o planeamento urbano é um processo metódico, ordenado e
sequencial de acções, que se desenrola e ganha forma no tempo de modo a atingir um
determinado objectivo e estratégias de desenvolvimento.

Para (Tasca, 2014), o planeamento urbano é o processo de criação e desenvolvimento de


programas que buscam melhorar ou revitalizar certos aspectos (como qualidade de vida da
população) dentro de uma dada área urbana ou de uma nova área urbana em uma dada região,
tendo como objectivo propiciar aos habitantes a melhor qualidade de vida possível.

As mudanças económicas e tecnológicas, que se encontram bastante vincadas na maior parte


das cidades em desenvolvimento, geram a atracção do público para os grandes centros
urbanos. Por sua vez, o crescimento da população e do emprego urbano não é acompanhado
pela capacidade do Estado ou do mercado formal em criar soluções de habitação “populares”
ou de subsídios que sirvam de alavanca a este sector, sendo que estas medidas acalentam uma
necessidade pertinente em meios cujo desenvolvimento assume uma base no pensamento
urbano. Por consequência, a formação e proliferação dos assentamentos informais torna-se
muito comum, aquando da demanda por habitação (Amador, 2020).

Segundo (Anjo, 2009), citando o relatório “Moçambique, Melhoramento dos Assentamentos


Informais” (2006), afirma que em Moçambique uma área urbana “informal” é um
“assentamento informal” que é em geral, a consequência de um processo longo e complexo de
ajustamento das famílias, e dos indivíduos, a condições adversas onde os seus interesses,
muitas vezes opostos, encontram formas de coexistência num equilíbrio precário mas, apesar
de tudo, reconhecido por todos dentro do assentamento informal, ainda que tal nem sempre
pressuponha o reconhecimento oficial pelas autoridades.
2.2. Área de estudo
Na província de Tete, concretamente na cidade de Tete, o problema de urbanização não se faz
isento de estar a ocorrer de um modo alarmante e preocupante, porque a maior parte os bairros
encontram-se sem apresentarem uma estrutura urbana devidamente organizada e sólida numa
vasta região, apenas pode-se verificar pequenas áreas que estão urbanizadas dentro da cidade.

Foi tomada como objecto de estudo a cidade de Tete, localizada na região do baixo Zambeze,
Província de Tete, região que constitui um dos principais vectores de crescimento da
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província. Observa-se nos bairros Francisco Manyanga, Filipe Sansão Mutemba, Josina
Machel, Chingodzi, Matundo, Canongola, estabelecimentos de diversos assentamentos
informais, a qual grande concentração de moradias sem área de circulação entre as mesmas e
o traçado urbano fragmentado e desarticulado.

A cidade de Tete se expandiu de forma precária e desordenada desprovida de infra-estruturas


básicas e de serviços, com sistemas de saneamento básico, sistema de transportes,
pavimentação urbana, regulação da ocupação do solo urbano e outras consequências das
pressões sobre a ocupação e o uso e ocupação do solo na cidade de Tete.

Diante da situação da ampliação dos assentamentos informais, em 2011, o Concelho


Municipal de Tete desenvolveu o Plano de Estrutura Urbana da cidade de Tete (PEUT). De
entre diversos aspectos, se destacou nesse plano as preocupações com os assentamentos
informais desordenados, assim como melhoramento de vias de acesso (Conselho Municipal
de Tete, 2011).
O planeamento urbano na cidade de Tete, deve ser direccionado para as questões emergentes,
é necessária uma intervenção que considere a capacidade limitada de planeamento urbano,
que se associe na construção das capacidades técnicas e financeiras e que possibilite o
desenvolvimento das áreas já ocupadas.
As acções para o melhoramento ou desenvolvimento, devem levar em conta a complexidade e
particularidade que descrevem áreas urbanas precárias, acções coordenadas necessitam
abranger tanto os aspectos urbanísticos assim como o sistema territorial, a título de exemplo,
ambientais, sociais, económicos, políticos e culturais.
A cidade de Tete tem apresentado uma enorme dinâmica de expansão de tal forma que o
Conselho Municipal de Tete pretende demolir 520 casas em todos os bairros da cidade
(sobretudo no Bairro Francisco Manyanga) cujos proprietários não apresentam o "Certificado
do Direito de Uso e Aproveitamento de Terra" (DUAT) e cujas habitações se encontram em
zonas propensas a cheias.
As maiorias dos terrenos não se encontram titulados e, quando explorados em regime familiar,
têm quase sempre como responsável o homem da família.
2.2.1. Cenário demográfico-urbano da cidade de Tete
Dispersos no Distrito, ao longo do rio Zambeze, encontram-se pequenos regadios. A área
urbana de Tete desde a implantação dos projectos de extracção mineira, teve uma expansão
vertiginosa, oque tem colocado problemas em termos de planeamento urbano.

