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Objetivos de Aprendizagem
Após estudar este módulo, você deverá estar capacitado para:
Criar diferentes experiências de crescimento e aprendizado para seus
clientes
Usar a proposta de valor como base para criação destas experiências;
Diferenciar produtos de baixa, média e alta barreira de entrada;
Criar opções para ajudar pessoas que não podem investir muito dinheiro;
Começar a escrever um e‐book que sirva para construir sua reputação;
Começar a montar uma palestra base para divulgar seu trabalho;
Entender os aspectos básicos de montagem e condução de workshops;
Desdobrar seu conhecimento em diferentes formatos para alcançar muito
mais pessoas com seu trabalho;
Gerar receita de formas variadas e com públicos variados.
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O Que Veremos Adiante:
Conceito de estante de ofertas;
Portfólio de produtos e serviços;
Proposta de valor como vetor central de atuação;
Serviços/Produtos de entrada;
Serviços/Produtos medianos;
Serviços produtos top de linha;
Conceito de outline para criação de conteúdo;
Técnicas objetivas para e‐books, workshops e palestras;
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Aplicabilidade Prática
Este módulo marca o momento do curso em que saímos da compreensão teórica
e começamos a entrar em ações mais concretas. Aqui vamos falar de como
utilizar seu conhecimento para criar diferentes opções de produtos e serviços
para seus clientes.
Acompanhe o raciocínio:
No módulo 1 nos focamos em definir o que nós vamos oferecer ao mundo, no
módulo 2 falamos de como nos prepararmos para oferecer isto, agora, no módulo
3, é hora de definirmos os diversos formatos pelos quais vamos ajudar as pessoas
com as quais decidimos trabalhar.
É aqui que você vai começar, de maneira prática, a construir produtos e serviços
diferentes para oferecer. Talvez você pense que já tem mesmo para que a
psicoterapia tenha demanda, outros movimentos precisam ser feitos.
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É que alguns serviços podem ser oferecidos mais abertamente, enquanto outros
precisam ser buscados pelos clientes. O equilíbrio estes dois pontos é o segredo
para um fluxo constante e equilibrado de trabalho.
Vamos começar.
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Introdução
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Introdução
De todos os módulos do curso, este é aquele em que mais colocamos a mão na
massa. Isto acontece porque aqui eu te convido a pensar sobre uma frase bem
interessante:
Se tudo o que você tem é um martelo, você pensa que todo problema é um prego.
O ditado acima serve para explicar um pouco da visão que muitos psicólogos têm
a respeito de suas carreiras.
Se eu tiver que definir esta visão em uma palavra, seria esta:
Restrita.
E neste módulo vamos justamente dar um jeito de modificar isto.
O objetivo aqui é ampliar, agregar, expandir. O que desejo fazer é transformar sua
visão a respeito das diversas formas pelas quais você pode usar seu conhecimento
de psicólogo para entregar valor às pessoas que você resolveu servir. 5
Formas que, além de ampliarem suas possibilidades comerciais, também
permitem que seu trabalho alcance pessoas que jamais pensariam em contratar –
ou poderiam pagar – um psicólogo.
A lógica que você vai conhecer agora, se for aplicada de forma consistente e por
muitos psicólogos, tem tanto poder de mudar nossa sociedade quanto qualquer
prática governamental bem estruturada.
Até aqui neste curso, nós falamos sobre a escolha de um nicho e sobre como
começar a construir suas bases para atuar com competência e segurança.
Pois chegou a hora de começar a organizar seu conhecimento em diversos
formatos para ajudar a seu público. É o momento de usar sua criatividade para
dar vida à sua ciência.
Mas não apenas isso.
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Neste módulo quero te propor também uma considerável mudança de
perspectiva. Um jeito novo de enxergar sua atuação e imaginar suas
possibilidades.
Um dos pontos centrais desta terceira parte é a compreensão de que a atividade
clínica, operacionalizada na forma da famosa psicoterapia, é apenas UMA das
possibilidades que você tem de oferecer valor.
Não é a mais importante. Não é a melhor. Não é nem mesmo a mais desejável,
dependendo de seus objetivos.
Trata‐se de apenas uma.
E aqui entra a pergunta: Por que temos tanta fixação com a tal da psicoterapia?
A resposta é elementar:
Por que ela é basicamente a única forma de intervenção que nos foi ensinada na
faculdade. E porque é, realmente, o formato mais tradicional através do qual
psicólogos entregam valor a seus clientes no mundo todo.
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Na verdade, falar em psicólogo é quase sinônimo de se falar em psicoterapia.
Apesar de ser apenas uma ferramenta, ela se “colou” de tal forma à nossa
profissão, que é quase como se sua prática fosse uma parte intrínseca do que é
ser um profissional de psicologia.
E não é.
Pelo menos, não necessariamente.
O fato é que, apesar de ser uma ferramenta bastante útil, sob o ponto de vista do
mercado a psicoterapia não deve ser vista como a “pedra angular” de seus
serviços como psicólogo.
Fazer isto seria ignorar as imensas possibilidades de ajudar as pessoas e dar
literalmente um tiro no pé em relação às suas possibilidades de crescimento
profissional.
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Preste atenção:
O que você vai aprender nas próximas páginas irá permitir que você amplie
absurdamente o alcance não apenas de sua mensagem, como também o alcance
de seu trabalho como psicólogo.
Além de ganhar mais dinheiro, você vai multiplicar a ajuda que oferece ao mundo.
Vai identificar possibilidades de atuação aonde sequer imaginava que pudessem
existir, e principalmente, vai começar a desenvolver a fundamental habilidade de
“brincar” com seu conhecimento, dando a ele formatos que se adequem
perfeitamente às necessidades do ambiente no qual você estiver inserido.
Lembra‐se de que no início deste curso eu disse que um dos requisitos mais
importantes para aproveitar o aprendizado ao máximo era ter a cabeça aberta?
Acredito que neste módulo você vai entender exatamente o porquê.
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3.1–Desenvolvendo seus
produtos e serviços
Então, quer dizer que você quer lotar seu consultório?
Quer ver sua agenda preenchida e atender com prazer as pessoas que você
escolheu ajudar, certo?
Bom, muito bom.
Ter um consultório lotado é o sonho de muitos psicólogos desde que ainda estão
na faculdade. É totalmente natural que este seja um sonho seu também.
Mas me diga uma coisa: é só isso mesmo?
Depois de 5 anos de estudo, de tanta ciência e tanto aprendizado, tudo o que
você consegue enxergar na sua frente é um consultório lotado?
Se for, vamos tratar de ampliar sua visão agora mesmo.
Pense comigo nas seguintes questões: 9
Quantas pessoas, entre as que você conhece, enxergam a ida a um psicólogo
como algo natural e desejável?
Quantas pessoas no Brasil têm realmente condições financeiras de investir num
processo psicoterapêutico?
Quantas pessoas do seu nicho devem existir na cidade onde você mora?
Das pessoas de seu nicho que moram na mesma cidade que você ‐ e que tem
dinheiro para pagar ‐ quantas estão dispostas a iniciar um processo tão íntimo e
geralmente longo como a psicoterapia?
Pensou?
Pois é. Pode ser que as conclusões não sejam muito animadoras.
Mas mesmo que sejam, acredite, focar‐se apenas em psicoterapia é uma escolha
muito pouco estratégica para sua carreira. E é um caminho extremamente
arriscado se você quer ter estabilidade e segurança.
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Na verdade – e veja como é interessante isto ‐ até mesmo se o seu objetivo for
exatamente conquistar clientes para a psicoterapia, você vai ver que o melhor
caminho é ter outros serviços diferentes dela.
Mas atenção para o seguinte: Eu NÃO estou dizendo que a psicoterapia é pouco
importante na sua carreira.
De forma alguma.
Como citei acima, a psicoterapia é a ferramenta mais tradicional com a qual os
psicólogos trabalham, e sob diversos pontos de vista é a mais completa forma de
intervir e modificar o comportamento humano para melhor.
Um processo psicoterápico bem conduzido é um trabalho que pode gerar
transformações valiosas na vida das pessoas.
Portanto, que fique claro: A psicoterapia pode e deve ser valorizada!
Só que existem diversas outras opções e formatos para você trabalhar com seu
conhecimento, que não devem ser negligenciados caso você deseje uma carreira 10
próspera.
E são estes diferentes formatos que, além de gerarem uma excelente receita
financeira, também vão permitir que você ajude a muito mais pessoas do que
ajudaria se estivesse somente na atividade clínica tradicional.
Entende a força desta lógica?
Conquistar mais clientes e ajudar mais pessoas são duas ações que andam de
mãos dadas. Basta fazer isto com inteligência e ter coragem de arriscar.
A palavra é exatamente esta: Arriscar.
Nós psicólogos precisamos sair do pedestal. Precisamos deixar nossas “tumbas
sagradas” e fazer um movimento em direção ao mundo. Temos que estender os
braços e tocar aqueles que estão aí fora, muitas vezes vivendo de forma limitada
e emocionalmente doente por falta de autoconhecimento.
Pode ter certeza: A atividade clínica, isoladamente, não é suficiente para gerar
transformação no mundo, e também não é uma forma eficaz de construir uma
carreira próspera.
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Agora uma observação importante:
Vou usar eventualmente neste módulo a expressão “atividade clinica”, mas com
um sentido mais amplo do que o tradicional.
Quando eu me referir à clínica aqui, não estarei falando somente de psicoterapia,
mas também de outros serviços, como orientação psicológica e até mesmo uma
orientação vocacional.
Explicando melhor:
Do ponto de vista mercadológico, a atividade clínica será tratada neste módulo
como sendo toda atividade que você faz individualmente, presencialmente, e na
qual você troca uma unidade de tempo por um determinado valor em dinheiro.
Trocando em miúdos, estou falando de atendimento individual. De uma interação
sua com um cliente no clássico modelo “psicólogo‐paciente” propagado pela
psicologia.
Dito isto, prossigamos.
Criando opções para seus clientes 11
Compreenda que o fato de você ter escolhido um nicho, definido sua proposta de
valor, especificado os benefícios do que você faz, se tornado extremamente
competente e compreendido – aceitado ‐ que você pode ser uma autoridade,
talvez não faça muita diferença se você não criar diferentes opções para seus
clientes se conectarem com você.
Estas opções são o que eu chamo de “pontos de contato.”
Estou quase certo de que jamais te falaram isso na faculdade, mas se você pensar
bem, se trata de algo extremamente óbvio.
O fato é que, se você não cria opções e não oferece variedade de formatos, limita
muito as possibilidades das pessoas “comprarem” o seu trabalho e te
conhecerem.
Alguns, mais “criativos”, fazem um folder bonitinho em que anunciam seu
consultório e distribuem por aí. Mas o escopo de atuação, para a maioria,
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Isto não é bom para o psicólogo, que eventualmente fica sem clientes, e acredite,
também não é bom para a sociedade, que acaba por não ter acesso a tudo o que
o psicólogo pode oferecer.
A pergunta chave aqui é:
De que maneiras você vai formatar seu conhecimento para vender às pessoas?
E como você já deve saber, funciona muito pouco.
Para ter sucesso, você precisa oferecer a seus clientes diferentes caminhos para
entrar em contato com o valor que você entrega. Você precisa ser capaz de olhar
para as pessoas do seu nicho e imaginar quais possíveis produtos e/ou serviços
elas gostariam de comprar de você.
De certa forma, você estuda seu público para tentar descobrir novas maneiras de
ajudá‐los. 12
Para entender o espírito da coisa, faça‐se a seguinte pergunta:
“Após se identificarem como sendo do meu nicho e perceberem minha proposta
de valor, que tipo de produtos e/ou serviços as pessoas gostariam de comprar de
mim?”
Melhor ainda: que tipo de produtos e serviços elas nem sabem que desejam, mas
eu posso criar para ajudá‐las?
Apenas um cuidado neste momento:
Não saia por aí criando as coisas da sua cabeça, simplesmente.
É necessário que você analise seu mercado, observe os sinais, e a partir de então
crie suas opções. Claro que nem tudo precisa ser perguntado abertamente,
especialmente porque muitas vezes as pessoas não sabem o que querem até que
você mostre isto a elas.
Mesmo assim, criar serviços e produtos a esmo não é uma estratégia inteligente.
E é aqui que se faz muito importante, mais uma vez, o entendimento de quem é
seu público. O conhecimento sobre seu nicho.
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Tudo, absolutamente tudo, está ligado ao seu público.
Lembre‐se de que seu “público” neste caso, pode ser representado por aquela
“pessoa imaginária” com cuja dor ou sonho você vai se conectar.
Uma espécie de “avatar” que personifica as angústias e sonhos de seu público. É
pensando nas necessidades desse público que você pode começar a ampliar suas
formas de oferecer valor.
No meu caso, por exemplo, esta pessoa é o profissional de psicologia que não
sabe como se organizar para desenvolver sua carreira na prática. Quando crio
meus produtos e serviços, é neles que eu penso.
Também tenha em mente que seu serviço – o valor que você entrega ‐ só existe
com um objetivo: melhorar a vida das pessoas.
Este objetivo pode acontecer através de dois caminhos principais. Você pode
melhorar a vida das pessoas:
Ajudando‐as a se livrarem de alguma dor.
Ajudando‐as a realizarem algum sonho.
Note que os dois pontos acima são focados em resultados. Seu trabalho não é 13
apenas levar as pessoas a refletirem sobre seus problemas ou tomarem
consciência de suas limitações e possibilidades.
Isto é parte do processo.
O que importa mesmo é o que resulta disso, o que melhora lá na frente. Uma dor
sanada, um sonho realizado.
Pergunte‐se:
Quais são as necessidades óbvias das pessoas às quais vou dedicar meu
trabalho?
Quais são as necessidades não tão óbvias?
O que tira o sono delas a noite?
O que as faz sonhar acordadas?
Em outras palavras, quais são as dores e os sonhos do se público?
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Note que estas são perguntas que você já fez para ajudar a definir sua proposta
de valor, e agora você recorre a elas novamente para criar seus produtos e
serviços.
