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Texto de apoio de Biologia da 10ª Classe para o 3º Trimestre 2021

TEMA: INTRODUÇÃO A GENÉTICA

A Genética é a ciência que estuda a hereditariedade, isto é, a transmissão da informacao biológica dos pais para
os filhos, de uma geração para a geração seguinte.
Antes de os mecanismos da hereditariedade serem conhecidos, o ser humano, utilizava empiricamente estes
conhecimentos, criando mecanismos para domesticação de plantas e animais, em seu benefício.
Os mecanismos da hereditariedade só foram descobertos no final do século XIX, com os trabalhos de
investigação de Gregor Mendel.

A vida e as experiencia de Mendel


Gregor Mendel (1822 – 1884) nasceu na Morovia, região que na altura fazia parte do império Austro –
Húngaro, actual República Checa.
Foi professor de matemática, Física e Ciências Naturais, na escola Superior de Brunn, onde leccionou com
sucesso entre 1843 e 1854.
No seu mosteiro, Mendel tratava de um pequeno jardim, onde fazia experiências de cruzamentos entre varias
plantas, utilizando especialmente as ervilheiras (PisumSativum).
Mendel propôs que a existência de características como a cor da flor é devida a presença de par de unidades
elementares que chamou factores. Neste tempo não se conheciam o DNA, cromossomas, meiose e a
gametogénese.
Em 1865, Mendel publicou um resumo do seu trabalho, onde formulava os princípios básicos da
hereditariedade.
Em 1900, três botânico – Hugo de vries, correns e Tschermak, descobriram a investigação de Mendel e citaram
nas suas publicações. Cada um destes botânicos teve resultados obtidos por Mendel e serviram de bases para a
genética moderna.
Gregor Mendel, plantou assim as sementes que deram a esta ciência, sendo, por isso, considerado o pai da
genética.
Tema: As experiências de Mendel
O sucesso do trabalho de Mendel deve – se a duas razões fundamentais:
 Escolha do material adequado ao trabalho
 Metodologia científica utilizada
O material de trabalho escolhido, a ervilheira da espécie Pisumsativum, é uma planta anual que reúne
condições propícias para o estudo da genética:
 Cultiva-se facilmente, permitindo varias gerações em curto tempo;
 Apresenta características bem definidas e contrastantes;
 As flores são hermafroditas, permitindo polinização directa. A polinização cruzada é fácil de efectuar.
A metodologia utilizada por Mendel foi a seguinte:
 Estudou uma característica de cada vez;
 Utilizou progenitores de linhas puras;
 Fez muitos cruzamentos idênticos, e associou vários resultados;

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 Aplicou as leis de estatísticas aos resultados numéricos.


Mono-hibridismo
Mendel iniciou o seu trabalho realizando experiencia de mono-hibridismo, isto é, cruzou entre se indivíduos de
linhas puras que apresentavam uma dada característica contrastante.
Efectuou cruzamento artificial, isto é, cortou os estames de flores ainda imaturas de plantas utilizadas como
progenitor feminino e polvilhou os seus estigmas com pólen provenientes das anteras das flores de outra planta
utilizada como progenitor masculino.
Mendel escolheu alguns pés de ervilha de semente amarela e outros de semente verde, emasculou as
flores ainda jovens, ainda não maduras. Para isso, retirou das flores as anteras imaturas, tornando-as,
desse modo, completamente femininas. Depois de algum tempo, quando as flores se desenvolveram e
estavam maduras, polinizou as flores de ervilha amarela com o pólen das flores de ervilha verde, e
vice-versa. Essas plantas constituem portanto as linhagens parentais. Os descendentes desses
cruzamentos constituem a primeira geração em estudo designada por geração F¹, assim como as
seguintes são designadas por F², F³, etc.

Resultados em F¹
Todas as sementes obtidas em F¹ foram amarelas, portanto iguais a um dos pais.
Uma vez que todas as sementes eram iguais, Mendel plantou-as e deixou que as plantas quando florescessem,
autofecundassem-se, produzindo assim a geração F².

