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7 Percepção, Atenção, Concentração e

Tomada de Decisão no Esporte

Aline Dessupoio Chaves

Introdução
A percepção, a atenção, a concentração e a tomada de decisão, são aspectos muito
importantes no esporte, visto que ao se sentirem sob pressão, muitos atletas cometem erros
em habilidades básicas devido à perda de foco.

Sendo assim, essas habilidades cognitivas necessitam ser treinados, ou até mesmo
aprendidas, para otimizar os resultados esportivos. Porém, na maioria das vezes, não se sabe
o que significa cada conceito desse, e muito menos como utilizá-los de forma precisa e
adequada.

Para tal, este capítulo tratará do conceito de cada uma dessas habilidades psicológicas para
uma melhor compreensão dos processos inerentes à percepção, a atenção, a concentração
e a tomada de decisão, em virtude das características específicas das diversas modalidades
esportivas.

Objetivos
Ao final deste capítulo, esperamos que seja capaz de:

• Definir cada uma das habilidades cognitivas: percepção, atenção, concentração e


tomada de decisão;

• Compreender a relação de cada uma delas com o desempenho esportivo;

• Entender de que maneira o atleta pode treinar e ativar todo esse processo de foco e
decisão.

Esquema
7.1 Percepção no Esporte
7.2 Atenção no Esporte
7.3 Concentração no Esporte
7.4 Tomada de Decisão no Esporte
7.5 Conclusão
7.1 Percepção no Esporte

Muitas vezes questionamos grandes feitos no esporte e nos perguntamos: o que levou
determinado atleta a tomar aquela decisão? Será que ele percebeu algo diferente ou primeiro
que os demais? O que ele percebeu antes, durante e após a jogada?

Tudo isso nos demonstra a necessidade de desenvolver no atleta a habilidade de percepção,


considerada um processo ativo e seletivo de informação, que pode ser entendida como a
porta para a atenção e a concentração.

De acordo com Lent (2010), a percepção é “a capacidade de associar as informações


sensoriais à memória e à cognição (pensamento) de modo a formar conceitos sobre o mundo
e sobre nós mesmos e orientar nosso comportamento”.

Eysenk e Keane (1994, p.43) conceituam a percepção como “os meios pelos quais a
informação adquirida do meio ambiente através dos órgãos sensoriais é transformada em
experiência de objetos, eventos, sons, etc.” Assim, a informação do ambiente é percebida
pelos órgãos do sentido, através da audição, visão, paladar, olfato e tato, que irão gerar uma
determinada reação.

No esporte, os sentidos que costumam ser mais ativados são a audição, o tato, e em especial
para os videntes, a visão. Mas, há uma variação dependendo da modalidade esportiva em
questão.

De acordo com Hofmann (2001), a percepção visual, também denominada de inteligência


visual, interage com a inteligência racional emocional influenciando no comportamento do ser
humano.

<ABRIR BOX AGORA É A SUA VEZ>

Para exemplificar essa questão, temos dois exemplos, fora do âmbito esportivo, mas que
podem nos ajudar a entender melhor a percepção visual. Para tal, fixe seus olhos nos textos
abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.

De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinvesriddae iglsea, não ipomtra em qaul odrem as
lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lteras etejasm
no lgaurm crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea.
Itso é poqrue nós não lmeos cdaa ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Sohw de bloa.

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CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4
M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO
QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R
B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!

<FECHAR>

Marina (1994, p.43) cita que a percepção “permite dar significado às coisas e aos objetos”, ou
seja, não basta identificar o ambiente ou a situação, mas reconhecer suas semelhanças e/ou
diferenças com o que já foi vivido, ou mesmo interpretá-lo como algo novo.
Neste sentido, a percepção está atrelada à memória, às experiências vivenciadas, tornando-
se um processo complexo, visto que as informações sensoriais não são vivenciadas de forma
isolada, mas como um todo. E a partir disso, as experiências passam a ser classificadas.

Por conseguinte, é necessário filtrar e analisar as informações que chegam de forma tal que
possamos fazê-lo previsível, para nos organizarmos, agirmos e quando necessário, nos
adaptarmos.

Vale salientar que a percepção difere da sensação, à medida que a sensação se refere
apenas ao registro dos estímulos sensoriais, enquanto a percepção, através de recursos
mentais, organiza e interpreta as sensações.

