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Como atividade de síntese para o conteúdo desta disciplina, considere a situação em que um

jogador de futebol observa uma bola se aproximando após um passe entre seus adversários, e
corre para interceptar este passe. Durante a corrida, ele tem sua perna de balanço tocada por
um adversário, mas recupera o equilíbrio e obtém sucesso na interceptação a bola. ​Discuta​ os
seguintes pontos relacionados a esta situação com base no conteúdo estudado:

1. Quais sistemas sensoriais estão envolvidos e respectiva participação na situação


descrita?
2. Quais funções perceptivas permitiram que o jogador interceptasse o passe?
3. Compare as situações em que o jogador antecipa versus não antecipa que sofrerá a
perturbação extrínseca de seu equilíbrio corporal pelo toque na sua perna.
4. Especificamente em relação à recuperação do equilíbrio após uma perturbação
não-antecipada durante a corrida, discuta o seguinte:
a. Quais módulos funcionais podem ter participado da resposta reativa à perturbação da
corrida? Justifique sua resposta.
b. Quais reflexos, e respectivas latências, podemos esperar que tenham sido ativados na
resposta reativa?
c. De que maneira o reposicionamento da perna de balanço para a recuperação do
equilíbrio corporal poderia ser explicado pela hipótese de ponto de equilíbrio?
d. Quais as correções autogênicas e não-autogênicas podemos esperar que sejam
empregadas nesta situação?
e. Qual a relação concebida entre os modos ascendente e descendente de coordenação
motora no controle dos movimentos das pernas na situação descrita?

O jogador precisa extrair informações do ambiente de forma contínua para


que seu movimento seja preciso e de acordo com a finalidade de sua tarefa. Para
isso, ele pode adotar uma estratégia visual apropriada, considerando que a visão é
um sistema sensorioreceptivo fundamental para a precisão do movimento além de
ser “uma fonte única de informação sobre as variações do ambiente, permitindo
controlar ações motoras de modo antecipatório”. Neste caso, então, a estratégia
para o rastreamento da bola (uma situação em que um alvo móvel deve ser
perseguido visualmente) poderia ser o de uma perseguição visual da bola depois do
passe, com perseguição continua até aproximadamente metade da trajetória da bola
em direção (já que nossa capacidade de perseguição visual é limitada mas temos,
por outro lado, a capacidade de estabelecer uma antecipação por meio do
reconhecimento de padrões; para esta etapa seria utilizado o sistema cabeça-olho
para estimar, a partir da visão binocular, a velocidade de deslocamento desse alvo
visual móvel somando-se a ela a percepção da profundidade e da estimativa de
distância entre a bola e esse nosso atacante de forma mais precisa) para favorecer
a antecipação receptora e um movimento sacádico depois de uma observação
ambiental proveniente da visão periférica para extrair informações dos demais
jogadores. Percebe-se também que, ainda que existam muitas e diversificadas
informações disponíveis no campo visual do jogador, ele deve orientar sua atenção
para os elementos fundamentais para a sua ação efetiva. Assim, inicialmente, ele
deve focar sua atenção nos movimentos daquele jogador que faz o passe; dando
sequência para o deslocamento da bola para que ele consiga fazer a antecipação e
para que ele esteja melhor posicionado e preparado para a execução.
Assim, como o movimento é voluntário, nesse caso, as principais estruturas
mobilizadas são a medula espinhal que abriga os motoneurônios alfa que são os
responsáveis pela maior parte da movimentação dos membros e do tronco; os
córtex de associação motor e visual, o córtex motor e o sensorial. As regiões
subcorticais seriam os núcleos da base, o tálamo, o cerebelo e o tronco encefálico.
Cada um com a sua devida função. No caso do cerebelo, o espinocerebelo que é a
principal parte relacionada ao controle da execução do movimento.
O contato físico entre os jogadores pode causar modificações posturais
repentinas na estrutura corporal do atacante e desencadear uma série de reflexos
motores que tem como objetivo manter e preservar a sua integridade física. Um dos
prováveis reflexos acionados logo após o contato com o defensor é o Reflexo
Miotático. Os estiramentos repentinos da musculatura do atacante podem ser
suficientes para que o fusos musculares, presentes na musculatura interna, geram
um sinal aferente que chegará pela via dorsal na medula espinhal e seguirá por três
caminhos distintos. Uma via irá levar o sinal para o centro de controle motor superior
(região supra espinhal), uma segunda via irá estimular um sinal excitatório eferente,
que sai pela via ventral, no motoneurônio da musculatura agonista (musculatura que
foi estirada) causando sua contração e ainda uma terceira via, também eferente
pela via ventral, irá estimular um sinal inibitório no motoneurônio da musculatura
antagonista causando seu relaxamento. A via excitatória do reflexo corre
diretamente pelo contato entre o neurônio aferente (sensorial) e eferente (motor), e,
por esse motivo, esse circuito é considerado monossináptico. Já a via inibitória do
reflexo ocorre com a participação de um interneurônio medular que, quando
estimulado, envia os sinais de inibição para os motoneurônios da via eferente.
Também é possível ocorrer o Reflexo Miotático Inverso. Esse reflexo tem bastante
similaridade com o Reflexo Miotático, entretanto, é disparado quando a musculatura
é submetida a uma forte contração. Neste caso, o sinal aferente ocorre nos Órgãos
Tendinosos de Golgi (OTGs), chega até a medula espinhal, via dorsal, e novamente
segue por três vias, uma que envia o sinal para regiões supra espinhais, uma que
envia um sinal 4 eferente inibitório para o motoneurônio da musculatura agonista
(músculo contraído), causando seu relaxamento, e uma que envia um sinal eferente
estimulatório para o motoneurônio da musculatura antagonista, causando sua
contração. Ambos os sinais eferentes, via ventral, ocorrem com a participação de
interneurônios medulares. É importante ressaltar que devido a situação proposta os
diferentes reflexos devem ser coordenados de forma correta sendo que essa
coordenação é feita por diferentes núcleos localizados no tronco encefálico. Para
isso, outra via aferente de informação que pode ser usada é a via vestibular, que
informa sobre a aceleração e deslocamento sofrido.

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