Você tem que descobrir detalhes sobre estas dores e sonhos e então começar a
criar soluções que – derivando de sua proposta de valor principal ‐ venham ao
encontro disso.
Tudo é parte de um sistema lógico e interligado que gera diversos pontos de
contato entre você e seu público.
Mas vamos a um exemplo real de minha carreira, para facilitar:
Preste muita atenção, pois este é um caso real sobre como desdobrei minha
proposta de valor em serviços e produtos a partir da observação de meu público.
Para ficar mais didático, também mostro como foram aplicados – de forma
simplificada – os conceitos dos módulos 1 e 2 dentro deste processo de
construção.
Meu caso com as entrevistas de emprego
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Um dos trabalhos que eu fazia até 2012, era ajudar pessoas a se prepararem para
entrevistas de emprego.
Escolhi entrar neste nicho após alguns anos trabalhando com RH em grandes
organizações, quando descobri que muitas pessoas competentes perdem vagas
simplesmente por não saberem se comportar em uma entrevista.
Bem, esta é uma causa real com a qual me importo, e embora não seja “a menina
dos meus olhos”, como é o caso do meu nicho com psicólogos, o prazer que sinto
em ajudar candidatos despreparados é legítimo e autêntico.
Pois bem, assim que tive a ideia de entrar neste nicho, fiz algumas pesquisas na
internet sobre a existência do serviço para ver a possível demanda e concorrência,
e descobri o que já imaginava.
Tinha tudo para ser um excelente negócio!
E tem mais. No exterior existem muitos serviços assim, já no Brasil, a maioria dos
serviços para candidatos ainda se concentra em preparação de currículos apenas.
Logo, enxerguei ali uma oportunidade e decidi agir.
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Então, vejamos abaixo um pouco da metodologia do curso aplicada à construção
do meu negócio:
Módulo 1
1.1 Meu nicho:
Note que é um nicho baseado em um serviço.
Existe um público, obviamente, mas este público pode ser bem heterogêneo. São
pessoas de diversas idades e áreas que podem estar passando, em dado
momento, pela mesma necessidade: conseguir um novo emprego.
1.2 Minha proposta de valor (Na forma de uma pergunta):
“Que tal deixar o entrevistador bem impressionado e garantir aquela vaga de
emprego?”
A proposta de valor é o grande resultado que eu entrego. É como se fosse o
resultado da soma dos benefícios.
1.3 Meus benefícios:
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Mais confiança na hora de se comunicar com o entrevistador;
Mais clareza na hora de apresentar suas ideias e responder perguntas;
Menos possibilidade de “travar” em perguntas importantes
Muito mais chances de conseguir a vaga de emprego;
Os benefícios são os diversos resultados menores, que podem se desdobrar nas
três dimensões que já vimos: Financeira, física e emocional. Não é obrigatório que
se desdobrem nas três dimensões, mas quanto mais benefícios houver, ‐ sem ficar
enchendo linguiça – melhor.
Módulo 2
2.1 Minha competência:
Embora eu já tivesse muita experiência na área, estudei os websites de dois
profissionais que fazem isto fora do Brasil, e li três livros sobre o tema. Durante
dois meses eu estudei tudo o que podia a respeito das melhores e mais atuais
técnicas em entrevistas de emprego disponíveis no mercado.
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Sabe o tal do “estado da arte”? Foi à ele que eu me entreguei.
2.2 Meus padrões de qualidade:
Esta parte foi relativamente fácil, pois eu já tinha um site, um e‐mail profissional e
uma estrutura de apoio, por isso a questão de layout já estava praticamente
pronta. Apenas criei em meu site uma página específica para este serviço.
Quanto à qualidade do serviço – tempo de resposta, atenção aos clientes –
também criei um protocolo que me permitia acompanhar tudo.
2.3 Minha autoconfiança
Depois de ter me preparado muito bem, tive uma conversa “séria” comigo
mesmo, e abracei a convicção de que eu realmente era um expert e podia mudar
a vida daquelas pessoas.
Na verdade eu já me sentia seguro, afinal, eu tinha me preparado, o que eu fiz foi
apenas bater um papo com aquele “medo interior” que existe em todos nós.
Uma vez feito isso, eu estava pronto para começar a entrar neste novo nicho de
verdade!
Tudo compreendido até aqui? 16
Ótimo, agora chegamos ao momento de ver o serviço que eu decidi oferecer para
estas pessoas (meu formato de entrega de valor):
Um treinamento por Skype, com 3 horas de duração, que custava R$250,00.
Este treinamento foi meu primeiro serviço para este nicho.
E é agora que a coisa começa a ficar interessante:
Assim que comecei a escrever artigos sobre o tema “entrevista de emprego” para
manifestar meu conhecimento e entregar valor – falaremos disso no módulo 4 ‐
não demorou muito e consegui uns poucos clientes.
“Ótimo! ‐ pensei comigo mesmo ‐ agora vou viver de treinamentos por Skype”.
Mas algumas coisas, não previstas, estavam acontecendo.
Conforme fazia os treinamentos por Skype, percebi que algumas pessoas que
contratavam o serviço me pediam para ajudá‐las também com seus currículos.
Então eu passei a oferecer, adicionalmente, o serviço de preparação e revisão de
currículos.
Veja que agora eu já tenho uma nova opção para meus clientes.
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Mas ainda não acabou.
Algum tempo depois, comecei a notar que alguns clientes pretendiam se
candidatar a vagas em empresas multinacionais, e queriam um currículo em
inglês. Como eu falo inglês e já trabalhei em multinacionais, criei um serviço de
tradução de currículos também.
Mais uma opção para as pessoas deste nicho. (Já são 3 serviços)
Só que eu pensava comigo: os treinamentos on‐line por Skype estão me tomando
muito tempo e nem geram tanta receita, então, por que não fazer algo que não
tome tanto tempo, tenha qualidade, e possa ser vendido para mais pessoas, como
um curso em vídeo?
Bingo!
Apenas por precaução, perguntei a alguns clientes do serviço por Skype o que
achavam da ideia do curso em vídeo, conversei com alguns amigos
empreendedores e decidi que ia tocar o projeto.
Meses depois nasceu um treinamento online feito em parceria com um colega
que tem uma rede de portais na web.
E lá ia eu para mais um ponto de contato com o público. 17
Então veja que, a partir de um nicho que começou com UM serviço inicial, eu criei
diferentes serviços e produtos conforme fui entendendo as “necessidades
adicionais” daquelas pessoas, e também pensando em formas diferentes de
ajudá‐las.
Veja como as possibilidades se expandiram. Agora eu já estava oferecendo:
Treinamento por Skype
Revisão de Currículos
Tradução de Currículos
Treinamento online para entrevistas de emprego.
Entendeu a lógica?
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Tudo o que você precisa é de um pouco de sensibilidade e criatividade para
identificar as necessidades e desejos das pessoas, e criar soluções para elas.
Trata‐se da velha frase: pense fora da caixa!
Geralmente, as pessoas que contratam meus serviços, têm a ideia de que o que
elas precisam fazer para ter sucesso é movimentar seus consultórios.
No universo destes psicólogos, a atividade clínica – leia‐se: atendimento individual
presencial ‐ é o vetor central, a oferta definitiva, e muitos não conseguem sequer
imaginar oferecer outros tipos de serviço com seu conhecimento.
E não conseguem imaginar justamente por que estão com o foco no lugar errado.
Estão olhando para uma ferramenta, quando na verdade deviam estar olhando
para algo muito mais amplo:
Sua proposta de valor.
A fonte da qual emanam seus serviços e produtos é o VALOR que você entrega.
Isto tem que ficar bem claro para você conseguir atuar dentro desta lógica.
Pela enésima vez: valor é aquilo que você melhora na vida das pessoas.
Não é uma ferramenta que você usa. A partir de sua proposta de valor – e não de 18
uma ferramenta ‐ você criará diferentes frentes de interação com seus clientes.
Mas vamos ver isto com mais um exemplo:
Suponha novamente que você é um psicólogo ou psicóloga que trabalha com
casais. Seu nicho é composto por casais que desejam ter um relacionamento mais
saudável e feliz.
Atenção para os conceitos aplicados:
Como vimos no módulo um, o valor que você entrega é, digamos “o aumento da
qualidade na vida amorosa destas pessoas” . Este é o grande resultado que você
oferece!
Em seu site você até escreveu:
Isto é a sua proposta de valor.
Agora eu te pergunto: quais são as diversas formas pelas quais você pode ajudar
casais a terem um relacionamento mais saudável e harmônico?
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Veja minhas sugestões:
Você pode escrever artigos sobre relacionamentos; (gratuito)
Você pode ter um blog especializado em relacionamentos; (gratuito)
Você pode escrever um livro sobre relacionamentos; (gratuito ou pago)
Você pode fazer palestras sobre relacionamentos; (gratuito ou pago)
Você pode ter um workshop para casais que querem melhorar o
relacionamento; (Pago)
Você pode ter um curso online sobre relacionamentos; (Pago)
Você pode – olha ela aí – oferecer psicoterapia para casais que desejem
um relacionamento melhor. (Pago)
Percebe a diferença de perspectiva?
Quando você coloca sua proposta de valor como ponto de partida, a psicoterapia
clínica tradicional deixa de ser “o serviço” que você oferece, para ser apenas mais
um dos seus serviços.
Isto aumenta dramaticamente suas opções de negócios, ao mesmo tempo em 19
que constrói um sistema que abastece a si mesmo, como veremos logo à frente.
Veja nas imagens abaixo as duas perspectivas:
Imagem 1: psicoterapia no centro das atenções, do lado de fora estão os clientes.
Psicoterapia
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Imagem 2: proposta de valor no centro das atenções (a psicoterapia é apenas
mais um serviço).
Palestras
Livro
Valor Terapia
Workshops
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Notou a enorme diferença?
Colocando o valor no centro, tudo mais pode ser criado a partir dele.
Mas não apenas isto:
Quando cria diferentes formatos para entregar seu valor, você atinge pessoas
com diferentes tipos de necessidades e possibilidades financeiras, permitindo que
todas tenham a oportunidade de se beneficiar de seu conhecimento de alguma
forma.
Sem contar o fato de que estes produtos e serviços adicionais contam como
propriedade intelectual, e passam uma imagem tremenda de credibilidade para
você.
Geralmente, quanto mais você produz, mais respeitado é. (Desde que seu
conteúdo tenha qualidade, é óbvio.)
Apenas para finalizar esta parte, veja aqui, em tópicos, alguns dos benefícios de
decompor sua proposta de valor em diferentes serviços e produtos:
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Você tem ofertas de diferentes preços;
Você atende a pessoas de diferentes localidades geográficas (dependendo
do produto/serviço);
Você divulga mais seu nome e aumenta o alcance de sua mensagem;
Um serviço serve automaticamente de propaganda para os outros;
Você demonstra mais expertise e ganha mais respeito do mercado.
É claro, lógico, óbvio que as diferentes formas de entregar valor terão diferentes
impactos na vida dos seus clientes.
E isto precisa ficar bem claro.
Um casal que leia seus artigos sobre relacionamento pode obter algum benefício.
Mas claro que se este mesmo casal ler seu livro, vai se aprofundar e obter muito
mais benefícios. Se fizerem seu workshop de 12 horas então, mais benefícios
ainda. E naturalmente, se eles entrarem num processo psicoterapêutico com
você, os benefícios tendem a ser fantásticos.
Ainda assim, o recado é o mesmo: use sua proposta de valor para criar diferentes
produtos e serviços. Entendido este ponto, vamos para segundo tópico. É que não 21
basta criar opções variadas, é preciso fazer isto de forma ordenada e estratégica.
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Sempre gostei de música, mas nunca fui um daqueles tipos aficionados que
andam para cima e para baixo com um fone de ouvido. Por isso, quando a Apple
lançou, há quase 17 anos, o primeiro Ipod, eu não comprei.
Embora eu achasse o aparelhinho fantástico, a motivação “musical” não era tanto
a ponto de pagar o preço pedido.
E assim segui a vida. Apple não era pra mim.
Mas algum tempo depois, como Steve Jobs nunca foi bobo, ele decidiu fazer algo
bastante perspicaz: Lançar uma versão mais simplificada e barata do aparelho,
chamado de IpodShuffle.
O Shuffle era menor, tinha menos funcionalidades, menos glamour, mas custava
muito menos. E isto, na ocasião, fazia muita diferença pra mim.
Por isso aquela foi minha primeira experiência com um Apple. 23
Mas veja que interessante: Após comprar este primeiro produto da Apple, gostei
tanto que depois dele acabei adquirindo um Iphone, algo que eu jamais pensara
em comprar até então. E hoje, depois de conhecer melhor a marca e saber de
seus “predicados”, já considero seriamente comprar um Macbook Air pra mim.
Você notou o que aconteceu aqui?
Eu comecei minha relação com a Apple através de um produto de baixo custo, o
Ipod Shuffle, migrei para outro de custo um pouco maior, um Iphone, e agora já
considero seriamente comprar outro produto de custo mais alto ainda.
Note que é como se eu estivesse fazendo uma “escalada” pelos produtos. Do mais
baixo até o mais alto.
Acredite: Isto não aconteceu por acaso.
Na verdade, a Apple, propositadamente lançou produtos em diferentes faixas de
preço para atingir a diferentes tipos de consumidor que se interessam por
tecnologia.
O nome disso?
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Diversificação de Portfólio
Se você analisar bem, vai perceber que todas as grandes marcas têm aquilo que
chamam de portfólio de produtos. E este portfólio geralmente é constituído por
produtos de entrada, produtos medianos e os famosos top de linha.
Na verdade, quando criei aqueles diferentes produtos e serviços voltados ao tema
“Entrevista de Emprego” que vimos no tópico anterior, eu já estava montando um
portfólio, só que sem observar a lógica da estante, que vou te apresentar agora.
O que eu chamo de “estante de ofertas” nada mais é do que um conjunto lógico e
ordenado de serviços e produtos que você cria para oferecer ao seu nicho, de
forma que eles percorram um caminho ascendente até chegar à sua oferta de
maior valor.