Resultados em F²
As sementes obtidas na geração F² foram amarelas e verdes, na proporção de 3 para 1, sempre 3
amarelas para 1 verde. Inclusive na análise de dois caracteres simultaneamente, Mendel sempre caía
na proporção final de 3:1.
Interpretação dos resultados
Para explicar a ocorrência de somente sementes amarelas em F¹ os dois tipos em F², Mendel
começou admitindo a existência de factores que passassem dos pais para os filhos por meio dos
gâmetas. Cada factor seria responsável pelo aparecimento de um carácter.
Assim, existiria um factor que condiciona o carácter amarelo e que podemos representar por V
(maiúsculo), e um factor que condiciona o carácter verde e que podemos representar por v
(minúsculo). Quando a ervilha amarela pura é cruzada com uma ervilha verde pura, o híbrido F¹
recebe o factor V e o factor v, sendo portanto, portador de ambos os factores. As ervilhas obtidas em
F¹ eram todas amarelas, isso quer dizer que, embora tendo o factor v (minúsculo), esse não se
manifestou. Mendel chamou de "dominante" o factor que se manifesta em F¹, e de "recessivo" o que
não aparece. Utiliza-se sempre a letra do carácter recessivo para representar ambos os caracteres,
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sendo maiúscula a letra do dominante e minúscula a do recessivo.


Continuando a análise, Mendel contou em F², o número de indivíduos com carácter recessivo, e
verificou que eles ocorrem sempre na proporção de 3 dominantes para 1 recessivo.
Mendel chegou a conclusão que o factor para verde só se manifesta em indivíduos puros, ou seja com
ambos os factores iguais a v (minúsculo). Em F¹ as plantas possuíam tanto os factores V quanto o
factor v sendo, assim, necessariamente amarelas. Podemos representar os indivíduos da geração F¹
como Vv (heterozigótico, e, naturalmente, dominante). Logo para poder formar indivíduos vv
(homozigóticos recessivos) na geração F² os gâmetas formados na fecundação só poderiam ser vv.

Esse facto não seria possível se a geração desse origem a gâmetas com factores iguais aos deles (Vv).
Isso só seria possível se ao ocorrer a fecundação houvesse uma segregação dos factores V e v
presentes na geração F¹, esse factores seriam misturados entre os factores V e v provenientes do pai e
os factores V e v provenientes da mãe. Os possíveis resultados sendo: VV, Vv, vV e vv.
Esse fato foi posteriormente explicado pela meiose, que ocorre durante a formação dos gâmetas.
Mendel havia criado então sua teoria sobre a hereditariedade e da segregação dos factores.

1ª Lei de Mendel
Cruzamentos básicos
Agora, vamos relembrar o caso da cor das sementes de ervilhas estudado por Mendel utilizando
termos da genética.

ALELOS GENÓTIPOS GÂMETAS FENÓTIPOS


V (dominante) VV Somente V amarela
v (recessivo) Vv Vev amarela
vv Somente v verde

Vamos usar como modelo para observar os cruzamentos básicos com monohibridismo (análise de
um único par de alelos) o albinismo. O albinismo é uma doença recessiva na qual o indivíduo
tem deficiência na produção de melanina, um pigmento da pele. O gene dominante A condiciona
pigmentação normal da pele e seu alelo a condiciona a ausência de pigmento. Portanto,
indivíduos albinos são sempre homozigoticos recessivos para este carácter e indivíduos
homozigoticos dominantes ou heterozigotos têm fenótipo normal quanto à pigmentação da pele
Assim,
Genótipos Parentais Proporção genotípica em F1 Proporção fenotípica em F1
AAxAA 100% A A 100% normal
AAxAa 50% A A, 50% A a 100% normal
AAxaa 100% A a 100% normal
Aaxaa 50% A a, 50% a a 50% normal, 50% albino
AaxAa 25% A A, 50% A a, 25% a a 75% normal, 25% albino
aaxaa 100% a a 100% albino

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Cruzamento-teste
Um fenótipo dominante pode resultar tanto de um genótipo homozigotico dominante quanto de
um genótipo heterozigotico. Portanto, às vezes você sabe que um indivíduo tem fenótipo
dominante, mas não tem certeza de seu genótipo. Essa dúvida pode ser resolvida pelo
cruzamento-teste, que consiste em cruzar tal indivíduo com um homozigotico recessivo e
observar a proporção fenotípica da prole. Vamos exemplificar novamente através do albinismo.

Normal (A A) x Albino (a a) : Se o indivíduo de pigmentação normal for homozigotico


dominante (A A), a F1 terá 100% de indivíduos normais (100% A a). Porém, se o indivíduo
normal for heterozigotico (A a), a F1 terá 50% de indivíduos normais (50% A a) e 50% de
albinos (50% a a).

Co-dominância (herança sem dominância)


Há casos em que os genes alelos não exercem relação de dominância ou recessividade entre si,
sendo denominados co-dominantes. Neste caso, haverá dois fenótipos diferentes para os dois
tipos de homozigoticos e o heterozigotico apresentará um fenótipo intermediário.

