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Introdução

Nesta época de grandes mudanças nos mercados financeiros, o aprofundamento dos conceitos
fundamentais do cálculo financeiro tornou‐se uma exigência social e económica. Conforme
refere Saias (2004) o domínio profundo dos instrumentos fundamentais do cálculo financeiro
tem‐se demonstrado essencial no campo profissional, em particular de todos aqueles que
pretendem trabalhar em áreas direta ou indiretamente ligadas com o setor dos serviços
financeiros.

Este trabalho tem, por objectivos, a tentativa de buscar definições satisfatórias e incentivar a
compreensão concreta e real dos conceitos teórico-práticos relativos ao desconto bancário de
letras como um dos meios para melhor compreensão das operações financeiras e mostrar
como esta variável influencia as taxas de juros. A partir deste conhecimento, será possível
viajar no mundo de cálculo financeiro. Este trabalho teve como metodologia de investigação,
pesquisa em manuais da área de cálculo financeiros e usando tecnologias de informação
como a internet.

Pretende-se com este trabalho, incentivar a compreensão concreta e real do conceito teórico-
prático, relativo ao desconto bancário de letra como mecanismo de saber negociar a taxa de
juros como uma das operações financeira importantes no sentido de fortalecer a formulação e
mas tarde usar este método na actividade profissional a fim de gerar juros. Mas a autora
encarou diversas limitações nas bibliografias consultadas por falta de uniformidade em
termos de informação relativa ao desconto bancário de letras.
Desconto Bancários de Letras

Existe a possibilidade de o sacador da letra efetuar o desconto de letras bancárias, que é um


mecanismo que lhe permite receber previamente o valor total de uma letra bancária por parte
de um Banco, mediante o pagamento de juros e comissões convencionadas. Nesse momento,
a Instituição Financeira passa a ser a tomadora da letra bancária. Todavia, se o devedor
(sacado) entrar em incumprimento, é o credor (sacador) e não o Banco que suportará na
totalidade as correspondentes perdas.

Antes de entrarmos no conceito do desconto bancário de letras vamos definir o que são
descontos e o que são letras.

Desconto

Por desconto entende-se, como o preço pago para tornar disponível um certo capital ainda
não vencido (Ferreira e Lopes 2007,p.50)

A chamada operação de desconto normalmente é realizada quando se conhece o valor futuro


de um título (valor nominal, valor de face ou valor de resgate) e se quer determinar o seu
valor atual. O desconto deve ser entendido como a diferença entre o valor de resgate de um
título e o seu valor presente na data da operação, ou seja: D = VF - VP, em que D representa
o valor monetário do desconto, VF o seu valor futuro (valor assumido pelo título na data do
seu vencimento) e VP o valor creditado ou pago ao seu titular. Assim como no caso dos
juros, o valor do desconto também está associado a uma taxa e a determinado período de
tempo.

Letras
Designa-se por letra, a um titulo de credito pela qual uma determinada pessoa ou empresa
(um credor ou sacador da letra) ordena ao devedor (denominado sacado da letra) o
pagamento, numa determinada data de vencimento da letra, uma quantia definida ao legitimo
portador da letras nessa data (que poderá não ser o credor inicial) (In linfopédia, 2013), por
outras palavras pode conceituar-se a letra, como um titulo através do qual a entidade que
comprou determinado produto ou serviço (aceitante/comprador) aceita pagar o valor nela
inscrito à instituição que o vendeu (sacador/comprador), na data que conta no documento
(Maqueira, 2010,p. 39).

Desconto Bancário de letras

Que é uma operação pela qual o título de um efeito comercial recebe antecipadamente de
uma terceira entidade (normalmente um banco) a importância nela inscrita deduzida do
premio ou remuneração devido por essa antecipação (Coelho, 1999,p. 27; Mateus, 1999, p.
36). O desconto bancário de letras apresenta algumas particularidades que se podem com os
encargos que são deduzidos ao valor nominal. Esses encargos são (Matias, 2009, p. 128-129)

Ao se efectuar o desconto bancário da letra devera se considerar:

Desconto por fora (A) a uma taxa de desconto (i);

Premio de transferência calculada numa percentagem no valor nominal da letra;

Portes que representam um valor físico por letra ou um conjunto de letra;

Outros encargos como: comissões, pagamento de imposto, etc.

