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em Competências
Unidade II – Conceitos
básicos sobre competências
Introdução.
1
Esse curso é fruto do trabalho de conclusão de curso da Especialização em Gestão Organizacional e Recursos
Humanos da UFSCar de Raquel Ottani Boriolo orientada pela Profa Dra Angela Maria Carneiro De Carvalho. O
curso também se amparou no artigo BORIOLO e CARVALHO (2010).
2
Raquel Ottani Boriolo é administradora na Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade Federal de São
Carlos.
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Angela Maria Carneiro De Carvalho é professora, vinculada à Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Organizações e Sistemas Públicos da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), ao curso Gestão de Organizacional e de Pessoas da UFSCar e é pesquisadora do
Núcleo de Estudos em Sociologia Econômica e das Finanças da UFSCar.
4
MacClelland, D. C. Testing for competence rather than for intelligence. American Psychologist, Washington,
D. C., nº 28, p.1-4,1973.
Já Brígido et al. (2002) dizem que o modelo e o conceito de competências de cada país
foram criados segundo o seu estado de desenvolvimento. Nos Estados Unidos surgiram nos
anos 60 adotando uma pedagogia baseada no desempenho; no Canadá surgiram no final dos
anos 60; no Reino Unido e Espanha nos anos 80; no México nos anos 90.
Zarifian (2001), por sua vez, diz que foi a partir de uma pesquisa realizada em 1985 pelo
Centro de Estudos e Pesquisas sobre as Qualificações que surgiu o “modelo de
competência”, enquanto modelo de Gestão de Recursos Humanos. Essa Pesquisa foi
realizada em pequenas e médias empresas e constatou uma grande mudança no modo que
os responsáveis avaliavam sua mão de obra. A partir de então, a gerência começou a levar
em consideração as habilidades intelectuais e não somente as habilidades corporais.
Brandão e Guimarães (2001) relatam que, desde 1970, Taylor5 já chamava atenção para
a importância da procura por homens eficientes pelas organizações, dizendo que essa
procura era maior que a oferta. Naquela época a ênfase dada ao aperfeiçoamento do
operário era nas habilidades para exercer atividades específicas, limitando-se às questões
técnicas relacionadas ao trabalho. Com o tempo as relações de trabalho foram ficando
complexas e sofrendo pressões sociais. Em consequência disto, as organizações começaram
a analisar, no processo de desenvolvimento profissional dos indivíduos, além das questões
técnicas, os aspectos sociais e comportamentais do trabalho.
O termo competência, de acordo com Zarifian (2001), ficou limitado por cerca de dez
anos às experiências desenvolvidas por empresas líderes e estudos de especialistas.
Atualmente, porém, a “lógica da competência” já é bastante presente no debate social
público.
5
Taylor, F.W. Princípios de Administração Científica. São Paulo: Atlas, 1970.
Atualmente, exige-se que o funcionário seja flexível e se adapte a qualquer ambiente
e que tenha capacidade de iniciativa em decorrência das tecnologias complexas e mutantes.
Outro ponto que a autora destaca é a crescente presença feminina no ambiente de trabalho
tendo que lidar com a dupla jornada de trabalho: além do trabalho em si as mulheres ainda
lidam com a tecnologia doméstica bastante sofisticada, mostrando capacidade de continuar
aprendendo fora da escola;
O desemprego passa a ser, segundo a autora, um problema estrutural na sociedade
tecnológica. O indivíduo teve que procurar emprego em um setor diferente do qual
trabalhava ou teve que reinventar seu próprio trabalho para algo totalmente diferente do
que aprendeu na escola. Neste caso, o indivíduo demonstraria a capacidade criativa de
sobreviver desempregado, de reempregar-se ou de virar empresário.
2. Definição de competência.
2. É necessário ter claro a diferença entre Ser competente e Ter competências. Para
Rabaglio (2001) pode-se “ser competente”, por acaso, quando em uma determinada tarefa o
indivíduo obteve êxito, isso não quer dizer que ele obterá o mesmo resultado sempre. Para
“ter competência” o indivíduo precisa ter conhecimentos, habilidades e atitudes para
desempenhar determinada tarefa sempre que solicitada. A competência pode ser obtida
através de educação e treinamentos, mas a autora deixa claro que quem já possui talento
está um passo a frente de quem não possui.
Sendo assim, quando o indivíduo “assume responsabilidade” ele não cumpre somente
ordens, mas também assume a responsabilidade pela avaliação da situação. A
responsabilidade cria a relação de que “certa situação” depende do indivíduo. Neste caso, o
indivíduo aceita ser julgado e avaliado pelos resultados obtidos no campo dos desempenhos
pelos quais é responsável, comprometendo-se e tornando-se devedor dos resultados de sua
atividade.
