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Curso de Psicologia

Psicologia da Aprendizagem e Escolar

Prof Regiane Macuch


Teoria: Estilos de Aprendizagem de David Kolb
David Kolb nasceu em 1939 (83 anos
em 2022). Psicólogo e teórico
educacional conhecido pela Teoria da
Aprendizagem Experiencial e seu
Inventário de Estilo de Aprendizagem

Kolb é Ph.D. em Psicologia


Social (Harvard University) e Professor
de Comportamento Organizacional
(Weatherhead School of Management
da Case Western Reserve University)

https://www.weatherhead.case.edu/executive-
education/instructors/david-kolb
A teoria da aprendizagem experiencial de Kolb é um
modelo de representação sobre como as pessoas
aprendem. Atribui grande valor ao papel da
experiência na aprendizagem.

É possível compreender a experiência de 2 maneiras:


1) experiência concreta e 2) conceituação abstrata.

É possível transformar a experiência de 2 maneiras:


1) observação reflexiva e 2) experimentação ativa.

Este processo é retratado como um CICLO


Ciclo de Aprendizagem de David Kolb
Kolb descreve o processo de aprendizagem como uma
estrutura cíclica ou ciclo de 4 estágios:
•Experiência Concreta (EC): agir
•Observação Reflexiva (OR): refletir
•Conceitualização Abstrata (CA): conceitualizar
•Experimentação Ativa (EA): aplicar
Ciclo de Aprendizagem de David Kolb
1. Experiência Concreta (Agir)
Ao desenvolver uma atividade em sala de aula, seja ela qual for, o
estudante absorve novas experiências concretas, tendendo a tratar as
situações mais em observações e sentimentos do que com numa
abordagem teórica e sistemática.

2. Observação Reflexiva (Refletir)


Nesse momento o aluno começa a pensar e refletir sobre a atividade que
desenvolveu: Quais foram seus sentimentos e emoções? Se houve um
desentendimento, por que se deu? Como ele se comportou e como os
outros se comportaram?
Os estudantes estão envolvidos em observar, revendo e refletindo
sobre a experiência concreta do estágio anterior. As reflexões e
observações neste estágio não incluem necessariamente realizar alguma
ação.
Ciclo de Aprendizagem de David Kolb
3. Conceitualização Abstrata (Conceitualizar)
Os estudantes se desenvolvem e agem no domínio cognitivo da
situação. Usam teorias, hipóteses e raciocínio lógico para modelar e
explicar os eventos. O aprendizado situacional da etapa anterior,
centrado no momento de uma experiência, pode ser ampliado em um
grande aprendizado.
Esse é o momento que o aluno passa a pensar de forma lógica e
sistemática. O entendimento é baseado na compreensão intelectual de
uma situação, com alto nível de abstração.

4. Experimentação Ativa (Aplicar)


Os estudantes estão envolvidos em atividades de planejamento,
em experiências que envolvem mudança de situações. Os estudantes
usam as teorias para tomar decisões e resolver problemas. É o
momento de colocar a teoria em prática, buscando exercitar o
aprendizado de forma ativa. É o momento de gastar tempo com
experimentações, influenciando e mudando variáveis em diversas
situações.
A teoria de aprendizagem experiencial de Kolb serve
como base para 4 Estilos de Aprendizagem:
Divergente
Assimilador
Convergente
Acomodador
Os estilos de aprendizagem são preferências na forma
de perceber, organizar, processar e compreender a
informação.

Usualmente estudantes preferem um estilo em


detrimento dos outros, portanto, desenvolvem-se
melhor em um dos estilos.
•Pessoas com estilo de aprendizagem
convergente preferem aprender através de
conceituação abstrata e experimentação ativa.
•Pessoas com estilo de aprendizagem
divergente preferem experiência concreta e
observação reflexiva.
•O estilo de aprendizagem por assimilador está
associado à conceituação abstrata e observação
reflexiva.
•O estilo de aprendizagem acomodador está ligado à
experiência concreta e à experimentação ativa.
Cada um dos 4 estilos de aprendizagem é caracterizado
por pontos fortes em 2 dos quatro principais passos do
ciclo de aprendizagem:

1. EA/CA: Convergente
2. EC/EA: Acomodador
3. CA/OR: Assimilador
4. OR/EC: Divergente
Os 4 estilos de aprendizagem − “ou por que alguns
leem manuais e outros não!”
EC

EA OR

CA
Estilos de Aprendizagem de Kolb:

1) CONVERGENTE (EA/CA) – Aprende melhor pensando e realizando.