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Figura 1. Evolução da Área Urbana da Cidade de Tete
Fonte: (MITADER, 2015)
Nos últimos quatro anos foram atribuídas apenas 614 licenças de Direito de Uso e
Aproveitamento de Terra (DUAT). Em igual período, a autarquia recebeu 4.357 pedidos de
demarcações e só reconheceu 4.028 talhões. Sucede, porém, que os talhões são ocupados por
uma classe média emergente e que nem sequer é natural da província (MITADER, 2015).

Ainda, o (MITADER, 2015), afirma que há uma grande densidade populacional na periferia
da Cidade de Tete resultado, essencialmente, dos hot-spots em termos de emprego na qual a
questão dos assentamentos informais merece atenção especial nas áreas periurbanas da Cidade
de Tete.
Deste modo, devido a fluxos internos, constituem factores que têm desafiado a administração
pública urbana sob forma de fazer, em face desta de novas realidades de gestão da cidade,
pelo facto da velocidade da expansão e crescimento das formações urbanas informais da
segregação nas áreas urbanas na qual constitui a principal ameaça a gestão urbana.

A situação das áreas precárias sendo agravadas pela falta de implementação e controlo dos
instrumentos de planeamento urbano, e consequentemente resultou na maior parte da
população urbana, residir em áreas com escassos acessos a infra-estruturas básicas e
saneamento.

Observa-se na cidade de Tete, cada vez mais sendo construídas habitações precárias em
bairros de expansão informal, ampliando assim os assentamentos urbanos informais, onde
apenas pequena percentagem destes assentamentos é projectada e gerenciada. Um facto
fundamental para a ascensão dos projectos de planeamento urbano, é a requalificação e o

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reconhecimento dos mesmos planos locais como o único instrumento capaz de resolver os
problemas das cidades.
2.3. Instrumentos de planeamento urbano aplicáveis na cidade de Tete
Os instrumentos de planeamento urbano aplicáveis na cidade de Tete, correspondem nas
elaborações reguladoras e normativas do uso do espaço nacional, urbano ou rural,
vinculativos para as entidades públicas e para os cidadãos, conforme o seu âmbito e
operacionalizados segundo o sistema de gestão territorial.

Estes instrumentos são vinculados aos sistemas de gestão territorial na qual foi definido em 2
(dois) âmbitos (Artigo 8, Lei nº19/2007).

2.3.1. A nível distrital


Os Planos Distritais de Uso da Terra (PD), de âmbito distrital e interdistrital, que estabelecem
a estrutura da organização espacial do território de um ou mais distritos, com base na
identificação de áreas para os usos preferenciais e definem as normas e regras a observar na
ocupação e uso do solo e a utilização dos seus recursos naturais (Sicola, 2014).

2.3.2. A nível municipal


De acordo com (Sicola, 2014), a nível municipal há a considerar: Os Planos de Estrutura
Urbana (PE) - que estabelece a organização espacial da totalidade do território do município
ou povoação, os parâmetros e as normas para a sua utilização, tendo em conta a ocupação
actual, as infra-estruturas e os equipamentos sociais existentes e a implantar e a sua integração
na estrutura espacial regional.

As intervenções são integradas às políticas e aos planos tanto no nível nacional e corresponder
as legítimas metas de melhoria dos assentamentos, sejam eles associados às intervenções
sociais, físicas (construção e/ou reabilitação de ruas e valas de drenagem, reordenamento de
talhões, abastecimento de água, saneamento básico, iluminação pública, entre outros) e de
regularização de fundos para concessão de títulos de direito de uso e aproveitamento da terra
(DUATs).

Acrescenta ainda (Sicola, 2014), os Planos Gerais de Urbanização (PGU) e Planos Parciais de
Urbanização (PPU) - que determinam a estrutura e qualifica o solo urbano, tendo em
consideração o equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, definem as redes de
transporte, comunicações, energia e saneamento, os equipamentos sociais, com especial

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atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócio espacial para a elaboração do
plano.