No esporte, a percepção está presente em toda a ação, pois auxiliam nas possíveis mudanças
de velocidade, de espaço, de movimentos do corpo, da posição em relação ao adversário, de
controle de equipamentos (bola, carro, cavalo), entre outros.

Para isso, a percepção deve ser um processo de “filtrar e analisar as informações que chegam
de forma tal que possamos entender as características e relações do mundo, para dessa
forma fazê-lo previsível, e poder nos organizar e adaptar a ele” (SCHUBERT, 1981, p.227).

Portanto, a percepção é de extrema importância nos esportes, pois é um pré-requisito para a


organização e para a orientação da ação do atleta, e importante que após a tomada de
decisão, haja uma avaliação para direcionar as próximas atitudes do atleta.

O processo de percepção é composto por 4 fases:

1) Classificação: discriminação do fenômeno, que é comparação com as experiências antigas


agrupadas na memória, ou entendida como nova, quando ainda não vivenciada (costuma
levar mais tempo para ser percebida);

2) Identificação: a experiência é adjetivada a partir da síntese daquilo que é particular e


concreto em relação ao que é geral e abstrato;

3) Avaliação: momento subjetivo da percepção, tudo que foi classificado e identificado é


comparado com o que é importante para o atleta;

4) Ação: é a tomada de decisão, que junto com a avaliação, irá definir o comportamento do
atleta.

De acordo com Samulski (2002), deve-se, ainda, analisar a percepção sob o aspecto externo
e interno, que se interrelacionam e se completam. A percepção externa relaciona-se ao tipo e
a forma como as informações do meio ambiente são percebidos, como por exemplo, perceber
o espaço, a forma, o tamanho, a distância e a direção da ação. Já a percepção interna ou
autopercepção, engloba a informação sobre a própria pessoa, relacionadas aos sistemas
cinestésico e vestibular/equilíbrio, como o atleta perceber em qual perna está se equilibrando
ou qual a sua velocidade no movimento.

Desta forma, a percepção não é uma descrição passiva do ambiente, mas vivida, que é
acumulada e arquivada na memória. E isso, faz com que atletas mais experientes tenham o
melhor percepção do que atletas iniciante.

Kozang e Kozang (1980, p.22), trazem um exemplo sobre a percepção nos esportes coletivos,
que está demonstrada na Figura 1.

Figura 1 – Percepção nos esportes coletivos


Fonte: Adaptado pela autora.

Nesta perspectiva esportiva, os mesmos autores apontam alguns aspectos relevantes de


serem percebidos pelos atletas, como a:

- Percepção espacial: forma, tamanho, peso, do colega, do adversário, do equipamento, do


alvo, do ambiente.

- Percepção das distâncias: do colega, do adversário, da bola, da marcação do ambiente


(linhas, raias) e do alvo.

- Percepção da própria posição: em relação aos colegas, aos adversários, às marcações do


ambiente e ao alvo.

- Percepção do próprio movimento: velocidade, aceleração, direção e frequência.

- Percepção dos movimentos dos colegas e dos adversários: tipo de movimento, direção,
velocidade e aceleração, duração e amplitude, frequência e sequência.

- Percepção do voo da bola ou qualquer objetivo utilizado: trajetória, direção, velocidade,


aceleração, efeito e duração.

- Percepção de modificações nas táticas utilizadas na competição: pelos colegas, pelos


adversários ou pelo equipamento (cavalo, bola, correnteza).

Fica evidente que nem todos os esportes utilizarão todos esses tipos de percepção, inclusive
algumas modalidades necessitarão de outras que nem ao mesmo foi citada por aqui. Sendo
assim, cabe analisar cada contexto esportivo para que essa habilidade seja desenvolvida a
contento.
Um exemplo disso, seria desenvolver no jogador de basquete a percepção do som que o tênis
faz na quadra, assim seria uma maneira de ajuda-lo a perceber movimentações ao seu redor,
sem ser necessário usar a visão, que poderia estar focada em outro aspecto.

Ao se observar a ação ou comportamento do atleta, fica-se sabendo o que foi percebido e


como foi a percepção do atleta. Ademais, quando o atleta descreve o que e como percebeu,
tem-se recursos para prever sua ação, que ao ser realizada, conhecemos um pouco mais
desse atleta. E, desta forma, quanto mais correta a percepção, mais adequada e coerente
tende a ser a ação.

