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IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA MRP II EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

NO NOROESTE DO PARANÁ

SYSTEM MRP II IMPLANTATION IN A FOOD INDUSTRY IN NORTHWEST


OF PARANÁ

Fernando Castro Vieira Filho1 Resumo. As empresas, ao longo do tempo,


Gerusa de Oliveira Rosa1 tem percebido uma constante evolução no
Luiz Claudio Gonçalves Cardoso1 mundo dos negócios demandando agilidade
Anderson Leandro Casaroto Tozi1 na tomada de decisões para atendimento,
Rúbia Carvalho Gomes Corrêa2 de forma rentável na cadeia logística,
Cláudia Cirineo Ferreira Monteiro3 as necessidades dos clientes. O MRP II
Mariana Menconi Chinellato2 (Manufacturing Resource Planning II) é uma
Antonio Roberto Giriboni Monteiro3 poderosa ferramenta de planejamento que
auxilia a gestão dos recursos existentes
no processo produtivo, criando os mais
diversos cenários. Isto auxilia o processo
decisório e corrobora as decisões da área de
planejamento. Sem contar a maior sinergia
entre as áreas, que ficam comprometidas
a trabalhar de forma integrada na busca do
atendimento ao cliente. Este artigo mostra
um acompanhamento na implementação de
um software (MRP II) em uma indústria de
alimentos no Noroeste do Estado do Paraná
no período de 2006 a 2008, limitando-se a
fase de planejamento/protótipo, implantação
e avaliação dos resultados obtidos com a
aplicação deste no buscando demonstrar os
benefícios das atividades desenvolvidas.

Palavras-chave.Planejamento produção.
Planejamento de Recursos. MRP II.

Abstract. Companies, along the time, have


realized a steady evolution in the world
business, demanding agility in decisions
taken in order to attend, in a profitable way of
the supply chain, the customers needs. The
1
Engenheiro de produção - Especialização em Tec-
MRP II (Manufacturing Resource Planning
nologia e Qualidade em Alimentos – Universidade II) is a powerful planning tool that assists
Estadual de Maringá
the management of existing resources in
2
Mestranda - Programa de pós graduação em Ciência
de Alimentos – Universidade Estadual de Maringá the production process, creating the most
3
Docente - Universidade Estadual de Maringá diverse scenarios. This helps the decision

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making processes and supports the planning Uma das ferramentas que apresenta
area decisions. Not to mention the increasing melhor resultado para a finalidade exposta é
synergy between the areas, which are o MRP II (Manufacturing Resource Planning)
committed to working in an integrated way in ou Planejamento de Recursos de Manufatura,
the pursuit of customer service. This article que é um poderoso Software sincronizador
shows a monitored implementation of a que combina simulação e modelos
software (MRP II) in a food industry located heurísticos (capacidade de um sistema fazer
in the northwest of the state of Paraná from inovações e desenvolver técnicas de forma
2006 to 2008, limiting the planning / prototype imediata e positivas para um determinado
stages, implementation and evaluation of the fim), para construir uma programação com
results obtained by this application, seeking capacidade finita e determina os recursos de
demonstrate the benefits of the activities. acordo com as prioridades de entregas com
a real capacidade de produção.
Keywords. Production planning. Resources Mas para que se obtenha sucesso
planning. MRP II. na utilização desta ferramenta, é importante
que a empresa tenha uma boa estrutura
não só em T.I. (Tecnologia de Informação),
mas também um sistema administrativo
1. INTRODUÇÃO
bem organizado para que possa auxiliar o
mais breve possível a transição do sistema
Nos últimos anos as empresas
tradicional para um com sistema sincronizado
tem enfrentado uma constante evolução
que possibilite os resultados esperados.
no mundo dos negócios, levando a uma
A área de planejamento e controle da
necessidade crescente na adequação dos
produção (PCP) é um dos pontos primordiais
sistemas produtivos e por consequência na
dentro da Gestão da Produção. De acordo
gestão empresarial como um todo.
com Corrêa (2001), o PCP é o coração
Em todos os setores, existe uma forte
dos processos produtivos. Desta forma, os
concorrência que leva a uma forte pressão
sistemas de planejamento e controle da
para a melhoria contínua na qualidade dos
produção (SPCP) são sistemas que provêem
produtos e serviços, com redução de custos informações e que trazem um gerenciamento
e constante inovação, tudo isto pensando eficaz do fluxo de materiais, da utilização de
no atendimento a um cliente cada vez mais mão-de-obra e equipamentos, integrando
exigente no que diz respeito a sua satisfação. a coordenação das atividades internas
Para que o PCP (Planejamento e com os fornecedores, distribuidores e a
Controle de Produção) possa atingir seus comunicação/interface com os clientes
objetivos, é necessário que este consiga (GODINHO FILHO, 2004).
administrar as várias informações das O conceito de MRP II, segundo
áreas de uma empresa, sendo responsável Jesus (2007), surgiu a partir da necessidade
em coordenar a melhor aplicação possível de planejar materiais e foi expandido e
dos recursos para que se possam atender integrado com outras áreas da empresa que
os mais diferentes níveis de planejamento são primordiais para gestão da produção, a
(estratégico, tático e operacional). figura 1 abrange a evolução deste processo.
Neste sentido, para atender esta Com este mecanismo de planejamento e
complexidade atual dos sistemas logísticos, controle de produção estendida para as
é necessário fazer uso de ferramentas que demais áreas da organização, a mesma
possam dar o melhor suporte possível na ganha um aumento no poder de decisão e
tomada de decisões. torna-se mais focada nos seus objetivos.

