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Introdução
É no lobo frontal que se desenvolve a maior parte das
actividades relacionadas com o desempenho de tarefas complexas, que
necessitam da integração de informação provenientes de outras partes
do cérebro. Este é responsável por: aspectos relacionados com o
comportamento social, raciocínio, na resolução de problemas, na
personalidade do indivíduo e até na sua memória. No entanto, também
é responsável pela coordenação dos movimentos corporais.
Figura 2:
1-Córtex motor primário
2-Córtex motor secundário
A anatomia divide o córtex frontal em três regiões: o córtex motor
que corresponde à circunvolução frontal ascendente e que está
relacionado com a motricidade; o córtex pré-motor que constitui o
córtex secundário (representado por (2) na figura) ou de associação
motora e ocupa a região anterior ao córtex motor e corresponde às áreas
6 e 8 do mapa de Brodmann e o córtex pré-frontal (representado na
figura por (1) que se estende na face dorso-lateral do hemisfério à
frente do córtex pré-motor.
O córtex motor (ver figura 2) foi identificado na sequência de uma
experiência, em que se fez a estimulação do córtex cerebral em
indivíduos que estavam acordados e preparados para serem operados ao
cérebro.
O termo “apraxia” foi usado pela primeira vez por Steinthal (1871)
e actualmente define-se como uma alteração neurológica da capacidade
do movimento aprendido e proposicional, que não possa ser explicado
através de defeitos elementares da motricidade nem dos sistemas
sensoriais. As primeiras observações sobre apraxias foram efectuadas
por Liepman (1900) em doentes que posteriormente vieram a falecer,
fazendo-se um estudo anátomo-patológico. Liepman descreveu a
apraxia simpática através de inúmeros casos de doentes em tinham
apraxia dos membros esquerdos, acompanhando a parésia dos membros
direitos por impossibilidade de transmitir a informação do corpo caloso
para o hemisfério direito e assim programar os movimentos dos
membros esquerdos. Liepman afirmou ainda a realização de um gesto
depende do hemisfério esquerdo.
Mais tarde do grupo da Flórida baseados nos trabalhos de Liepman,
elaboraram algumas interpretações fisiopatológicas e apontaram a
apraxia cinética dos membros como uma alternação que compromete
predominantemente os movimentos finais das extremidades. Deste
modo, os doentes não são capazes de utilizar o polegar e o indicador,
por exemplo, para fazer o gancho para apanhar uma moeda numa mesa.
A apraxia ideomotora consiste num quadro bastante complexo, pois
os doentes cometem vários erros em inúmeras situações. È frequente o
doente, por exemplo, ao tentar demonstrar o uso de uma tesoura em vez
de simular o gesto de induzir o polegar e o indicador nas argolas da
tesoura e depois fazer o movimento de aproximação e afastamento
destes dedos, tem tendência para simular as lâminas da tesoura com os
dedos indicador e médio. Em relação ao uso real do objecto o
movimento também pode ser defeituoso. Os erros de sequenciação
também são comuns e consistem na troca das etapas necessárias para a
demonstração de o uso de um objecto (por exemplo pôr um cigarro na
boca e acende-lo, o doente vai começar por simular acender o fósforo
antes de por o cigarro na boca).
Heilman refere como mais frequentes os erros relacionados com o
espaço – posturais, orientação espacial e de movimento no espaço. Os
erros posturais dão-se ao pegar num objecto (agarrar a tesoura com a
mão toda sem colocar os dedos nas argolas); os erros de orientação
espacial exemplifica-se com a não manutenção da orientação da faca
quando se está a simular o seu uso a cortar pão; e os erros de
movimento no espaço será fazer por exemplo, fazer movimentos
descoordenados com o pulso e o cotovelo para usar a tesoura,
mantendo os dedos fixos e assim, não utilizando o objecto. Também
podem ocorrer erros de tempo onde o tempo de execução de um
movimento não corresponde ao que seria de esperar.
A apraxia verbo-motora acontece quando existe impossibilidade
de informar o sistema motor através da linguagem. Ao ser dada uma
ordem ao doente para executar um gesto, essa ordem é compreendida
mas o doente não consegue executar o gesto porque existe uma
desconexão entre os dois sistemas (por exemplo doentes com lesão na
porção anterior do corpo caloso). Na apraxia desconectiva visuo-
motora e tacto-motora a informação descodificada pela visão ou pelo
tacto não tem acesso à programação motora; por isto, o doente vê/sente
o objecto mas não consegue activar as áreas de programação motora
para a utilizar. A apraxia ideativa é semelhante à ideomotora, contudo
o desempenho não melhora com a presença do objecto nem com a
imitação. Este quadro é comum nos quadros de demência uma vez que
os doentes perdem todos os esquemas de programação motora. A
apraxia buco-facial consiste na incapacidade de realizar movimentos
com os músculos da face e boca e da boca em semelhança com a
apraxia ideomotora. Esta apraxia acompanha por vezes quadros
afásicos.
Existe também a apraxia da marcha que é a impossibilidade de
realizar os movimentos necessários para caminhar. Esta apraxia é
curiosa porque os doentes conseguem cruzar a perna quando estão
sentados, bater os pés de forma alternada no chão quando estão
sentados e fazer movimentos de bicicleta quando estão deitados, mas
não conseguem realizar movimentos para progredir na marcha. A
apraxia do vestir que também é comum na demência. O doente deixa
de ter conhecimento da sequência correcta com que se vestem as várias
peças do vestuário (vestir a camisa por cima do casaco), veste as peças
de forma errada (vestir a manga da camisola na perna) ou então usar
várias peças de roupa repetidas (várias gravatas). Associada aos
defeitos da linguagem existe a apraxia do discurso que é descrita
como uma alteração da articulação e da prosódia, consequência de uma
lesão cerebral em que a área da programação dos movimentos
articulatórios está perturbada. Deste modo, não existe força muscular,
tonus muscular e coordenação.
2.2 Memória
2.3 Olfacto
2.4 Afasia
Bibliografia