Quando não há uma boa percepção, a análise e a síntese daquilo que tem que ser feito fica
prejudicado e isso erroneamente é interpretado pelos técnicos como falta de concentração.
Porém, muitas vezes, o que gera o erro é a falta de compreensão do comando ou mesmo o
atleta não ouviu, representado pela Figura 2. Portanto, o processo de percepção deve ser
analisado de forma integral e detalhada.

Figura 2 – Comportamento do técnico quando o atleta erra

<ABRIR BOX SAIBA MAIS>

Samulski (2002) nos traz um exemplo no handebol:

O armador central do time atacante, no movimento de engajamento, observa um adversário


que sai para marcar a ação do pivô, que se desloca um pouco depois para bloquear o defensor
e facilitar sua ação. A sequência da ação do atacante em posse da bola vai depender em
parte do que faz o defensor próximo, seja sair para marcar ou esperar na linha de 6 metros,
o espaço disponível após a finta à espera do bloqueio e adequado para lançar. O segundo
defensor fecha o espaço, fica no lugar, posiciona-se sobre o braço de lançamento do armador
central, ainda em posse da bola. O goleiro posiciona-se frente à trave contrária à posição da
defesa. Desse modo, observa-se como é importante a construção da informação a partir da
percepção e como este processo é complexo.

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7.2 Atenção no Esporte

A atenção é a capacidade de focalizar a atividade psíquica sobre um ou alguns dos vários


estímulos que estão presentes em um determinado local. Magill (2000) conceitua como o
estado de alerta que implica preparar-se para a informação sensorial e manter o estado de
alerta. Aponta, ainda, que o desempenho bem sucedido de habilidades motoras requer a
capacidade de selecionar e prestar atenção a sinais ou informações significativas oriundos de
uma grande variedade de sinais.

Schimdt (1993), aponta as seguintes características da atenção: é seriada, muda de uma fonte
para outra ao longo do tempo; é limitada em capacidades; requer esforço e está relacionada
com a excitação; limita a capacidade de fazer certas partes da tarefa ao mesmo tempo.

Samulski (2002) cita alguns processos para a atenção: identificar informações primariamente
(percepção); selecionar informações entre diversas do ambiente (atenção seletiva); ativar o
foco para se agir ativamente em situações de exigências específicas; rejeitar estímulos
relevantes.

Assim, para um atleta ser bem-sucedido, é necessário que ele seja capaz de perceber e
integrar simultaneamente as informações de diferentes aspectos do ambiente esportivo e agir
adequadamente. Para tal, a atenção requer treinamento para que se utilize uma melhor
energia psíquica disponível para melhorar a qualidade da tarefa, e sem atenção, a ação fica
sem qualidade e intensidade, e perde a coerência. Portanto, é importante, tanto nos treinos
quanto nas competições, avaliar os processos de atenção do atleta.

Ainda, sobre o treinamento, vale ressaltar que durante determinados exercícios, a variação
de estímulos é bastante importante para que o atleta se prepare para as situações adversas
que ocorrem no contexto de cada modalidade, pois quando o ambiente se altera de forma
rápida, consequentemente, o foco de atenção também será alterado.

Alguns são os fatores que influenciam a atenção são apontados por Cratty (1989):

- Fatores internos: sistema sensorial (percepção), capacidade de processar informações,


comportamento aprendido em situações específicas, características da personalidade.

- Fatores externos: quantidade de informações, estresse social, complexidade dos estímulos.

Desta forma, esses aspectos precisam ser avaliados para otimizar o treinamento desta
habilidade cognitiva.

Outrossim, a atenção pode ser classificada em três tipos (KOZANG, 1981):


a) Concentrada: é a capacidade de dirigir conscientemente a atenção a um ponto específico
no campo da percepção;
b) Distributiva: é a distribuição da concentração sobre vários objetos e situações;
c) Alternância da atenção: é a orientação rápida e adequada a situações em função das
exigências do meio (adaptação da direção, da intensidade e do volume da atenção).
O tipo de atenção a ser utilizada, vai variar de acordo com a modalidade esportiva e o
momento da competição. Ou seja, em algumas situações a atenção concentrada será mais
assertiva, em outras a atenção distributiva será a melhor opção, e em alguns momentos a
alternância da atenção será necessária.

