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MENTORIA - AULA 5

Abuso Sexual

Aline Matos
CRP 23/1817
Esse é um assunto delicado, mas espero trazer ele dá
forma mais simples possível. Acredito que um dos pontos
iniciais para fazer um atendimento com um paciente que
foi abusado é não pressionar o paciente para que ele
perdoe quem o abusou.

Mesmo que você, naquele momento, não tenha o que


falar, escute com atenção e tenha presença. O terapeuta
precisa caminhar para que o paciente narre sua história a
partir do que aconteceu, não olhe para ela como uma
vítima, ela já é uma, mas isso não significa que precisa
continuar nessa posição.

O abuso não faz parte apenas na parte íntima do


paciente, ele perpassa por todos os âmbitos da sua vida.
Por isso é importante que você, como terapeuta, olhe para
todos os lados que envolvem a vida desse paciente, como
amizade, ideação suicida, relacionamento, trabalho,
religião... Tenha paciência com aquela alma e ensine ela
que também tenha a paciência para passar por todo esse
processo que irá incomodar.

Há mais vida a partir do abuso.


O abuso sexual que acontece na primeira infância
influencia ainda mais a vida daquele paciente por enraizar
que se trata de uma demonstração de amor. Além disso,
existem diversos tipos de abusadores, alguns que
ameaçam, outros que se mantém em silêncio ou
conversam. Isso se torna um ponto em que essa pessoa
sinta que não mereça um relacionamento tranquilo, ela já
está acostumada com o caos, uma crença de desvalor.

A criança do seu paciente precisa ser cuidada, pergunte


para ele as coisas que ele fazia na infância, para olhar
além do abuso. Se gostava de pintar, qual foi a última vez
que fez isso? Pergunte para o paciente como é gostar de
algo e não se ver/estar fazendo?

O abuso está relacionado com a pureza, algo ali foi tirado


e muitas vezes essa pessoa não vê mais o sentido dos
próprios valores e acaba se perdendo. Peça para que o
paciente te olhe e diga que ele tem valor, tenha atenção
se ele realmente está te escutando para ouvir isso. Um
abuso destrói todo o imaginário dessa criança que agora
está na fase adulta, é difícil para ela ver que é possível
que ela tenha algum valor. A formação que deveria ter
tido na infância se perde, não foi construída.

Normalmente essa pessoa saberá cuidar muito dos


outros, porém não irá conseguir olhar para ela mesma.
Você quer dar para o outro aquilo que não te deram. Tudo
isso enraíza uma crença de que se você errar, a pessoa
deixará
você, busca por uma perfeição, já que lá atras te
ameaçaram por ter sido criado com uma responsabilidade
alta, gerando uma neurose. Essa perfeição cansa.

Algo que deve ficar claro é que o corpo infantil também


tem sensibilidade para o prazer, no entanto, a criança não
tem o mesmo olhar de um adulto de forma sexual. Dessa
forma, a criança sente o prazer daquele toque e com o
passar dos anos isso gera uma culpa por não entender
que isso vem do próprio ser, não se trata sobre ela ter
gostado de ser abusada.

Você, como terapeuta, precisa ajudar com que essa


pessoa que foi abusada não se pergunte o “por quê”, mas
sim, encontrar um “para que?”, desse modo a vida desse
paciente deixa de ser escrita com o abuso, ao contrário,
escrever depois do acontecimento. Isso fará com que
quebre esse vínculo, já que o amor e o ódio prendem essa
pessoa com quem cometeu esse ato.

Ajude esse paciente a narrar aquilo que aconteceu, para

que tenha clareza do que foi e poderá ser feito em sua

vida.
Mentora: Aline Matos
Participação: Edilainny Nádila
Copywriting: Gabriel Júnior
Designer e transcrição: Edilainny Nádila

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