Claro que nem todos vão percorrer todos os andares da estante. Mas é por isso
mesmo que ela tem vários andares.
Se você é um fá da marca Audi, por exemplo, pode escolher entre o Audi A1, 24
bonitinho e bem completo, até o A7, que é um primor de automóvel. Tudo vai
depender do que você está buscando, e claro, de suas possibilidades financeiras.
Mas a questão é que a Audi oferece diferentes formas de você se relacionar com
ela, e não uma só.
Veja que agora não estamos falando apenas em criar diferentes opções para seus
clientes, e sim em cria‐las propositadamente em diferentes faixas de preço e valor
oferecido.
Mais um exemplo:
Eu gosto da banda Rolling Stones. Curto o som, acho os caras legais, mas não sou
fã a ponto de ir a um show deles. Por isso, eles me dão a opção de comprar um
CD.
Agora, se eu quiser não apenas ouvi‐los, mas também vê‐los, posso comprar um
DVD. E claro, se eu quiser uma experiência realmente diferenciada – sem ter que
ir ao show ‐ posso comprar um blue ray 3D.
Uma coisa é certa:
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Eu não preciso necessariamente pagar um ingresso de alto custo e me deslocar
até um estádio lotado para curtir a música deles.
No entanto, tenho um amigo ‐ e veja como são as coisas ‐ que conheceu os
Rolling Stones através de mim, ouvindo um CD no meu carro, e ficou tão fã que já
foi a dois shows dos caras.
Este processo ascendente, a partir do qual alguém entra em contato com um
produto de baixo custo e vai subindo até um de custo mais alto, é o que batizei
aqui de “lógica da estante”.
A lógica da estante:
Como criar uma estante de ofertas e quantos “andares” ela deve ter?
Não tem segredo. Só que dá um bom trabalho.
As marcas, em geral, separam seus produtos em três categorias: Entrada,
medianos e top de linha.
E é exatamente isto que eu sugiro que você faça para começar a atuar com a
lógica da estante. 25
Então vejamos aqui os três “andares” de sua estante, e falemos como eles podem
ser compostos para que você ajude o máximo de pessoas possível com seu
conhecimento.
Andar 1 – Serviços/Produtos de Entrada
Exemplo de produtos de entrada:
E‐book – Um simples livro online que oferece conhecimento e dicas valiosas para
seu potencial cliente. Ele pode ser vendido a um preço básico, e em alguns casos
até ser oferecido como brinde.
Exemplos de títulos/temas:
As 10 atitudes mais importantes para um relacionamento saudável;
Manual simplificado da família feliz;
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Seu trabalho está te matando? 5 sinais de que você está prestes a ter um
esgotamento nervoso, e o que fazer a respeito.
Estamos grávidos, e agora?
A emoção e o desempenho nos esportes: um guia prático para melhorar
seus resultados.
Este tipo de produto provavelmente não vai causar uma transformação imensana
vida de seu público, mas vai oferecer sim, benefícios válidos por um preço baixo, e
vai prepará‐los para investimentos – e resultados – maiores no futuro.
Mini workshop – Um evento simples, com duração de 4 horas, que procura
orientar as pessoas a respeito do tema que é de interesse delas. Lembre‐se que
para estar no andar de baixo, este serviço deve ser simples de se consumir, não
levar muito tempo, e ter um preço bem acessível.
Exemplos de títulos/temas:
A escolha da carreira ideal: o que levar em conta ao planejar seu futuro.
Vou ser pai, o que fazer? Descubra como enlouquecer nem não matar sua
mulher de raiva nos primeiros meses do bebê.
Note que os títulos de e‐book que sugeri antes, também poderiam ser usados
para workshops, e vice‐versa.
A ideia básica é oferecer mais de uma opção. E como estamos falando do
primeiro andar da estante os produtos devem ter um baixo custo de aquisição,
pois o objetivo maior – repito ‐ não é gerar muita receita, e sim começar a
construir uma relação com as pessoas de seu nicho.
Na verdade, alguns profissionais optam até por oferecer gratuitamente – em
algumas ocasiões ‐ os itens do primeiro andar, justamente como forma de
ganharem credibilidade com seu público.
Andar 2 – Serviços/Produtos Intermediários
Nesta segunda prateleira estão colocados aqueles produtos e serviços que custam
um pouco mais, e que agregam uma quantidade maior de valor. Estes produtos já
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são bons geradores de receita, especialmente quando são realizados para grupos
maiores.
Eles tanto podem ser produtos diferentes daqueles que você tem no primeiro
andar, quanto podem ser versões mais robustas deles.
Veja que este é o segundo andar por que, além dos produtos exigirem um
investimento financeiro maior, eles também exigem mais comprometimento dos
clientes.
Exemplo de produtos intermediários:
Workshops de média duração– Aqui você vai oferecer um workshop maior, mais
robusto, com mais tempo de duração e, obviamente, com um maior valor
financeiro. Minha sugestão é que você organize workshops de 12 a 16 horas, com
turmas de até 25 pessoas. O valor destes workshops, dependendo de sua cidade,
pode variar entre R$350.00 e R$600.00. (Considerando o ano de 2015 e uma
cidade de médio porte, a partir de 60 mil habitantes.)
Exemplos de títulos/temas:
Como eu disse, os títulos/temas podem ser exatamente os mesmos do exemplo
dado anteriormente, mas apenas para variar, vamos ver mais alguns: 27
Eu faço acontecer: Comprometa‐se com uma vida feliz e com muito mais
sentido;
Emagreça com saúde: Mudando hábitos e conhecendo suas motivações;
Todos estes exemplos são plenamente factíveis. Aliás, o primeiro deles é de um
workshop real do excelente psicólogo e coach Ghoeber Morales, de Belo
Horizonte.
Palestras – Uma palestra nada mais é do que uma apresentação resumida de um
determinado assunto para informar e/ou motivar um público. Ela se encontra na
estante intermediária pois, embora possa ter um custo baixo para o cliente final,
costuma ter um custo mais elevado para o cliente intermediário, e representa
uma boa fonte de receita.
Você pode, por exemplo, promover sua própria palestra para 100 pessoas, e
embora ela tenha um custo individual baixo para quem compra – 40,00 por
Página 27
exemplo – representa uma boa receita para você. (Se você vender as 100
entradas)
Por outro lado, uma empresa ou escola – clientes intermediários ‐ podem
contratar sua palestra por algo em torno de R$3000,00, e embora este pareça ser
um valor alto, ele não está sendo pago por uma pessoa física, e sim por uma
instituição. Por isso, proporcionalmente, o valor é mediano.
Em termos de valores, eles podem ser os mesmos de um workshop. Tudo vai
depender da duração, custos envolvidos e do valor agregado. Mas em geral, para
cursos presenciais de até 16 horas, o valor de R$500,00 é uma boa média,
considerando novamente as grandes e médias cidades.
Já cursos online, que não exigem um deslocamento físico, podem ter uma carga
horária maior e mais diluída no tempo.
Exemplos de títulos/temas:
28
Como lidar com pessoas complicadas: Aprenda e transforme sua vida!
Entrevistas de emprego: como se comportar para obter o máximo dos
processos seletivos.
Empreendedorismo e para psicólogos: Tudo o que você não aprendeu na
faculdade. (Já ouviu falar?)
Este segundo andar, o dos produtos medianos, costuma ser o mais interessante
para muitos profissionais e também para os clientes, por apresentar um bom
equilíbrio entre custo e benefício.
Mais à frente veremos que, dependendo de suas preferências, você pode até dar
mais ênfase aos produtos e serviços do segundo andar em detrimento do
terceiro.
Aliás, vamos falar dele exatamente agora
Andar 3 – Serviços/Produtos com alta barreira de entrada
Página 28
Esta é a prateleira mais alta, na qual você coloca seu produto ou serviço de maior
valor agregado. Embora não seja regra, não é incomum que nesta prateleira exista
apenas um produto, que representa o ponto máximo de seu trabalho, aquilo que
você faz oferece de mais completo para seu cliente.
Exemplo de serviços/produtos top de linha:
Coaching – Serviço que visa ajudar o cliente a se desenvolver em determinados
aspectos de sua vida e/ou carreira. Normalmente consiste em 10 sessões de uma
hora e meia, e obedece a um conjunto lógico de passos e uma metodologia
específica.
Ao contrário do que muitos pensam, do ponto de vista legal, não é preciso ter
uma certificação para se oferecer coaching. Ninguém vai te exigir um certificado
para trabalhar com isto – motivo pelo qual a prática está virando uma verdadeira
lambança no Brasil‐ mas certamente uma boa formação vai torná‐lo um coach
muito mais competente.
Por isso, se for atuar como coach, recomendo fortemente que você faça uma 29
certificação. Uma boa certificação custa em torno de R$5.000.00 e existem
algumas instituições sérias que fazem isto no Brasil. (A Academia do psicólogo
tem uma formação exclusiva para profissionais de psicologia).
Para o cliente, o valor se assemelha bastante ao da psicoterapia, a diferença é que
no coaching o costume é vender um pacote inteiro de sessões (10 sessões) de
uma só vez. Em torno de R$200,00 por sessão, é que os coaches cobram na
média.
E um detalhe para você não falar bobagem por aí: coaching é o nome da prática.
Quem pratica o coaching é um “coach”. Estou dizendo isso por que já ouvi
psicólogos afirmando que querem ser “coaching”. Isto equivale a dizer que você
quer ser “psicoterapia”.
Definitivamente, não pega bem.
Psicoterapia ‐ Supostamente eu não preciso explicar aqui o que é psicoterapia, já
que somos todos psicólogos. No entanto, só para refrescar o que eu disse lá atrás
no módulo introdutório, as definições que encontro por ai ainda costumam
carregar o tom pesado que envolve nova profissão.
Página 29
Psicoterapia é, dentro da proposta deste curso, um instrumento de
desenvolvimento humano, que serve tanto para quem precisa sair de uma
situação negativa e se recuperar, quanto para quem simplesmente busca uma
vida mais realizada e completa.
Não é preciso estar mal para se procurar um processo psicoterápico.
Instrumentos e técnicas específicas são usados, e embora não seja um trabalho
exclusivo de psicólogos, creio que estes são mais bem preparados para conduzi‐
lo.
O valor de uma sessão pode variar, geralmente entre R$80 e R$250, dependendo
do “peso” do seu nome.
__________________________________________________________
Ok, agora que você já deu uma olhada nos três andares e em algumas sugestões
de produtos e serviços, eu pergunto: 30
O que há de comum entre eles?
Deixa que eu mesmo repondo:
O ponto de onde se originam. A bendita da proposta de valor.
Percebe como tudo está interligado?
O que você faz para criar sua estante é simplesmente transformar seu valor em
diferentes experiências de aprendizado para as pessoas que você quer ajudar.
Quanto mais experiências você criar – desde que ela tenham qualidade – melhor
será. O motivo é que, juntas, estas experiências que você cria constroem no
mercado uma percepção muito grande de valor agregado, e automaticamente te
conferem autoridade.
Afinal, uma coisa é você ser um psicólogo com um cartão. Outra coisa é você
atuar em uma área específica, e ter uma palestra, um livro online, um curso, um
treinamento e ainda o serviço clínico por trás disso.
Faz sentido?
Imagino que sim. Mas vamos escarafunchar um pouco mais o conceito.
Página 30
Embora possa parecer óbvio, te convido a dar uma rápida olhada nos critérios que
definem “em que andar de sua estante” um determinado produto/serviço vai
ficar.
São pelo menos três critérios:
1. Investimento financeiro
2. Facilidade de consumo
3. Valor agregado
Comecemos analisando um produto do primeiro andar.
Por exemplo, um e‐book fica na prateleira mais baixa justamente por causa destes
critérios. Normalmente, você pode vender um e‐book por algo entre R$20,00 e
R$50,00. (Geralmente, quanto mais nichado o e‐book, mais caro você pode
vender). Mas vamos supor que você crie um e‐book para casais que desejam
melhorar seu relacionamento e o venda por R$25,00.
Repare que:
1 ‐ O investimento financeiro não é muito alto. É bem mais em conta que um
curso ou um processo de psicoterapia. 31
2 – O consumo é fácil. Basta baixar e ler quando quiser, não precisa se deslocar ou
reservar horas em sua agenda.
3 – O valor agregado, embora possa ser percebido como alto pelo cliente, ainda é
o mais baixo de sua estante. Com certeza quem fizer um curso terá um nível
maior de aprofundamento dos conceitos do que quem apenas leu o e‐book, e
quem se submeter a um processo psicoterápico, obviamente se aprofundará mais
ainda e tenderá a colher mais benefícios.
Relembrando:
Os produtos da estante mais baixa são aqueles que vão estabelecer uma conexão
com seu possível cliente e começar a educa‐lo emocionalmente para que ele, de
livre e espontânea vontade, decida se vale a pena buscar outros serviços que
estão “no alto” da estante.
Agora você me pergunta:
Existe a possibilidade das pessoas te conhecerem e já contratarem de cara o
serviço da estante mais alta? O de maior custo e valor agregado?
Claro que sim.
Página 31
Eu mesmo já vendi consultoria – meu serviço mais alto – para pessoas que apenas
leram um artigo meu.
É totalmente possível que algumas pessoas te conheçam e de cara já comprem
produtos do terceiro andar, mas não é muito inteligente se fiar nisso.
Às vezes, mesmo que uma pessoa não compre algo do primeiro e segundo
andares, a existência deles faz diferença na compra do produto de mais valor,
pelo efeito composto.
Alguém pode entrar em seu site, e simplesmente porque viu que você tem um e‐
book escrito e um curso muito bem avaliado, decidir contratar seus serviços
clínicos de cara.
A moral é: Quanto mais você cria, mais o mundo tende a te respeitar e a te
valorizar.
O caminho das pedras
Tudo é muito lindo no conceito, mas e na prática, como fazer acontecer?
Para ajudar nisso, que mostro agora um exemplo hipotético, mas muito plausível, 32
de como funciona a lógica da estante aplicada a um nicho. Está tudo muito
simplificado para não ficar longo demais, mas é possível perceber completamente
a dinâmica da coisa.