Como exemplos, podemos citar: o atleta no momento da partida em uma corrida de 100
metros rasos (atenção concentrada); o jogador de voleibol durante a partida, que irá observar
seu colega de time, o adversário, a bola, a rede, as linhas da quadra, o árbitro, entre outros
(atenção distributiva); o maratonista durante a longa prova, que ora se concentra em sua
passada na corrida, alternando com a observação dos demais atletas, do percurso, dos
pontos de apoio, entre outros (alternância da atenção).

Diante de diversos estímulos existentes no ambiente esportivo, é imprescindível que o atleta


saiba selecionar seu foco de atenção em cada momento. Para tal, é preciso entender as
formas de atenção em relação à amplitude (ampla e estreita) e em relação à direção (externa
ou interna).

Uma atenção ampla requer atenção simultânea a diferentes informações percebidas, permite
a percepção de diversas situações ao mesmo tempo. Isso é especialmente importante em
esportes em que os atletas precisam estar conscientes e sensíveis a um ambiente que se
altera rapidamente, como um armador de basquetebol que está conduzindo um contra-
ataque.

A atenção estreita dirige o foco a um único aspecto da situação esportiva, como um goleiro
que se prepara para um pênalti.

Na atenção externa, a pessoa dirige o foco somente a estímulos externos, como o disco no
hóquei, os movimentos de um adversário no tênis.

E, finalmente, na atenção interna o atleta concentra nas próprias percepções, sentimentos e


pensamentos, é dirigido ao interior, como o corredor analisa sua condição física para mudar
sua tática de prova.

Segundo Murray (2002) há quatro tipos de focos de atenção: amplo interno, amplo externo,
estreito interno e estreito externo.

- Amplo interno: ótimo para se adaptar a situações complexas que variam rapidamente.
Exemplo: ao idealizar o seu desempenho técnico e tático dos próximos jogos, o sujeito está
exercitando o foco amplo e interno da atenção.
Cuidados: tendência a analisar os fenômenos em formas exageradas; fixação de estratégias
mentais; falta de flexibilidade no comportamento.

- Amplo externo: ótimo para análise de competições passadas e para o planejamento do


comportamento tático.
Exemplo: o líbero do voleibol deve estar atento a diversos fatores do ambiente, tais como as
movimentações do atacante e do bloqueador, a velocidade e a trajetória da bola, bem como
sua posição em quadra, para realizar a defesa.
Cuidados: distração geral; interferências ótico-acústicas; incapacidade de concentrar-se num
fenômeno específico.

- Estreito interno: ótimo para perceber e regular o nível de tensão interna e o próprio estado
emocional.
Exemplo: as equipes costumam exibir sessões de vídeos de jogos de seus próximos
adversários com o intuito de desenvolver estratégias de jogo, e se sentirem mais seguras de
sua atuação.
Cuidados: fixação e processos internos; perder o contato com o meio ambiente; sensibilidade
aumentada na presença de esforço e dor.

- Estreito externo: ótimo para focalizar a um estímulo externo específico.


Exemplo: o goleiro de handebol, ao tentar defender um tiro de 7 metros, deve focar
especificamente no atleta arremessador e na bola.
Cuidados: incapacidade de perceber e analisar todos os estímulos relevantes de uma
situação; incapacidade de analisar numa situação complexa; fixação a um só fenômeno.

Diante de tudo isso, para exigirmos níveis adequados de atenção é fundamental que o atleta
conheça suas características e seja flexível para se ater aos estímulos relevantes das
situações esportivas mais comuns em sua modalidade.

Essa flexibilidade se faz necessária, ainda, diante de uma competição de alto rendimento,
onde a atenção a determinados estímulos constitui-se aspectos fundamentais para o sucesso
do atleta, que deverá ser capaz de associar todas estas informações ao estilo de jogo do
adversário, suas potencialidades e limitações para traçar seu plano de ação.

Além do mais, devemos nos ater para o apontamento de Weinberg e Gould (2008) sobre o
desvio da atenção para sinais irrelevantes, ou seja, momentos de desconcentração,
frequentemente levam a erros de desempenho, logo, a importância de manter-se atento é
reforçada no âmbito do esporte.