Combina o gosto de colocar “a mão na massa” com aspectos teóricos.
Gosta de realizar atividades com indicações sequenciais detalhadas
(como aquelas dos manuais de operação de aparelhos), solucionar
problemas específicos e testar hipóteses (tentativa e erro). Tem
habilidades em encontrar aplicações práticas para ideias e teorias.
Pessoas desse estilo possuem poucas habilidades sociais e
intrapessoais, preferindo ambientes de aprendizagem mais tranquilos
(ex.: gosta de trabalha sozinho realizando tarefas técnicas sem se
relacionarem com outras pessoas). Parecem se sair melhor em
situações nas quais existe uma única resposta ou solução correta para
cada pergunta ou problema. Não tem dificuldades ao experimentar
inovações para solucionar problemas práticos. Esse estilo também é
conhecido como PRAGMÁTICO.
Estilos de Aprendizagem de Kolb:

2) ACOMODADOR (EC/EA) – Aprende melhor experimentando e


realizando. Por exemplo, através de atividades práticas, apresentações,
role-plays e debates. Combina o gosto de colocar “a mão na massa”
com atividades concretas. Tem capacidade de se sobressair e acomodar
ou adaptar a circunstâncias imediatas específicas. Utiliza mais a
intuição do que a lógica e tem a tendência a se arriscar mais a ousar
mais. Costuma utilizar a opinião de outras pessoas ao invés das suas
próprias, por isso geralmente faz muitas perguntas. Assume uma
abordagem prática e vivencial. É sociável e gosta de trabalhar em
equipe. Geralmente exerce um papel importante em situações onde
são necessárias ações e iniciativas para a realização de tarefas. Por
terem pouca habilidade analítica são impulsivas e as vezes é percebido
como impaciente e pressionador. Esse estilo também é conhecido
como ATIVISTA.
Estilos de Aprendizagem de Kolb:

3) ASSIMILADOR (CA/OR) – Aprende melhor combinando


observação e pensamento, por isso suas preferências por
palestras, conferências e aulas. Para eles, ideias e conceitos
abstratos são mais importantes do que pessoas e pode ser
percebido como pouco sociável. Tem facilidade com números e
modelos conceituais, preferindo especulações abstratas em
detrimento de situações práticas. Compreende as informações
de forma ampla e as organizam de forma clara e lógica. Tem
propensão para a carreira científica. Gosta de explorar modelos
analíticos e de ter tempo para pensar e refletir sobre as coisas.
Esse estilo também é conhecido como TEÓRICO.
Estilos de Aprendizagem de Kolb:

4) DIVERGENTE (OR/EC) – Aprende melhor combinando sensações


com observações, ou seja através de atividades práticas seguidas de
um retorno. Possui muita sensibilidade artística e conseguem ver as
coisas de perspectivas diferentes. Prefere observar ao invés de agir.
Suas estratégias para a solução de problemas iniciam coletando
informações para em seguida usarem a criatividade e a
inventividade para oferecer mais de uma solução possível. A
denominação “divergentes” se dá pelo fato de terem bom
desempenho em situações que requerem geração de ideias, como
grupos de trabalho e brainstorms. Possuem vasto interesse cultural
e gostam de pessoas. Preferem trabalhar em grupo, ouvindo
sugestões com mente aberta e recebendo feedbacks pessoais.
Gostam de autonomia na busca de conhecimento. Esse estilo
também é conhecido como REFLEXIVO.
Cada ESTILO se caracteriza por pontos fortes
em 2 dos 4 passos do CICLO de KOLB:

Estilo Pontos Fortes Conhecido como


Convergente CA+ EA Pragmático

Divergente EC+OR Reflexivo

Assimilação CA+OR Teórico

Acomodativo EC+EA Ativista


Kolb (1984) enfatiza que as pessoas aprendem com base em
seus interesses na relação com o meio social e cultural no
qual estão inseridas. Ou seja, aprendemos em função de como
percebemos e processamos a realidade.