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Figura 1. Abrangência do MRP e do MRPII


Fonte: Corrêa (2001)

O MRP II é composto de seis estrutu- • Módulo de planejamento de capacidade


ras chaves de planejamento que prevê uma (Rough-Cut Capacity Planning ou RCCP);
seqüência hierárquica de cálculos, verifica- • Módulo de cálculo de necessidades de
ções e decisões, visando chegar a um plano materiais (Material Requirements Plan-
de produção viável em termos de disponibi- ning ou MRP);
lidade de materiais e de capacidade produti- • Módulo de cálculo de necessidade de ca-
va. Podemos caracterizar estas seis estrutu- pacidade (Capacity Requirements Plan-
ras em módulos: ning ou CRP);
• Módulo de controle de fábrica (Shop Floor
• Módulo de planejamento agregado da pro- Control ou SFC).
dução (Sales and Operations Planning ou
S&OP); Na figura 2, observa-se como o mo-
• Módulo de planejamento mestre de pro- delo está estruturado.
dução (Master Production Schedule ou
MPS);

Figura 2. Modelo MRPII


Fonte: Laurindo (2000, p.327)

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Por outro lado, os sistemas MRP tos e comercial completando mutuamente
quando bem implantados, permitem moni- o processo de melhoria do sistema logísti-
torar a dinâmica do processo de produção co. Neste projeto, surgiu a necessidade de
na fábrica. Neste sentido, estão mais próxi- sistematizar as informações para tornar o
mos do conceito de Sistema de Informação planejamento uma área de decisão proativa
do que de um Sistema de Programação da e rápida diante do dinamismo do processo.
Produção (LAURINDO, 2000). Assim, foi adquirida uma ferramenta de mer-
Muitas empresas, que implementa- cado que trouxe um modelo sistematizado e
ram sistemas do tipo MRP, o fizeram com in- estrutural para o processo de planejamento
tuito de reduzir estoques de matérias-primas de produção da empresa analisada.
e materiais em processo para promover a
redução de custos e aumentar a competitivi- 3.1. Estruturação e Implantação do Pro-
dade de seus produtos em mercados de alta cesso de Planejamento
concorrência. Em junho de 2006 foi decidido pela
alta direção da empresa a necessidade
da aquisição de uma ferramenta, que
2. METODOLOGIA pudesse flexibilizar o poder de decisão do
planejamento, diante da complexidade das
Para a realização desta pesquisa variáveis envolvidas neste processo.
optou-se pelo estudo de caso, uma vez que Uma vez escolhida a ferramenta pela
segundo Yin (2001), os estudos de caso não equipe de implantação, iniciou-se o proces-
necessitam de análises estatísticas e planos so de envolvimento das áreas de tecnologia
de amostragem, uma vez que pretendem de informação, produção e planejamento de
apenas conhecer de forma aprofundada produção, sendo que dois facilitadores perti-
aspectos qualitativos de alguma situação nentes à área de PCP foram sensibilizados a
específica no setor pesquisado. respeito da aquisição e do processo de im-
O estudo de caso foi realizado em plementação da mesma.
uma empresa de grande porte do Noroeste do Após o processo de aquisição e sen-
Paraná, na qual foi feito o acompanhamento sibilização, foi iniciada a etapa de Estrutu-
presencial do processo de implantação do ração das Informações. O planejamento e
MRP II. execução da implantação do Software na In-
dústria foram acompanhados por uma con-
sultoria especializada neste processo.
3. RESULTADOS
3.1.1 ESTRUTURAçãO DAS INFORMA-
Desde 2005 a indústria analisada ini- çõES
ciou um processo de implantação do Projeto A área de planejamento da empresa
de Logística Integrada, visando à busca de antes da implementação do software não
sinergia nos elos da cadeia de suprimentos possuía uma estruturação de dados. Muitas
e a quebra de diversos paradigmas, tirando informações não eram conhecidas ou não
de foco o principal objetivo da organização estavam vinculadas aos colaboradores do
que é o cliente. setor interessado (informações vagas).
Neste contexto de mudanças, foi cria- Na área de Planejamento dos
da uma área de planejamento com o intuito Materiais, foi realizado o mapeamento
de integrar as áreas de produção, suprimen- do conteúdo estocado surgindo assim o