Os Planos de Pormenor (PP), definem com pormenor a tipologia de ocupação de qualquer


área específica do centro urbano, estabelecendo a concepção do espaço urbano dispondo sobre
usos do solo e condições gerais de edificações, o traçado das vias de circulação, as
características das redes de infra-estruturas e serviços, quer para novas áreas ou para áreas
existentes caracterizando as fachadas dos edifícios e arranjos dos espaços livres” (Decreto nº
23/2008 de 1 de Julho). Relativamente ao sistema de funcionamento de Instrumentos
português, abaixo mostrasse o esquema representativo a diferentes escalas territorial (Sicola,
2014).

2.4. Factores de formação de assentamentos informais na cidade de Tete e sua análise


crítica
A conjunção entre a necessidade de criação de residências e a coexistência de terras ociosas,
conduziram as lógicas de ocupação dos assentamentos informais na cidade de Tete,
intermediadas, muitas vezes, por um mercado ilegal, que assombra o plano quinquenal do
Governo. O conjunto de factores que influenciam a formação dos assentamentos urbanos
informais destacam-se os seguintes:

 Intenso crescimento populacional urbano


 Crescimento natural da população
 Movimentos migratórios
 Urbanização acelerada
 Ineficiência do poder público em planear os espaços urbanos
 Crescente aumento da pobreza
 Ausência de alternativas habitacionais acessíveis à população mais vulnerável
 Altos valores do solo urbano
 Carência de políticas públicas em todos os níveis governamentais.

Tais factores são observáveis nos assentamentos informais existentes na cidade de Tete, em
que a informalidade tem gerado inúmeras mudanças sociais, económicas, territoriais e
ambientais.

Cidade de Tete, além de ser a capital da província, é a cidade mais importante


economicamente na província. Em função do crescimento de populacional e das notáveis
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melhorias a partir dos investimentos do sector privado em Tete, foram constatados intensos
movimentos migratórios que condicionaram uma densificação das áreas periféricas. Cerca de
800 mil pessoas (64% da população urbana) vivem em assentamentos informais na cidade de
Tete, sendo que 48% vivem abaixo da linha da pobreza (MITADER, 2015).

Como resultado, a maioria dos moradores vive com serviços limitados ou inexistentes,
incluindo, sobretudo, a precariedade no abastecimento de água, electricidade, saneamento,
falta de infra-estruturas viárias adequadas, drenagem, segurança e saúde (Banco Mundial,
2012).

O factor económico exerce o principal influenciador na formação dos assentamentos


informais na cidade de Tete, a existência de demanda contribuiu à consolidação gradual dos
espaços, sendo comum, também, a presença de mais de um núcleo familiar compartilhando
uma mesma residência. Este factor tem um potencial estímulo na formação dos assentamentos
urbanos informais, na qual, verifica-se, moradias desordenadas, com défice circulação de
viaturas na região.

Este factor subjacente, especialmente a distribuição de riqueza e a criação de empregos,


desempenham um papel central na determinação do processo de assentamentos informais.
Embora a maioria dos habitantes de assentamentos informais seja, de fato, pobres, pobreza
não é a única causa do loteamento informal de terras. Alguns dados indicam que os níveis de
pobreza absoluta diminuíram enquanto que informalidade cresceu.

O processo de acesso informal à terra urbana e à moradia é, em parte, resultado de factores


relacionados à configuração da ordem espacial. A situação actual reflecte o que tem sido
chamado a incapacidade estrutural da administração pública na esfera municipal, de garantir
acesso suficiente à terra urbanizada a custo acessível e/ou a unidades habitacionais em áreas
urbanas.

Os assentamentos informais também são afectados pela natureza e pelo âmbito das políticas
públicas de habitação. A produção insuficiente de moradias de interesse social é agravada
pelas condições inadequadas dos projectos de habitação existentes (muitos dos quais são
ilegais de alguma forma, muitas vezes por causa da falta de registo ou licenças municipais, ou
violações de zoneamento e normas de construção). Além disso, as credenciais exigidas por
diversas instituições de crédito para aprovar os candidatos à hipoteca excluem a maioria das

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pessoas pobres do acesso a empréstimos e até mesmo a muitos programas de habitação
popular.

O planeamento urbano e a solução da situação dos assentamentos informais são problemas de


âmbito e da responsabilidade dos municípios. O estado, através das suas estruturas aos
diversos níveis, não pode certamente alhear-se desta problemática e deve assumir um papel
importante na sua solução quer através da definição de políticas gerais que incluam os
programas de melhoria das condições de vida nas cidades e, especificamente nos
assentamentos informais, nos programas nacionais de alívio à pobreza, quer através da sua
função normativa e legislativa. A problemática das zonas informais deve ser considerada
institucionalmente e integrada nos planos económicos, financeiros e sociais e no programa
quinquenal do governo.

