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Com fundamento no artigo 81, inciso I, da Lei 8.443/1992, e no artigo 237, inciso
VII, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, aprovado pela Resolução
155/2002, o Ministério Público junto ao TCU oferece
REPRESENTAÇÃO
- II -
A situação supostamente contrariava o artigo 20 da Lei das Estatais, que proíbe "a
participação remunerada de membros da administração pública, direta ou indireta, em
mais de 2 (dois) conselhos, de administração ou fiscal, de empresa pública, de sociedade
de economia mista ou de suas subsidiárias".
De acordo com as informações obtidas com exclusividade pelo R7, referentes àquele
período, Guimarães aparece como presidente dos conselhos de administração do Banco
Pan, da Elo, da Caixa Cartões, da Caixa Seguridade e da Caixa Participações. (...)
Ele figura ainda como membro do conselho de administração das seguintes empresas:
Paranapema, BRK Ambiental, Too Seguros, Caixa Seguros Holding, Caixa
Capitalização, Caixa Seguradora, Caixa Consórcios, Youse Seguradora, Caixa DTVM,
Caixa Seguridade Corretagem e Administração de Seguros, XS3, XS1, XS4, XS5, XS6
e VLI.
"Se ele [Guimarães] está participando, de forma remunerada, de mais de dois conselhos,
realmente está incorrendo em ato ilegal, porque vai contra o artigo 20 da Lei das
Estatais. Portanto, é ilegal", afirma Chemin.
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Gabinete do Subprocurador-Geral LUCAS ROCHA FURTADO
A Lei das Estatais foi assinada em 2016 e, portanto, estava em vigor quando Guimarães
assumiu o comando da Caixa, em 2019. Segundo a especialista, o ex-presidente da
Caixa pode ser enquadrado pela Lei de Improbidade Administrativa — quando há
conduta inadequada praticada por agente público que cause danos à administração,
como enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário ou violação dos princípios da
administração pública.
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Gabinete do Subprocurador-Geral LUCAS ROCHA FURTADO
Em março deste ano, Guimarães assinou acordos de R$ 24 mil com duas ex-empregadas
domésticas que o acusaram de não pagar direitos trabalhistas.
Outro lado
Sobre a participação nos conselhos, o R7 não conseguiu contato com Pedro Guimarães.
Em nota, a Caixa afirma que não houve "extrapolação legal" na participação de
Guimarães nos conselhos. Leia a íntegra da nota:
"A CAIXA esclarece que não há limite legal para a participação de presidente de
empresas estatais em conselhos de administração de outras empresas subsidiárias ou
participadas. Na CAIXA, até novembro/2021, aplicava-se a vedação do Art. 20 da Lei
13.303/2016 (Lei das Estatais), somente à participação remunerada em até dois
conselhos de empresas públicas, sociedade de economia mista e suas subsidiárias, não
alcançando as empresas privadas participadas.
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Ora, a Constituição Federal de 1988, em seus arts. XVI e XVII (com a redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) veda as acumulações remuneradas de
cargos, empregos e funções na administração direta, estendendo-se tal proibição às
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias,
e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público:
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Saliente-se, por fim, que este Ministério Público junto ao TCU possui
legitimidade para representações junto a essa Corte, os fatos foram apresentados em
linguagem clara e objetiva e estão acompanhados, em anexos, de todos os dados informados
no bojo desta representação.
- III –
(Assinado Eletronicamente)
Lucas Rocha Furtado
Subprocurador-Geral