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PROTAGONISTAS:
- Danilo (Jovem que se perdeu)
- Agenor (Pedinte/Mendigo)
- Abigail Bonato (Mulher Rica)
- Felipe (Civil classe periférica)
COADJUVANTES:
- Josué (Civil classe médio-baixa)
- “Homem ocupado”
1º CENA
ATO ÚNICO
Terminal parcialmente vazio, Danilo entra em cena de forma meio confusa e começa a falar consigo
mesmo enquanto caminha ao lado de um homem em pé que parece estar olhando se seu ônibus está
chegando
DANILO: Caramba como pude ser tão distraído, era para eu estar em outro terminal mas acabei
pegando um ônibus na direção contrária, agora nem sei mais onde eu estou... Era para eu estar em
casa pensando no tema que irei falar amanhã no culto de jovens, mas agora ficarei esperando outro
ônibus...
JOSUÉ (interrompendo os pensamentos de Danilo): Que azar viu! Como conseguiu se distrair dessa
forma?
DANILO: Ah...Bom, eu estava em uma reunião de jovens de uma igreja que faço parte, no fim da
reunião um dos líderes me chamou e disse que Deus tocou no seu coração que eu deveria dar a
próxima palavra de ensinamento no próximo culto, porém eu sinto que ainda não estou pronto para
isso e pior, nem sei sobre o que vou falar e...
JOSUÉ (com visível espanto): MEU AMIGO! Você está bem longe do terminal Alecrim, você está no
Terminal Fumaça!
DANILO: Caramba! Devo ter me distraído muito para não perceber que estava indo tão longe, sabe
como eu volto?
Josué diz apontando para um monitor onde diz o numero de um ônibus e seu horário de chegada, pode
ser uma placa também.
JOSUÉ: Pois é... Mas cuidado! Esse terminal é um pouco perigoso, PRINCIPALMENTE nesse horário da
noite... Aliás, prazer sou Josué!
DANILO: Ah sim, e eu me chamo Danilo, prazer (não há cumprimento físico, apenas um leve aceno com
a mão)
JOSUÉ: Opa! Meu ônibus acabou de chegar, boa sorte com a viagem Danilo
DANILO: Boa sorte pra você também Josué! (leve aceno com a mão novamente)
2º CENA
ATO ÚNICO
Danilo se senta, no banco ao lado um jovem de aparência periférica está mexendo no celular
DANILO: Com licença, poderia me informar as horas?
DANILO (falando sozinho): Caramba dez e meia da noite, não posso ficar muito tempo nesse terminal,
espero que meu ônibus chegue logo!
3º CENA
ATO ÚNICO
Um homem entra em cena, aparentemente parece ser um mendigo, um segundo elemento também
entra em cena visivelmente apressado
HOMEM APRESSADO: Não! Não tenho, agora da licença que eu estou com pressa
Agenor circula pela área da cena sem rumo enquanto o homem apressado sai de cena, ao mesmo
tempo uma nova figura aparece, uma mulher com roupas de aparências finas, apenas ao olhar vemos
que é uma mulher de classe média-alta
4º CENA
ATO ÚNICO
ABIGAIL (visivelmente transtornada): Eu achava que nunca mais na minha vida precisaria andar de
ônibus, Que raiva! Que raiva!
Abigail usa o jornal que está em suas mãos e o estende no banco para sentar no mesmo, enquanto
Agenor (o mendigo) aparece por trás de Abigail sem ela perceber
ABIGAIL (assustada): AAAHH! Que susto! Não eu não tenho, eu quase nem tive dinheiro para comprar
passagem, vamos suma! Antes que me passe alguma doença (Abigail começa a ativar um spray com
algum tipo de álcool enquanto Agenor se afasta)
FELIPE (sem tirar os olhos do celular): Haha faz horas que esse daí está à procura dessa moedinha
Essa frase chama a atenção de Agenor para Felipe, o qual rapidamente anda na direção do mesmo
Filipe tira uma moeda do bolso e coloca no banco, Agenor senta no mesmo banco e rapidamente pega
a moeda
FELIPE: Mas você não vai usar pra comprar cachaça não né mano? Haha
AGENOR: Não, quero comprar uma coisa ai... (Agenor não para de olhar para a moeda como se fosse
algo extremamente valioso)
Felipe e Agenor ficam conversando enquanto Danilo vai falar com Abigail
ABIGAIL: Primeiro que é senhorita e segundo, era para eu estar de outra forma!? Acabo de ser
assaltada! Levaram meu carro, minha bolsa e meu celular, por sorte eu tinha dinheiro ainda dentro do
sapato o que era suficiente para pagar uma passagem de ônibus
ABIGAIL: talvez seja porque estou sem celular? Porque as ruas estão desérticas? E porque maquinas de
comprar passagem não chamam a polícia? Pelo amor! Está com as cabeças nas nuvens? A única opção
que tenho é pegar um ônibus para a casa e mandar meus seguranças particulares rastrearem esses
marginais e que deem uma bela de uma surra neles! Que raiva que raiva!
