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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE MOÇAMBIQUE

Licenciatura em Gestão Financeira e de Seguros

3. ° ANO

Disciplina:
TEORIA GERAL DE SEGUROS – RAMOS E MODALIDADES DE SEGUROS

Tema:
Seguro (Vida) a Termo Decrescente

5.° Grupo
Elemento (s): Docente (s):
- Dalton Cuco - Eng. Cornélio Chimbango
- Denise Banqueiro - Dra. Miriam Faruk
- Edilson Vasconcelos
- Esília Munisse
- Yassimin Madaugy

1. ° Semestre
Maputo, Julho de 2022
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................3

1.1. Objectivo Geral................................................................................................................3

1.2. Objectivos Específicos.....................................................................................................3

1.3. Metodologia.....................................................................................................................3

2. SEGURO VIDA......................................................................................................................4

2.1. Definição..........................................................................................................................4

2.2. Tipologias........................................................................................................................4

2.2.1. Seguro (Vida) Permanente.......................................................................................4

2.2.2. Seguro (Vida) Dotal.................................................................................................5

2.2.3. Seguro (Vida) a Termo............................................................................................5

3. SEGURO (VIDA) A TERMO DECRESCENTE....................................................................5

3.1 Definição e algumas generalidades.................................................................................5

3.2 Funcionamento do Seguro (Vida) a Termo Decrescente.................................................7

3.3 Especificidades da Apólice do Seguro (Vida) a Termo Decrescente..............................8

3.3.1. Composição da apólice de seguro............................................................................9

3.3.2. Cobertura...............................................................................................................11

3.3.3. Prémio....................................................................................................................12

3.3.4. Beneficiário............................................................................................................12

3.4 Exemplo Prático.............................................................................................................13

4. COMENTÁRIO.....................................................................................................................15

5. CONCLUSÃO.......................................................................................................................16

6. BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................17

7. ANEXOS...............................................................................................................................18

I – Quadro com Glossário de Termos Técnicos de Seguro usados no Trabalho...........................18


1. INTRODUÇÃO

Nos dias actuais muitas famílias, devido a incertezas condicionadas pelos diversos perigos
eminentes, sendo alguns destes, morte súbita, acidente, invalidez e outras incapacidades geradas
por estes eventos ou semelhantes, recorrem às seguradoras com o objectivo de salvaguardar a sua
estabilidade financeira, sobretudo, devido a sua condição de responsabilidade paternal. Daí que,
neste contexto as companhias seguradoras, procuraram criar, adaptar, e desenvolver produtos de
seguro capazes de abafar o efeito negativo que ocorre, no caso de algum dano ou perda por parte
das famílias.

Entretanto, o cerne desta pesquisa é exactamente, examinar estas modalidades de seguro, mais
concretamente, do seguro do Ramo Vida a Termo Decrescente. Que é em poucas palavras, um
contrato entre as famílias e as companhias seguradoras, com vista ao pagamento temporário de
um beneficio, em caso de ocorrência de algum dano ou perda, contudo, dependendo das
condições e termos do referido contrato.

1.1. Objectivo Geral


Dissecar o Seguro Vida a Termo Decrescente.

1.2. Objectivos Específicos


 Expor o conceito do Seguro Vida;
 Apresentar os tipos de Seguro Vida;
 Definir o Seguro Vida a Termo Decrescente;
 Analisar, com recurso ao Regime Jurídico dos Seguros, algumas das especificidades
constantes das apólices do Seguro Vida.

1.3. Metodologia
No tocante aos métodos e ferramentas usadas para a produção do presente relatório, foi
feita na sua maior parte, uma busca de material na internet, em artigos e blogs que contivessem
informação proveitosa, e por auxílio, recorreu-se a dissertações científicas e a legislação
adequada para o tema em estudo.
3
2. SEGURO VIDA

Para melhor compreensão do tema em estudo, considera-se importante fazer primeiro,


um breve enquadramento do Seguro Vida, isto é, o seu conceito e as suas tipologias.

1.

2.

1.

2.