Um exemplo bastante comum é a expressão da cor das flores da planta Mirabilis jalapa, chamada
popularmente de maravilha. Nesta o genótipo V V condiciona flores vermelhas, o genótipo B B
condiciona flores brancas, e o genótipo V B condiciona flores róseas (fenótipo
intermediário).Observe

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Assim, concluímos que a proporção fenotípica resultante do cruzamento entre plantas róseas com co-
dominância é de 1 : 2 : 1.

Segunda Lei de Mendel


Segunda Lei de Mendel Também conhecida como Lei da segregação independente dos genes.
Mendel em suas experiências também cruzou plantas que diferiam em relação a dois pares de alelos.
Neste cruzamento, que objectivava esclarecer a relação de diferentes pares de alelos, ele cruzou
plantas que possuíam sementes amarelas e lisas com plantas que possuíam sementes verdes e rugosas.
A descendência F1 resultante entre o cruzamento dos progenitores homozigóticos é formada por
híbridos (heterozigóticos) para dois pares de genes. A descendência F1 (GgWw) é formada por
diíbridos e, por extensão, o cruzamento GGWW x ggww é um cruzamento diíbrido. Sabia-se, graças à
experiências anteriores, que os alelos que determinavam sementes amarelas e lisas eram dominantes
sobre seus respectivos alelos, que produziam sementes verdes e rugosas. Assim, considerando dois
deles tinham-se as informações: Carácter cor das sementes.

Já tinha sido observado que o padrão amarelo (V_) apresentava dominância sobre o padrão verde (vv)
Carácter aspecto da casca da semente
Neste caso, já se observa que o padrão de casca lisa (R_) era dominante sobre o tipo casca rugosa ( rr)
Estudo.
Os cruzamentos foram realizados no mesmo esquema da elaboração da primeira lei. A geração
parental (P) utilizava duas plantas homozigóticas para as características estudadas, assim uma duplo-
dominante (AA) era cruzada com uma duplo-recessiva (aa). Desse cruzamento surgiu um híbrido
heterozigótico (Aa). Mendel seleccionou dois caracteres das sete estudadas na primeira lei para
comparação, ervilhas amarelas (AA) e lisas (BB) (duplo-dominante) e ervilhas verdes (aa) e rugosas
(bb) (duplo-recessiva).No primeiro cruzamento (F1) todas as ervilhas obtidas eram amarelas (Aa) e
lisas (Bb). Na segunda geração (F2) foram obtidas ervilhas amarelas (A_) e lisas (B_), amarelas (A_)
e rugosas (bb),verdes (aa) e lisas (B_) e verdes(aa) e rugosas (bb), na proporção, respectivamente,
9:3:3:1 (P)AA/aa + BB/bb (F1)AAxaa=Aa BBxbb=Bb (F2)AaxAa=AA/Aa/Aa/aa
BbxBb=BB/Bb/Bb/bb.

Cruzamentos possíveis de todos os gâmetas obtidos

Gâmetas AB Ab aB ab
AB AABB AABb AaBB AaBb
Ab AABb AAbb AaBb Aabb
aB AaBB AaBb aaBB aaBb
ab AaBb Aabb aaBb aabb

A_: Dominante (cor Amarela). B_: Dominante (forma Lisa). aa: Recessivo (cor Verde). bb: Recessivo
(forma Rugosa).

Obs.: Foram obtidos dezasseis resultados entre os cruzamentos dos possíveis tipos de cromossomas.
Obs.2: A proporção obtida na experiência decorre da soma do número de ocorrências. Exemplo:
Amarela e Lisa(A_B_): 1/16x9= 9/16.
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Assim na geração F2 constata-se a existência de quatro fenótipos distintos, sendo dois idênticos da
geração parental (A_B_) e dois novos(A_bb e aaB_). Todos os resultados confirmaram que os genes
de cada carácter passavam de forma independente dos demais, ou seja, o fenótipo dominante - amarelo
- não era transmitido obrigatoriamente com o fenótipo dominante - liso, o mesmo ocorreu com a
transmissão dos fenótipos recessivos - verde e rugoso - para os descendentes.

Conclusão
A segunda Lei de Mendel também denominada de lei da segregação independente foi criada por
Gregor Mendel diz que, as diferenças de uma característica são herdadas independentemente das
diferenças em outras características.

3ª Lei de Mendel – lei da independência dos caracteres: os fenótipos observados demonstram que a
disjunção se faz de modo independente para os diferentes pares de factores.