DB = DF + PT + P + C + I. onde:

DB - desconto bancário;

DF – desconto P/fora

PT – premio de transferência

P – porte

C – comissão

I – Imposto
Desconto propriamente dito (calculado segundo as regras do desconto comercial Simples,
também destinado n gíria bancaria por desconto por fora), muitas vezes designados, de forma
correta, por “juros”. Representá-lo-emos por DF:

Comissão de Cobrança, que representamos por Cc;

Imposto do Selo, que representamos por IS;

Despesas Eventuais vulgarmente por Portes, que representamos por P.

Os cálculos deste encargo são efectuados do seguinte modo:

n n
Descontos (“juros”): Df =L i ou Df =L i (Nota-se que este é exatamente o
360 365
desconto calculado segundo a solução comercial, pois a taxa incide sobre o valor nominal L).

Comissão de Cobranças: Cc = L. i cc

Imposto do Selo Is = i s . (Df + Cc)

Potes: P (variáveis).

Vejamos cada um deles mais detalhado.

Desconto por Fora, DF

Representa, no fundo, “juro” relativo ao prazo de antecipação do pagamento pelo que a sua
forma de cálculo é a seguinte:

n
Df = L i
360

Em que:

L – representa o valor nominal da letra (isto é, portanto a data do vencimento).

N – representa o numero de dias que medeiam entre a data da representação da letra a


desconto (ou melhor, da “data-valor”) e sua data de vencimento, acrescido de 2 dias.

i – representa a taxa “juro” utilizada pelo banco. Pode assinar-se a variação algo
significativas de banco para banco e até mesmo dento do mesmo banco, de cliente para
cliente. Expressa-se em termos anuais.
Como n está expresso em dias e i em anos, é necessário dividir n por 365 ou 365 dias para
que fiquemos com n e i expresso na mesma unidade de tempo.

Em síntese: relativamente a uma operação de desconto bancário de uma letra, o custo efetivo
para o cliente e o retorno efetivo para o banco podem resumir-se do seguinte modo.

DESCONTO BANCARIO DE LETRAS


Perspectiva de capitalização Perspectiva de Actualização
(Solução racional)
RJS RJC RJS RJS
Curso L=PLD (I+ L=PLD n PDl=L
1+ ics }^
n 360
efectivo I+icc)} ^ {n/360} I+icc)} ^ { -n/360
i cs)
360 I
para o ¿ PLD=L ¿
¿
cliente I ¿ ¿
“cs, i” cc
Retorno L=(PLD+IS)(I+ L=PLD n ¿ PDL+IS=L
1+ ibc }
n 360
efectivo I+i bc)} ^ {n/360 I+i bc )} ^ {-n/360
i bs ¿
360 ¿
para o ¿ ¿
PLD+I=L
banco +IS¿¿ ¿
i”bs, i”be

Taxa de desconto
Tal como a taxa de juro, é uma constante de proporcionalidade entre o capital e o tempo,
neste caso de antecipação de vencimento (Ferreira e Lopes 2007,p.50).

A taxa de desconto é o cálculo aplicado sobre um valor futuro para determinar sua
equivalência no presente. Esse método é usado para a análise de retorno de investimentos.
Essa ponderação é necessária porque, em finanças, dois valores só são comparáveis se forem
considerados em um mesmo período de tempo.

Negociação de desconto

Negociar um desconto é parte estratégica de uma conversa de negócios independente do


nicho ou em que parte da mesa você se encontra sentado. Como se sabe, as posições básicas
compreendem de um lado o vendedor e do outro o comprador, sendo que ambos desejam
realizar a transação a qual demonstraram interesse.

A letra é um título de crédito que pode circular entre diversas entidades, em que o portador da
letra pode tomar três atitudes (Ferreira Lopes 2007, p.50):

Guardar a letra até ao vencimento, para que essa data lhe seja pago o valor nominal.