7.3 Concentração no Esporte

Em geral, a capacidade de concentração se refere à manutenção do foco de atenção em


aspectos relevantes da tarefa e à habilidade de deslocar o foco de atenção de acordo com a
demanda esportiva.

Podemos ainda dizer que, relaciona-se à capacidade pessoal de controlar conscientemente o


foco de atenção a partir da própria vontade, mobilizando de maneira ótima os órgãos
sensoriais e percebendo com clareza unidades seletivas de informações relevantes para a
execução da tarefa, bloqueando estímulos irrelevantes e pensamentos negativos.

No esporte, a capacidade de concentração é pré requisito para se obter sucesso em um nível


de exigência qualquer e principalmente, no alto rendimento. No entanto, atletas de sucesso
normalmente se destacam pela ótima habilidade de atenção e manutenção da atenção. É
fundamental concentrar-se durante uma competição, mesmo em situações adversas como
gritos nas arquibancadas, mudanças climáticas repentinas, entre outras.

No entanto, Moran (2004, p.103) aponta que a “concentração refere-se à capacidade de uma
pessoa exercer esforço mental deliberado sobre o que é mais importante, em qualquer
situação”.

Os atletas que descrevem seus melhores desempenhos, inevitavelmente, mencionam que


estão completamente absorvidos no presente, focalizados na tarefa e realmente conscientes
de seus próprios corpos e do ambiente externo. Portanto, pensar em aspectos irrelevantes
durante um jogo, como dirigir a atenção aos espectadores, pode tirar o atleta do ritmo de jogo
e também desviá-lo de seu comportamento tático (SAMULSKI, 2002).
<ABRIR BOX SAIBA MAIS>

Um exemplo de desconcentração foi visto no jogo de handebol masculino, na semifinal dos


Jogos Panamericanos do Rio 2007, entre Cuba e Argentina. Faltando 13 segundos para o
final do jogo, Cuba ganhava por um gol de diferença, quando um dos seus jogadores de
destaque cometeu um erro primário (deu mais de 3 passos com a bola na mão – “andou”).
Com isso, a Argentina recuperou a posse de bola e, faltando 3 segundos para terminar o jogo,
teve um tiro de 7 metros a seu favor. Ao convertê-lo, levou a partida para a prorrogação,
vencendo-a. Uma vitória quase certa, não concretizada por um lapso de concentração, deixou
Cuba fora da final com o Brasil.

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Para que ocorra o processo de concentração, algumas etapas são percorridas:

1) Alerta: observar (percepção) a “cena” (jogadores adversários, companheiros e a bola


rapidamente).

2) Atenção seletiva: selecionar o que relevante, entre vários estímulos disponíveis.

3) Manutenção do foco: comparar e avaliar a “cena” atual com aquilo que é semelhante e está
arquivado em sua memória.

4) Consciência do foco: pensar (cognição) exatamente qual a melhor tomada de decisão para
o que tem que ser feito.

5) Harmonia de excitação emocional: manter-se equilibrado emocionalmente para não


prejudicar a precisão da tarefa.

A harmonia de excitação emocional pode ser melhor entendida pela fala do nadador Adam
Peaty, “se eu ficar pensando sobre meu desempenho, vou ficar focado nisso a noite toda, o
que significa que estarei gastando energia quando eu deveria estar me recuperando”. Isso
demonstra, a necessidade de o atleta saber o momento de concentrar e ainda se manter em
equilíbrio emocional.

Contudo, o rendimento esportivo não depende exclusivamente da habilidade do atleta em


desenvolver níveis ótimos de concentração, mas de sua capacidade em alternar o seu foco
de atenção em função das exigências e dos contextos esportivos (SAMULSKI, 2002).

No esporte, existem situações que exigem do atleta maior sensibilidade diante de vários sinais
presentes no ambiente (percepção), enquanto outras requerem que o atleta dirija a sua
atenção a um aspecto específico da situação (atenção concentrada). Em outros contextos, o
atleta precisa concentrar-se nos próprios sentimentos e/ou pensamentos (fatores internos)
para um rendimento assertivo. E ainda, há momentos em que o atleta deve focalizar sua
atenção ao que está acontecendo externamente no ambiente (externos) e reagir
adequadamente a esses estímulos.