2.1. Definição
Em termos gerais, o seguro vida ou, comummente designado seguro ramo “vida” ou
simplesmente, seguro de vida, é um contrato entre uma seguradora e um tomador de seguro, no
qual a seguradora garante o pagamento de um benefício por morte, aos beneficiários nomeados,
quando o segurado morre.

Uma apólice de seguro de vida é um contrato com uma companhia de seguros. Em


troca de pagamentos de prémios, a companhia de seguros fornece um pagamento fixo, conhecido
como benefício por morte, aos beneficiários após a morte do segurado (SANTOS apud BRAGA,
2015).

2.2. Tipologias
Existe muita variedade no que concerne às tipologias ou modalidades do seguro vida.
Contudo, o seguro vida é escolhido com base nas necessidades e objectivos do proprietário. O
seguro de vida a termo geralmente fornece protecção por um período determinado, enquanto o
seguro permanente, como a vida toda é universal, oferece cobertura vitalícia. É importante
observar que os benefícios de morte de todos os tipos de seguro de vida geralmente são isentos
de imposto de renda (SANTOS apud ALVIM, 2017).

4
1.

2.

2.1.

2.2.

2.2.1. Seguro (Vida) Permanente1


É um seguro que se estende por toda a vida do segurado, sem prazo determinado. É
calculado e proposto ao cliente um plano de pagamento até ao seu óbito. Assim, nesta
modalidade de seguro, a cobertura não se extingue, independente do segurado morrer com 30, 50
ou 110 anos. É um tipo de seguro melhor aplicável para cobrir necessidades vitalícias.

1.

2.

2.1.

2.2.

2.2.1.

2.2.2. Seguro (Vida) Dotal


Neste, o prémio é pago durante um período determinado em contrato. Portanto, as
partes estipulam um prazo e, se nesse tempo, o segurado sobreviver, haverá pagamento de
indemnização pela seguradora. Ou seja, o segurado receberá um benefício caso chegue vivo após
o período de cobertura do seguro.

1
Também designado, Seguro Vitalício ou Vida Inteira, ou ainda, Seguro Ordinário.

5
6.

7.

7.1

7.2

3.2.1.

3.2.2.

2.2.3. Seguro (Vida) a Termo2


É o tipo mais comum de seguro de vida, que, como o nome diz, tem um prazo de
vigência. Ao final, pode ser renovado ou não. Os produtos mais tradicionais são anuais, ou seja,
possuem um prazo de 1 ano. Este tipo de seguro é encontrado em seguradoras generalistas ou
especialistas em vida, e é muito vendido por bancos.

Basicamente, o seguro a termo, garante, em caso de morte da pessoa segura, durante o


prazo do contrato, a entrega do capital contratado, ao(s) beneficiário(s) indicado(s). E, no fim do
contrato, estando viva a pessoa segura, os beneficiários nada terão a receber, na medida em que
só se garantiu o risco de morte durante um determinado prazo.

Uma modalidade do seguro a termo interessante que é encontrado em algumas


seguradoras, é o decrescente que será já de seguida descrito ao detalhe.

1. SEGURO (VIDA) A TERMO DECRESCENTE3

1.1 Definição e algumas generalidades


De um modo geral, neste tipo de seguro, o capital seguro decai linearmente ao longo
dos anos. Sendo assim, o seguro de vida temporário decrescente, é um seguro com prazo de

2
Também designado, Seguro Temporário ou Por Tempo.
3
Também designado, Seguro de Vida Temporário Decrescente ou Seguro (Vida) Temporário de Capital
Decrescente.

6
Coluna1
1,200,000.00

1,000,000.00

800,000.00
Capital Seguro

600,000.00

400,000.00

200,000.00

0.00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Anos

vigência, em que o capital seguro, ou seja, o valor recebido pelos beneficiários em caso de morte,
decai ao longo do tempo.

Figura 1: Cobertura necessária em um seguro de vida temporário decrescente.4

É uma modalidade de seguro ideal para uma diversidade de casos, como a educação
dos filhos. Pois, a cada ano que passa, é menos um ano que o Pai ou a Mãe têm para pagar a
Escola, ou seja, falta menos para o filho se formar. É, por outro lado, uma forma muito comum
de seguro quando o tipo de apólice contratada está vinculado a uma hipoteca ou empréstimo,
pois o capital seguro é reduzido como dívida com o banco ou com a instituição financeira. Dessa
forma, caso seja necessário requerer uma indemnização por morte ou invalidez do
devedor/segurado, os herdeiros terão a dívida coberta. Além disso, em muitos casos esse tipo de
seguro é contratado colocando o banco ou instituição financeira como beneficiário, de modo que
a realização dos procedimentos se torne muito mais simples.