Para manter coerência, vamos continuar falando do nicho relações amorosas, já
que foram dados vários exemplos relacionados a ele neste módulo.
Acompanhe comigo:
Você decide que vai trabalhar com casais, ajudando na manutenção de um
relacionamento saudável, e faz seu site. Então, para se divulgar, começa a
escrever artigos sobre relacionamento e ganha a atenção de algumas pessoas.
Em seguida, cria uma página no Facebook, escreve ainda mais textos, grava
vídeos, e começa a ter ainda mais atenção;
Tudo indo bem, mas você não ganhou nem um tostão ainda. (E é assim mesmo no
início).
Você se mantém alimentando seu site e a página do Facebook consistentemente,
e o público vai aumentando cada vez mais. Paralelamente a isto você está
estudando, se aprofundando e buscando entender cada vez mais sobre seu nicho.
Página 32
Até que um dia, depois de “nutrir’ bem o seu nicho por alguns meses, você decide
que chegou a hora oferecer serviços e produtos a estas pessoas, e é aqui que sua
estante de serviços começa a entrar em ação.
Vejamos:
Andar 1‐ Baixo custo de entrada
Com sua página movimentada no Facebook, e seu site começando a ter
movimento, você decide que vai criar um produto com baixa barreira de entrada
e resolve escrever um e‐book sobre relacionamentos, vendendo‐o por um preço
de 25,00 na web.
Se você fizer um bom trabalho com seu site e sua divulgação – calma que
chegaremos lá ‐ e o e‐book for bom, as pessoas vão comprar.
Depois de perceber que o e‐book está sendo aceito e até comentado (vendeu
cerca de 45 e‐books em 2 meses), você então resolve que vai transformá‐lo em
um workshop para casais. Este workshop é simples, dura apenas um dia, e você
cobra um valor de R$200.00 por casal, esperando que compareçam cerca de 20
casais.
E mais, você foca a divulgação deste workshop naquelas pessoas que compraram 33
o e‐book e já conhecem um pouco do valor que você tem a oferecer.
Então, como foi tudo bem planejado, seu workshop é um relativo sucesso, com a
presença de 15 casais que ficaram muito satisfeitos com o trabalho.
Agora perceba: Estas pessoas já leram seu e‐book e gostaram do seu workshop.
Será que estão prontas para os serviços do próximo andar?
É o que vamos ver.
Andar 2: Serviços com média barreira de entrada
Agora que seu workshop de entrada foi um sucesso, você resolve criar uma
experiência ainda mais profunda e transformadora, e organiza um retiro, de um
final de semana, que vai envolver exercícios vivenciais, psicoterapia em grupo e
outras técnicas.
Página 33
As pessoas que compraram seu e‐book e/ou foram ao seu workshop inicial, são
fortes candidatas a investirem neste novo produto, pois já conhecem sua
competência e acreditam no valor que você tem a oferecer.
Então, dos 15 casais que fizeram seu workshop inicial, 6 resolvem fazer o retiro, e
aqui está você, vendendo um produto com mais valor agregado.
Só que tem mais. Embora nem todos os casais que fizeram o worskshop de
entrada tenham aderido a este, muitos comentaram com amigos que se
interessaram, e isto te rendeu mais 4 inscrições para o retiro.
Estamos falando agora de 10 casais, cada um deles pagando R$1200.00 por uma
experiência de um fim de semana inteiro trabalhado questões de seu
relacionamento.
Partindo do princípio de que seu retiro seja um sucesso, e que ao final do
domingo estejam todos gratos, eu pergunto de novo:
Estariam eles prontos para o andar mais alto?
Andar 3: Serviços com alta barreira de entrada
Agora a coisa um pouco de figura.
34
No caso dos serviços de alta barreira de entrada, você não faz exatamente um
lançamento como dez com um e‐book ou workshop. As pessoas é que tem que
pedir por eles.
É que eles são, como você já viu, serviços mais personalizados, em que o suporte
é contínuo e a abordagem costuma ser individual – ou neste caso, em casal. E eles
são considerados de alta barreira de entrada justamente por serem mais custosos
e demandarem mais tempo e dedicação do cliente.
Então, funciona mais ou menos assim:
Dos 1o casais que fizeram o retiro com você, é provável que 3 se interessem em
continuar com você no consultório, ou para trabalharem algum aspecto que ainda
não está satisfatório, ou simplesmente para fazerem a manutenção de uma
relação saudável.
Mas note que a iniciativa foi deles. Você não mandou e‐mail ou fez banner
oferecendo psicoterapia.
Na verdade, a procura pelo serviço do andar mais alto foi uma consequência
natural do consumo dos serviços e produtos dos andares mais baixos. É por isso
Página 34
que eu disse que quanto menos você se foca exclusivamente me psicoterapia,
mais chances você tem de atrair clientes para ela.
___________________________________________________________
Enfim, estamos acabando o segundo tópico e tenho certeza de que você
entendeu a lógica do processo.
Mas talvez esteja se perguntando:
Eu vou ter que aprender a criar tantos formatos de produtos e serviços assim?
Tenho que escrever um e‐book? Fazer um workshop simples? Depois criar um
maior? Lançar um curso? Ter uma palestra?
Se quiser aumentar drasticamente seus resultados, sim.
Mas deixe‐me facilitar as coisas. Você não precisa ter uma grande diversidade de
produtos logo de início (nem mesmo depois).
Se quiser ter muitos produtos e serviços, pode, e eu até recomendo. Mas também
é possível ter apenas um em cada estante.
Por exemplo, se você trabalha com educação infantil, pode ter um e‐book + curso
para mães + psicoterapia. Cada produto está em uma estante diferente e cumpre 35
seu papel de gerar credibilidade e captar o interesse dos clientes com diferentes
possibilidades de investimento.
Então não se desespere pensando que você vai ter que se tornar uma máquina de
criar produtos e serviços. Isto não é necessário.
Mas aqui entra um ponto curioso. Talvez você queira!
Já vimos que todos os módulos deste curso estão interligados, e que o
aprendizado de cada parte se reflete em um todo maior. O que quero dizer com
isso é o seguinte:
Se encontrar um nicho com que você realmente se importe, e se tornar
realmente muito competente nele, você provavelmente VAI QUERER criar
diferentes experiências de aprendizado e crescimento para seus clientes.
Vai ser divertido e recompensador!
Entenda que o processo de criação não é para ser mecânico ou forçado, e sim o
fruto natural de seu desejo de ajudar as pessoas. Quando se está no nicho certo,
há um prazer natural em decompor seu conhecimento nestes diferentes produtos
e serviços.
Página 35
Dá trabalho e exige esforço? Claro que sim.
Haverá momentos em que você desejará descansar, mas tem algo a produzir
(minha cama está olhando pra mim enquanto escrevo isto), só que a motivação e
a conexão emocional com o trabalho fazem você se superar e continuar.
Aspectos não tão óbvios da lógica da estante
Agora que a lógica da estante já foi exaustivamente explicada e exemplificada,
deixe‐me desconstruir algumas coisas para que você possa ficar com a mente
“livre” e exprimir toda a sua criatividade!
Sabemos que a estante tem que ter 3 andares, certo?
Errado.
A sugestão dos 3 andares é baseada na lógica de mercado da qual falei, de
produtos de entrada, intermediários e top de linha. Mas sua estante pode ter 36
dois, quatro, ou até mais andares se você quiser.
Claro que se houver apenas um andar – só psicoterapia, por exemplo ‐ não é uma
estante, é apenas uma oferta isolada.
É preciso que haja no mínimo dois andares para ser uma estante.
Mas eu sinceramente recomendo que você crie ao menos 3, pois é um número
razoável, e pense bem: Se o seu produto/serviço top de linha é a psicoterapia,
você terá que criar apenas outros dois para as estantes mais baixas.
Os produtos da estante mais alta são os mais lucrativos, certo?
Errado de novo.
O motivo é simples: Os produtos e serviços que estão nos lugares mais altos, no
caso de psicólogos, geralmente não têm escala.
Vejamos isso melhor:
Página 36
Quando vende um processo psicoterápico por exemplo, mesmo que você cobre,
digamos, 150,00 por seção – um bom valor financeiro‐ esta é a receita máxima
que você vai ganhar por uma hora do seu tempo.
Se você atender a 2 pacientes fixos por dia – um número razoável ‐ serão
R$300,00. Em 22 dias úteis num mês, serão R$6.600.00
Está muito bom, não está?
Mas agora vamos supor que:
1 ‐ Você faça um curso presencial de “Organização Pessoal” com duração de 16
horas, cobrando 450,00 por pessoa, e consiga 25 alunos. Estamos falando aí de
uma receita bruta de R$11.250,00 para algo em torno de 40 horas de trabalho.
(16 para ministrar o curso e mais 24 para preparar, vender, organizar)
2 – Você seja especialista em crianças e tenha uma palestra especial que você
vende para escolas públicas e privadas por R$3000,00. Lembre‐se, este dinheiro é
para falar por UMA HORA.
3 – Você lança um curso online sobre relações amorosas, que dura 4 semanas,
cobrando R$250.00 por pessoa, e consegue 100 alunos. Estamos falando de
R$25.000,00. Você acha difícil conseguir 100 alunos em um nicho pagando 37
R$250.00 cada um?
Uma edição deste curso que você está fazendo agora têm em média 80 inscritos,
e custa, em média, cerca de mil reais.
Entendeu a magnitude da coisa?
Por incrível que pareça, seus produtos do andar mais alto podem ser, de certa
forma, menos rentáveis que os do segundo andar.
No meu caso, como já disse, meu produto mais alto é a consultoria, pela qual
cobro hoje entre 200,00 e 250,00 a hora avulsa, e um pouco menos no caso de
um pacote fechado com vários encontros. Ainda assim, do ponto de vista de
rentabilidade, vender uma palestra ou um curso como este, é muito melhor do
que ter vários clientes de consultoria.
A pergunta a ser feita é: O que realiza mais?
Eu recomendo fazer um mix, atuando com serviços de todos os andares e assim
garantindo uma boa renda ao mesmo em que ajuda a um número cada vez mais
amplo de pessoas.
Página 37
Tudo claro até aqui?
Então vamos para o terceiro tópico, porque agora chegou a hora de você
aprender alguns passos iniciais para construir três de seus produtos/serviços.
38
Página 38
Página 39
3.3–E-books, Workshops e
Palestras
Caro colega psicólogo, digo mais uma vez:
Não se assuste com a complexidades das coisas antes de começar a fazê‐las.
Para colocar em prática tudo o que está aprendendo neste curso, você já sabe
que vai precisar desenvolver uma série de competências paralelas a seu
conhecimento em psicologia.
Digo desenvolver, por que talvez você já as tenha em algum nível e precise apenas
aprimorá‐las. E para fazer isto, logicamente, você vai ter que procurar outras
fontes de conhecimento.
Mas é tudo a seu tempo.
Por exemplo, se você não é bom em palestrar, é interessante entrar em um curso
de oratória ou de apresentação em público.
40
Se o caso é melhorar sua escrita, um curso de redação criativa pode ajudar a
refinar alguns pontos. Se a questão é aprender a montar um curso online, existe
muito material a respeito disso gratuitamente na web.
Aceite o fato: provavelmente há MUITA coisa que você vai precisar estudar e
desenvolver para potencializar o funcionamento das técnicas que está
aprendendo aqui.
No entanto, isto não significa que eu vou te deixar à própria sorte.
Portanto, nas próximas páginas você será apresentado a três tutoriais básicos
para dar os primeiros passos em relação a:
1. Escrever um E‐book
Existem cursos que ensinam isto, e até material gratuito na web. Pena que a
maioria está em inglês. De qualquer forma, aqui vou te dar um passo a passo
simples, mas bastante completo para você começar a criar seu primeiro e‐book.
Depois é só você se aprofundar.
Como vimos, o e‐book é um produto que fica na parte de baixo de sua estante, e
serve para captar a atenção das pessoas de seu nicho por um preço baixo. Se
Página 40
quiser você pode até oferecer o e‐book de graça como forma de divulgar seu
nome.
E outro ponto importante: Ao criar um e‐book você necessariamente estará
fazendo um exercício de reflexão sobre seu conteúdo e escrita, e isto é altamente
importante para você se destacar no ramo da venda de conhecimento.
2. Montar um Workshop
Embora não exista uma fórmula única, a tarefa de montar um workshop obedece
a alguns princípios lógicos que tornam tudo mais fácil.
Neste caso, convidei o psicólogo e coachPedro Paulo de Souza para contribuir
apresentando um tutorial básico, porém completo, de como transformar seu
conhecimento em uma experiência de aprendizado instigante e valorosa.
O que você vai aprender é uma estrutura elementar que pode ser adaptada para
criar um workshop voltado especificamente para seu nicho. Como já vimos,
embora seja um produto do “meio” da estante, o workshop pode ser até mais
rentável que produtos lá de cima.
3. Construir uma palestra
De todas as tarefas um pouco mais “complexas”, a palestra costuma ser mais fácil. 41
Organizar um workshop ou escrever um e‐book geralmente dão mais trabalho. No
entanto, a palestra tem aquele elemento de exposição que provoca muita
ansiedade.
Se você comete um erro num workshop de 16 horas, tem tempo para reverter
isso. Um e‐book pode ser reeditado, mas na palestra geralmente você tem em
torno de 70 minutos para brilhar ou se queimar.
Nesta parte você vai aprender um pouco do básico para se montar uma palestra.
Não vamos falar de técnicas avançadas de oratória ou presença de palco, e sim te
mostrar como montar uma estrutura simples e lógica, tomando cuidados
essenciais para impressionar positivamente o público.
Se estiver pronto, vamos lá:
1 – Escrevendo um e‐book
No final do ano de 2008 eu havia acabado de escrever meu primeiro e‐book. O
nome dele é “Terminei a Faculdade, e agora?”.
Página 41
Depois de pronto, ele foi “lançado” através de um site específico criado por uma
rede de portais, e para meu completo espanto na época, vendeu.
