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Tópico 2 : CONEXÃO DE UM GERADOR


SÍNCRONO A UM BARRAMENTO DE
POTÊNCIA INFINITA
Autor: Pedro Sartori Locatelli – (pedrosartloc@gmail.com)

 Na figura 3 é possível observar uma foto da bancada de testes,


na qual o eixo do órgão primário está conectado a máquina
síncrona e todas as ligações para o funcionamento de ambas as
I. RESULTADOS E DISCUSSÕES máquinas estão devidamente feitas.
A. Sincronização da máquina ao barramento
Primeiramente, antes de qualquer conexão da máquina ao
barramento, é necessário fazer o gerador síncrono rotacionar.
Para isso, será utilizada uma máquina CC como órgão
primário. Além disso, utilizar-se-á um painel, para controlar
tanto alguns parâmetros do conjunto gerador-motor, quanto
para realizar o sincronismo e verificar grandezas de interesse.
Resumidamente, o gerador síncrono será excitado pelo motor
CC, sendo este último controlado por um painel.
Na figura 1 abaixo é possível verificar o diagrama de ligações
do gerador, que foi utilizado como base para a realização da
montagem.

Figura 3: Montagem realizada

Como já mencionado anteriormente, a máquina a direita é o


motor CC, q ue atuará como órgão primário ao passo que a
máquina que se encontra a esquerda atuará como gerador
síncrono, que será ligado a rede.
Outro aspecto que também já foi mencionado, diz respeito
Figura 1: Diagrama de ligaçao do gerador[3] a como o gerador será ligado à rede. Para isso, utilizar-se-á o
painel mostrado na figura 4.
Já na figura 2 é possível observar o diagrama de ligação do
órgão primário, no caso, o motor CC. É interessante
mencionar que nesse experimento não se utilizou todo o
potencial do demarrador, pois, como alguns dos seus terminais
estavam abertos, a proteção contra o disparo da máquina não
estava ativa. Logo, ele foi utilizado exclusivamente para
suavizar a partida do motor.

Figura 2: Diagrama de ligaçao do órgão primário [3]


Figura 4: Painel de ligaçao ao barramento
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Como é possível observar na figura 4, esse painel possui 4


principais funcionalidades que serão utilizadas para a
realização do experimento. Na parte inferior do painel é
possível observar knobs, que são utilizados para variar alguns
parâmetros, como corrente de campo. Ao centro existem os
instrumentos utilizados para realizar o sincronismo entre o
gerador e a rede. Imediatamente à esquerda , encontram-se os
displays de grandezas associadas a potência do gerador e de
corrente. Por último, a fileira de instrumentos de cima exibe os
parâmetros da rede.
Figura 6: Knob para controle da máquina
Com as máquinas devidamente ligadas e conectadas ao
painel, para a realização do sincronismo é necessário atender a Para saber em qual frequência o gerador se encontra basta
quatro requisitos. O primeiro passo consiste em verificar se a olhar no frequencímetro presente no painel, como mostrado na
sequência de fases está correta. Isso deve ser feito, pois a rede figura 7.
se encontra na sequência de fase positiva. Logo, o gerador
síncrono a ser ligado ao barramento também deve apresentar a
mesma sequência de fases. No painel existe um instrumento,
chamado de sequencímetro, responsável por indicar a
sequência de fases, como mostrado na figura 5.

Figura 7: Frequencímetro

Com a frequência da tensão gerada em 60 Hz, o próximo


passo consiste em manter a amplitude das tensões iguais. Um
outro knob permite com que a amplitude da tensão gerada seja
controlada e, para verificar se a do gerador e a da rede estão
iguais, basta observar o voltímetro analógico presente no
painel, como mostrado na figura 8.

Figura 5: Sequencímetro – Verificaçao de fases

Como pode ser visto na figura 5, existem dois LED`S


responsáveis pela indicação da sequência de fases. Caso o de
cima esteja aceso, como no caso desse experiemento, a
sequência de fases é positiva, mas, caso contrário, a sequência
de fases é a negativa. Um detalhe importante é que, mediante a
acusação de uma sequência de fases negativa, é necessário
trocar duas fases entre sí, da máquina CA, para que se tenha Figura 8: Voltímetro analógico
uma sequência de fases positiva, que é o desejado.
O próximo critério que deve ser cumprido para que o Por fim, o último passo para ligar o gerador ao barramento,
gerador seja conectado ao barramento, diz respeito ao diz respeito à fase. Para isso utiliza-se um medidor de ângulo
casamento das frequências entre o barramento e a tensão de fase presente no painel, também analógico, como mostrado
gerada. Como a rede possui uma frequência de 60 Hz, é na figura 9.
necessário que o gerador também apresente a mesma. Isso
pode ser feito pelo knob (figura 6) da esquerda, presente no
painel que alteram a corrente de campo da máquina CC, ou
seja, alteram a velocidade do conjunto.
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Figura 9: Indicaçao do sincronismo dos ângulos de fase