4
Fonte: https://monefica.com.br/seguro-de-vida-temporario-decrescente/

7
1.2 Funcionamento do Seguro (Vida) a Termo Decrescente
No seguro de (vida) a termo decrescente, o prémio é calculado anualmente, tendo
como base, o que resta a ser pago (os prémios a amortizar). Mas, como existem alguns factores
que variam, principalmente a idade do segurado, é possível que o prémio não seja muito
reduzido ou possa até aumentar um pouco, já que quanto mais velho se torna o segurado, maior
tende a ser o risco.

Em todo caso, usualmente o segurado irá pagar um prémio fixo (ou não, conforme
exposto no parágrafo anterior) mensal, trimestral, semestral, ou anual, para manter uma
cobertura por um prazo pré-determinado. Portanto, enquanto houver pagamento do seguro,
haverá protecção e, na falta de pagamento, perde-se a protecção.

Existem seguros temporários com prazos de vigência diferentes, sendo os de prazo de


até 1 ano, os mais comuns, como dantes referido. Contudo, a extensão do prazo, depende da
seguradora5 e normalmente, o prazo mínimo é de 10 anos. Ao fim do prazo, encerra-se o
pagamento, bem como não há mais cobertura por parte da seguradora.

O Segurado pode também deixar de pagar os valores a qualquer momento. Se parar de


pagar obviamente que perde a condição de segurado. No entanto, dependendo da extensão do
prazo do seguro, e do que foi convencionado nos termos do contrato, o segurado têm a
possibilidade de obter o valor de resgate6. Normalmente, os seguros de vida temporários, com
prazos longos, geram reservas de resgate ao passo que os de curto prazo não produzem este
efeito.

No caso de ocorrência de sinistro, este deverá ser comunicado à Seguradora e


comprovado por escrito, pelo Segurado ou Beneficiários designados, assim que tomarem
conhecimento da sua ocorrência. Sob pena do não recebimento do valor do benefício, caso este

5
Isso porque, dentre os vários factores analisados pelas companhias para contratar o seguro vida, um dos mais
relevantes é a idade da pessoa segura. Por isso que, muitas seguradoras estabelecem um limite de idade,
normalmente, 65 anos. E, vale ainda ressaltar que, quanto maior é a idade, menor a vigência da apólice (assim como
o prazo de cobertura e prazo de pagamento do prémio).
6
Para significado, vide I - Quadro com Glossário de Termos Técnicos de Seguro usados no Trabalho, em Anexos.

8
acto de prova, como também toda explicação acessória necessária, para fazer a prova de tudo que
acontecera relacionado ao sinistro, não tenha sido disponibilizada a seguradora, conforme
convenção contractual.

Aquando do recebimento do valor do benefício, muitas seguradoras apresentam as


seguintes opções:

a) Pagamento Total do Benefício, ocasião em que o Benefício será pago de forma


única e integral;
b) Pagamento Parcial do Benefício, ocasião em que o Benefício será pago de
forma parcial, de acordo com o percentual escolhido pelo Segurado ou
Beneficiário(s), e o restante, pago na forma de renda, conforme uma das opções
descritas a seguir;
c) Renda durante um Período Determinado, em que o Benefício total ou parcial
poderá ser pago, anual ou mensalmente, em forma de renda certa durante um
período determinado de tempo; ou
d) Renda de Valor Determinado, em que o Benefício total ou parcial poderá ser
pago, anual ou mensalmente, em forma de renda certa de valor determinado até o
término do valor do principal.

Vale salientar que com o pagamento do(s) benefício(s), o seguro, ou a relação


contractual cessará, não sendo devidos quaisquer outros pagamentos ao(s) Beneficiário(s).

