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Autores

ALESSANDRA TURINI BOLSONI SILVA


EDNA MARIA MARTURANO
FABIANE FERRAZ SILVEIRA

ORIENTAÇÃO PARA PAIS E MÃES

SUPREMA
São Carlos-SP
2006
Estabelecendo limites: atitudes consistentes dos pais

O ESTABELECIMENTO DE LIMITES seria uma forma de mostrar


aos filhos quais comportamentos são considerados ADEQUADOS
e quais são considerados INADEQUADOS.

Pais e mães podem servir de MODELOS aos filhos, incentivando


os comportamentos adequados. Entretanto, muitos
comportamentos dos pais também podem estimular,
inadvertidamente, comportamentos INDESEJÁVEIS dos filhos.

Uma das formas de estabelecer limites inclui a


consistência na forma como pais e mães INTERAGEM COM A
CRIANÇA ao estabelecerem limites.
Estabelecendo limites: atitudes consistentes dos pais

CONSISTÊNCIA significa que pais e mães devem


agir da mesma forma com seus filhos. Para isso, é preciso
que o casal converse, negocie, chegue em um consenso,
afinal são pessoas diferentes, que tiveram educações
diferentes, e provavelmente têm opiniões diferentes quanto
à forma de educar os filhos.
Às vezes ocorre de um dos pais chamar a atenção
do filho e o outro protegê-lo. Quando isso acontecer, ou
seja, quando seu companheiro(a) FIZER ALGO QUE VOCÊ
NÃO GOSTA EM RELAÇÃO AOS FILHOS, é melhor esperar e
conversar sobre isto, longe deles, e então CHEGAREM A UM
ACORDO sobre como agir em situações semelhantes. Caso
contrário, é provável que o filho aprenda o que pode pedir
para cada um dos pais, além de fazer birra ou chorar para
conseguir o que quer.
Obs.: Pais e mães também precisam ser consistentes em
suas próprias ações. Por exemplo, um dia pode brincar na
rua e no outro não, de acordo com o humor dos pais.
Estabelecendo limites: atitudes dos pais que dificultam o estabelecimento de limites

Insistência
“Filho vai tomar banho, filho vai tomar banho, filho
vai tomar banho...”.

Agressão
Desse modo, oferecerá um modelo de
autoritarismo, covardia e violência.

Fazer nada Quando os pais continuam lendo seu jornal enquanto


a criança sobe em cima do sofá ou da mesa, por
exemplo, fornecem um modelo de abandono.
Estabelecendo limites: atitudes dos pais que dificultam o estabelecimento de limites

Exagero
Explicações Exageradas: “você precisa escovar os dentes
porque senão virão umas bactérias, comerão o resíduo
alimentar, formarão uma placa bacteriana, fazendo um buraco
que é a cárie. Você sentirá dor e teremos que ir a um dentista
que irá obturar o dente”. As explicações são importantes, mas
devem ser dadas com simplicidade e objetividade, na medida
da curiosidade da criança.

Zanga
Zanga Prolongada: periodicamente os pais
voltam ao assunto, mesmo que ele não esteja
no contexto, fazendo uso da situação
para que a criança se sinta culpada
pelo que fez, vitimando a autoridade.

Nomear Entidades: é comum os pais utilizarem-se


de situações que provoquem medo para “frear” a
Entidades criança ou para passarem sua responsabilidade a
outro: “O homem do saco vai te pegar”; “Quando
seu pai chegar você vai ver”.
Estabelecendo limites: atitudes dos pais que dificultam o estabelecimento de limites

“Se você arrumar a cama, ganha um doce”. Assim os pais


fortalecem a insegurança da criança e acabam demonstrando que
Chantagem aquilo a que ela irá se submeter é tão insuportável, que precisa
ser aliviada para conseguir suportar. Além disso, abre caminho
para que a criança utilize a chantagem para obter aquilo que
deseja. A criança pode ser confortada e sentir que o outro está
junto dela, mas não precisa ser subestimada nem super
valorizada, mas sim, cuidada.

Abandono Ameaçar o filho com a perda do amor ou abandono:


– “Vou embora e vou deixar você aí,
vai ficar sozinho”. Nada mais cruel e
danoso para a criança que faz de tudo
para obter o amor dos pais e sentir-se valorizada.

Comparações ou comentários negativos na presença de


outros: – “O filho do fulano não está chorando...” Reforça a
Comparações insegurança da criança, não contribui com a sua auto-estima,
faz com que se sinta desconsiderada e sem condições de se
defender. Ser claro no comentário, tira a culpa da criança e
ajuda no estabelecimento de limites.
Estabelecendo limites: Ignorar comportamentos inadequados

Como lidar com os


comportamentos que
incomodam, que são
“indesejados”?...

Nós temos três


possíveis saídas:
puni-los, ignorá-los
ou pedir mudança
de comportamento.
Estabelecendo limites: Ignorar comportamentos inadequados

A punição funciona. Mas e


no outro dia? Será que a
criança nunca mais fará o
comportamento que você
puniu?

A criança pode DEIXAR DE EMITIR o


comportamento quando a punição for
INTENSA, mas muitas vezes POR POUCO
TEMPO, o que faz com que os pais voltem a
punir cada vez com mais INTENSIDADE. Além
de correr o risco de após um tempo a
criança voltar a emitir o comportamento
punido, podem ocorrer PREJUÍZOS AFETIVOS
para o RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS.
Estabelecendo limites: Ignorar comportamentos inadequados

Alguns comportamentos de menor importância


podem ser IGNORADOS. Claro que às vezes a
gente tem dificuldade de ignorar os
comportamentos perturbadores, mas devemos
sempre manter a calma e dizer às crianças, de
forma HABILIDOSA, que queremos que elas
MUDEM DE COMPORTAMENTO.