Exercícios Resolvidos

1. Nas cobaias, o gene B para pelagem preta é dominante sobre b, que condiciona pelagem
branca. Duas cobaias pretas heterozigóticas são cruzadas. Calcule:

a) a proporção genotípica;
b) a proporção fenotípica.
♂ B b
Resposta ♀
B BB Bb
b Bb bb
a) 1/4 BB; 1/2 Bb; 1/4 bb
b) 3/4 pretas; 1/4 brancas

Exercício 2. Que percentagem dos espermatozóides de um macho Aa conterá o gene

recessivo? a) 25% ; b) 30% ; c) 50%; d) 75%; e) 100%

Resposta c).

Exercício 3. A pelagem das cobaias pode ser arrepiada ou lisa, dependendo da presença do gene dominante L e
do gene recessivo l. O resultado do cruzamento entre um macho liso com uma fêmea arrepiada heterozigótica
é:
a) 50% lisos e 50% arrepiados heterozigóticos;
b) 50% arrepiados e 50% lisos heterozigóticos;
c) 100% arrepiados;
d) 100% lisos;
e) 25% arrepiados, 25% lisos e 50% arrepiados heterozigóticos.

RESPOSTA : certa a).

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Exercícios para resolveres em casa.

01. Em uma raça bovina, animais mochos (M) são dominantes a animais com cornos (m). Um
touro mocho foi cruzado com duas vacas. Com a vaca I, que tem cornos, produziu um bezerro
mocho. Com a vaca II, que é mocha, produziu um bezerro com cornos. Assinale a alternativa
que apresenta correctamente os genótipos dos animais citados:

TOURO VACA I VACA II

a) Mm mm Mm
b) Mm Mm Mm
c) MM mm Mm
d) MM Mm MM
e) Mm mm MM

02. O termo genótipo refere-se ao:

a) conjunto de todos os caracteres de um organismo;


b) conjunto de caracteres externos de um organismo;
c) conjunto de caracteres internos de um organismo;
d) conjunto de cromossomas de um organismo;
e) conjunto de genes de um organismo.

03. O fenótipo de um indivíduo é:


a) herdado dos pais;
b) independente do genótipo;
c) independente do ambiente;
d) o resultado da interacção do genótipo com o ambiente;
e) o conjunto de cromossomas.

Tema: INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE GENEALOGIAS

Através do estudo das genealogias é possível identificar várias formas de herança e, para isto, usamos
o heredograma (carta genealógica ou “pedigree”), que é a representação gráfica dos indivíduos
relacionados por parentesco.
Abaixo, citamos alguns critérios que não são rígidos, mas que facilitam a identificação de
determinado padrão de herança, quando analisamos um heredograma.

1. Herança autossómica dominante:


– A característica ocorre igualmente em homens e mulheres.

– Indivíduos afectados são frequentemente filhos de casais onde pelo menos um dos cônjuges

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afectado, dessa forma, um casal normal não tem filhos afectados (a não ser que haja mutação ou
cruzamento incompleto).
– A característica ocorre em todas as gerações.

2. Herança autossómica recessiva:


– Os dois sexos são igualmente afectados.
- Os indivíduos afectados resultam de cruzamentos consanguíneos em geral
- O carácter aparece tipicamente apenas entre irmãos, mas não em seus pais, descendentes ou
parentes.
- Em média, ¼ dos irmãos da resolução são afectados.

3. Herança recessiva ligada ao sexo (ao X):


– A incidência é mais alta nos homens (sexo heterogamético) do que nas mulheres (sexo
homogamético).
– O carácter é passado de um homem afectado, através de todas as suas filhas para metade dos
filhos delas.
- O carácter nunca é transmitido directamente de pai para filho.

4. Herança dominante ligada ao sexo (ao X):


– Os homens afectados transmitem o carácter para todas as suas filhas e nenhum de seus filhos.
- As mulheres afectadas que são heterozigóticas transmitem o carácter para a metade de seus filhos
de ambos os sexos.
- As mulheres afectadas que são homozigóticas transmitem o carácter para toda a sua prole.
 A herança dominante ligada ao X não pode ser distinguida da herança autossómica dominante
pela prole das mulheres afectadas, mas apenas pela prole dos homens afectados.

As convenções mais utilizadas na elaboração dos heredogramas são:

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Exercícios de Genealogias

1. Numere no heredograma abaixo as gerações I, II, III e IV e os respectivos indivíduos:

a) Quantos homens estão representados nessa genealogia?


b) Quantas mulheres estão representadas?
c) Quantos indivíduos estão aí representados?
d) Quantos afectados?
e) Indique (pelos respectivos números) que casais possuem maior número de descendentes.