1.3 Especificidades da Apólice do Seguro (Vida) a Termo Decrescente


Dado que no Ordenamento Jurídico Moçambicano ainda não foi desenvolvida a
legislação específica aplicável a esta modalidade de seguro, nos cingiremos em discutir alguns
dos dispositivos constantes do Regime Jurídico dos Seguros (Decreto-Lei n. º 1/2010 de 31 de
Dezembro) relativos ao Seguro de Vida7.

Pesa embora esta carência, o Decreto-Lei n. º 1/2010 de 31 de Dezembro, através do


número 1, do artigo 226 (Modalidades do Seguro de Vida), amplia a possibilidade de existência

7
Vide, Livro Segundo, Título II, Capítulo II, Secção II, do Decreto-Lei n.º 1/2010 de 31 de Dezembro.

9
das diferentes modalidades de seguro de vida, estando todas estas, sujeitas aos trâmites
estabelecidos por este decreto-lei.

3.3.1. Composição da apólice de seguro


O texto da apólice de seguro, deverá conter os aspectos enunciados no número 2, do
artigo 103 (Apólice de Seguro), isto é, as condições gerais, as condições especiais e as condições
particulares. Sendo que nas condições particulares, são basicamente descritos os seguintes
aspectos:

a) identificação do domicílio das partes contratantes, bem como, se for o caso, do


segurado e ou do beneficiário;
b) natureza do seguro;
c) o interesse seguro;
d) riscos cobertos;
e) capital seguro ou o método a utilizar para a sua determinação;
f) prémio de seguro por cada período contratual ou as regras a seguir para o
respectivo cálculo;
g) início de vigência do contrato com indicação de dia e hora e a sua duração;
h) prestação da seguradora em caso de sinistro ou o modo de a determinar; e
i) lei aplicável ao contrato e as condições de arbitragem, que se aplica.

Acrescentando, o artigo 235 (Texto da Apólice de Seguro) no número 1, refere que


para além das condições particulares acima descritas, a apólice de seguro deve mencionar a
idade, a profissão, e ao estado de saúde da pessoa cuja vida se segura. O numero 2 do mesmo
artigo, descreve os elementos que devem aparecer na apólice de seguro do ramo Vida,
concernentes as condições gerais e ou especiais, sendo:

a) definição dos conceitos necessários ao conveniente esclarecimento das condições


contratuais;
b) âmbito do contrato;
c) direitos e obrigações do tomador do seguro, do segurado, do beneficiário e do
segurador;
d) início da produção de efeitos e período da duração do contrato;

10
e) condições de renovação, suspensão, caducidade, resolução e nulidade do contrato;
f) condições, prazo e periodicidade do pagamento dos prémios;
g) direitos e obrigações das partes em caso de sinistro;
h) definição das opções;
i) cláusula de incontestabilidade;
j) direitos e obrigações do tomador do seguro em caso de agravamento do risco;
k) condições em que o beneficiário adquire o direito a ocupar o lugar do tomador de
seguro;
l) condições de revalidação, resgate, redução, adiantamento e transformação da
apólice;
m) condições de pagamento das importâncias seguras;
n) cláusula que indique se o contrato dá ou não lugar a participação nos resultados e,
no primeiro caso, qual a forma de cálculo e de distribuição desses resultados;
o) cláusula que indique se o tipo de seguro em que se insere o contrato dá ou não
lugar a investimento autónomo dos activos representativos das provisões
matemáticas e, no primeiro caso, indicação da natureza e regras para a formação
da carteira de investimentos desses activos;
p) cláusula relativa ao direito de renúncia;
q) lei aplicável ao contrato, condições de arbitragem e foro competente para dirimir
eventuais conflitos em sede judicial;
r) quantificação dos encargos, sua forma de incidência e momento em que são
cobrados; e
s) rendimento mínimo garantido, incluindo informação relativa à taxa de juro
mínima garantida e duração desta garantia.

O presente artigo, estabelece também que deve ser anexa pela seguradora, à apólice
uma tabela de valores de resgate e de redução, calculados as datas aniversárias da apólice, na
existência de valores mínimos e garantidos.