Não vendeu muito, pois tiramos ele do ar para fazer uma edição melhor, que
acabei não fazendo ainda por causa de outros projetos que surgiram, mas me
lembro de ter lucrado em torno de R$2000.00 no tempo em que ele ficou online.
Depois disso, já escrevi um e‐book sobre entrevistas de emprego, que é vendido
junto com o curso de mesmo nome, e estou escrevendo este. É que se você
reparar bem, todos os módulos deste curso podem muito bem dar um livro.
A primeira coisa a entender é em relação a este assunto é: Escrever um e‐book é
um grande desafio.
A segunda coisa: É totalmente possível.
O trabalho é intenso por que trata‐se, no fim das contas, de escrever um livro
mesmo. Aliás, algumas pessoas me perguntam qual a diferença de um e‐book
para um “livro”.
Teoricamente, nenhuma.
Um e‐book é apenas um livro em formato eletrônico, por isso tem o “e” na frente.
No entanto, por não terem um custo alto de produção e distribuição, e‐books 42
podem se dar ao luxo de serem mais curtos e não terem grandes pretensões
financeiras.
Por isso vemos e‐books de todos os tamanhos e formatos, alguns com cerca de 40
páginas e outros com mais de 200.
E‐books são baratos de serem produzidos, e quando bem feitos, geram um
POUCO de receita e MUITA credibilidade. Enfim, no processo de criação de meus
dois primeiros e‐books, e até mesmo neste, eu fiz algumas – como qualquer
pessoa ‐ coisas erradas e outras coisas certas.
Vamos a um sumário das principais lições que aprendi, e que podem te ajudar a
começar com o pé direito:
Página 42
Razões para escrever um e‐book
Para vender e lucrar:
Muita gente ganha um dinheirinho bom com e‐books. Mas este não deve ser seu
objetivo principal. Saiba que é quase impossível você ficar rico vendendo e‐books.
Eles são simplesmente uma “base” para objetivos e possibilidades maiores.
Mas mesmo que o ganho seja pouco, pelo menos é um ganho que se encaixa no
conceito de renda passiva. Em outras palavras, uma vez que você escreve e coloca
o e‐book na web, as pessoas compram sem você ter que fazer praticamente nada.
Imagine estar almoçando e descobrir que R$25.00 simplesmente entraram na sua
conta enquanto você mastiga uma batata. É assim.
Para oferecer de graça – E ganhar credibilidade
Um palestrante do qual gosto muito, chamado Mário Persona, resolveu colocar
muitos de seus e‐books em downloads gratuitos na web, e vender outros a preço
de banana.
Isto é uma estratégia deliberada. Quanto mais e‐books por aí, mais conhecido ele
fica como palestrante. O foco dele não é ganhar dinheiro com os e‐books, e sim 43
com as palestras. E‐books servem para dar credibilidade e propagar seu nome.
Para aprofundar seu conhecimento
Eu já disse no curso que, o momento no qual você mais aprende algo é quando
tem que ensinar. A tarefa de escrever um e‐book vai fazer com que você
necessariamente se debruce com fervor sobre algum assunto, e isto, acredite em
mim, vai aumentar muito seu nível de conhecimento naquele campo específico.
Aspectos a considerar
É muito trabalho
Não é nada ultra complexo ou difícil, é apenas demorado e exige muita
concentração. Encare como algo semelhante a fazer um TCC, só que sem todas as
regras chatas da ABNT. Seu livro pode e deve ter embasamento científico, mas é
um embasamento pressuposto. Você não vai ficar fazendo citações e escrevendo
notas de rodapé.
Página 43
Por exemplo: Você está lendo o 3º módulo de um curso sobre empreendedorismo
e marketing para psicólogos. Tudo que escrevo aqui não sai simplesmente da
minha cabeça. É uma mistura de literatura sobre marketing, empreendedorismo,
e minhas vivências e experiências. Mas eu não fico fazendo citações dentro dos
moldes de trabalhos científicos.
Você deve procurar se embasar seriamente para emitir quaisquer opiniões e dar
quaisquer sugestões, mas não precisa, e nem deve assumir um formato
excessivamente acadêmico.
Você precisa de disciplina
Não há outro jeito. Você tem que ser disciplinado.
Separe um tempo para trabalhar em seu e‐book, e considere‐o sagrado.
Mas use o bom senso.
Não pare sua vida para escrever em e‐book, ou você vai desistir. Eu diria que
separar uma hora de seu dia‐ todos os dias ‐ para trabalhar nele é suficiente,
desde que você siga isto à risca. Claro que em alguns dias não vai dar para
trabalhar uma hora inteira, e em outros você vai estar tão envolvido que pode
passar mais de 3 horas trabalhando. 44
Mas pelo menos você tem uma programação.
O que não pode acontecer é você deixar as coisas soltas e ir fazendo de vez em
quando. Assim, acredite em mim, o trabalho nunca vai ficar pronto.
É preciso pesquisar:
Por mais que você entenda do assunto, você deve ler artigos ou trechos de livros
que possam adicionar informações relevantes.
Por exemplo, antes de escrever esta parte aqui, eu pesquisei uns 5 artigos sobre
como escrever e‐books, li trechos de alguns, peguei partes de outros, e aqui estou
adicionando meus comentários e meu estilo.
Lembra do que te falei sobre não reinventar a roda?
Não é para você sair copiando coisas dos outros, mas é para absorver muito
material e enriquecer o seu, criando seu estilo próprio.
Página 44
Escolhendo seu tópico e título
É óbvio que seu tópico deve estar relacionado a seu nicho. Você não vai escrever
um e‐book sobre como cultivar feijão orgânico se você quer vender serviços de
orientação de carreira.
Só que além deste ponto óbvio, há alguns cuidados interessantes a serem
tomados para “enviesar” seu e‐book da maneira certa.
Basicamente, você pode criar seu e‐book tendo como ponto de partida qualquer
uma das três lógicas abaixo:
Resolver um problema
Seu e‐book neste caso tem um foco muito pragmático, e evidencia isso no título.
Estes são os famosos “Howto” que os norte‐americanos tanto usam. O primeiro
contato com o e‐book já denota seu caráter de “como fazer” a respeito de um
determinado tema.
Exemplos:
Como lidar com seu filho pré‐adolescente;
Como terminar um relacionamento de forma saudável; 45
Como gerenciar sua ansiedade em momentos de tensão.
Veja que estes títulos são objetivos, vão direto ao ponto, e servem para e‐books
menores, que sejam quase um tutorial comentado a respeito de algum tema.
Esclarecer e ponderar sobre um medo
Todos nós temos medos. E um medo é sempre uma dor.
Novamente, aqui temos o conceito de persona: De quem é a dor que você vai
sanar? Que dor é esta?
O ponto de partida para seu livro pode se referir justamente a esta dor, este
medo, esta angústia que você vai ajudar a ser superada.
Exemplos:
Terminei a faculdade, e agora?
Meu cônjuge tem câncer, o que eu faço?
E quando meu filho ficar adolescente?
Página 45
Este tipo de e‐book, embora vá sim, oferecer dicas para resolver problemas e
melhorar a vida, tem um caráter um pouco mais contextual. Não é simplesmente
um tutorial. Ele trata de maneira reflexiva sobre o assunto, oferecendo pontos de
vista e insights que enriqueçam o universo do leitor.
Perceba que o título conversa de maneira emocional com o público alvo, e a ideia
é justamente esta: Gerar conexão e despertar curiosidade.
Satisfazer uma curiosidade
As pessoas são curiosas. Elas se perguntam sobre várias coisas o tempo todo. É
por isso que as revistas de fofoca fazem tanto sucesso. Seu e‐book pode se
aproveitar deste aspecto do ser humano e partir do viés de “satisfazer
curiosidades específicas”.
Exemplos:
O que seus filhos adolescentes pensam sobre sua geração?
Sindrome de burnout, será que você tem e não sabe?
Família intrometida, o que você deve saber para lidar melhor com ela!
Neste caso, note você não está se focando exatamente em oferecer um tutorial, 46
nem mesmo em explorar algo que seja abertamente um medo, e sim em dar mais
informações a respeito de um determinado tema.
IMPORTANTE
Escolha o viés que quiser, tome cuidado para não cair no tecnicismo. As sugestões
dadas acima não são apenas de temas, mas também de títulos. O seu título é o
que captura a atenção do leitor.
Conheço um autor que diz que você deveria gastar 50% do tempo de produção de
um artigo só pensando no título, de tão importante que é. No caso de e‐books,
não precisa gastar 50% do tempo, mas dedique‐se com afinco.
Seu título tem que ser atraente e interessante, mas não apenas para você ou para
outros acadêmicos. Tem que ser interessante para o público de seu nicho.
Os mesmos temas sugeridos acima, tratados a partir de títulos técnicos, nem de
longe tem o mesmo impacto.
Veja estes títulos:
Aspectos relacionais da relação pais e filhos: uma leitura psicanalítica;
Página 46
Sintomas encobertos da síndrome de Burnout, e como identificá‐los.
Percebe a diferença?
Não estou dizendo que estes títulos não vendam. Mas são muito menos
“interessantes,” do ponto de vista de marketing, do que os exemplos dados
anteriormente.
A verdade é que são títulos chatos.
Um último exemplo:
Um dos livros de finanças mais vendidos no Brasil até hoje, é do consultor e
palestrante Gustavo Cerbasi. Pelo assunto tratado, o nome poderia muito bem
ser: Orçamento doméstico e investimento para casais.
Não seria um nome ruim, e nem está acadêmico. Mas sabe qual ele pôs?
“Casais inteligentes Enriquecem Juntos”. 47
Fez um tremendo sucesso.
A “pegada” de seu e‐book tem que ser emocional e ter uma conexão com os
sonhos, dores, dificuldades e curiosidades das pessoas. Tem que ser, para usar
uma expressão bem adequada, “Pop”.
Desta forma você tem muito mais chances de alcançar o público.
Estrutura do livro
A maioria das pessoas se assusta frente à possibilidade de escrever um livro por
que parece que é MUITA coisa para processar ao mesmo tempo. Como o volume
de informação é grande, e tudo precisa se conectar, muitas ficam perdidas sem
saber por onde começar.
Aqui eu afirmo: é tudo uma questão de técnica.
Se você não tem técnica, realmente parece muito confuso e trabalhoso.
Para escrever um livro – ou mesmo um artigo grande – a melhor abordagem é
começar do geral para o específico. Isto significa estruturar os pontos chave da
mensagem antes, para depois ir recheando estes pontos com conteúdo.
Página 47
Em inglês, isto se chama criar uma “outline”, uma espécie de linha mestra a partir
da qual você vai desenvolver seu raciocínio. Quando faz isto você obtém uma
visão total do tema, da lógica, da estrutura maior, e então fica muito mais fácil se
situar.
Por exemplo, quando concebi a parte didática deste curso, a primeira coisa que fiz
foi criar uma linha mestra. Para isto eu pensei em sete pontos principais, que aqui
são chamados de módulos, mas poderiam muito bem ser chamados de capítulos
São eles:
0 – Entendendo a psicologia como um negócio (Módulo Introdutório);
1 – Posicionamento de mercado;
2 – Construindo suas bases;
3 – Desenvolvendo seus produtos e serviços;
4 – Manifestando conhecimento e gerando credibilidade;
5 – Estratégias de venda e captação;
6 – Um plano de ação para você.
48
Perceba que quando estruturei estes pontos acima, eu não sabia os detalhes do
que eu escrever dentro de cada parte. O que eu queria era uma linha lógica geral
que me ajudasse a pensar de maneira organizada.
Claro que eu já tinha muitas ideias, havia estudado muitas coisas, mas eu ainda
não sabia como as coisas iam ser na prática, no detalhe. O objetivo era conceber
uma estrutura geral que orientasse minha criação.
Sua “outline” é a primeira coisa que você precisa fazer justamente por isso. É ela
que vai te guiar e evitar que você se perca em seus próprios pensamentos.
Por exemplo, se você vai escrever um e‐book para casais que precisam melhorar
seu relacionamento, uma outline possível seria algo mais ou menos assim:
Obs: Eu não fiz nenhuma pesquisa para escrever esta outline, saiu da minha cabeça
apenas para ilustrar a lógica do processo. Por isso, não seja muito exigente.
1 – Homens X mulheres: a eterna disputa;
2 – Entendendo como os homens pensam;
3 – Entendendo com as mulheres pensam;
Página 48
4 – O relacionamento no dia a dia: técnicas para o bom diálogo;
5 – As finanças e o casal, um assunto delicado;
6 – Quando o relacionamento esfria;
7 – Redescobrindo e renovando, o segredo do amor que dura.
Perceba que a estrutura não é aleatória, ela busca fazer sentido. Começa
contextualizando sobre o casal, fala um pouco de cada um, depois aborda temas
típicos relacionados aos problemas de um casal, e termina com uma mensagem
positiva.
Esta é a linha mestra a ser seguida para começar com o recheio.
Depois de criar esta linha mestra, o que você faz é dividir cada um deste pontos
em três (ou quatro, ou cinco...) pontos menores, que serão os tópicos internos de
cada capítulo.
Aqui neste curso, você deve ter notado que cada módulo se subdivide em três
tópicos, além de conter uma introdução e uma conclusão.
Veja o exemplo deste módulo que você está lendo:
3 –Desenvolvendo seus produtos e serviços 49
Introdução
3.1 ‐ Decompondo seu conhecimento em produtos e serviços
3.2‐ Construindo sua estante de ofertas
3.3 – E‐books, workshops e palestras
Conclusão
___________________________________________________________
Entendeu a lógica?
Depois disso, é hora de fazer o recheio, que será criado a partir das pesquisas que
você fez e de seu conhecimento profissional a respeito do tema do qual está
tratando.
No momento em que escrevo estas palavras aqui, por exemplo, eu estou
justamente “recheando” uma parte do tópico 3.3.
Página 49
Pontos a considerar sobre a “outline”.