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grupamento destes e posterior elaboração que, qualquer volume acumulado gera
da Curva ABC (figura 3). Segundo Carvalho custo para a empresa. Sendo assim, a
(2002), a curva ABC é um método de visualização desse impacto através da Curva
classificação de informações, para que se ABC, permite que o setor estabeleça as
separem os itens de maior importância ou políticas de estoque necessárias para o bom
impacto. Em áreas de estocagem, é uma gerenciamento dos materiais equilibrando
poderosa ferramenta de identificação do a necessidade do sistema produtivo com a
impacto financeiro dos materiais uma vez estocagem enxuta.

Figura 3. Curva ABC (política estoque insumos)


Fonte: Pesquisa de Campo

O item que agrega maior valor ao (ciclo de produção), giro de materiais, lote
montante estocado é Embalagens, que mínimo de entrega, perecibilidade, espaço
impacta em 35% sob o valor total dos itens de armazenagem e disponibilidade (nacional
da área e é, aproximadamente, o triplo do ou importado).
segundo colocado (Importados e Críticos) Com relação à política de estocagem
tornando-se o grupo de maior importância. dos produtos acabados (P.A), foram criados
Este é um exemplo de análise que deve ser critérios (tabela 1) que visam manter
obtida através da curva ABC. O entendimento o foco de previsão diária da demanda,
da participação de cada grupo no sistema ponto de ressuprimento e estoque mínimo.
produtivo como um todo, permite estabelecer Estas variáveis estabeleceram equilíbrio
políticas de estoque que envolve a definição possibilitando a construção da política
de um estoque mínimo, de segurança e de gestão de produtos acabados que irá
máximo. Nesta etapa devem-se levar em auxiliar as tomadas de decisões da área de
consideração, informações de lead time planejamento.

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Tabela 1. Modelo Política dos produtos acabados.
SKU Orçado Previsão No Prod. Variação Estoque Ponto Estoque Prod.
Mês Diária Mensais COML Mínimo Ressuprimento Máximo Máxima
Produto 1 8.552 276 2 15% 1.283 641 5.250 4.500
Produto 2 28.224 910 2 15% 4.234 2.117 16.500 14.250
Produto 3 2.200 71 2 15% 330 165 1.500 750
Produto 4 4.500 145 2 15% 675 338 2.704 2.288
Produto 5 700 23 2 15% 84 84 800 600
Fonte: Pesquisa de Campo

Em decorrência das mudanças ocor- Todas as restrições inerentes ao pro-


ridas através dos levantamentos citados an- cesso de produção desses produtos foram
teriormente, a área de Suprimentos passou cadastradas no Software.
por uma reestruturação, principalmente ao Esta ferramenta é padrão de merca-
que se refere às datas de compras, no esta- do. A mesma leva em consideração a capaci-
belecimento de novas parcerias e reestrutu- dade finita de recursos, trata processos con-
ração no processo de T.I, levando em consi- tínuos e descontínuos e realiza simulações
deração as informações emitidas pela área de cenários.
de PCP. A implantação dessa ferramenta é
No que se refere à estruturação de in- pouco utilizada em indústrias de alimentos,
formações da área Comercial, foram mape- pois a mesma é utilizada em diversos ramos
ados os processos comerciais, histórico de industriais sem característica de um proces-
so contínuo e perecível.
vendas, posicionamento, contratos comer-
A partir de diversos testes foi criado
ciais e sistema de informações gerenciais
o modelo ideal de implantação tratando o
integrando estas informações ao software
processo de industrialização como processo
adquirido MRP II.
de regime permanente contínuo, não geran-
Após a estruturação das informações
do produtos semiacabados no processo de
e reestruturações das áreas envolvidas ini-
produção.
ciou-se o treinamento para construção do
protótipo de implantação da ferramenta.
3.1.3 PROCESSO DE IMPLANTAçãO
A estrutura interna da empresa de T.I
3.1.2 PROTóTIPO DE IMPLANTAçãO não estava integrada dificultando a gestão
Antes da implantação do projeto foi das informações. Desta forma foi necessário
construído um protótipo escolhendo apenas criar uma interface entre o banco de dados
dez produtos, que tinham uma representati- utilizados pela empresa com o banco de da-
vidade específica de todos os produtos pro- dos da ferramenta adquirida conforme ilus-
duzidos pela indústria. trado na figura 4 abaixo.

