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Resumo

Resumo de Córtex Motor e Vias Motoras 0

Córtex Motor e Vias


Motoras

Luana Nunes Gonçalves


Universidade CEUMA

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1. Introdução
O sistema motor é um sistema descendente, no qual os impulsos nervosos originam-se
no córtex motor e pode seguir por 2 grandes vias: eferente somática (movimento) e
eferente visceral (autonômico). No seu trajeto as vias passam pela medula espinhal por
meio de tratos e através dos neurônios motores ou eferentes presentes nos cornos
ventrais da medula chegam até um músculo ou uma glândula. Desse modo, o impulso
eferente determina uma contração ou uma secreção.
Os movimentos voluntários dependem diretamente da integração entre os sistemas
sensoriais e motor. Afinal, para que ocorra o ato motor, é necessário que antes haja o
seu planejamento e verificação do corpo no espaço.
É no córtex pré-frontal que é determinado o objetivo do movimento a ser realizado.
Quando definido, a informação é passada para as áreas motoras do córtex: áreas
secundárias pré-motora e motora suplementar e área motora primária (M1),.
A comunicação do encéfalo com os neurônios motores da medula se dá por meio de
axônios descendentes que correm por duas vias na medula: via lateral e via
anteromedial. A primeira é responsável por se envolver nos movimentos voluntários da
musculatura distal, sob controle direto do córtex. Já as vias anteromediais se envolvem
no controle de postura e locomoção, sob controle do tronco encefálico.

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FONTE: http://twixar.me/kYf1.

2. Áreas Corticais Relacionadas com a Motricidade


• Área motora primária (M1):
Equivale à área 4 de Brodmann e fica localizada no giro pré-central. Ela possui
baixo limiar para gerar movimentos através de impulsos elétricos e é responsável pela
motricidade de grupos musculares do lado oposto do corpo.
A área motora primária possui, assim como a área somestésica primária, uma
somatotopia representada pelo Homúnculo Motor de Penfield. Esta correspondência
entre partes do corpo e o giro pré-central se dá a partir da delicadeza dos movimentos
realizados por aquele grupo muscular. Por isso, áreas como os dedos e a mão ocupam
espaço significativo no homúnculo. No entanto, é válido ressaltar que esta organização
somatotópica pode sofrer modificações decorrentes do estímulo, aprendizado e lesões.

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FONTE: MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia Funcional. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2013.

• Áreas motoras secundárias (área pré-motora e área motora suplementar):


ÁREA PRÉ-MOTORA:
Localiza-se no lobo frontal, logo adiante da área 4 de Brodmann, na porção
lateral do hemisfério. A área pré-motora possui um limiar de ação maior do que a área
motora primária. Quando estimulada eletricamente, produz movimentação muscular
menos localizada e específica. Isso ocorre porque esta região cortical é responsável pela
movimentação de grupos musculares maiores, como os do tronco ou da base dos
membros.
Funcionalmente, a área pré-motora é responsável por dar origem à via córtico-
retículo-espinhal que dá ao corpo uma postura básica preparatória para realização de
movimentos mais delicados. Além disso, ela integra o sistema de neurônios espelhos,
faz projeção para área motora primária, recebe aferências do cerebelo (via tálamo) e de
várias áreas de associação do córtex. No entanto, dentre todas suas funções, a mais
importante é o planejamento motor.

ÁREA MOTORA SUPLEMENTAR:


Situada na face medial do giro frontal superior, a área motora suplementar
corresponde à área 6 de Brodmann. Suas principais conexões são com o corpo estriado,
via tálamo, área pré-frontal e área motora primária.

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A sua principal função é o planejamento motor de sequências mais complexas


de movimentos através de suas amplas conexões aferentes com o corpo estriado.

FONTE: http://twixar.me/fPf1

3. Planejamento Motor
Na execução de um movimento, há uma etapa de planejamento, efetuado pelas
áreas motoras secundárias, e uma etapa de execução realizada pela área motora
primária. Também participam do planejamento motor o cerebelo, pela ativação do
núcleo denteado antes da área motora primária, e a alça esqueleto-motora estriato-
tálamo-cortical.
Dessa maneira, a sequência de áreas corticais ativadas para uma ação de
estender o braço e pegar um objeto consiste em:
1º Visualização e localização do objeto no espaço, propriocepção e tomada de
decisão - córtex pré-frontal.
2º Planejamento do movimento, escolha do grupo muscular a ser contraído em
função da trajetória, velocidade e distância a ser percorrida pelo ato motor de estender
o braço e alcançar o objeto – áreas motoras secundárias.
3° Execução do planejamento motor – área motora primária: trato córtico-
espinhal (musculatura distal dos membros) e trato cortiço-retículo-espinhal
(musculatura proximal dos membros).

