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I. Público alvo
O presente plano de aula foi pensado para crianças de Educação Infantil,
especificamente crianças pequenininhas (2-3 anos) de uma creche pública
municipal da periferia da grande São Paulo.
II. Contexto
Consideramos que a sequência pode acontecer em diversos momentos da rotina
das crianças, porém, por considerar o momento da roda de conversa muito fértil
e propício para a contação e discussão de histórias, ela deverá acontecer nesse
tempo. As crianças sentarão em roda, algumas questões norteadoras serão
levantadas, escutaremos e acolheremos as falas das crianças e, após a
contação das histórias, abriremos espaço para os apontamentos que os
pequenos se sentirem à vontade para fazer.
III. Tema
Representatividade e literatura negra para crianças.
Na creche as crianças passam a ter contato com os demais adultos e com seus
pares, constroem cultura, relacionamentos, concepções de mundo. Um dos
eixos norteadores do currículo paulista para a Educação Infantil são as relações
e o conhecimento de si e do mundo, percebendo o outro, a si mesmo e as
relações existentes. Essas percepções interferem diretamente na relação que
tecem e tecerão futuramente com a sociedade, consigo mesmas e com os
outros.
V. Recursos
Livro “Amoras” escrito por Emicida e publicado pela Editora Companhia Das
Letrinhas e o livro “Cadê?” escrito por Graça Lima e publicado pela editora Nova
Fronteira. A contação de histórias poderá ocorrer no parque da escola ou em
sala, sendo no lugar onde as crianças se sintam confortáveis. Também será
necessário giz de cera em tons de pele e papel.
VI. Metodologia
Num primeiro momento, sentaremos com as crianças em roda e dispararemos
perguntas norteadoras como: qual sua história favorita? Qual seu desenho
favorito? Existem crianças nele/nela? Esse personagem tem a cor da sua pele?
Qual é a cor da sua pele?
VII. Avaliação
A avalição será feita de forma contínua e processual, onde não existe “certo e
errado” ou então “satisfatório e não satisfatório”. Acreditamos que o que será
observado são as falas das crianças, suas percepções sobre as histórias e o que
elas trazem, como essas percepções vão de encontro com as suas vivências e
experiências.
VIII. Expectativa
Esperemos que contribua para uma percepção positiva das crianças acerca de
si mesmas e um confronto com aquilo que é socialmente afirmado. Sabemos
que a sociedade destaca a branquitude como aquilo que é bom, certo. Pessoas
brancas e crianças brancas crescem com segurança, se acham bonitas, não
desejam ter outra pele, não acham que sua pele é feia. É preciso empoderar e
quebrar com essa visão que, infelizmente, ainda é passada para as crianças
negras, onde seus corpos ocupam lugares secundários ou sequer aparecem.
É preciso que crianças negras cresçam se sentindo bonitas, empoderadas,
representadas positivamente e percebem que sim, devemos ocupar lugares e
posições de destaque pois é nosso direito. Como mulher negra, filha de um
homem negro com uma mulher japonesa, diversas vezes pensei durante a
infância que deveria ter a pele clara de minha mãe, o cabelo liso. Achava meus
olhos puxados deslocados na minha pele escura. Não tive livros com referências
negras, minhas princesas e heroínas eram brancas e loiras. Conforme fui
crescendo que tive recursos para desconstruir essa imagem e construir
referências negras positivas.
Baco Exu do Blues em “Autoestima” afirma que foram duas décadas para ele se
achar lindo. É preciso ir contra essa corrente. As nossas crianças precisam se
acharam lindas desde sempre. Lindas, fortes, potentes e capazes.
IX. Referências