Visto que o ambiente esportivo se altera de forma constante em diversas modalidades, para
se atingir o estado de concentração, haverá a utilização da atenção associativa ou da atenção
dissociativa, ou mesmo a alternância delas. A atenção associativa é utilizada na monitoração
das funções e sensações corporais, como a frequência cardíaca, a tensão muscular e a
frequência respiratória, ou seja, o atleta durante a corrida, por exemplo, foca sua atenção em
determinados momentos na coordenação da respiração com seus movimentos corporais. Já
a atenção dissociativa, é entendida como um momento de distração ou dessintonização, em
que o foco de atenção momentaneamente “sai” da corrida em si e o atleta, por exemplo, para
se atentar em uma música que está tocando no percurso, que na prática não tem relação
direta com a habilidade de correr, mas que por outro lado pode tanto motivar o atleta quanto
trazer emoções negativas.

Nesta perspectiva, o atleta que tem sua concentração treinada, é capaz de se autocontrolar
e logo reestabelecer o foco de atenção para o que é necessário naquele momento da
competição. Pois, aquele que não treina, pode ter seu rendimento esportivo comprometido ao
priorizar estímulos que o atrapalhem.

Diante disso, Masters e Ogles (1988) apresentam algumas recomendações em relação a


atenção associativa e dissociativa no esporte:

- A atenção associativa e a dissociativa devem ser entendidas como algo contínuo,


principalmente em modalidades de duração longa, em que irão acontecer de forma alternada
durante a competição;

- Esportes em que a competição tenha curta duração, deve-se priorizar a atenção associativa;

- A atenção associativa permite que atletas continuem concentrados apesar da percepção da


dor, já que ajuda a prepara-los para possíveis desconfortos físicos e sua superação;

- A atenção dissociativa auxilia na diminuição da fadiga e da monotonia de provas longas, e


importante para manter o nível de concentração por tempo prolongado;

- A alternância desses tipos de atenção promove a concentração necessária à tarefa em


execução, porém o atleta deve reconhecer o momento adequado para usar cada uma delas.

Neste sentido, é importante salientar a necessidade de que o treinamento da concentração


faça parte da rotina de treinos do atleta, que apenas palestras e preleções nas vésperas da
competição não serão suficientes para manter o atleta concentrado.

Samulski (2002) evidencia alguns pontos necessário para desenvolver nos atletas a
capacidade de concentração:
- Identificar os estímulos relevantes: analisar as situações esportivas da modalidade e a
escolha adequada da forma de atenção;

- Perceber o nível da ativação interna: através de técnicas psico-regulativas, como


biofeedback e relaxamento muscular progressivo, o atleta pode aprender a perceber melhor
seu próprio nível de ativação, visando a maior eficiência de controle da ativação num estado
ótimo.

- Reduzir o estresse emocional: através de técnicas de relaxamento e cognitivas de controle


do estresse, por exemplo, desenvolvendo pensamento positivo e programas individuais de
concentração.

Além disso, podemos aconselhar que o atleta se concentre nos momentos decisivos de sua
ação esportiva, concentre-se na situação presente, e se concentre na tarefa a ser realizada,
evitando pensamentos negativos, pensamentos sobre o sentido de suas ações ou sobre
resultados futuros e sobre consequências negativas futuras.
Para Rúbio (2000), o treinamento da concentração constitui a melhoria da capacidade de
focalizar a atenção em um ponto específico do campo da percepção e a capacidade de manter
um bom nível de concentração durante um longo período de tempo (resistência de
concentração).

Segundo Samulski (2002), a concentração pode ser aprimorada por meio de técnicas como a
visualização ou exercícios de relaxamento. Essas técnicas podem ser utilizadas
periodicamente, durante o período de treinamento e antes de uma competição.

<ABRIR BOX SAIBA MAIS>

Ainda sobre formas de melhorar a concentração podemos citar:


• Bom nível de autoconhecimento para analisar causas de perturbações da
concentração;
• Reconhecer estratégias e táticas variadas de atuação;
• Controlar as interferências do meio ambiente;
• Memorizar um amplo repertório de tomadas de decisão;
• Detectar detalhes que precisam ser focalizados com o máximo de atenção;
• Equacionar as emoções (tranquilidade, felicidade; confiança);
• Estar bem condicionado fisicamente.