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Figura 4. Interface entre o sistema ERP empresa e o MRP II

Alguns dados não possuíam cadastro Posteriormente dentro do processo,


nos sistemas da empresa, como lista de foi realizada a integração do tipo de operação
materiais por produto acabado, máquinas com a lista de materiais consumidos e os
e velocidades de produção, restrições setups.
de materiais, tempos de setup, etc. Foi
necessária a realização do cadastro desses 3.2 Regras de Aprimoramento do Proces-
itens no sistema. so
Estabelecido os processos de
3.1.4 PROCESSOS DE PRODUçãO Produção e Operações, a próxima etapa foi
Para fins de parâmetros do sistema, definir algumas regras de setup e gradação
os processos industriais de produção e enva- de produção.
se foram definidos como um único processo, Este cadastro consiste em definir
ou seja, contínuo permanente, sem produtos pesos para que o sistema possa reduzir os
semiacabados, devido o fator perecibilidade desperdícios do setup e possa ser orientado
que não permite estocar um produto granel. a atender a demanda conforme o peso da
Além disso, a complexidade do gradação (grau importância) de cada produto.
processo industrial exige a produção O critério para a definição do
simultânea de alguns produtos e, por ser peso da gradação foi o giro de cada
um software de mercado, percebe-se a SKU comercializado, conforme relatórios
necessidade de realizar uma customização levantados junto à área comercial.
para que o mesmo adeque-se às Além destes parâmetros, o sistema
particularidades da empresa. possibilita a construção de diversas
modelagens de produção, tais como:
3.1.5 OPERAçõES Redução de Setup, Produção Just in Time,
Após definido o modelo de processo, Priorização do atendimento a demanda com
foram desenvolvidos as operações para menos atrasos, Redução Perdas de Tempo
a produção de cada tipo de produto, na produção, entre outros modelos.
estabelecendo as taxas de produção (caixas
por hora), juntamente com as “equipes 3.2.1 CALENDÁRIOS
qualificadas” (conjunto dos recursos de Este cadastro permite estabelecer
produção composta por máquinas, mão-de- os tempos reais disponíveis a produção,
obra e ferramentas). considerando variáveis como feriados,

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manutenção máquinas, redução da Neste momento, foi possível perceber
velocidade de um determinado período, que a programação gerada pelo sistema era
férias, entre outros. compatível em relação à programação feita
Outra funcionalidade importante é a até então.
possibilidade de se ter um cadastro distinto Neste período de comparação foram
para cada planta, máquina, ferramenta, ou necessários vários “ajustes finos” nos pa-
mão-de-obra. râmetros da ferramenta para que a mesma
atendesse a demanda e utilizasse de forma
3.2.2 INíCIO DA UTILIzAçãO DA FERRA- enxuta os recursos disponíveis no processo
MENTA de produção.
Após a conclusão da interface, dos Através do uso da ferramenta foi
cadastros básicos e do modelo final do pro- possível construir vários novos cenários,
tótipo, iniciou-se o processo de programação onde era possível comparar situações de
com a ferramenta, comparando com as práti- curto, médio e longo prazo, relacionados à
cas existes até então de programação. Estas gestão de produção.
utilizavam, basicamente, planilhas eletrôni-
cas com informações de forma não integra- 3.3 Novo perfil das rotinas de planejamento
das em vários módulos de sistemas e que Com a implantação da ferramenta
não trocavam informações entre si. foi possível estabelecer uma nova estrutura

Figura 4. Estrutura antes da implantação ferramenta MRP II


Fonte: Equipe PCP

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nas rotinas das atividades do planejamento A figura 4 sintetiza o processo de pla-
conforme o comparativo das figuras 4 e 5 nejamento de produção com era antes da
abaixo: implantação da ferramenta adquirida.