A Aprendizagem Experiencial se dá pela transformação da


experiência já adquirida, sendo esta, um processo contínuo.

A aprendizagem ocorre dentro de uma dialética: experiência


individual e meio no qual o indivíduo se insere, resultando de
uma troca, pela modificação do ser aprendente e do espaço ao
seu redor.

Kolb, D. A. (1984). Experiential learning: Experience as the source of learning and


development. New Jersey: Prentice-Hall.
Matriz dos Estilos de Aprendizagem de Kolb
EXEMPLO:
Uma pessoa com um estilo de aprendizagem dominante de ‘fazer’ melhor
que ‘observar’ a tarefa, ‘sentir’ melhor que ‘pensar’ sobre a experiência, terá
um estilo de aprendizagem que combina e representa esses processos,
denominado ‘Acomodação’
Vários fatores influenciam o estilo preferido da pessoa.

O que quer que influencie a escolha do estilo de aprendizagem é


produto de 2 pares de variáveis:

1) (FAZER) X (OBSERVAR)

2) (SENTIR) X (PENSAR)

O Estilo de aprendizagem de uma pessoa é produto


dessas 2 decisões de escolha
Explicando cada um dos eixos de escolha:
1. Ao abordar uma tarefa (compreender a experiência)

O SUJEITO PREFERE:

Fazer : ‘saltar direto em’ e fazer algo (experimentação


ativa)
OU
Observar : observar outros envolvidos na experiência e
refletir sobre o que acontece (observação reflexiva)
2) Resposta emocional à experiência (transformar a
experiência)

O SUJEITO PREFERE:

Sentir: através da experiência das qualidades concretas,


tangíveis e sentidas do mundo (experiência concreta)
OU
Pensar: ganho de nova informação através da análise,
pensamento ou planejamento (conceituação abstrata)
Uma apresentação típica dos contínuos de Kolb:

• Eixo leste-oeste ou Contínuo de Processamento


(como abordamos uma tarefa)

• Eixo norte-sul ou Contínuo de Percepção (nossa


resposta emocional a tarefa)
Contínuo de
Processamento

Contínuo de Percepção
Estágios para o Desenvolvimento dos Estilos de Aprender

Kolb definiu três estágios de desenvolvimento para integrar


eficazmente os quatro diferentes estilos de aprendizagem :

1.Aquisição (do nascimento à adolescência): desenvolvimento de


habilidades básicas e de ‘estruturas cognitivas’

2. Especialização (escolarização, primeiros trabalhos e experiências


da idade adulta):o desenvolvimento de um ‘estilo de aprendizagem
especializada’ adquirido por fatores ‘sociais, educacionais e
socialização organizacional’

3. Integração (ao longo da meia idade até ao fim da vida):


expressão de estilo de aprendizagem não dominante no trabalho
e na vida pessoal
1. Kolb, AY, Kolb, DA (2011). Inventário de Estilo de Aprendizagem Kolb 4.0 Boston
MA: Hay Group.
2. Kolb, AY, Kolb, DA (2010). Aprender a brincar, brincar a aprender: um estudo de
caso de um espaço de aprendizagem lúdico (1 ed., Vol. 23, pp. 26-50). Jornal de
Gerenciamento de Mudanças Organizacionais.
3. Kolb, AY, Kolb, DA (2009). Em Armstrong, SJ & Fukami, C. (Ed.), Teoria de
aprendizagem experiencial: Uma abordagem dinâmica e holística para a
aprendizagem gerencial, educação e desenvolvimento (pág. 50). Londres: Sage
Publications Handbook of Management Aprendizagem, Educação e
Desenvolvimento.
4. Kolb, DA, Boyatzis, RE e Mainemelis, C. (2000). Teoria da Aprendizagem
Experiencial: Pesquisas Prévias e Novas Direções. Em Perspectivas sobre estilos
cognitivos, de aprendizagem e pensamento. Sternberg e Zhang (Eds.). NJ:
Lawrence Erlbaum.
5. Kolb, DA (1984). Aprendizagem experiencial: Experiência como fonte de
aprendizagem e desenvolvimento. Nova Jersey: Prentice-Hall.

Inventário de Estilo de Aprendizagem de Kolb:


http://www.cchla.ufpb.br/ccmd/aprendizagem

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