2. Desenhe um heredograma representando os seguintes dados genéticos:


Um casal normal para visão em cores teve quatro filhos: três mulheres e um homem, todos
normais, nessa ordem de nascimento. A primeira filha casa-se com um homem normal e tem
quatro crianças, todas normais, sendo duas mulheres um homem e uma mulher, nessa ordem. A
segunda filha casa-se com um homem normal e também tem quatro crianças: uma menina
normal, um menino daltónico, um menino normal e o último daltónico. Os demais filhos do casal
ainda não têm descendentes.

Tema: INTRODUÇÃO: GRUPOS SANGUÍNEOS

Sistema ABO
Foi no século XX que a transfusão de sangue, adquiriu bases mais científicas. Em 1900 foram
descritos os grupos sanguíneos A, B e O por Landsteiner e em 1902 o grupo AB por De Costello e
Starli. A descrição do sistema Rh foi posterior (1940), por Landsteiner e Wiener.
Os grupos sanguíneos são constituídos por antígenos que são a expressão de genes herdados da
geração anterior. Quando um antígeno está presente, isto significa que o indivíduo herdou o gene de
um ou de ambos os pais, e que este gene poderá ser transmitido para a próxima geração. O gene é uma
unidade fundamental da hereditariedade, tanto física quanto funcionalmente.

Há vários grupos sanguíneos herdados independentemente entre si. São conhecidos diversos sistemas
de grupo sanguíneos. Entre eles podemos citar os sistemas ABO, Rh, MNS, Kell, Lewis, etc. O
sistema ABO é o de maior importância na prática transfusional por ser o mais antigénico, ou seja, por
ter maior capacidade de provocar a produção de anticorpos, seguido pelo sistema Rh. Os antígenos
deste sistema estão presentes na maioria dos tecidos do organismo . Fazem parte deste sistema três

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genes A, B e O podendo qualquer um dos três ocupar o loco ABO em cada elemento do par de
cromossomas responsáveis por este sistema.
Os genes ABO não codificam directamente seus antígenos específicos, mas enzimas que tem a função
de transportar açúcares específicos, para uma substância precursora produzindo os antígenos ABO. O
indivíduo do grupo AB é possuidor de um gene A e de um gene B, tendo sido um herdado da mãe e o
outro do pai. Ele possui nos seus glóbulos vermelhos os antígenos A e B, seu genótipo é AB.

No caso do grupo O, foi herdado do pai e da mãe o mesmo gene O. O gene O é amorfo, isto é, não
produz antígeno perceptível. As células de grupo O são reconhecidas pela ausência de antígeno A ou
B. Quando o gene O é herdado ao lado de A, apenas o gene A se manifesta; e se é herdado ao lado do
gene B apenas o gene B se manifesta.

Ao realizarmos os testes rotineiros em laboratório, não podemos diferenciar os indivíduos BO e BB, e


nem AO e AA. Os símbolos A e B, quando nos referimos a grupos, indicam fenótipos, enquanto que
AA, BO etc. são genótipos (ver quadro abaixo).

FENÓTI GENÓTI
PO PO - AB : Receptor universal
A AO - O : Doador universal
A AA
O OO
B BO
B BB
AB AB

É dito homozigótico quando o indivíduo é possuidor de genes iguais (AA, BB, OO), e
heterozigótico quando os genes são diferentes (AO, BO, AB)

Tema: A CLASSIFICAÇÃO SANGÜÍNEA


A determinação do grupo sanguíneo deste sistema, é feito usando dois tipos de teste.
1º– Através da identificação da presença de antígenos nos eritrócitos, usando reactivos compostos
de anticorpos conhecidos (anti-A, anti-B, anti-AB). Esta é a chamada classificação ou tipagem
directa.
2º– Através da identificação da presença de anticorpos no soro/plasma usando reactivos
compostos de antígenos conhecidos (hemácias A e hemácias B). Esta é a classificação ou tipagem
reversa (ver quadro abaixo).

SORO DE HEMÁCIAS
GRUPO ANTÍGENO ANTICORPO
TIPAGEM DE TIPAGEM
SANGUÍNEO
Anti-A Anti-B AB
A + - - + A Anti-B
B - + + - B Anti-A
AB + + - - AB Ausente
O - - + + - Anti-A e Anti-B

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Tema: HEREDITARIEDADE HUMANA LIGADA AO SEXO

Cromossomas sexuais

No Homem, todas as células, excepto os gâmetas (células haplóides), possuem vinte e três pares de
cromossomas. Destes, vinte e dois pares são constituídos por 44 cromossomas autossómicos, ou
autossomas, tanto no homem como na mulher. Os cromossomas autossómicos são os que determinam as
características comuns aos dois sexos.

cromossomas são designados X e Y. No cariótipo da mulher, os cromossomas sexuais são idênticos e


designam-se por cromossomas X. Por esta razão, na mulher o par vinte e três é apresentado por XX. No
cariótipo do homem, um dos cromossomas do par vinte e três é X e o outro é Y. O par de cromossomas
sexuais masculino é assim representado por XY. O cromossoma X é mais longo, possuindo maior
quantidade de genes, enquanto o cromossoma Y é mais curto e contém menor quantidade de genes.