E ainda...
• Auto fala
• Rotinas/Ritual
• Treinamento Mental/Visualização
• Jogos Cerebrais (Lumosity/PEAK/Switched On)
• Jogos utilizando a modalidade

Seguem alguns artigos para que você possa se aprofundar ainda mais sobre o assunto:
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/48561
https://www.scielo.br/j/rbce/a/n9cfsYHPrrCTpHBbJRq5qJH/abstract/?lang=pt
http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/315

<FECHAR>

7.4 Tomada de Decisão no Esporte

A tomada de decisão no esporte pode ser entendida como o processo do pensamento e da


ação, que associada a estratégias, possibilita um comportamento de seleção da resposta
adequada perante uma situação problema com várias opções.

Samulski (2002) complementa que a tomada de decisão está relacionada com o pensamento
que antecede qualquer movimento realizado de forma consciente que associe o pensamento
e a ação. Utilizando, portanto, de processos cognitivos, de representações mentais, do
conhecimento, da memória. Quando o episódio é entendido como novo, não existe uma
elaboração mental, a decisão é intuitiva.

Um atleta de basquete que está com a posse de bola, faltando 6 segundos para finalizar a
partida, precisa tomar a decisão, entre deslocar com a bola, passar para um companheiro ou
mesmo tentar o arremesso da posição que estiver em quadra. Neste momento, terá que
analisar toda a situação, processos já vividos ou não, para que a opção escolhida seja
assertiva. Mas, para além disso, precisa pensar nas possíveis consequências de cada
decisão.

<ABRIR BOX SAIBA MAIS>

O vídeo a seguir traz uma matéria do Jornal da Globo a respeito da tomada de decisão no
futebol e sua interferência no rendimento do atleta. Um bom exemplo para avançarmos nesta
temática da Psicologia do Esporte.

https://www.youtube.com/watch?v=5xjnyZMzo7E

<FECHAR>

A tomada de decisão não é uma simples seleção de reposta, mas a compreensão da relação
causa-efeito entre a quantidade de incerteza numa dada tarefa e o subsequente
comportamento de decisão.

Desta forma, a tomada de decisão é composta por três fases: a antecipação, a execução e a
avaliação, como demonstrado na Figura 3.

Figura 3 – Fases da Tomanda de Decisão

Fonte: A autora (2022).

Alguns aspectos auxiliam o atleta na tomada de decisão, são eles (ANDERSON, 2004):
- Conhecimento declarativo: é verbalizado através de conhecimento das ações, como
posicionamento dos jogadores, estratégias básicas de defesa e ataque, entre outros. O atleta
deve saber “o que fazer” nas situações de jogo.
- Conhecimento processual: difícil de ser verbalizado, mas observado pelo conhecimento do
atleta de como utilizar suas ações.

Ambos os conhecimentos poderão são indispensáveis para uma tomada de decisão


satisfatória, pois não basta o atleta ter o domínio motor das técnicas de sua modalidade, é
necessário saber “como”, “quando” e “onde” utilizar essas técnicas (MATIAS; GRECO, 2010).

Sendo assim, os treinos devem privilegiar a formação do atleta com autonomia, a fim de
resolver problemas decorrentes da competição, evitando a utilização exclusiva de exercícios
que se limitem às jogadas ensaiadas e táticas de prova exclusivas, que não apresentem
possibilidades de adaptação.

Até porque em situações competitivas em que o atleta se sente sob pressão nem todos os
esquemas de representação mental são ativados, e quando o atleta fica limitado á um único
tipo de resposta nas tomadas de decisão, tendem a não saber reagir diante de situações
adversas aquelas que foram treinadas.

Assim, a tomada de decisão para ser operacionalizada de forma rápida e eficaz necessita de
uma prática extensa, assim como, da experiência vivida. O que acaba distinguindo os atletas
mais experientes e de sucesso, que conseguem aplicar um determinado conhecimento, pois
recorda e manipula de maneira eficiente a informação relevante em cada momento, daqueles
mais jovens e inexperientes, que têm dificuldade de focar naquilo que é relevante.

Ademais, a tomada de decisão, de acordo com Greco (2003), possui alguns fatores que
interferem diretamente no processo:

1) Número de decisões diferentes e diversidade de propósitos: esportes de curta duração


(velocidade no atletismo) a tomada de decisão é menos complexa do que nos esportes de
longa duração (voleibol).

2) Número de alternativas de cada decisão: quanto maior o número de possibilidades de


ação, mais difícil é a tomada de decisão.