Transferir a letra, endossando-a a um credor, usando-a como meio de pagamento.

Endossar a letra a um banco, isto é deslocamento a seu valor, nominal, realizando de imediato
o valor do crédito que a letra representava.

Produto líquido de desconto

No caso do desconto bancário determina-se a diferença entre o valor nominal (L) e encargos
envolvido (A) (Matias, 2009, p.128).

PLD = L – A

Taxas efectivas

Dado que nas operações de desconto comercial tanto o juro como os encargos adicionais
inerentes a operação são pagos antecipadamente (isto é, o momento em que se realiza a
operação), dai conclui-se a taxa efectiva de juro superior a taxa de juro convencionada e isto
porque, repete-se (Mateus, 1999, p.98):

- Para além da taxa de juro existente o imposto do selo e outros encargos;


- Tanto o juro como encargo são pagos antecipadamente (bastaria a existência de, apenas
juros pagos antecipadamente para que a taxa de juro efectiva de juro fosse superior a taxa de
juro convencionada).

Reforma de Letra

Consiste na substituição duma letra do seu vencimento, por outa com vencimento posterior.
Esta operação deve-se ao facto de o sacado ou aceitante não poder liquidar, no todo ou em
parte, o valor nominal da letra do vencimento (Ferreira e Lopes 2007, p.50).

A letra pode ser reformada na globalidade ou parcialidade e integral ou total:

Reforma global: quando a dádiva anterior passa na totalidade para a nova letra.

Reforma parcial: quando a reforma é feita uma parte da dádiva anterior e outra parte é paga
no momento da reforma do outro valor; e

Reforma integral ou total: quando não é pago qualquer valor respeitante ao valor em divida
no momento em que se estabelece, ou seja, todo valor da letra reformada é integrada na nova
letra.

Encargos Bancários de Letras

Os encargos possivelmente associados às letras são os seguintes: encargos de emissão


(pagamento do imposto de selo de acordo com o seu valor nominal) e encargos de desconto
(juros antecipados, comissão bancária, imposto de selo sobre o juro e comissão e outras
eventuais despesas). Os encargos de emissão e desconto das letras podem ser divididos
através de acordo entre o sacador e o sacado.

Ágio das Letras

Ágio é um valor adicional cobrado em operações financeiras. Segundo Heleno Taveira Torres
(1994), dentre outras hipóteses, surge o ágio como preço adicional, quando participações
societárias ou ativos de uma empresa são adquiridas por um custo de aquisição superior ao
valor contábil registrado nas demonstrações financeiras. O preço do custo adicional é a sua
causa jurídica. O ágio só surge porque houve disposição de pagar um maior preço, a título de
custo de aquisição, superior ao valor contábil do empreendimento. Essa disposição de
pagamento superior ao preço contábil deve ser motivada em fundamentos econômicos que
possam ser demonstrados pela adquirente: sua causa. Quando o valor pago no momento da
aquisição do título é inferior ao seu valor de face, de maneira que a rentabilidade do título
será maior do que a estabelecida nas condições originais no momento da sua emissão, ele é
chamado deságio.

Retorno Efectivo

O retorno efectivo serve como medida de avaliação do desempenho de um investimento,


aferido a posteriori. O retorno previsto serve como medida ex ante do desempenho de um
investimento; é a sua taxa implícita ou interna de retorno, aquela que iguala o valor do
investimento do seu preço ou custo.

A taxa de retorno exigida é a que permite determinar o valor de um investimento. De facto, o


valor de um investimento é o equivalente actual dos seus cash-flows futuros, sendo estes
convertidos em equivalente actual (ou actualizados) justamente à taxa de retorno exigida.
Assenta na ideia de que qualquer investimento deve proporcionar uma taxa de retorno igual a
uma taxa sem risco acrescida de um prémio de risco função do grau de incerteza que afecta
os cash-flows futuros do investimento.