DANILO: Tudo bem tudo bem, não precisa ser agressiva, porque não pede um carro por aplicativo ou
pedem para te buscar?
DANILO: Bom, eu tenho o meu, se quiser eu peço para você deixa eu só... Ah não estou sem créditos e
sem internet, não vou conseguir chamar nenhum carro nem ligar para ninguém, poxa desculpa...
Espera um pouco que eu vou perguntar se aquela pessoa tem
DANILO: Com licença, você tem créditos no seu celular? É que eu quero pedir um carro por aplicativo e
meu celular não tem crédito
FELIPE: ter eu tenho, só que estou sem bateria, foi mal aí tio
ABIGAIL: Olha... deixa, foi muito fofo você me ajudar e tal, mas deixa que eu resolvo as coisas sozinha
FELIPE: então cê ta me dizendo que já foi perigoso? Caramba qual foi desse B.O mano?
AGENOR: Oh sim já fui, mas isso foi há muito tempo hoje procuro alguns bicos e...
ABIGAIL: Viu como esses mortos de fome são todos iguais? Aposto que foi ele que me assaltou
FELIPE: Tia eu escutei tudo, e acho bom você dobrar a língua antes de falar do meu novo amigo!
ABIGAIL: Jura que você é amigo dessa coisa? (Abigail diz apontando para Agenor)
FELIPE: (se levanta) oh madame, primeiro que ele tem nome e é Agenor, e segundo, quem é você para
desmerecer esse cara gente fina?
ABIGAIL: (se levanta) ABIGAIL BONATO, dona de uma das redes de livrarias mais faladas da cidade!
FELIPE: PODE SER ATÉ O PREFEITO! Isso não dá permissão para falar mal nem de mim nem de nenhum
dos meus amigos
DANILO: Tá bom Tá bom chega! Os nervos estão à flor da pele, vocês precisam se acalmar, se não vai
acontecer uma tragédia aqui gente...
Todos se sentam, Agenor e Felipe retomam a conversa, dessa vez Danilo e Abigail também ouvem e
se juntam ao bate papo
FILIPE: Continua a historia aí mano sobre a época que você era perigoso...
AGENOR: quando eu era mais novinho, assim como você eu tinha uma vida simples, eu era filho
único e mesmo não sendo ricos, éramos felizes e não faltava nada na mesa. Tudo deu errado quando
eu conheci um novo amigo no colégio ele me ensinou sobre as farras e as bebedeiras, porém ele me
ensinou uma última coisa que acabou com minha vida, JOGOS DE AZAR
FELIPE: CALMA AÍ, TU TA ME DIZENDO QUE ESSA MOEDA QUE EU TE DEI É PARA TU JOGAR?!
FELIPE: Ah, mas não vai mesmo, não vou deixar você deteriorar sua vida mais
DANILO: Acalme-se seu Agenor, você precisa lutar contra esse mal
DANILO: Sabe, seu caso é bem peculiar e nunca tinha visto antes, não frente a frente, mas tentarei
lhe ajudar de acordo com o que eu estudei com base na bíblia
DANILO: Achei o que eu procurava... Bom, pelo o que eu ouvi, com você houve certo problema com a
temperança e o alto controle, Agenor, você conhece a Deus?
AGENOR: já ouvi falar sim, meus pais foram religiosos e de vez em quando me ensinavam algo sobre
DANILO: Ótimo, vou te falar sobre o que você passa diante o que é ensinado pela bíblia.. Aqui em
1 Coríntios 6.12 fala algo que me lembrou você enquanto falava “Não se deixe dominar por coisa
alguma, Podemos ser escravizados até mesmo por coisas permitidas e que não são exatamente
ruins.” , quem disse isso foi Paulo, um dos nomes mais importantes do início da era do
evangelho, que neste momento ele dizia de forma especifica a comida e a intimidade, mas esse
texto se tornou tão atual que podemos usar até sobre seu contexto, vicio em jogos de azar!
AGENOR: Mas será que Deus pode realmente acabar com meu vício de adolescência? Eu sempre
tentei e nunca consegui, é mais forte que eu...!