O comportamento inadequado quando é


ignorado, tende a se ENFRAQUECER e SUMIR,
caso o objetivo seja “chamar a atenção”. No
entanto, é importante DAR ATENÇÃO para
BONS COMPORTAMENTOS, o que evita
que a criança volte a fazer coisas
“INDESEJADAS”.
Estabelecendo limites: Time out

Há comportamentos que NÃO


PODEM ser ignorados, pois podem
levar a criança a se machucar ou
prejudicar outras pessoas. Nestes
casos o que poderíamos fazer
então?
Além das estratégias já trabalhadas, uma outra
alternativa é o TIME-OUT. EX: consiste em retirar da criança
COISAS QUE ELA GOSTA, levando-a a um quarto com poucas
coisas que a distraiam e dizendo a ela que fique lá durante 5
minutos porque ESTAVA PULANDO NO SOFÁ e não parava ao você
pedir. Se ela for capaz depois desse tempo de SE COMPORTAR
CORRETAMENTE para ficar junto com as outras pessoas, tudo
bem, caso contrário continua no quarto.
Os pais devem explicitar essas condições através de
palavras claras e ditas de forma calma. Após esse tempo, os pais
voltam ao quarto e perguntam à criança se ela já ESTÁ CAPAZ DE
SE COMPORTAR BEM. Mas lembre-se, nada de sermões! Se a
criança responder que sim, permita que ela saia do quarto. Se ela
se comportar bem, você deve ELOGIÁ-LA por isso.
Obs.: Usa-se só em último caso!
Estabelecendo limites: Dar atenção e Expressar afeto

Os pais devem sempre incentivar


seus filhos cada vez que eles
agem de maneira “desejada”,
através de elogios, atenção e
expressão de afeto, pois assim
farão com que estes
comportamentos adequados
ocorram novamente.

Ao expressar afeto através de palavras ou


carinhos, gradativamente vamos nos
aproximando de nossos filhos, criando um
clima de confiança, o que faz aumentar a
auto-estima e facilita no
enfrentamento de situações difíceis.
Estabelecendo limites: Como pedir mudança de comportamento

Mas será que dizer ao seu filho que determinado comportamento dele é
“indesejado” é suficiente para que ele saiba o que deve fazer em situações
semelhantes?

Para
que os filhos passem a se comportar de
maneira “desejada”, os pais podem pedir mudança de
comportamento, seguindo os seguintes passos:
1) Descrever para a criança o comportamento
INADEQUADO;

2) Descrever os SENTIMENTOS NEGATIVOS que os


comportamentos inadequados geram em você;
3) Propor para ela uma ALTERNATIVA de como se
comportar;
4) Descrever as CONSEQÜÊNCIAS POSITIVAS que o filho
terá caso se comporte da forma como você propôs.
Como estabelecer regras

Regras são importantes... mas como


vamos utilizá-las???

As regras devem ser curtas e fáceis de serem lembradas,


devem especificar um comportamento e uma conseqüência. Também é
preciso certificar-se de que a regra pode ser ensinada a seu filho.
Como usar regras
- Estabeleça novas regras, UMA DE CADA VEZ.
- Quando uma regra for obedecida, VALORIZE com ELOGIOS!
- quando uma regra for desobedecida, peça ao filho que
DIGA A REGRA que desobedeceu.
- Quando uma regra for desobedecida, faça com que, se
possível, o comportamento seja REPETIDO de maneira
correta.
- Use LEMBRETES para ensinar as regras e depois os retire
pouco a pouco.
- IGNORE protestos sobre as regras quando estiver certo de
que elas são justas.
Como estabelecer regras

Podemos começar com uma regra, por


exemplo: arrumar a cama e, então, SEMPRE ELOGIAR
quando a criança fizer. Caso ela não obedeça, você
pode CONVERSAR com ela, perguntando o que
aconteceu, se ela tem alguma DIFICULDADE. Às vezes
é importante inclusive MOSTRAR COMO SE FAZ e pedir
então que ela faça, elogiá-la e mostrar como ficou
bonito depois que ela fez. Quando ela já realizar esta
tarefa como parte da rotina, você pode estabelecer
uma nova regra e tudo é repetido novamente. De
preferência, estas regras devem ser estabelecidas a
partir de CONVERSAS ENTRE PAIS E FILHOS. Outro EX: se estamos fazendo uma
aspecto importante para que os filhos sigam regras tarefa e nosso filho não nos dá
é que, caso a gente estabeleça ACORDOS E sossego, podemos dizer a ele que
PROMESSAS, é necessário cumpri-las. vá brincar em seu quarto que
depois nós vamos brincar com ele.
Mas, se não cumprirmos nossa
promessa, é possível que da
próxima vez que a gente fizer esse
pedido, ele não cumpra.
Estabelecendo limites: Negociar

A habilidade de NEGOCIAR é muito importante tanto para pais


como para os filhos. Os pais ENSINAM aos filhos a negociar
quando: 1) OUVEM A OPINIÃO DO FILHO sobre determinado
assunto antes de tomar uma decisão; 2) CEDEM em algumas
das suas exigências em favor dos DESEJOS DOS FILHOS; 3)
ensinam que nas relações com as pessoas TODOS DEVEM CEDER
UM POUCO para que todos saiam ganhando e enfim; 4)
respeitam os DIREITOS DA CRIANÇA e os próprios.
Referências bibliográficas

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„ Gomide, P. I. C. (2001). Efeitos das práticas educativas no desenvolvimento do comportamento anti-social. Em
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