3) Tempo requerido para a tomada de decisão: no salto em altura não há pressão do tempo
para executar a ação, porém no futebol há.

4) Nível de incerteza com que se toma a decisão: quanto maior o nível de incerteza ou
imprevisibilidade da modalidade, mais complexa será a tomada de decisão.

5) Ordem sequencial das decisões: pré-determinadas e utilizadas na mesma ordem (fixa, ex.:
natação) ou não apresenta ordem fixa e possui caráter irrepetível (alterada, ex.: basquete).

Tudo isso demonstra como a tomada de decisão é um processo multifatorial e que o


treinamento dessa habilidade se torna decisiva para o rendimento esportivo.

Diante disso, Roth (1992) indica algumas questões importantes durante o treinamento da
tomada decisão no esporte:

- Estimular a percepção no processo de atenção nos quais as decisões a serem tomadas


estejam preestabelecidas ou com número de decisões reduzidas;

- Possibilitar que as exigências motoras sejam simples para que o atleta concentre na tomada
de decisão;

- Demonstrar para o atleta que a sobrecarga de exigência pode levar a falta de planejamento
na estratégia da ação;

- Diminuir gradativamente o tempo disponível para a tomada de decisão;

- Incentivar que a ação executada seja baseada na experiência anterior e não em sequências
treinadas e preestabelecidas;

- Promover o desenvolvimento consciente da tomada de decisão a partir da reflexão a respeito


da ação e consequência da ação;
- Oportunizar diferentes formas de feedback e solicitar o conhecimento declarativo nas ações
realizadas, oportunizando a reflexão e a análise da tomada de decisão;

- Exigir e promover novas e criativas formas de decisão.

Portanto, o técnico deve promover treinos variados e criativos que promovam o


desenvolvimento das habilidades cognitivas do atleta. Sabemos, porém, que muitas vezes a
repetição, a intensidade e outros aspectos são indispensáveis no treinamento esportivo, mas
o aspecto qualitativo do treino deve ser valorizado.

<ABRIR BOX SAIBA MAIS>

O artigo escrito pelos pesquisadores do Laboratório de Psicologia do Esporte, Universidade


Federal de Minas Gerais (UFMG), Cristino Julio Matias; Pablo Juan Greco, intitulado
“Cognição & ação nos jogos esportivos coletivos”, nos apresenta alguns modelos de ação no
esporte que elucidam como se dá o processo de tomada de decisão.

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212010000100020

Boa leitura!!

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7.5 Conclusão

Ao observarmos o ambiente de competições, escutamos sempre técnicos, atletas e até a


torcida verbalizar em determinados momentos dos jogos que certo atleta deve ter atenção,
deve se concentrar no jogo ou tomou a decisão errada. Porém, muitas vezes, o atleta não
compreende o que significa esses conceitos e nem como utilizá-los de forma precisa e
adequada.

Esse conhecimento pode beneficiar não apenas praticantes de alto rendimento, mas também
equipes em formação, pois favorece a aprendizagem de competências psicológicas que
ajudarão os atletas a aprimorar o autocontrole e atuação esportiva.

De acordo com Anderson (2004), os processos cognitivos como a percepção, a atenção, a


concentração e a tomada de decisão, operam juntos e de forma complexa, sendo
responsáveis por grandes feitos de atletas considerados inteligentes e talentosos.

Isto demonstra a necessidade de inserir o treinamento das habilidades cognitivas nos


programas de treinamento esportivo com o objetivo de aumentar o rendimento no esporte.

Resumo
Este capítulo tem a intenção de discutir alguns conceitos e apresentar aspectos relevantes
para o treinamento da percepção, da atenção, da concentração e da tomada de decisão no
esporte.
Para desenvolvermos essas habilidades cognitivas não basta simplesmente dizer: “preste
atenção!” ou “concentre-se na competição!”, mas isto deve fazer parte de seu treinamento,
visando uma maior ênfase na preparação dos atletas para o alto rendimento, com o intuito de
otimizar o desempenho e a regularidade nas competições.

É fundamental que o atleta conheça essas características e seja flexível para ater-se aos
estímulos relevantes das situações de jogo mais comuns em cada modalidade, que irá auxiliar
na tomada de decisão assertiva diante das diversas situações esportivas.

Referências
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