Você não precisa começar OBRIGATORIAMENTE com uma outline. Se quiser pode
ir escrevendo as partes soltar e depois juntar. Mas eu recomendo fortemente que
você a use, porque isso te dá uma visão mais ampla e não o deixa se perder.
No entanto, não pense que sua outline é imutável. Ela não é. Não deve ser.
A outline é apenas uma referência que pode ser modificada ao longo do caminho.
Talvez, no meio da criação do e‐book, você perceba que algum capítulo precisa
ser adicionado, ou alguma parte retirada, e você deve fazer isto.
Dificilmente um livro termina com a mesma outline com que começou. Trate‐a
como um ponto de partida, jamais como algo que te amarra.
Estilo de escrita
Entenda uma coisa: você não precisa ser um machado de Assis para escrever um
e‐book. Precisa apenas ter disposição, um português decente e senso de lógica.
Sua escrita, sua “pegada”, seu estilo de dizer as coisas, são únicos, e você os
desenvolverá conforme pratique mais e mais. Ainda assim, posso dar uma
sugestão que faz toda a diferença:
50
Escreva de maneira conversacional.
Isto quer dizer: Escreva como se você estivesse falando, conversando com a
pessoa. Isto pode ser difícil se você está acostumado a textos acadêmicos, mas é
preciso fazer um esforço neste sentido.
Um exemplo de escrita conversacional é este curso.
Eu escrevo da maneira como falo. É como se eu fosse contando casos e
explicando a lógica por trás deles. Na verdade, escrever de forma conversacional
é até mais fácil do que escrever de forma acadêmica. Tudo é uma questão de
tentar.
Entenda que, para a coisa ficar realmente interessante e palatável para o público
leigo, você precisa colocar sua “personalidade” no texto.
Conte casos, dê exemplos, faça alguma brincadeira.
Ninguém gosta de textos muito acadêmicos. Acho que nem os próprios
acadêmicos gostam, e o motivo é bem justo: Eles são um PORRE às vezes.
Página 50
O leitor não quer ter a impressão de que está “estudando”, e sim de que está
obtendo valor em uma espécie de “bate papo” gostoso com você.
Apenas isto.
___________________________________________________________
Pois então, esta foi a última das dicas sobre e‐books, se não isso aqui vai se tornar
um e‐book sobre “como escrever e‐books”.
Só para fecharmos o raciocínio, os passos são:
Escolha um tema relacionado aos serviços que você quer vender e ao seu
nicho;
Enviese o assunto de forma interessante, crie um título chamativo;
Crie uma linha mestra para te orientar, e vá a subdividindo e “enchendo”
as partes;
Escreva de maneira conversacional para não matar o leitor de tédio;
Espero que o assunto e‐books esteja um pouco mais claro para você agora, mas
não se iluda. Se você for realmente escrever um, procure por mais informações na
web.
51
2 ‐ Montando e executando um workshop
Como você deve ter lido na introdução da terceira parte, para este sub‐tópico
temos um convidado muito especial. O psicólogo e coach Pedro Paulo de Souza.
Não é que eu tenha enjoado de escrever ou esteja sem criatividade. É que, como
diz o ditado, cada macaco no seu galho. Eu conheço e ministro muito bem
workshops, mas sinceramente, creio que o Pedro é um profissional mais
capacitado para falar sobre isso.
Trata‐se de um profissional extremamente experiente na área de workshops, e
que agora vai compartilhar conosco seus insights a respeito desta modalidade de
serviço.
Fiquem com ele então!
___________________________________________________________
Pedro Paulo de Souza.
Página 51
Como você já sabe, o workshop é um dos produtos de sua estante que pode
contribuir para a construção de sua credibilidade e a captação de clientes para
outros serviços, inclusive a clínica.
Nosso objetivo aqui é lhe fornecer um passo‐a‐passo simples, mas detalhado, de
como montar um workshop bem‐sucedido.
Mas, antes disso, precisamos nos situar.
O que, afinal, é um workshop?
O workshop é uma das formas de apresentação de conteúdo para aumentar o
conhecimento das pessoas sobre algum tema. Vejamos resumidamente quais são
outras possibilidades, cada qual com suas características:
Palestra: Tem o objetivo de apresentar de forma sucinta algum assunto, por isso
possui curta duração. Deve ter um toque de entretenimento;
Cursos: Consiste no detalhamento de determinado assunto ou conjunto de temas
com o foco de “treinar” ou “ensinar a fazer”. O foco está mais na teoria que na
prática, porém, não a exclui. É indicado para pessoas que têm baixo ou nenhum
conhecimento sobre o assunto.
Mesa‐redonda: É uma reunião do tipo clássica, preparada e conduzida por um 52
coordenador, que funciona como elemento moderador, orientando a discussão
para que ela se mantenha sempre em torno do tema principal. Os expositores
têm um tempo limitado para apresentar suas ideias e para o debate posterior.
Normalmente, a mesa‐redonda está inserida em eventos mais abrangentes. É
utilizada quando o assunto ainda não está consolidado e suscita discussões.
Simpósio: Reunião para a discussão de um determinado tema (uma nova técnica,
por exemplo). Aqui não são apresentadas as conclusões de uma pesquisa, mas
sim impressões sobre um determinado assunto que é colocado em debate. Vários
oradores debatem o tema na mesa, muitas vezes com a participação do auditório.
A diferença fundamental entre o simpósio e a mesa‐redonda é que no simpósio os
expositores não debatem entre si os temas apresentados.
Página 52
Congresso: Reunião de especialistas em determinada área do conhecimento para
a apresentação de pesquisas e estudos científicos. Geralmente de manhã e/ou à
noite são realizadas conferências com professores convidados e à tarde há
apresentações de comunicações inscritas previamente pelos participantes e
aprovadas pela comissão organizadora do evento.
O Workshop, nosso tema de trabalho aqui,tem o caráter de treinamento.
Sua duração é maior que uma palestra e menor que um curso tradicional. O
objetivo consiste em aprofundar a discussão sobre temas específicos e, para isso,
apresenta casos/ técnicas/ exercícios práticos. O público participa intensamente,
com o objetivo de sair do encontro com competências para fazer algo relacionado
ao assunto abordado.
Uma vez que o APRENDIZADO é o foco do workshop, todo o seu planejamento
deve gravitar em torno disso. Tudo deve ser pensado, executado e avaliado sob o
prisma da seguinte pergunta “o quê, de útil, o participante levará daqui?”.
Planejando seu workshop
Avaliado qual o seu nicho e o público relacionado a ele, defina o tema, 53
submetendo‐o a algumas perguntas:
Esse tema é relevante PARA O MEU PÚBLICO?
Faça pesquisas com amostras do seu público, medindo o interesse sobre o tema
que você está planejando, e tenha um plano B, caso o público não se mostre
interessado pelo que você propõe.
A pesquisa deve ser simples, com perguntas fechadas cujas respostas possam
facilmente ser tabuladas em uma planilha simples de Excel. Essa pesquisa deve
trazer dados também sobre os dias da semana possíveis, horários e o valor
possível para os participantes.
Página 53
Veja um exemplo, que apliquei com alunos de psicologia:
Que curso/ oficina/ capacitação você gostaria de fazer (marque por prioridade: 1 ‐
mais prioridade, 4 ‐ menos prioridade)
1 2 3 4
Empreendedorismo para psicólogos
Técnicas para entrevista profissional
Técnicas de coaching
Técnicas/ dinâmicas para elaboração de treinamentos
Capacitação em Gestão e Liderança
Técnicas de apresentação de trabalhos
Outro. Qual? (coloque sua sugestão)
R$
Quanto você pagaria por um curso/ oficina de 4 horas? R$ xx R$ xx R$ xx xx
(marque apenas uma opção, com honestidade)
Em quanto tempo você acredita que faria/ começaria a capacitação?
( ) ainda este ( ) nos próximos ( ) nos próximos ( ) em um ano
mês 3 meses 6 meses
4 horas 8 horas 16 horas 24 horas 54
Qual a carga horária adequada?
sexta sábado Sexta e Outro
sábado (qual?)
Qual(is) o(s) dia(s) mais adequado(s)?
Tenho domínio do tema?
É importantíssimo que você tenha um nível de conhecimento consistente do
assunto a ser abordado, a fim de não colocar em xeque sua autoridade sobre o
tema. Veja que eu digo “consistente”, ou seja, seu nível de domínio não precisa
ser de PhD; precisa ser o suficiente para contribuir com seu público de maneira
relevante.
Muitas vezes, protelamos nossa exposição, nossa “estreia”, por não nos
considerarmos bons o bastante. Só que essa conclusão normalmente é tirada com
base em comparações com profissionais da área.
Eles NÃO SERÃO SEUS CLIENTES!
Por isso, seu produto/serviço/ conhecimento tem que ser bom o bastante para
resolver de maneira consistente o problema de quem vai pagar por ele.
Página 54
Obviamente que não nos nivelaremos pela mediocridade! A melhoria contínua, a
busca das técnicas e ferramentas mais avançadas deve ser uma constante em
nossa carreira.
Então, uma vez determinado o tema, busque conhecê‐lo ao máximo, pesquise,
converse com outros profissionais, elabore sua apresentação bem embasada
teoricamente, mas de forma que consiga transmitir conteúdo de maneira
atraente, na linguagem do seu público.
O que nos leva à próxima pergunta:
Quem é o público do seu workshop?
A quem se destina seu workshop? Gênero, faixa etária, segmento social,
colocação profissional são informações essenciais para o sucesso do evento.
Novamente, lembre‐se de sua persona. E não se esqueça, que dentro de um
mesmo nicho podem haver variações de público.
Um workshop sobre carreira pode ser feito tanto para jovens no início da vida
profissional quanto para executivos maduros que desejam de reciclar.
Você de fato precisa ter um público alvo, para trabalhar melhor não somente o
tema do seu workshop, como também a publicidade dele. 55
A definição de seu público é fundamental para que se estabeleça:
Como o tema será desenvolvido: a linguagem, o uso dos recursos audiovisuais, a
duração, os exercícios/ dinâmicas;
Estrutura física: conforto do público, áreas de risco, potenciais distratores,
acessibilidade, quantidade/ disponibilidade de sanitários;
Periféricos: alimentação, equipe de apoio, plano de contingência (kit de primeiros
socorros, por exemplo).
Como o workshop será estruturado?
Seu workshop pode ter a duração que você achar ideal, mas saber dividir o evento
em blocos diferentes torna‐o muito mais atrativo.
A absorção do que é composto o workshop é muito mais atraente e maior se você
planejar intervalos, blocos, diferentes tipos de abordagem ao mesmo tempo e
outras ideias que podem ocorrer para a ocasião.
Página 55
objetivo do encontro deve ser estabelecido e a ele ser dada a prioridade, o
melhor do tempo deve ser utilizado para que o público capte a essência do
conteúdo.
Ensaios cronometrados devem ser feitos, a fim de que o tempo seja bem
administrado.
O cronograma do evento deve ser de conhecimento do público e qualquer
variação deverá ser comunicada/ negociada com o público.
Qual o objetivo do workshop?
Quais competências seu público vai adquirir no seu evento? Depois do encontro,
o que o seu público vai aplicar do aprendizado?
É em torno desse eixo central que seu evento deve ser desenvolvido.
Muitos profissionais se perdem nisso, ao dar ênfase a questões menos
importantes ou sobrecarregar o público de informações, fazendo com que o que é
essencial se perca.
A partir do objetivo, as técnicas de apresentação, os exercícios/ dinâmicas/ jogos/
discussões de caso serão colocados dentro do cronograma, sendo o fio condutor
de todas as atividades. 56
Que possibilidades meu workshop oferecerá?
Quando você projeta um workshop, tem em mente o público alvo, como foi dito
acima. Mas mesmo tendo planejado tudo e sabendo que as pessoas que
participarão do evento estão interessadas no assunto, oferte diversas opções de
aprendizagem para os convidados.
Tenha “cartas na manga” em relação ao planejado.
Se algo der errado, o que será feito?
Imagine que seu evento prevê a realização de uma atividade extra sala. Mas, bem
na hora começa a chover... sem uma carta na manga, o que você fará?
Veja que estamos falando em ter alternativas, NÃO IMPROVISAÇÕES!! Os “planos
de contingência” tem que fazer parte do planejamento estruturado do evento.
“Aquela dinâmica que eu vi na faculdade, eu acho que posso encaixar aqui...” é
um convite a demonstrar amadorismo e jogar por terra sua autoridade.
Página 56
Que outras vendas serão feitas a partir do workshop?
Uma “chamada à ação” deve ser colocada estrategicamente próxima ao ponto
alto do evento, de maneira planejada e sutil, de forma que você venda sem ser
chato nem parecer oportunista.
Não há melhor momento para oferecer um novo produto do que aquele em que
as pessoas já estão envolvidas e satisfeitas com algo seu.
Essas opções devem estar disponíveis para os participantes através de folders,
stands ou listas de cadastramento, feitas, preferencialmente por outra pessoa.
Outra estratégia é a coleta do nome, telefone e e‐mail através das fichas de
inscrição e/ou da lista de presença, a fim de que você mande material e promova
outras ações, desde que tenha a permissão de seu público.
Como seu workshop será avaliado?
Uma alternativa pode ser o envio de um formulário por e‐mail, mas a adesão do
público normalmente é baixa nesse tipo de avaliação.
Cuidados ao realizar seu workshop:
Atenção aos equipamentos de mídia! Teste antes todas as possibilidades, tenha
sua apresentação em mais de uma mídia, veja se seu notebook é compatível com
o projetor (se for utilizar), se a instalação elétrica é próxima e funciona, se será
necessário que você tenha extensões e adaptadores para tomada (o
reconhecimento do local é fundamental!);
Página 57
Tenha especial atenção a itens que possam comprometer a segurança do seu
público: cadeiras quebradas, pisos escorregadios, quinas de móveis. Caso seu
evento aconteça em área externa, cuidado redobrado!
Cautela com jogos/ dinâmicas/ vivências! Recentemente, um ex funcionário de
um grande banco ganhou uma causa na Justiça do Trabalho em função de
situações vexatórias a que foi submetido em um treinamento. Nem todos gostam
de contato físico ou interações com outros participantes;
Atenção aos horários.