Neste sentido terá profundo significado e importância a aprovação da Política e da Lei do


Ordenamento do Território que possibilitará a promulgação do Regulamento do Solo Urbano,
que é um instrumento importantíssimo para possibilitar um conjunto de acções de
reestruturação do território sem as quais se torna muito difícil resolver o problema dos
assentamentos informais.

A legislação do planeamento urbano em moçambique, contém instrumentos capazes de


permitir a ascensão do país frente aos principais problemas urbanos, oriundos do uso e
ocupação desordenada do solo urbano. Destaca-se o facto de prever a redução da formação
dos assentamentos urbanos informais, com a proposta do reordenamento urbano no seio da
revitalização urbana. Uma lacuna da legislação é que esta legislação não abre espaço da
pertinência da elaboração de um plano estratégico de gestão urbana.

Este é instrumento estratégico, seria fundamental para que se possa dispor de instruções e
metas claras, bem como de uma estratégia de investimento que propicie o equilíbrio e
sustentabilidade à intervenção dos vários agentes envolvidos no planeamento urbano.

A promoção do envolvimento das comunidades locais, reconhecendo assim, o fundamental


papel dos cidadãos no processo de planeamento urbano, possibilitará meros objectos
proactivos e responsáveis na tomada de decisões, e como determinantes no ordenamento
territorial.

No referente a legislação territorial, esta não inclui instrumentos de modo a possibilitar o


reordenamento urbano, pese embora citar a participação de organizações sociais no encargo
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de gestão urbana, sob forma de reduzir a formação dos assentamentos urbanos informais e aos
problemas oriundos destas. Em contrapartida, não engloba a possibilidade de um
financiamento para municípios que desenvolvam os programas planeamento urbano.

O papel das organizações focadas na recuperação de assentamentos urbanos informais e na


minimização dos seus impactos, não está elucidada na legislação, portanto, esta possibilitaria
diversos benefícios para os moradores, na qual seria revisada constantemente.

2.5. Estratégias para conter o crescimento dos assentamentos informais


As iniciativas para controlar o crescimento integrado dos assentamentos urbanos informais,
são enquadradas, pelo Programa Estratégico para Redução da Pobreza Urbana e pelo estudo-
diagnóstico e de estratégias de intervenção intitulado “Melhoramento de Assentamentos
Informais” (Anjo, 2009)

A questão da resolução dos problemas dos assentamentos informais teve o seu início no
período colonial, surge como forma de segregação racial e socioeconómica, persistiu e se
exacerbou continuamente, no período pós-independência (1975), com a expansão urbana em
assentamentos desordenados e precários nos anos da década de 1980.

2.5.1. Plano de Estrutura Urbana da cidade de Tete (PEUT)


Foram implementados programas com carácter correctivo através de distintos instrumentos:
leis ou decretos, programas ou projectos. Os projectos integrais, especialmente na cidade de
Tete, possuem diversos componentes: infra-estrutural, equipamentos urbanos, componentes e
acompanhamento social e fortalecimento institucional.

É importante destacar que os preços praticados no mercado informal de terrenos também


captam de maneira antecipada os incrementos associados aos futuros processos de
regularização jurídica e física dos bairros. Por outro lado, as organizações sociais de base
realizaram conquistas políticas substanciais e um grande reconhecimento do papel
democrático nestes momentos.

2.5.1.1. Programa de melhoramento de bairros


O programa de melhoramento de bairros se compõe por projectos de intervenção que
pretendem integrar os espaços de assentamentos informais à cidade formal através da
implantação de serviços de água, energia, saneamento, vias de acesso, ajudas à mitigação de
riscos ambientais, inclusive por meio de reassentamentos, legalização da propriedade e um
componente social.

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O desenho das propostas de intervenção é centrado na participação cidadã, desde o
planeamento e desenho das estratégias até a avaliação posterior à intervenção. Embora tenha
contribuído para melhorar a qualidade de vida da população, os projectos não costumam
incluir acções de combate à situação de pobreza e indigência que se permanecem depois da
urbanização.

Por outro lado e apesar dos impactos positivos, em termos de urbanização e de acesso aos
serviços e aos equipamentos, a regularização produziu a readequação cidadã à condição de
consumidores com obrigações de pagamentos periódicos pelos serviços, gerando um processo
de gentrificação e novas ocupações de outros locais informais e ausentes de urbanização.