Figura 11: Medidor de potência ativa
Para se realizar a sincronia entre as fases é necessário conectar
Outro medidor presente no painel é o do fator de potência,
o gerador ao barramento quando o ponteiro passar pelo zero, o
apresentado na figura 12. Como é de se esperar, ele nos indica
que indica que a fase do gerador e do barramento são iguais.
o valor do cosseno do ângulo entre a tensão e a corrente da
Quando isso acontecer, ou seja, quando o ponteiro preto passar
máquina CA. Esse medidor é extremamente importante tendo
pela seta vermelha, da figura 9, é a hora de conectar o gerador
em vista que as tensões e correntes, no painel, s ão indicadas
ao barramento.
apenas em módulo, como pode ser visto, respectivamente nas
figuras 8 e 13.
B. Trocas de potência

Com a máquina devidamente conectada ao barramento,


sabe-se que esta pode tanto consumir, quanto fornecer
potência reativa à rede. Isso irá depender da corrente de campo
da máquina síncrona. Partindo de uma condição de equilíbrio,
mediante um aumento dessa variável, a potência é fornecida.
Caso contrário ela é consumida. Para verificar
experimentalmente qual das situações está ocorrendo, basta Figura 12: Medidor do fator de potência
observar os medidores mostrados na figura 10.

Figura 13: Medidor de corrente

Na figura 14 é possível ver diagramas fasorias que englobam


todas as situações possíveis no que diz respeito às potências
Figura 10: Medidores de potência reativa –Esq. Fornecida, Dir. ativas e reativas e as condições para as quais elas ocorrem.
consumida Vale ressaltar que eles são válidos para situações de pós-
sincronismo, na qual a máquina CA já está devidamente ligada
É importante ressaltar que são necessários dois medidores, ao barramento, como foi o caso do experimento. Esses
tendo em vista que o ponteiro não deflete negativamente e na diagramas mostram visualmente boa parte do que foi
escala do o instrumento existem apenas valores positivos. mencionado nesta seção.
No que diz a potência ativa, sabe-se que esta também pode
ser consumida ou fornecida. Isso irá depender do conjugado
do órgão acionante. Partindo novamente de uma situação de
equilíbrio, caso o conjugado seja aumentando, a máquina
síncrona começa a entregar potência ativa ao barramento, ao
passo que, se o conjugado do motor CC for reduzido, a
máquina síncrona passa a consumir potência ativa do
barramento. Visualmente, a potência trocada entre a máquina
CA e o barramento pode ser vista na figura 11.
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REFERÊNCIAS

[1] JORDÃO, r.g: MÁQUINAS SÍNCRONAS, 1ª edição,


livros técnicos e científicos editora s.a., rio de janeiro,
1980. -fitzgerald, a.e.;
[2] MÁQUINAS ELÉTRICAS: Com Introdução à Eletrônica
de Potência, 6ª edição, Bockman, 2008
[3] Guia referente à prática 2

Figura 14: Diagramas fasoriais

II. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Tendo em vista que a prática foi curta e rápida não foi


possível observar muitos fenômenos que já não tenham sido
mencionados na seção anterior, porém, do que foi visto
destaca-se o processo da troca de potência entre a máquina
síncrona e o barramento. Foi interessante perceber que a
mudança da corrente de campo é capaz de alterar o fluxo das
potências reativas. Partindo do ponto inicial do sincronismo,
ou seja, de uma situação de fator de potência praticamente
unitário constatou-se que ao diminuir a corrente de campo, o
gerador passa a consumir potência reativa, ao passo que,
mediante o aumento dessa corrente, o gerador passa a fornecer
potência reativa. A troca de potência ativa também foi
observada tendo em vista que partindo de uma situação de
equilíbrio, a diminuição da velocidade do gerador faz com que
a potência ativa seja consumida. Já quando se aumenta a
velocidade a máquina passa a fornecer potência ativa.
Outro aspecto interessante observado diz respeito ao painel
utilizado. Como os instrumentos de medição não defletem
negativamente, no painel existe dois displays para cada uma
das potências ativa e reativa, tendo em vista que elas podem
ser tanto consumidas quanto fornecidas, ou seja, positivas ou
negativas.
Sendo assim, a prática se aproximou muito de uma situação
real e cotidiana, o que sem dúvidas corroborou o aprendizado.
No que tange ao funcionamento do painel não foram
observadas irregularidades e nem aspectos que necessitam de
uma reforma urgente. Percebeu-se apenas que alguns
medidores apresentam um pouco de offset , o que , embora
seja indesejado, não compromete o bom andamento do
experimento, tendo em vista que foi possível cumprir o
objetivo principal da prática, que consistia em conectar um
gerador em sincronismo com a rede.

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