Se atrasar no início, não fique se desculpando e arrumando justificativas. Controle
o tempo de realização. Não se apresse para o final, não venha com o discurso de
“eu tinha muito mais para mostrar mais o tempo não vai dar” isso é PÉSSIMO para
a sua imagem. Feche o projetor e discretamente exclua os slides que não poderão
ser exibidos.
Atenção com o apoio.
Fotógrafos, pessoal de coffee break, auxiliares, pessoal de limpeza e funcionários
do local onde seu evento acontece devem ser orientados (mais uma vez, a
necessidade do briefing com o pessoal antes do evento). Itens de alimentação
com potencial para contaminação/ intoxicação/ alergias devem ser fiscalizados 58
com rigor. Um evento em minha cidade terminou com três ônibus de
participantes no hospital, intoxicados pela alimentação. Adivinhe quem ficou com
a má reputação? Os organizadores!
Exemplo de workshop
Workshop: Equipes de Alto desempenho
Público alvo: equipe do setor comercial de uma indústria do ramo de confecção.
12 participantes, igual número de homens e mulheres, idade média de 37 anos, a
maioria com mais de 5 anos de casa.
Demandas levantadas pela diretoria (4 horas de reunião):
Baixo engajamento da equipe com os objetivos do negócio;
Completa falta de integração da equipe: não compartilham atividades, não
pedem ou dão ajuda uns aos outros;
Página 58
Reclamações de clientes sobre falta de informações do andamento de
pedidos;
A equipe nunca passou por treinamento.
Demandas levantadas na observação em campo (4 horas);
Baixo protagonismo da equipe sobre suas atividades;
Falhas graves de comunicação;
Baixo nível de cooperação interpessoal;
Elevada dependência do gerente do setor;
Percepção de baixa valorização da equipe por parte da empresa:
remuneração, comissão, treinamento, perspectiva de crescimento
profissional;
Proposta: três encontros de 8 horas cada, com o tema Construindo e trabalhando
em uma equipe de alto desempenho.
59
Recursos e estrutura: Onthejob – o evento será realizado nas instalações da
empresa, que providenciará equipamento multimídia, espaço, mobiliário e
alimentação.
As dicas aqui oferecidas podem‐ e devem ser complementadas com mais
pesquisas sobre o tema, mas tenha certeza, seguindo estes passos, as chances de
seu workshop dar certo são muito maiores.
3 – Construindo uma palestra
Poucos produtos são tão interessantes quanto uma palestra.
Quando te pagam para fazê‐la, geralmente o valor é mais do que satisfatório para
o tempo de trabalho despendido. Por exemplo, mesmo que te paguem apenas
R$500,00 – um valor irrisório para uma palestra – é válido.
Afinal, quando é que você tem a chance de ganhar isto por uma hora de trabalho?
Mas tem mais.
Página 59
Mesmo quando não te pagam, a palestra é uma PODEROSA forma de divulgar seu
trabalho e construir autoridade. De uma palestra bem feira podem surgir muitos
contatos, que servem para atrair clientes para diversos produtos e serviços,
inclusive outras palestras.
Fazer uma boa palestra é uma mistura de arte e ciência, e o processo de
aprendizado é algo que dura toda a vida. Por isto, para se tornar um palestrante
realmente competente, você terá que praticar e estudar constantemente.
O lado bom é que, quando você ganha segurança, tudo fica bem mais fácil.
Então vejamos aqui algumas dicas bem objetivas para você montar e executar sua
palestra. Vou apresentar de forma sintética os passos que são descritos em um
livro chamado “O segredo das apresentações poderosas”, de Roberto Shinyashiki.
O método consiste em 5 passos:
1. Planejar
2. Preparar
3. Treinar
4. Executar 60
5. Aprimorar
1 ‐ Planejando sua palestra
Um erro primário de pessoas que desejam construir uma palestra é começar pelo
Power Point, já montando os slides da apresentação.
Antes de fazer isso, o ideal é “refletir” muito bem sobre o que você quer obter
com sua palestra.
Objetivo da palestra
Toda palestra – e é muito importante você entender isto – Tem o objetivo de
vender algo. Pode ser um produto, um serviço, uma ideia, uma imagem. Mas é
sempre uma venda.
O que você quer obter com sua palestra? O que você quer que as pessoas
façam ao final?
Você deseja que elas entrem em seu site para saber mais sobre você?
Você deseja que elas se inscrevam para um curso seu?
Página 60
Você deseja que elas apliquem uma nova técnica em suas vidas?
É muito importante ter claro “que tipo de ação você quer que as pessoas tomem”
após ouvir sua palestra. Quando você define isto, o resto do planejamento fica
muito mais objetivo.
Público da palestra
Qual o perfil das pessoas que vão assistir sua palestra?
São pais muito bem estudados cujos filhos estão em escolas particulares
reconhecidas? São especialistas na mesma área que você? São adolescente
inquietos e ansiosos? São pessoas simples com níveis básicos de escolaridades?
Tudo isto importa.
Não é que você vá montar uma palestra para cada público, mas alguns exemplos,
a forma de abordar o assunto, o cuidado com detalhes, vai variar segundo o
público.
Eu tenho uma palestra sobre RH, que eu faço tanto para profissionais da área
quanto para estudantes e recém graduados. A palestra é a mesma, mas a forma
de abordar o assunto é diferente com cada público. Para estudantes eu preciso
explicar termos técnicos, detalhar os exemplos, falar mais da parte 61
comportamental. Para o público de RH eu já posso me aprofundar mais em alguns
aspectos técnicos, e não preciso explicar alguns detalhes elementares.
Basicamente existem 3 tipos de público:
Público Leigo: É o público que não entende nada do assunto. Eles não são
especialistas. Neste caso você tem que explicar conceitos, exemplificar muito, ser
bastante óbvio, para que eles possam se sentir conectados.
Público Especialista: É o público que conhece o assunto. Vamos supor que você vai
dar uma palestra sobre “relacionamentos conjugais”, em um congresso que trata
deste tema. Na plateia você vai ter pessoas que já entendem do assunto, estudam
isso. Neste caso você tem que buscar as novidades da área, e não pode ser muito
óbvio, senão vão te achar raso e ficar entediados.
Público Misto: Este é o público mais complicado. Você tem leigos e especialistas
no mesmo lugar. Neste caso é preciso equilibrar bem a fala para atender aos dois
tipos. Eu já tive que fazer uma palestra sobre “Rh em projetos” para um público
misto.
Página 61
Já comecei avisando aos especialistas, que eu precisaria detalhar alguns
conceitos, assim eles já sabiam que eu ia demorar mais em alguns pontos. E
durante a fala, procurei dar exemplos mais óbvios para os leigos e mais complexos
para os especialistas.
A norma geral é: Quanto mais leigo seu público, mais óbvio e básico você tem que
ser. Quanto mais especialista, mais profundidade você pode colocar, sem se
preocupar em contextualizar tanto.
2 ‐ Preparando sua palestra
Uma vez que você já sabe “o quê” você quer conseguir com sua palestra, e “quem
“é o público, você pode começar a preparar.
Este é o momento em que você realmente começa a montar os slides, a
estruturar a apresentação do ponto de vista didático.
Uma excelente forma de organizar isto é a seguinte:
1‐ A ideia Central
É o tema principal da palestra, expresso no título.
2‐ O Problema, desafio ou oportunidade; 62
É a dor que você vai sanar, ou sonho que você vai ajudar a realizar
3‐ A identificação do público com o problema;
É o momento em que você gera conexão daquelas pessoas com aquela dor ou
aquele sonho. Neste momento você faz com que elas se sintam parte do
problema.
4‐ A sua solução ‐ (o método);
É o ponto principal, no qual você diz às pessoas como acabar com aquela dor ou
realizar aquele sonho. De preferência apresentando um método para isso.
5‐ A motivação para a ação;
Depois de explicar o método, você convida as pessoas a agirem e mudarem suas
vidas. Isto é o que se chama “calltoaction”.
Mas vamos ver esta lógica aplicada à palestra Psicólogo Empreendedor, e deixar
tudo ainda mais claro:
1 ‐ A ideia central: Psicólogos podem empreender e ser donos de suas carreiras
Página 62
3 ‐ A identificação do público com o problema: Isto é colocado na minha fala
durante a palestra, por exemplo: Você psicólogo, já teve a sensação de que tem
muito conhecimento, mas não consegue fazer as coisas acontecerem na prática?
Se graduou e logo depois não sabia exatamente como começar a atuar?
4 ‐ A sua solução ‐ os passos da sua solução (o método): Aqui é aonde eu explico o
que você deve fazer, passo a passo, para sair da dor ou alcançar o sonho. Veja que
a lógica é muito semelhante à do curso que você está fazendo.
1) Defina seu nicho,
2) Construa suas bases,
3) Desenvolva seus produtos e serviços,
4) Manifeste conhecimento para ganhar credibilidade,
5) Entregue resultados
Eu por exemplo, faço palestras com o objetivo de atrair as pessoas para o curso
online. Então, no final eu digo: “Agora que vocês compreenderam a lógica, se
quiserem se aprofundar e ampliar muito suas possibilidades, quero convidar
vocês a se inscrever no site Psicólogo Empreendedor, inclusive, nós teremos uma
nova turma em breve e vocês serão avisados em primeira mão”.
Se o seu objetivo é apenas fazer as pessoas refletirem, proponha isto a elas de
maneira clara. Tenha certeza de que vai tornar tudo muito mais palpável.
Agora um ponto adicional:
Treinando sua Palestra
Há basicamente dois modos de se executar uma palestra. Decorando‐a do início
ao fim, ou desenvolvendo um discurso espontâneo em cima de pontos chave.
Já disse em outras ocasiões e repito aqui: sou totalmente contra decorar uma
palestra.
Página 63
Alguns palestrantes adotam esta linha e se saem até bem: O discurso é todo
cronometrado e, independentemente de onde seja feito, permanece o mesmo.
Eu sinceramente acredito que o discurso fica muito enlatado assim, e perde
aquilo que é mais interessante em uma apresentação: a espontaneidade.
No entanto, o fato de não ter que decorar, não significa que você não precise
treinar.
O treinamento é uma das partes mais importantes do processo, pois é quando
treina que você realmente “sente” a palestra.
Por isso, recomendo você “executar” sua palestra como treinamento, pelo menos
3 vezes antes fazê‐la para seu público alvo.
Mas como treinar?
Em seu treinamento, você vai simplesmente ministrar a palestra, como faria na
frente das pessoas, mas você pode fazer isto tanto sozinho, quanto na frente de
uma câmera, ou em frente a conhecidos que podem te dar feedback.
O fato de treinar não significa que seu discurso será memorizado. O que você faz é
se acostumar com o tempo da palestra, saber que slides vem depois dos outros,
sentir‐se mais à vontade com a exposição, enfim, familiarizar‐se com a palestra. 64
De certa forma, o treino acaba tendo um reflexo na preparação também.
Por exemplo, quando eu monto uma palestra nova, e crio os slides, é durante os
treinos que eu percebo que eu percebo que falta algum ponto relevante, que tem
um slide no lugar errado, ou que tal exemplo poderia ser melhor elaborado.
Eu arrisco até a dizer que, necessariamente, quando você treinar a execução de
sua palestra pela 1ª vez, você vai acabar modificando alguns slides.
Então, treine, treine e treine, não arranca pedaço e vai fazer muita diferença em
seu desempenho.
7 ‐ Executando sua palestra
A execução é a hora da verdade. É quando você está em cima do palco. E este
assunto é tão vasto que há livros inteiros apenas sobre desempenho no palco. O
que farei aqui é dar algumas orientações bem básicas para que você mantenha a
palestra interessante do início ao fim.
Faça uma abertura de impacto
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Não comece sua palestra com aquele lengalenga de agradecimento ou falando
sobre quem você é, e seus títulos. Ninguém está interessado em você. As pessoas
querem saber o que há de bom pra elas.
Você pode agradecer um pouco depois que subir ao palco, mas não comece com
o agradecimento.
Assim que subir no palco, comece com algo impactante.
Pode ser uma estatística, um fato curioso, uma história. Algo que desperte
imediatamente a atenção das pessoas ou as faça se impressionarem.
Tenho uma palestra sobre “gerenciamento de diálogo”, que começo assim: “No
ano de 1999, no Estados Unidos, uma jovem entro numa sala de cirurgia para
retirar as amigdalas, e 40 minutos depois saiu de lá... com o pé esquerdo
amputado”.
Sempre que conto este caso, posso ouvir uns “ohhh” na plateia.
Claro que este caso tem a ver com o tema da palestra, e eu desenvolvo o resto do
discurso, explicando a razão do exemplo. O objetivo é dar um choque já no início,
para as pessoas se ligarem.
Depois que eu explico o primeiro conceito, agradeço a oportunidade da palestra, 65
falo de mim por dois minutos, e volto à linha principal.
Acredite, eu não inventei esta técnica. Ela é feita por grandes palestrantes e
funciona mesmo.
Exemplos de abertura:
Você sabia que mais de 70% dos casais brigam diariamente por questões
relacionadas a dinheiro?
Quando eu era adolescente, enfrentei um problema enorme, que ao ser
superado acabou me trazendo para esta área de atuação, vou contar
rapidamente para vocês!
Enquanto estamos aqui neste auditório, existem milhares de adolescentes
no mundo sem saber o que vão fazer de suas carreiras.
Quando esta palestra acabar, vocês entenderão muito mais sobre como
lidar com a própria ansiedade.
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Claro que você terá que criar sua abertura com base em sua palestra. Mas pense:
Que tipo de frase ou informação eu poderia dizer no início para deixar as pessoas
curiosas e interessadas.
Movimente‐se e olhe para todos os presentes
Preste muita atenção a este conceito: Ao dar uma palestra, não fale para as
pessoas, converse com elas.
Uma coisa é você abrir a boca e começar a disparar conceitos e ideias, outra coisa
é você fazer conexão, envolver as pessoas e realmente se comunicar com elas.