A fragilidade socioeconómica predominante na cidade de Tete, os converte em vulneráveis à


ocupação por classes imediatamente superiores depois das intervenções urbanas, destacando a
necessidade de normativas adicionais de protecção que impliquem sobre o impedimento ou o
desestimulo a mudanças a outros espaços informais com todas as suas precariedades.

Do mesmo modo, a falta de dados e informações estatísticas formais acerca cidade, assim
como a rapidez com que se processam as mudanças, representam impedimentos ao
planeamento e à execução de projectos de políticas urbanas mais consistentes, multifocais e
sustentáveis.

2.5.1.2. Projectos de habitação social


A segunda estratégia política se refere à construção de habitações sociais dentro de grandes
conjuntos, na qual, se espera reduzir os défices por meio de subsídios ou reassentamentos de
grupos vulneráveis. Esta política se caracteriza pela intervenção directa ou indirecta do Estado
através da ampliação da oferta, as acções públicas englobam adiantamentos de capital
necessário para a construção, assim como a concessão de créditos ao consumidor adquirente e
que estão apoiados em empréstimos hipotecários a longo prazo, o que implica em um alto de
grau de subsídios, incluindo, também, a oferta de terrenos (Coulomb, 2015)

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3. CONCLUSÃO
Apos as investigações desenvolvidas nesta pesquisa, e tendo alcançado a meta traçada,
conclui-se que:

 O planeamento urbano surge como resposta aos problemas enfrentados pelas cidades,
tanto aqueles não resolvidos pelo urbanismo moderno quanto aqueles causados por
ele, e a formação de assentamentos urbanos informais é por consequência das
mudanças económicas e tecnológicas, que se encontram bastante vincadas na maior
parte das cidades em desenvolvimento, na qual geram a atracção do público para os
grandes centros urbanos;
 Os instrumentos de planeamento urbano aplicáveis na cidade de Tete compreendem o
nível distrital e municipal, sendo o principal traçado em 2011 pelo conselho municipal
da cidade denominado Plano de Estrutura Urbana da cidade de Tete (PEUT) cujo
principal foco é reordenamento dos assentamentos informais e o melhoramento de vias
de acesso na cidade de Tete;
 O factor de formação de assentamentos informais na cidade de Tete é o económico
que se comporta como principal influenciador na formação dos assentamentos
informais na cidade de Tete, a existência de demanda contribuiu à consolidação
gradual dos espaços, sendo comum, também, a presença de mais de um núcleo
familiar compartilhando uma mesma residência.;
 As estratégias para conter o crescimento dos assentamentos informais na cidade de
Tete, proliferam-se no programa de melhoramento de bairros que se compõe por
projectos de intervenção que pretendem integrar os espaços de assentamentos
informais à cidade formal através da implantação de serviços de água, energia,
saneamento, vias de acesso, na qual ajudará na mitigação de riscos ambientais, por
outro lado tem se a segunda estratégia política se refere à construção de habitações
sociais dentro de grandes conjuntos, na qual, se espera reduzir os défices por meio de
subsídios ou reassentamentos de grupos vulneráveis.

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4. BIBLIOGRAFIA
Decreto no 23/2008. (2008). Regulamento da Lei de Ordenamento do Território. Maputo:
Publicada na 1ª série do b.r. nº 26 de 1 de Julho.
Amador, C. A. (2020). Aglomerados urbanos informais e o papel do Estado. Porto: FEUP.
Anjo, A. (2009). A Reabilitação de Áreas Urbanas “Informais” em Moçambique. Aveiro:
Uni. Aveiro-SACSJP.
Gil, A. C. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas.
Lei no 19/2007. (2007). Lei de Ordenamento do Território. Maputo: publicada na 1ª série
do b.r. n° 29 de 18 de Julho.
MITADER. (2015). Perfil ambiental Distrital da cidade de Tete. Maputo: MEF-ADVZ.
Rosa, I. P. (2011). Factores determinantes para o planeamento urbano sustentável de
zonas com risco de cheia. Lisboa: FCT-Dep. Eng. Civil.
Santos, C. R. (2018). Assentamentos informais: melhoramento de bairros e habitações
sociais. Chile: UCC-IETP.
Sicola, R. F. (2014). Ordenamento territorial e planificação estratégica no âmbito local:
os sistemas de gestão do território. Minas Gerais: UFVJM.
Tasca, L. (2014). Planeamento urbano e regional. Juiz de Fora: UFJF-Dep. Arq. e Urb.

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