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4. Vias Motoras (ou Grandes Vias Eferentes)


As grandes vias eferentes colocam em comunicação as estruturas supra segmentares do
sistema nervoso com os órgãos efetuadores. Estas podem ser divididas em 2 grupos:
VIAS EFERENTES VISCERAIS OU DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: controla a
musculatura lisa, cardíaca e as glândulas, regulando o funcionamento de vísceras e
vasos.
VIAS EFERENTES SOMÁTICAS: controlam os músculos estriados esqueléticos de
modo a proporcionar movimentos voluntários ou automáticos, além de modularem o
tônus muscular e a postura. São elas:
1. Trato corticoespinhal: é responsável por ligar o córtex cerebral aos neurônios
motores da medula. Nele é dada origem aos tratos corticoespinhais anteriores, que
ocupam o funículo anterior, e pertencem ao sistema anteromedial da medula; e laterais,
que ocupam os funículos laterais.
1/3 de suas fibras são originadas na área 4 de Brodmann, 1/3 na área 6 e 1/3 no córtex-
somatossensorial. Elas seguem o seguinte trajeto: área 4 (maioria das fibras), coroa
radiada, perna posterior da cápsula interna, base do pedúnculo cerebral, base da ponte
e pirâmide bulbar. Ao nível da decussação das pirâmides, uma parte das fibras
continuam ventralmente pelo funículo anterior da medula, enquanto outra parte cruza
ao nível da decussação das pirâmides e descem a medula pelo funículo lateral.
As fibras do trato corticoespinhal anterior, após cruzamento na comissura branca,
terminam nos neurônios motores contralaterais, responsáveis pela movimentação
voluntária da musculatura axial. Já o trato corticoespinhal lateral influencia os neurônios
motores de seu próprio lado, ou seja, ipsilateral.
Apesar da função principal deste trato ser motora, cabe ressaltar que ele também atua
no controle dos impulsos sensitivos por meio das fibras originadas na área somestésica
do córtex. Esta porção de fibras termina no funículo posterior da medula.

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FONTE: http://twixar.me/nPf1

2. Trato corticonuclear: possui a mesma funcionalidade do trato corticoespinhal,


porém seus impulsos são transmitidos aos neurônios motores do tronco encefálico e
não aos da medula. Assim, gera controle voluntário dos neurônios motores situados nos
núcleos motores dos nervos cranianos.
As fibras do trato corticonuclear originam-se na região cortical inferior à área 4,
passam pelo joelho da cápsula interna e descem pelo tronco encefálico, associados ao
trato corticoespinhal. Após o tronco encefálico, destacam-se fibras que terminam seu
trajeto nos neurônios motores dos núcleos da coluna eferente somática e eferente
visceral especial.
Muitas fibras desse trato terminam em núcleos sensitivos do tronco encefálico,
como os núcleos grácil, cuneiforme, sensitivos do trigêmeo e núcleo do trato solitário.
Enquanto as fibras do trato corticoespinhal são fundamentalmente cruzadas, o trato
corticonuclear tem grande número de fibras homolaterais. Por isso que a maioria dos
músculos da cabeça estão representados no córtex motor de ambos os lados.

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3. Trato rubroespinhal: controla a motricidade voluntária dos músculos distais dos


membros, músculos intrínsecos e extrínsecos da mão, principalmente com excitação de
músculos flexores e inibição de extensores. Possui número de fibras reduzidas na
espécie humana.
A sua origem é no núcleo rubro do mesencéfalo, depois ele decussa e reúne-se
ao trato corticoespinhal lateral. A principal aferência para o núcleo rubro é também a
área motora primária (via cortico-rubroespinhal). Algumas fontes trazem que em casos
de lesão do trato corticoespinhal, o trato rubroespinhal pode exercer papel na
recuperação das mãos, no entanto, não há consenso na literatura.

4. Trato teto espinhal: sua origem é no colículo superior, onde recebe fibras da
retina e do córtex visual. Situa-se no funículo anterior das porções mais altas da medula
cervical e pertence ao sistema anteromedial da medula. Está envolvido em reflexos
visuomotores em que o corpo se orienta a partir de estímulos visuais.

5. Trato vestíbulo espinhal: são dois: medial e lateral. Sua origem é nos núcleos
vestibulares do bulbo. Sua função consiste em fazer a manutenção do equilíbrio a partir
de informações vindas do vestíbulo cerebelo e da porção vestibular do ouvido interno,
como por exemplo ajustes posturais mesmo após um tropeço e ativação da musculatura
extensora das pernas.

6. Trato retículo espinhal: liga diversas regiões da formação reticular aos neurônios
motores da medula. São dois: trato retículo espinhal pontino e trato retículo espinhal
bulbar. Possuem funções antagônicas. Enquanto o primeiro ajuda a aumentar os
reflexos antigravitacionais da medula através da tensão muscular para manutenção da
postura ereta, o segundo libera os músculos antigravitacionais do controle reflexo.
Localizam-se no sistema anteromedial medular e são responsáveis por controlar
movimentos automáticos e voluntários.

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Referências Bibliográficas

1. MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia Funcional. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2013.


2. http://www.ibb.unesp.br/Home/Departamentos/Fisiologia/Neuro/aula22.contr
ole-da-motricidademedula-tronco-e-cortex.pdf
3. http://www.peb.ufrj.br/teses/Tese0237_2016_06_07.pdf
4. http://www.facmed.unam.mx/Libro-NeuroFisio/10-Sistema%20Motor/10a-
Movimiento/Textos/Via-SistMotor.html

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