Figura 5. Estrutura após implantação ferramenta MRP II


Fonte: Equipe PCP

A figura 5 representa o fluxo atual das da minimizando os imprevistos que até en-
informações de forma sistematizadas e inte- tão ocorriam com maior frequência segundo
gradas dando maior agilidade ao processo. o relato dos operadores.
Como resultados intangíveis, foi per- Foi possível observar também, uma
cebido o aumento da agilidade nas análises melhor na sinergia entre os setores de Com-
do setor refletindo em tomadas de decisões pras e Produção tendo em vista a melhor
mais rápidas e melhoria no atendimento à exposição das informações aos setores uti-
demanda com melhor aplicação dos recur- lizando o MRPII.
sos. A implantação do sistema permitiu
A qualidade de decisões também foi a melhor gestão de estoques de insumo e
observada visto que, estas deixaram de ter produtos acabados que antes não passavam
características de uma cultura reativa e pas- por análises constantes devido ao dificultoso
saram a ser proativas com atividades a cur- acesso às informações.
to, médio e longos prazos.
A visualização gráfica oferecida pelo
programa permitiu a melhor elaboração de 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
vários cenários agregando qualidade nas
análises e solução dos problemas. O sistema MRP II apresentou-se
Em relação aos setups, verificou-se como uma ferramenta adequada na gestão
que a utilização da ferramenta permitiu a de planejamento permitindo integrar diver-
melhoria no desenvolvimento dessa ativida- sas áreas tais como: comercial, produção,
de fluindo melhor suas etapas, já que, uma planejamento e controle de produção, manu-
cultura de planejamento eficaz foi implanta- tenção e pesquisa e desenvolvimento. Com

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isso o sistema produtivo e informativo fluiu REFERÊNCIAS
de maneira proativa e eficaz, além de pro-
porcionar um maior comprometimento dos CARVALHO, J. M. C. Logística. 3ª ed. Lisboa:
envolvidos com todo o processo. Edições Silabo, 2002.L
Outro ponto importante a destacar, é
CORRÊA, Henrique L.; GIANESI, Irineu G.
que o sucesso da ferramenta esta condicio-
N.; CAON, Mauro. Planejamento, Programa-
nado ao envolvimento de todos os colabora-
dores ligados direto ou indiretamente ao pro- ção e Controle da Produção: MRP II/ERP:
cesso, não só durante a implantação, mas Conceitos, Uso e Implantação. 4. ed. São
também no decorrer do uso/aprimoramento Paulo: Atlas S. A., 2001.
da ferramenta. GODINHO FILHO, Moacir; CAMPANINI, Lu-
Os resultados mais significativos da ciano; VITA, Romano Augusto S. Guerra. A
ferramenta foram percebidos a médio e lon- interação MRPII–CPM: estudo de. Revista
go prazo, em especial pela nova cultura de
Produção, São Carlos, v. 4, n. 1, p.31-43,
integração no processo de planejamento,
2004.
lembrando que o MRP II é uma ferramen-
ta auxiliar no processo decisório, cabendo JESUS, R.., & OLIVEIRA, M., O., F., IM-
sempre ao planejador através de análise cri- PLANTAçãO DE SISTEMAS ERP: TECNO-
tica tomar a melhor decisão para cada cená- LOGIA E. Revista de Gestão da Tecnologia e
rio apresentado. Sistemas de Informação, Espírito Santo, v. 3,
Por fim, os resultados alcançados fo- n. 3, p.315-330, 2007.
ram consideráveis com a utilização da ferra- LAURINDO, Fernando José Barbin; MES-
menta, pois se mostrou eficiente no apoio a
QUITA, Marco Aurélio de. MATERIAL RE-
tomada de decisões, visando o atendimento
QUIREMENTS PLANNING:. Gestão&produ-
ao cliente, através do acesso rápido a in-
formações relevantes do sistema produtivo. ção, São Paulo, v. 7, n. 3, p.320-337, 2000.
Apontando desta forma, a potencialidade da YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamen-
implementação da ferramenta por empresas to e Métodos, Tradução: Daniel Grossi, Porto
do setor de alimentos. Alegre: Brookman, 2ª Ed., 2001.

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Questões:

1)Descreva as principais diferenças entre o MRP


e o MRP II, esquematize um modelo de MRP II
e descreva sua importância na gestão da
produção.

2)Descreva como foi feita a aplicação do MRP II


nessa empresa e descreva as principais diferen-
ças de gestão após o MRP II ser implementado,
apresentando os principais benefícios de sua
aplicação.

3)Na sua opinião, quais são as principais


dificuldades de se implementar o MRP II?

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