DANILO: CLARO QUE SIM, para isso você deve fazer algo muito importante BUSCAR AJUDA! Com
Deus você pode sair dessa! Você não vai sair dessa de uma hora para outra, mas de um processo,
uma caminhada diária com Jesus e com sua Palavra. Procure sua família e alguma igreja cristã e peça
apoio. É importante ter pessoas ao seu lado nessa jornada. Além disso, será preciso tempo para você
se acostumar a viver sem jogos e voltar até uma vida normal reabilitada
AGENOR: Que família? Eu não tenho mais o contato de ninguém, ninguém sabe nem se eu to vivo ou
morto, to sozinho nesse mundo
FELIPE: Se acalma mano, eu vou te ajudar a desencanar dessa, vou te levar pra minha casa e ajudar a
achar sua família, logo você vai ser um homem livre, só promete que não vai apostar minha casa ta?
Haha
AGENOR: Serio? Nossa como eu me sinto especial, muito obrigado, ninguém nunca confiou assim em
mim...
DANILO: As coisas vão voltar a dar certo seu Agenor, você tem uma grande oportunidade, basta você
não desperdiçar, a decisão é sua, você tem a faca e o queijo na mão... ah e quase ia me esquecendo...
Você poderá precisar de ajuda profissional nessa caminhada para ficar livre das desse mal. Deus
também usa profissionais de saúde para lhe libertar, isso não é falta de fé.
AGENOR: Tudo bem, eu entendi, vou pegar minhas tralhas e vou recomeçar meu caminho, muito
obrigado!
Agenor sai de cena temporariamente, deixando apenas os elementos DANILO, FELIPE e ABIGAIL no
cenário
5º CENA
ATO ÚNICO
FELIPE: Ele não precisa de tua pena não madame, você nunca passou o que ele deve ter passado nem
deve ter passado nada perto de qualquer um de nós já passou! Não precisamos da pena de pessoas
como vocês que só olham para quem sofre da janela de suas casas ricas ou mansões...
ABIGAIL: Ah você também hein... olha para mim rica, mas não sabe como eu consegui esse meu
estilo de vida atual, diferente do que você pensa, eu não nasci rica e já passei por perrengues viu?
FELIPE: Ahahahahah você? Hahahah com essa frescurinha de madame mimada ai? Hahahaha essa
piada foi a maior onda hahaha
ABIGAIL: Não é uma piada, realmente minha origem é de uma família bem humilde parecida com
aquele homem lá, o Agenor...
DANILO: Isso é interessante senhorita Abigail, nos conte mais
ABIGAIL: Bom, Basicamente quando eu era criança, sempre gostei muito de ler e sempre comprava
livros ou ganhava de presente dos meus pais, meu quarto era um arsenal de livros e tinha todo tipo
de gênero, desde o mais sangrento livro de terror até o mais romântico dos livros de amor (suspiro),
meus amigos de classes menores sempre iam à minha casa pedir livros emprestados porque eles não
tinham condições de adquirir com dinheiro, até que um dia decidi cobrar por cada livro emprestado,
um valor bem simbólico e resumindo a historia, depois do colegial abri meu primeiro projeto de
livraria e hoje, a “ABILL” é uma das redes de livraria mais famosas da cidade
DANILO: Caramba, você cresceu muito na vida com algo que começou simples viu?
FELIPE: Pois é, mas como tu virou essa dona tão mimizenta que é hoje? Mal de família?
ABIGAIL: Olha não me leve a mal, mas diferente do que você pensa eu tenho coração sim, é que
talvez todo aquele dinheiro que eu acabei usufruindo tenha subido um pouco na minha cabeça
DANILO: Caramba e se eu te falar que eu te entendo? Eu sei como é fácil se deslumbrar com as coisas
desse mundão afora, mas sabe, talvez falte a você ser ensinada sobre a humildade e empatia ao
próximo, sabe, acabamos de ver o senhor Agenor sofrendo hoje por uma decisão tomada por ele no
passado e talvez você tenha feito boas decisões no seu passado, porém você ainda está em fase de
decisões de vida e agora você tem dois caminhos, ou se tornar uma pessoa arrogante ou se tornar
uma pessoa boa e empática
DANILO: Sabe, existe uma história em Gênesis que exemplifica melhor do que estou falando, a
história de Jacó... Basicamente, Jacó e Esaú eram irmãos Gêmeos, porem Esaú era o irmão mais velho
e tinha direito a benção e herança da primogenitura, o problema é que Jacó e Rebeca sua mãe
arquitetaram um plano para roubar a primogenitura de Esaú, aproveitando que seu Pai Isaque já era
velho e cego, Jacó entrou em seu quarto com as roupas de caça de Esaú. Ele cobriu os braços com
pelos de cabra para que seu pai pensasse que ele era Esaú, com essas atitudes Jacó plantou as
sementes da mentira e do engano e acabou pagando caro por isso no futuro, colhendo seus frutos
quando Seu tio Labão o enganou para que se casasse com Lia em vez de Raquel.