Quando falámos da gametogénese, você estudou o processo de formação de gâmetas. Assim como vimos
que na fecundação, ocorre a união de gâmetas. Neste processo, o oócito pode ser fecundado por qualquer
um dos dois tipos de espermatozóides, pelo que a probabilidade de nascer um rapaz ou uma rapariga é de
50%: Se o espermatozóide que fecunda o oócito possui 22 autossomas + 1 cromossoma X, nascerá uma
rapariga; Se o espermatozóide que fecunda o oócito possui 22 autossomas + 1 cromossoma Y, nascerá um
rapaz.

O sexo de cada ser humano depende, assim, do cromossoma sexual que é transportado no espermatozóide
que fecunda o oócito.

TRANSMISSÃO DE DOENÇAS LIGADAS AO SEXO

A transmissão de doenças através dos genes localizados no cromossoma X não se faz de igual modo nos
homens e nas mulheres. Na mulher, como existem dois cromossomas X, os genes localizados nestes
cromossomas formam pares alelos que funcionam como nos autossomas, isto é, os alelos recessivos só se
manifestam em indivíduos homozigóticos. No caso do homem, os genes localizados nos cromossomas X
manifestam-se em regra, quer sejam dominantes quer sejam recessivos, uma vez que o cromossoma Y
não possui o alelo correspondente. Por isso, é mais frequente manifestar-se uma características ligada ao
sexo determinada por um gene recessivo nos indivíduos do sexo masculino do que indivíduos do sexo
feminino.

Tema: MUTAÇÃO

Mutação é uma modificação ou alteração brusca de genes ou de cromossomas que pode originar variação
hereditária ou mudança no fenótipo do indivíduo. As aberrações cromossómicas desempenham
importante papel na evolução das espécies. Rearranjos cromossómicos provocam aparecimento de novas
espécies isoladas, reproduzidas da espécie original.

Tipos de mutações

As mutações podem ser: cromossómica ou Genéticas ( genicas).

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Genéticas ou génicas. Os genes são responsáveis pela transmissão de tudo que nós herdamos de nossos
progenitores(pais). Antes da divisão da célula cada cromossoma dá origem a outro semelhante, com a
mesma disposição dos genes, isto é, porque cada molécula de DNA produz uma cópia fiel ou seja exacta
de si mesma. Aquando da divisão da célula, os cromossomas separam-se dando origem a duas células-
filhas que recebem o mesmo número e os mesmos tipos de genes e cromossomas. A duplicação dos
cromossomas e dos genes é por norma rigorosa, ou seja a cópia é fiel.

Mutações cromossómicas

Estas afectam a estrutura dos cromossomas ou a constituição cromossómica. Este tipo de mutação pode
ser originada pela modificação da sequência das unidades que compõem o cromossoma, onde afecta
apenas a distribuição dos genes no cromossoma, mas não modifica os genes. Quando o cromossoma que
recebeu a alteração (mutação) se duplicar, essa alteração vai ser transmitida de forma fiel, manifestando-
se nos seus alelos. Essas alterações podem ser por:

-Adição ou inserção de bases


-Deleção ou remoção de bases
-Substituição de bases
Cromossómicas quando afectam a estrutura dos cromossomas, pois estes ao fracturarem-se de forma
anormal podem originar vários fragmentos, que posteriormente podem ligar-se de forma diferente à
anterior, causando alterações.

Tema: INTRODUÇÃO A EVOLUÇÃO

Muitos cientistas foram tomando consciência de que a vida tem uma história contínua, escrita pelos seres
vivos que se foram transformando e povoando gradualmente a Terra.
Quando a terra se formou, a temperatura nela existente era elevadíssima, aproximadamente 5000ºC, o que
não permitia a existência de nenhuma forma de vida, a terra era despida de atmosfera e oceanos.
Cientistas sugerem que a atmosfera primitiva era constituída por metano, aminoácido, hidrogénio e vapor
de água.
Devido a ocorrência de fenómenos como raios ultravioletas do sol, relâmpagos, os elementos
transformaram-se e criaram alguns compostos orgânicos. Estes compostos orgânicos formados, foram
arrastados pela chuva e acumulados num determinado sítio formando a chamada “sopa primitiva”. Este
fenómeno deu origem à vida.

