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Jonathan Quinaz
A semana passou rápido, como se nada pudesse dar errado
exceto já ter começado errado, ter visto Thalia na segunda me deixou
para baixo e me fez voltar a beber o que não tinha bebido nessas duas
semanas, até mesmo sair com os meninos todas as noites tenho saído.
Porém, hoje decidi fazer um trajeto diferente, segui por outro caminho,
tocando um rock no som e sentindo o vento em meu rosto.
Pego a Av. Infante Dom Henrique, sentindo a brisa do mar,
essa é a parte boa de se morar em Lisboa, ter o mar sempre por perto.
Fecho os olhos, sentindo paz, sem me importar com mais nada,
contudo ao abrir os olhos novamente me deparo com uma ciclista
vindo em minha direção olhando para seu celular, tento desviar dela,
mas acabo pegando a bicicleta no canto do meu carro e freando com
força olho para trás, vendo a mesma caída.
Saio do carro percebendo que ela estava sem capacete, e com
um corte na cabeça, além de vários ralados no corpo, o telefone jogado
longe está destruído e a bicicleta até que não tão estragada.
— Isso é só o que me faltava… — Colo a mão em seu pulso
sentindo que ainda está viva, pego então primeiro sua bicicleta e
coloco no meu banco de trás, depois seu celular e então ela a
colocando no banco da frente do meu carro.
Dirijo o mais rápido que posso para um dos hospitais da
cidade, pode ser exagero, mas não é consciência pesada, só talvez seja.
Assim que chego chamo por um médico que vem correndo.
— Corte na cabeça, precisará de pontos, alguns ralados e
provavelmente tornozelo torcido — digo quando colocam ela em uma
maca.
— Não se preocupe, cuidaremos bem dela — ele diz com
autoridade como se eu não soubesse dar um diagnóstico.
As pessoas normalmente só veem a coroa invisível que
carregamos, não o ser humano que está por trás dela.
Enquanto a garota é atendida saio dali e vou até uma loja,
comprando um celular novo para ela, é o mínimo que posso fazer
depois de praticamente atropelar ela. Ao voltar para o hospital sou
informado que ela está no quarto e sigo para lá com seu telefone novo,
o velho e sua bolsa.
Entrando após bater a vejo dormindo e não parece mais tão
maluca com a cabeça enfaixada e mesmo cheia de curativos consigo
ver sua beleza… uma beleza diferente, que nunca vi em nenhuma
mulher. A garota se mexe um pouco acordando devagar e eu me
mantenho distante, apenas a observando
— Donde estoy? — Ela perguntou e me sinto pior ainda por
ser uma turista, sua voz parece de um anjo, mesmo que não no meu
idioma percebo algo de diferente nela.
— Está en el Hospital de San José — Respondo em sua língua,
essa é a parte boa de ser um príncipe, sou obrigado a aprender várias
línguas.
Ela se senta devagar observando tudo à sua volta e então
coloca a mão na cabeça, me surpreendendo quando fala novamente,
dessa vez em minha língua.
— Que belo cavalheiro, me atropela e depois me traz a um
hospital…
— Bom, pelo menos não sou maluco de andar de bicicleta sem
capacete e com telefone na mão — retruco com muito gosto, garota
ingrata.
— Si esperas un agradecimiento… ¿Eres el príncipe
Jonathan? — Demorou até demais para me reconhecer.
— Sim, sou ele e já vi que você quando estas estressadas falas
em sua língua… mora na Espanha?
— No, soy de Venezuela, pero estoy viviendo aquí en
Portugal.
Concordo com a cabeça vendo-a se levantar, ou pelo menos
tentar, se eu não fosse rápido e a segurasse a mesma cairia no chão.
— Você torceu o tornozelo, não pode sair andando assim!
Ela me olha com raiva ainda em meus braços.
— E a culpa seria de quem?
— Sua mesma, como eu disse, não deveria olhar o telefone
enquanto pedala!
— Podrías irte? ¡No necesito que te quedes aquí!
Dou de ombros e coloco sua bolsa e seu telefone novo na
mesa, mas antes de realmente sair me viro a olhando se sentar
novamente.
— Deixarei sua bicicleta no estacionamento.
Retiro-me do quarto e passo na recepção pagando por sua
estadia já que ficará durante essa noite em observação. Não deveria
fazer isso só de pirraça, mas não serei tão maldoso.
Ao chegar em casa vou direto para meu quarto encontrando
dois seres na minha cama.
— O que vocês dois estão fazendo aqui?
— A gente queria se despedir…
Dou risada da cara chorosa dela, então me lembro que eles
estão indo embora, que Elena e Donnie tem um casamento para
organizar…
— Vem cá pequena — Nala engatinha até a beirada da cama,
seguida pelo irmão — o tio promete ir ver vocês.
— Promete mesmo?
— Mas é claro, tio Joe não vive mais sem vocês.
Nala dá um beijo e se afasta acariciando minha bochecha,
então começa a rir.
— O que foi cacheada?
— Sua barba faz cócegas — ela diz rindo mais.
Dou um sorriso malicioso e me aproximo fazendo cócegas
nela e no Akin, os dois começam a gargalhar tanto que a mãe deles
irrompe pela porta brava.
— Vocês acabaram de acordar a Maria, dá para rirem mais
baixo?
— Amor os deixe… — Donatelo entra e vejo ele apenas de
cueca o que me faz imaginar muitas coisas.
— Se vocês dois quiserem faço ela dormir de novo é só me
darem um pouco de leite e eu durmo com os três.
Os dois param pensando, então Elena dá um sorriso aceitando
e pega a filha me entregando. Assim que eles saem eu olho para Nala
que me olha segurando o riso com a boca.
— O Tio vai derrubar a mana.
— Vou nada, sei muito bem segurar um bebê.
Começo então a balançar Maria de leve o que a faz rir ao invés
de dormir.
— Ela não vai dormir — Akin diz rolando na minha cama
enorme.
— Certo, então deita direito aí rapaz, vamos assistir a um
filme.
— De princesa!
— De carro!
Os dois falando juntos me faz rir.
— Primeiro de princesa e depois de carro.
— Ah não…
— Akin, nós somos príncipes e temos de ser cavalheiros,
então primeiro sua irmã, depois você, tá bom?
Ele pensa um pouco então concorda, acho que a ideia de ser
príncipe lhe é divertido.
Deito no meio e coloco um filme da Barbie, Maria eu coloco
sentada e virada para a tevê, Nala se aconchega no meu braço direito
e Akin no esquerdo e assim durmo ao lado dos meus sobrinhos sem
me preocupar com mais nada.

Esse livro conta a história do Jonathan que logo mais chega por
aqui...

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