DANILO: Se você é uma pessoa amarga que irrita os outros, não fiquei espantada de no futuro
receber com a mesma moeda, maaas, você pode ainda plantar a semente do bem, afinal, se existem
sementes ruins, também existem sementes boas, em Lucas 6:44 Jesus disse "Cada árvore é conhecida
pelo seu próprio fruto. As pessoas não colhem figos de espinheiros, nem uvas dos abrolhos" ou seja,
você colhe a mesma coisa que planta
ABIGAIL: Caramba, que história interessante, mas... por onde posso começar? Fiz tantas coisas
arrogantes...
DANILO: Você pode começar pedindo perdão pelo o que você fez, não só para Deus como para
pessoas que você pode ter magoado... Porém não será fácil, existe uma ideia falsa que quando
pedimos perdão e nos arrependemos dos nossos erros, as consequências do pecado são
automaticamente canceladas. Mas não é assim que a banda toca, é obvio que Deus nos perdoa de
nossos pecados, pois o sangue de Jesus acaba apagando nossa culpa, mas a lei da semeadura
continua de pé e dependendo da gravidade dos seus erros, as consequências podem ser bem ruins,
então se quer evitar sofrimento plante sementes boas
ABIGAIL: Nossa, confesso que isso foi bem profundo, com certeza me fará refletir sobre...
DANILO: Não só refletir como procurar uma igreja para reencontrar seu caminho
ABIGAIL: Sim eu entendo, estou precisando voltar à igreja mesmo, mas antes preciso fazer uma
coisa... (Abigail diz isso enquanto observa um personagem que estava ausente retornar em cena)
6º CENA
ATO ÚNICO
Agenor entra em cena com sua “trouxa” com seus pertences, enquanto isso ABIGAIL se aproxima
vagarosamente do mesmo
ABIGAIL: toma, se precisar de emprego... (dá um cartão para Agenor) aqui está um cartãozinho da
minha livraria, posso conseguir um trabalho para você mesmo sendo pequeno...
Abigail se afasta e volta a se sentar enquanto Agenor confuso vai para o lado de Felipe e fala baixinho
FELIPE: Ah mano, você perdeu uma bela conversa haha..., mas essas suas histórias me inspiraram, eu
não tenho uma história tão rica de vida igual a de vocês, só posso dizer que eu não sou mais da
igreja...
FELIPE: Desânimo... talvez eu nunca tivesse me sentido confortável na igreja, quando eu raramente
ia, todos me olhavam diferente por causa das minhas roupas, alguns até achavam que eu era
bandido, mas poucos se interessavam em saber minha história de vida e onde eu cresci...
DANILO: Entendo, sabe... Existem algumas pessoas nas igrejas que realmente não fazem o papel
delas, que é de não julgar o próximo baseado nas suas roupas ou estilo de fala, Jesus quando andou
na terra, não se importou em andar com pecadores, Homens leprosos ou de perdoar um ladrão, ele
não olhava a aparência, olhava o coração, assim como Deus olhou para Davi que era um garoto sem
porte de lutador, mas que no futuro virou rei de uma grande nação, as pessoas que te julgaram com
olhar ou com comentários simplesmente não estão olhando seu caráter, e não estão sendo
imitadoras de cristo, por esse simples fato, elas podem estar fazendo decisões que não levarão a
bons destinos, você não precisa sair da igreja por causa das pessoas, aconselho que volte e siga a
Jesus com seus próprios pés, seu destino é individual, cada um segue suas próprias decisões e só elas
podem determinar a sua salvação
DANILO: Seria muito bom você ir, leve o Agenor com você ficaremos felizes em te receber... Ah e
você também está convidada Abigail
DANILO: é a fonte da vida, se quiser, nós marcamos de se encontrar em um lugar e eu levo vocês
FELIPE: Fechado!
DANILO: Espere, acho que é meu ônibus vindo ali (Danilo se levanta e vai para frente como se
estivesse enxergando um ônibus chegar, detalhe: deve estar de costas aos demais personagens)
ABIGAIL: Sua oração chegou aos meus ouvidos e aquela oração traçou o seu destino
AGENOR: Seu destino era estar aqui, falando com pessoas diferentes de histórias diferentes
FELIPE: E eu espero que você tenha guardado esse discernimento que concedi para você da melhor
forma
Danilo ao ouvir isso se vira, mas Abigail, Agenor e Felipe se encontram sentados como se nada
estivesse acontecido
DANILO (falando baixo consigo mesmo): Obrigado senhor... eu não irei desperdiçar
DANILO: Essa foi uma bela conversa amigos, amanhã os levarei para a igreja e o ponto de encontro
será nesse mesmo local, nesse mesmo banco, no terminal...
Fim.