Teorias sobre a origem e evolução dos seres vivos


Há duas hipótese para justificar a origem os seres vivos:
- Fixista ou fixismo: as espécies são imutáveis;
- Evolucionista ou evolucionismo: as espécies recentes são o resultado de modificações lentas que
ocorrem nos seres vivos e se foram acumulando ao longo do tempo.
O criacionismo é doutrina acerca da origem dos seres vivos. Esta teoria fundamentava suas hipóteses da
seguinte forma:
-Todas as espécies foram criadas ao mesmo tempo por um Ser infinito; Durante a criação, as espécies
tinham as mesmas características que apresentam actualmente.

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Evolucionismo, Muitos cientistas não concordaram com os princípios da geração espontânea. Um deles
foi Francesco Redi (1926-1697), biólogo italiano, que tentou demonstrar experimentalmente que essa
ideia era falsa e que a vida só se origina a partir de outra vida pré-existente.
Esta teoria revolucionou o pensamento de que as espécies não evoluiam. Antes pensava-se que as
espécies eram imutáveis. Mas, com o transformismo percebeu-se que as espécies adaptavam-se em
função do ambiente, mudanças climáticas, entre outros factores. O transformismo, baseado nas evidências
obtidas pelo estudo das espécies actuais e pela análise dos fósseis, contrariava a imutabilidade das
espécies actuais e abria caminho para o evolucionismo. A teoria evolucionista é hoje aceite pela maioria
dos biólogos, pela grande variedade de testemunhos que a apoiam.

A teoria de Lamarck, para explicar a existência da evolução, pode resumir-se em dois princípios
fundamentais:
-Lei do uso e do desuso;
-Lei da herança dos caracteres adquiridos;

Lei do uso e do desuso


As teorias deste cientista (Lamarck) consideravam que o ambiente condicionava a evolução, levando ao
aparecimento de características que permitiam que os indivíduos se adaptassem às condições em que
vivem. Segundo a lei, a necessidade de usar um órgão em determinado ambiente acaba por provocar
modificações nesse mesmo órgão (um órgão é muito usado, desenvolve-se, enquanto quando não é muito
usado atrofia ou encolhe). Lamarck considerava que as serpentes teriam perdido os membros porque estes
dificultavam a deslocação através da vegetação densa. Como não eram utilizados, foram-se atrofiando, até
ao desaparecimento total. Segundo a lei do uso e desuso, a primeira lei de Lamarck, as girafas
desenvolveram o pescoço por terem necessidade de o esticar em busca de alimento.

A teoria de Darwin é aceite até hoje. Ela só não é completa, porque faltou uma explicação
científica para a origem da variabilidade dos organismos, pois o mecanismo de transmissão hereditária
dos caracteres era ainda desconhecido. A teoria da evolução actualmente aceita, a origem fundamental da
variabilidade dos organismos e a mutação. A principal diferença entre as ideias de Lamarck e de Darwin
consiste no seguinte: enquanto para Lamarck o princípio básico do processo evolução e o uso e desuso
para Darwin e a selecção natural.

Tema: ORIGEM E EVOLUÇÃO DO HOMEM


O Homem é resultado da evolução natural que se iniciou há vários milhões de anos e que foi moldando as
diversas espécies de seres vivos.
Até há pouco, pensava-se que o gorila estava mais próximo do Homem do que o chimpanzé. mas, o
estudo comparativo do DNA destas espécies revelou que o chimpanzé tem 98,76% de sequências de DNA
iguais às do Homem, o que comprova que o chimpanzé é, realmente, o nosso parente mais próximo.
Podemos, assim, dizer que o Homem teve origem nestes animais, tendo-se sucedido, ao longo de milhões
de anos, várias espécies de homens, das quais descende o Homem actual.
A hominização foi um processo evolutivo, tanto físico como intelectual, que passou por diferentes
estádios de desenvolvimento, desde os primeiros hominídeos até ao Homem actual.

Elaborado pelo prof. Cerveja


Texto de apoio de Biologia da 10ª Classe para o 3º Trimestre 2021

Tema: ECOLOGIA
A Ecologia é o ramo da Biologia que estuda as relações dos seres vivos entre si e entre os seres vivos e o
ambiente em que vivem.
A palavra Ecologia foi usada pela primeira vez em 1869 por Ernesto Haeckel, biólogo alemão. Deriva de
oikos, palavra grega que significa “casa”, e de logos que significa “estudo”. Ecologia é assim, a
designação da ciência que estuda as relações que os organismos estabelecem entre si e com o ambiente
natural em que vivem.
Na Ecologia estudam-se os níveis de organização dos seres na biosfera a partir da espécie.
Espécie é o conjunto de organismos com formas semelhantes que podem cruzar-se entre si, originando
descendentes férteis. Os organismos da mesma espécie que vivem numa determinada área constituem
uma população, como, por exemplo, as pessoas de uma localidade, as abelhas de um enxame, as
mandioqueiras de uma machamba ou os Flamingos.