A taxa de retorno prevista é função do preço (ou custo) do investimento e do fluxo de cash-
flows futuros atribuíveis ao investimento. Sendo incertos estes cash-flows, resulta que a taxa
de retorno prevista é também incerta, apresentando-se mesmo como uma variável aleatória.
Aqui reside o seu risco, que terá que ser medido, para ser tido em conta na estimação dos
prémios de risco a incluir nas taxas de retorno exigidas.

Custo Efectivo para o cliente

O Custo Efetivo Total representa a junção de todos os encargos e despesas que incidem sobre
uma operação de crédito. Representado pela sigla “CET”, trata-se de um demonstrativo do
quanto será pago pelo empréstimo solicitado. Ou seja, essa sigla representa basicamente o
valor final (real) da sua dívida.

É importante destacar que é direito do consumidor ter acesso a esse total antes de fechar
negócio. Para isso, basta solicitar uma proposta à empresa, baseada na análise de crédito.
Aqui é avaliado o valor desejado e a sua situação financeira. Feito isso, você receberá uma
planilha de cálculo com os valores discriminados. E, atenção, desconfie se a financeira se
recusar a entregar este documento.

Possíveis tarifas envolvidas no Custo Efetivo Total


As taxas que compõem o CET podem variar conforme a instituição e, até mesmo, de acordo
com o relacionamento entre as partes envolvidas. Geralmente são os juros que costumam
representar a maior parte desse custo. Por exemplo, algumas empresas cobram taxa de
abertura de cadastro enquanto outras optam por isentar.

Entretanto, isso não quer dizer que os demais encargos devem ser desconsiderados, já que
eles são fundamentais para definir se um empréstimo vale a pena ou não. Veja agora quais
custos o CET pode abranger.
Conclusão

O presente trabalho centrou a sua devida atenção no desconto bancário de letra, como uma
das operações financeiras importantes, que se refere com uma operação pela qual o titular de
um efeito comercial recebe antecipadamente de uma terceira entidade (normalmente um
banco) a importância nela escrita deduzida do premio ou remuneração devido por essa
atenção ou seja é através dessa operação que o credor recebe da instituição bancaria, antes da
data do vencimento, o valor nominal deduzido de uma parcela que é composta por aspetos
legais estipulados para a operação

Entende-se que desconto comercial é igual a desconto e por sua vez desconto é o mesmo que
actualizar, que refere a um processo inverso de capitalização, consiste numa redução do valor
do capital durante um determinado prazo.

Por fim percebe-se por Letra como, sendo um título de crédito pelo qual uma determinada
pessoa ou empresa ordena a outro o pagamento de uma certa importância, a si ou a uma
terceira entidade numa determinada data.
Referências bibliográficas

Coelho, S. (1999). Manual técnico de calculo Financeiro. Editora: FAST ao ESTUDO.


Lisboa. Pags. 27 – 30.

Ferreira e Lopes (2007). Conceitos fundamentais de matemática Financeira e engenharia


económica. ISEP, Porto. Pag50.

Heleno Taveira Torres (1994). Fundamentos de Matematica Financeira. 5ª edição Paraíba.


Pag 86-89.

Letra comercial. In Linfopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível em


www.linfopediapt.letra-comercial.

Maqueira, J. (2010). Finanças Empresariais: Teoria e Pratica. Editora Escolar, Lisboa Pags.
39 – 45.

Mateus, A. (1999). Calculo Financeiro. 5 edição. Edição Sálabo. Lisboa. Março. Pags. 36 –
37; 93 – 108 e 152.

Matias, R. (2009). Calculo Financeiro. Teoria e prática 3 edição. Escolar Editora. Lisboa.
Pags. 128 – 129.

https://www.advogadosinsolvencia.pt/mapa/letra-bancaria acesso no dia 2 de setembro de


2021 pelas 13h:39min
SAIAS, L.; CARVALHO, R.; AMARAL, M., C. ‐ Instrumentos Fundamentais de Gestão
Financeira. 4ª Ed. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 2004.  ISBN 972‐54‐0096‐8

https://www.infopedia.pt/$letra-comercial. acesso no dia 6 de setembro de 2021 pelas


21h:19min

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