Dutra (2001a, p. 28) comenta que quando olhamos as pessoas “por sua capacidade de
entrega, temos uma perspectiva mais adequada (porque mais individualizada) para avaliá-
las, para orientar o desenvolvimento delas e para estabelecer recompensas”.
Para calcular o nível dessa entrega e da agregação de valor das pessoas, Dutra (2001a)
diz que são necessários esclarecimentos sobre o conceito de complexidade. Atualmente, não
se consegue agregar valor para um indivíduo medindo somente seu cargo ou nível
hierárquico, neste sentido torna-se essencial utilizar-se algo que diferencie e incorpore a
complexidade das novas atribuições e responsabilidades. Neste caso, leva-se em
consideração um número crescente de complexidades pelo fato de existir uma preocupação
em explicar as expectativas de entrega desses cargos.
O autor torna claro que o desenvolvimento de uma pessoa dentro de uma organização é
a capacidade que ela tem em encarregar-se e de efetuar atribuições e responsabilidades de
maior complexidade. Assim sendo, se este indivíduo consegue se desenvolver realizando
atribuições de maior complexidade e como consequência agrega mais valor à organização,
por merecimento, o correto seria que ele fosse remunerado adequadamente.
Ao se deparar com um cidadão desesperado que não fala sua língua, Geraldo pode, por
exemplo, abrir um tradutor em seu computador e tentar se comunicar com o cidadão de
forma a auxiliá-lo. Neste momento, Geraldo está assumindo o risco, por exemplo, de deixar
o cidadão entrar na sua sala e expor algo sigiloso. Assim, sua atitude corre o risco de ser
interpretada de forma bastante positiva ao querer auxiliar o cidadão ou ser interpretada de
forma negativa pelo seu supervisor ao deixá-lo entrar.
No caso do documento que ele precisa pegar urgentemente na gaveta e esta estar
emperrada, ele pode chamar alguém para arrumá-la ou simplesmente deixar a gaveta como
está e deixar o serviço que é urgente parado. Nos dois casos Geraldo assume o risco de ser
avaliado de forma positiva ou negativa.
No caso da entrega urgente dos documentos e uma chuva começar a cair e ele estar
incomunicável, ele pode aguardar, pode retornar ao seu serviço ou pode continuar o trajeto,
porém qualquer que seja a sua decisão Geraldo estará assumindo o risco de ser avaliado
pela sua conduta.
No caso de alguém pedir uma ferramenta emprestada para salvar um animal, caso ele
empreste, assumirá o risco dela não ser devolvida ou voltar quebrada, porém caso ele
empreste poderá ajudar a salvar o animal.
Já a entrega ocorre, por exemplo, quando Geraldo faz de tudo para auxiliar a pessoa
desesperada por auxílio, mas que não fala sua língua. Na descrição das atribuições de cargo
do Geraldo não estava escrito que ele precisava falar a língua do cidadão, portanto, em
teoria, Geraldo não teria motivos para tentar entender o cidadão. Ao procurar recursos e se
mobilizar em tentar entender o que o cidadão precisa, o nível da entrega de Geraldo para
com a organização se elevou, fazendo com que ele agregasse valor ao atendimento que
estava prestando
4. Referências.
BORIOLO, Raquel Ottani; CARVALHO, Angela Maria Carneiro. Análise das Competências do
Profissional de Secretaria de Pós-Graduação de uma Universidade Pública Brasileira. In: XXX
Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2010, São Carlos. Anais XXX Enegep, 2010.
BRANDÃO, Hugo Pena. Gestão baseada nas competências: um estudo sobre competências
profissionais na indústria bancária. 1999. Dissertação (Mestrado em Administração) -
Departamento de Administração, Universidade de Brasília, Brasília – DF.
CARVALHO, Ieda Maria Vecchioni; PASSOS, Antônio Eugênio Valverde Mariani; SARAIVA,
Suzana Barros Corrêa. Recrutamento e seleção por competências. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2008.
DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas com base em competências. In: DUTRA, Joel Souza
(Coord.) Gestão por competências: um modelo avançado para o gerenciamento de
pessoas. São Paulo: Editora Gente, p.25-43, 2001a.
DUTRA, Joel Souza. Gestão do desenvolvimento e da carreira por competência. In: DUTRA,
Joel Souza (Coord.) Gestão por competências: um modelo avançado para o gerenciamento
de pessoas. São Paulo: Editora Gente, p.25-43, 2001b.
RABAGLIO, Maria Odete. Seleção por Competências. São Paulo: Educator, 2001.
ZARIFIAN, Philippe. Objetivo Competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001.
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A unidade II do curso Gestão Baseada em Competências
apresenta a origem do termo competência e, a partir
disso, explica suas definições, abordando conceitos
básicos encontrados na literatura. Ao fim do estudo é
apresentado exemplos dos principais conceitos através
de uma história fictícia.
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