Uma boa palestra é uma conversa com o público, mesmo que só você fale.
Existe uma troca de energia, momentos de apreensão, de humor, de descoberta e
constatação. Para conseguir isto, primeiramente você deve ter treinado bastante
a ponto de não ficar se preocupando se vai esquecer ou não o conteúdo.
Em segundo lugar, você precisa se movimentar e olhar as pessoas nos olhos. Ao
falar sobre um conceito, percorra a plateia com os olhos, é este olhar que faz a
conexão. Se o palco for grande, ande eventualmente de um lado para outro,
mostrando que você está atento a todos os presentes.
Repito: você só conseguirá fazer isto se estiver completamente à vontade com o 66
conteúdo. Não há naturalidade se você não tiver intimidade o suficiente com o
tema.
E uma última dica sobre este ponto: Não escolha uma vítima da plateia e olhe só
para ela. Isto é tão ruim quanto não olhar para ninguém. O ideal mesmo é você
procurar os rostos mais alegres e trocar frequentemente olhares com eles, sem
esquecer de passar o olho por todos os presentes.
Conte casos e histórias
Nenhum recurso é tão poderoso para se transmitir conceitos de forma
interessante quanto boas histórias.
Histórias são a base da nossa civilização. Nós crescemos as ouvindo e aprendemos
à partir delas. Até Jesus Cristo as usou, na forma das parábolas, para eternizar
seus conceitos.
Para cada conceito chave em sua palestra, procure contar um caso ilustrativo,
uma história que mostre como aquele princípio existe na prática. Não existe nada
mais chato do que uma palestra apenas conceitual ou técnica.
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Por exemplo, nestes módulos que você está lendo, sempre procuro dar exemplos
claros, alguns reais de minha vida, outros hipotéticos, e muitas vezes é isto que
faz o conteúdo ficar mais claro.
Resumindo: As pessoas ADORAM histórias. Coloque‐as em suas palestras e seu
desempenho vai ser muito melhor.
Encerre com uma “chamada para ação”
Ao fim da palestra, não pare de falar simplesmente. Dê às pessoas algo para se
ocuparem. Pode ser qualquer coisa que esteja relacionada ao tema. Por exemplo:
Então, agora que você já entende melhor como seu filho lida com o
conhecimento, meu convite e para que você, a partir de hoje, se proponha
novas formas de agir com ele.
Foi muito bom estar com vocês, e deixo um desafio: que tal se esforçarem
para aplicar todas as técnicas ensinadas aqui no relacionamento de vocês?
Que tal começar AGORA?
Espero que após esta palestra você comece, hoje mesmo, a se organizar
melhor e aumentar sua produtividade. Que técnica você vai escolher para
começar? 67
Ao dar uma tarefa ou fazer um convite para a ação, você ajuda as pessoas a
conectarem aquele conteúdo com a vida prática, e desta forma sua mensagem
fica muito mais forte.
Lembre‐se, você não faz palestras para entreter as pessoas, e sim para
transformar vidas. Mesmo que a palestra apenas desperte uma centelha que vai
levar o indivíduo a buscar outras informações, ela terá cumprido seu papel de
gerar transformação.
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E assim, chegamos ao final do módulo 3.
Confesso que este é um dos meus módulos preferidos, porque é nele que
começamos a sair apenas dos conceitos e entramos um pouco na
operacionalização das coisas.
Entre os diversos assuntos abordado aqui, acredito que o mais importante seja o
conceito de “estante de ofertas”.
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A proposta de valor é o que deve servir como ponto de partida e base para seu
trabalho. O motivo é que ela não é uma ferramenta ou produto, ela é conceito, é
matéria prima. É a partir dela que você poderá elaborar quantos serviços e
produtos quiser, nos mais diferentes formatos e para diferentes pessoas dentro
de seu nicho.
E mais uma vez chamo sua atenção para a interligação entre os módulos do curso.
No primeiro falamos sobre como identificar seu nicho, posicionando‐se no
mercado e definindo muito bem quem você vai ajudar a conseguir o quê. No
segundo falamos sobre tornar‐se muito competente neste nicho e preparar‐se
para oferecer um serviço de extrema qualidade.
Agora, no terceiro, vimos como decompor sua proposta de valor em diferentes
produtos e serviços, oferecendo até um tutorial inicial de como criar 3 ofertas
para sua estante.
Consegue ver como tudo está amarrado?
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É importante manter esta visão do todo para que você consiga sempre ter clareza
sobre o que está fazendo, garantindo que todos os passos sejam parte de uma
unidade maior.
Desenvolvendo seus produtos e serviços ‐ resumo
Decompondo seu conhecimento em produtos e serviços
A forma tradicional dos psicólogos trabalharem, focada quase que exclusivamente
na atividade clínica tradicional, embora possa funcionar, é geralmente pouco
eficaz para estabelecer uma clientela constante e construir uma carreira de
sucesso.
Para ampliar suas possibilidades, ajudar mais pessoas e ao mesmo tempo
aumentar seu número de clientes na clínica você precisa dar vários formatos a seu
conhecimento.
E para criar estes formatos é preciso observar seu nicho e descobrir que tipo de
produtos e serviços eles gostariam de comprar.
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Para fazer isto, você precisa se focar em sua “persona”.
Lembre‐se de que seu serviço existe por dois motivos:
1‐ Ajudar as pessoas a se livrarem de alguma dor.
2‐ Ajudar as pessoas a realizarem algum sonho.
Os produtos e serviços que você criar devem levar em conta estes dois motivos.
Você não cria opções simplesmente porque acha legal ou divertido. Criar para
atender a necessidades específicas.
Perguntas a se fazer:
Quais são as necessidades óbvias das pessoas às quais você vai dedicar seu
trabalho?
Quais são as necessidades não tão óbvias?
O que tira o sono delas a noite?
O que as faz sonhar acordadas?
Criar opções passa a ser algo natural quando você compreende que o vetor
central de seu trabalho é sua proposta de valor, e não uma atividade/ferramenta 69
como o atendimento clínico.
Como vimos, a partir de um nicho focado em “casais” e cuja proposta de valor é
algo como “Eu ajudo casais a terem relacionamentos mais harmônicos e
saudáveis”, suas opções são:
1. Escrever artigos sobre relacionamentos;
2. Ter um blog especializado em relacionamentos;
3. Escrever um livro sobre relacionamentos;
4. Fazer palestras sobre relacionamentos;
5. Ter um workshop para casais que querem melhorar o relacionamento;
6. Criar um curso online sobre relacionamentos;
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Quanto mais opções interessantes você tiver para entregar valor, mais pessoas
você vai atingir, mais credibilidade você vai criar, e maiores serão suas chances de
gerar receita. Tudo é parte de um grande processo que se retroalimenta.
Veja novamente alguns dos benefícios de diversificar – ou seja ‐ decompor sua
proposta de valor em diferentes serviços e produtos:
Você tem ofertas de diferentes preços;
Você atende a pessoas de diferentes localidades geográficas (dependendo
do produto/serviço);
Você divulga mais seu nome e aumenta o alcance de sua mensagem;
Um serviço serve automaticamente de propaganda para os outros;
Você demonstra mais expertise e ganha mais respeito do mercado.
Logicamente, cada tipo de serviço vai entregar valor em um grau diferente.
Assistir a uma palestra tende a gerar benefícios menores do que participar de um
processo psicoterapêutico. Ainda assim, todas as suas formas de entregar valor
têm impactos positivos na vida de seu público.
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Construindo sua Estante de Serviços
Oferecer diferentes formatos de serviços e produtos para seus clientes é o que
você deve fazer para conseguir ampliar suas possibilidades no mercado, mas não
basta fazer isto de qualquer maneira.
É preciso usar estratégia.
Você precisa criar um portfólio inteligente que vá suprir as necessidades das
pessoas de seu nicho.
E mais: Seus produtos e serviços devem ser pensados para contemplar diferentes
tipos de demanda e possibilidades financeiras.
A melhor maneira de conseguir isso é usando a lógica da estante.
Sua estante de produtos e serviços é um conceito imaginário que te permite
organizar suas ofertas numa escala ascendente de valor. Desta forma, você
consegue fazer com que as pessoas entrem em contato com você através das
ofertas de menor valor, e depois passem gradualmente para as ofertas de maior
valor.
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Uma estante típica tem pelo menos 3 andares, que funcionam da seguinte forma:
Andar 1 – Serviços/Produtos de Entrada
Exemplo de produtos de entrada:
Mini workshop – Um evento simples, com duração de 4 horas, que procura
orientar as pessoas a respeito do tema que é de interesse delas. Para estar
no andar de baixo, este serviço deve ser simples de se consumir – não
levar muito tempo‐ e ter um preço bem acessível.
Andar 2 – Serviços/Produtos Intermediários
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Nesta segunda prateleira estão colocados aqueles produtos e serviços que custam
um pouco mais, e que agregam uma quantidade maior de valor. Estes produtos já
são bons geradores de receita, especialmente quando são realizados para grupos
maiores.
Exemplo de produtos intermediário:
Workshops – Aqui você vai oferecer um workshop maior, mais robusto, com mais
tempo de duração e, obviamente, como um maior valor financeiro. Minha
sugestão é que você organize workshops de 12 a 16 horas, com turmas de até 25
pessoas. O valor destes workshops, dependendo de sua cidade, pode variar entre
R$350.00 e R$600.00. (Considerando o ano de 2015 e uma cidade de médio
porte, a partir de 100 mil habitantes.)
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Palestras – Uma palestra nada mais é do que uma apresentação resumida de um
determinado assunto para informar e/ou motivar um público. Ela se encontra na
estante intermediária pois, embora possa ter um custo baixo para o cliente final,
costuma ter um custo mais elevado para o cliente intermediário, e representa
uma boa fonte de receita.
Andar 3 – Serviços/Produtos com alta barreira de entrada
Esta é a prateleira mais alta, na qual você coloca seu produto ou serviço de maior
valor agregado. Embora não seja regra, não é incomum que nesta prateleira exista
apenas um produto, que representa o ponto máximo de seu trabalho, aquilo que
você faz de mais completo.
Exemplo de serviços/produtos top de linha:
Coaching – Serviço que visa ajudar o cliente a se desenvolver em determinados
aspectos de sua vida e/ou carreira. Normalmente consiste em 10 sessões de uma
hora e meia, e obedece a um conjunto lógico de passos e uma metodologia
específica.
Psicoterapia ‐ Psicoterapia é, dentro da proposta deste curso, um instrumento de
desenvolvimento humano, que serve tanto para quem precisa sair de uma
situação negativa e se recuperar, quanto para quem simplesmente busca uma 72
vida mais realizada.
Para conseguir montar sua estante, você necessariamente terá que desenvolver
algumas competências adicionais, já que na formação tradicional elas não foram
trabalhadas.
No entanto, não há motivos para desespero, estas competências podem ir sendo
desenvolvidas aos poucos, e sua estante pode começar de forma simples, com 3
andares e um produto em cada andar.
Se você trabalha com educação infantil, pode ter um e‐book + curso para mães +
psicoterapia. Cada produto está em uma estante diferente, e cumpre seu papel de
gerar credibilidade e captar o interesse dos clientes com diferentes possibilidades
de investimento.
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Atente para o fato de que a congruência na escolha no nicho é algo totalmente
decisivo, já que quanto mais você gostar de seu nicho, mais à vontade vai ficar
para criar diferentes produtos e serviços.
Sua estante não precisa necessariamente ter 3 andares, mas este é o número que
recomendo. Se você quiser ter dois ou cinco, sem problemas, desde que os
produtos e serviços façam sentido e estejam organizados numa lógica crescente
de valor.
Outro ponto relevante a considerar, é que os produtos da estante mais alta não
são necessariamente os mais rentáveis. Devido a seu poder de escala, muitos
produtos da estante – ou estantes – intermediária podem se apresentar como
mais rentáveis financeiramente.
A sugestão de três é baseada na lógica de mercado da qual falei, de produtos de
entrada, intermediários e top de linha. Mas sua estante pode ter dois, quatro, ou
até mais andares se você quiser,
De qualquer forma, independente do andar, todos os seus produtos e serviços
devem ser pensados para agregar valor à vida de seus clientes. Uns mais, outros
menos, mas o saldo para quem adquire é sempre positivo.
Lembre‐se sempre de uma das máximas deste curso: Foque‐se em oferecer valor, 73
o dinheiro é uma – excelente – consequência.
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Ufa, acabou o resumo, e agora finalmente terminamos o módulo. Não farei um
resumo do tópico 3, por que ele se baseia em tutoriais que já estão enxutos o
suficiente.
Se precisar relembrar algum dos tutoriais, o melhor é relê‐los. Enfim, neste meio
de curso, espero sinceramente que agora as coisas estejam ainda mais claras para
você.
Os dois primeiros módulos, embora apresentassem muitas dicas práticas, ainda
estavam pendendo mais para o campo dos conceitos e ideias.
Aqui, já começamos a entrar mais objetivamente em como fazer as coisas
acontecerem. Como eu já disse, o curso procurar seguir uma lógica bastante clara
que apresente ideias, conceitos e ferramentas de maneira ascendente.
De certa forma, o que aprendemos até agora pode ser resumido objetivamente em
nas e sentenças abaixo:
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1‐ Escolha um público com cujas dores e sonhos você vai trabalhar.
2‐ Torne‐se extremamente competente nas técnicas e ferramentas a serem
usadas para ajudar este público
Percebe a simplicidade do sistema?
Embora cada módulo tenha se desdobrado em páginas e páginas de exemplos,
conceitos e dicas, o sumário de tudo está aí em cima. Não há motivos para se
complicar. O trabalho exige esforço e leva tempo, mas o método não tem nada de
complexo.
Bem, agora que você já tem uma boa ideia sobre quem vai ajudar, como se tornar
competente no assunto, e que tipo de ofertas fazer, é hora de começar a
manifestar conhecimento para gerar credibilidade, chamar a atenção e atrair
pessoas para conhecerem suas ofertas.
Mas claro, isto é assunto para o módulo 4. Até lá!
Bruno Soalheiro 74
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