Comunidade biótica ou biocenose é o conjunto de várias populações que habitam uma determinada área e
que se relacionam entre si. Por exemplo, uma floresta é uma comunidade biótica composta por
populações de árvores, arbustos, pássaros, formigas, borboletas e cobras. Exemplo: uma floresta é uma
comunidade biótica.

O ambiente que condicionam a variabilidade e a quantidade dos seres vivos numa comunidade são
denominadas factores abióticos.
Factores bióticos são as relações existentes entre os seres vivos de uma comunidade e a acção destes
sobre o ambiente.
Factores ecológicos é o conjunto dos factores bióticos e abióticos. O biótopo e a comunidade biótica
estão assim inter-relacionados, formando, juntos, um ecossistema.
Num dado ecossistema, cada espécie vive numa determinada área ou “casa”, a que se chama habitat. Por
exemplo, para referir o local onde vivem as girafas e o rinoceronte, dizemos que o seu habitat é a savana.
O habitat do tubarão e de outras espécies de peixes é o oceano.

O nicho ecológico é o conjunto de relações e actividades próprias de uma espécie. É o seu “modo de
vida” particular, isto é, indica o papel que os indivíduos dessa espécie desempenham na comunidade: o
tipo de alimento, a altura do dia em que se alimentam, a época do ano em que se reproduzem, o tipo de
abrigo, os seus inimigos, etc. Por
exemplo, a coruja e o corvo têm o
mesmo habitat, mas a coruja vive nos
buracos dos troncos das árvores,
enquanto o corvo constrói os ninhos nos
ramos. Deste modo, tem nichos
ecológicos diferentes.

Biosfera é conjunto de todos os


ecossistemas da terra, isto é, a zona da
terra que contém vida.

O esquema da figura apresenta alguns níveis de organização dos seres vivos na biosfera.

Elaborado pelo prof. Cerveja


Texto de apoio de Biologia da 10ª Classe para o 3º Trimestre 2021

Níveis tróficos

De acordo com o tipo de nutrientes que os seres vivos consomem, estes podem pertencer a diversas
categorias, que se designam níveis tróficos. Podem ser classificados como produtores (os que produzem
nutrientes), consumidores (os que consomem nutrientes) e decompositores (os que decompõem os
nutrientes).
Cadeia alimentar
A energia necessária para que todos os seres vivos de um ecossistema possam realizar as suas funções é
obtida através do processo de fotossíntese, realizada pelas plantas e pelas algas. Elas transformam a
energia luminosa do sol em energia química, que é armazenada nas suas moléculas orgânicas. Nem toda a
energia luminosa é aproveitada pelas plantas. Mais de metade perde-se em forma de calor. Apenas 1 por
cento da energia que chega ao solo é transformada pelas plantas em matéria orgânica.
As plantas e as algas, por serem capazes de transformar a energia luminosa em energia química, são
chamadas seres autotróficos ou produtores. Os seres vivos que não são capazes de realizar a fotossíntese
consomem directa ou indirectamente as substâncias orgânicas produzidas pelas plantas. Chamam-se, por
isso, seres heterotróficos ou consumidores.
Estabelecem-se, assim, relações alimentares entre todos os organismos que vivem num determinado
ecossistema. Estas relações representam-se por uma cadeia alimentar ou cadeia trófica, constituída por
uma sequência de organismos através dos quais passa o alimento.
Os organismos de um ecossistema que tem o mesmo tipo de alimentação constituem um nível trófico.
Cada cadeia alimentar é constituída por vários níveis tróficos:
1o nível trófico, ocupado pelos produtores (P);
2o nível trófico, constituído pelos consumidores primários ou de 1a ordem (C1);
3o nível trófico, ocupado pelos consumidores secundários ou de 2a ordem (C2);
4o nível trófico, constituído pelos consumidores terciários ou de 3a ordem (C3).
Podem existir cadeias alimentares com níveis tróficos mais elevados, mas os animais que os ocupam
fazem também parte, ao mesmo tempo, de outras cadeias. Como a quantidade de matéria vai diminuindo
a medida que o nível sobe, uma cadeia alimentar não é, na maior parte dos casos, suficiente para mais do
que quatro níveis.

Elaborado pelo prof. Cerveja

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