No número 4, aplica-se os princípios estabelecidos pelo número 1 do presente artigo,


para o seguro de grupo contudo, são adicionados os seguintes elementos às apólices de seguro de
grupo:

11
a) obrigações e direitos das pessoas seguras;
b) transferência do direito ao valor de resgate para a pessoa segura, no mínimo na
parte correspondente à sua contribuição para o prémio, caso se trate de um seguro
contributivo;
c) entrada em vigor das coberturas para cada pessoa segura;
d) condições de elegibilidade, enunciando os requisitos para que o candidato a
pessoa segura possa integrar o grupo.

3.3.2. Cobertura
É a especificação dos riscos cobertos pela apólice que a seguradora garante. Pode ser,
básica, quando é a garantia mínima concedida pela apólice. Adicional ou complementar, quando
oferece garantias suplementares às mínimas previstas na cobertura básica.

No âmbito do seguro vida, com aplicação para o temporário decrescente, cobre-se


fundamentalmente o risco de morte da pessoa segura. Contudo, ainda no artigo 226, número 3, a
lei determina que podem ser cobertos outros riscos como, danos corporais, incapacidade para o
trabalho, morte por acidente ou invalidez em consequência de acidente ou doença, na medida em
que estes riscos, façam parte de seguros complementares do ramo vida. Portanto, se o segurado
falecer durante a vigência do contrato, por quaisquer causas, naturais ou acidentais, a seguradora
garantirá ao(s) seu(s) beneficiário(s) o pagamento de um beneficio referente ao capital seguro,
respeitando sempre as condições contratuais.

É importante frisar que a lei, no artigo 110 (Exclusões), exclui a cobertura a riscos
derivados de guerra, insurreição ou terrorismo. Nestas situações, o(s) Beneficiário(s) ou o
Segurado, conforme o caso, ficam sem direito a qualquer pagamento e/ou devolução de valores,
inclusive os relativos a Prémios pagos. Por outro lado, no número 1 do artigo 247 (Suicídio), a
lei não excluí o benefício em caso de suicídio da pessoa segura, contanto que, este evento
ocorra depois de completado um ano sobre a data da celebração do contrato.

12
3.3.3. Prémio
É a importância paga pelo tomador de seguro, ou estipulante, à seguradora em troca da
transferência do risco a que ele está exposto.

O artigo 227 (Pagamento do Prémio de Seguro), versa que é da responsabilidade do


tomador do seguro o pagamento do prémio, tendo em atenção as condições estipuladas no
contrato. Contudo, a seguradora deverá notificar ao tomador do seguro de antemão, num prazo
de 30 dias, sobre a data em que vence o prémio, o montante a pagar, a forma e o lugar de
pagamento.

Na falta de pagamento do prémio, na data do vencimento, mediante os termos do


contrato, a seguradora poderá cessar a vigência do contrato, ficando com a parte resgatável de
todo investimento feito pelo segurador, ou ainda, proceder a redução do contrato, conforme
postula o número 1, do artigo 228 (Falta do Pagamento do Prémio de Seguro).

3.3.4. Beneficiário
É a pessoa em cujo proveito se faz o seguro. Ou seja, pessoa a quem o segurado
reconhece o direito de receber a indemnização estipulada na apólice. Poderá ser pessoa singular
ou colectiva a quem a seguradora irá indemnizar ou garantir um pagamento por força de um
contrato de seguro ou de uma operação de capitalização.

O artigo 239 (Designação do Beneficiário), nos números 1, 2 e 3, profere que o


tomador do seguro deve indicar no contrato quem são os beneficiários (no caso de seguro
individual). Por outro lado, caso se celebre um contrato de seguro de grupo, a pessoa segura (ou
segurado) designa o(s) beneficiário(s). Noutras circunstâncias, tanto o tomador do seguro, tanto a
pessoa segura, podem delimitar critérios para a designação do(s) beneficiário(s).

Ainda no artigo 239, número 4, a lei levanta algumas hipóteses relativas a pertença do
capital seguro, no caso de falecimento da pessoa segura. Sendo que, quando não houve nenhuma
designação do(s) beneficiário(s) no contrato, o direito ao capital seguro pertence aos herdeiros da
pessoa segura. Caso o beneficiário designado venha a falecer antes do segurado, os herdeiros da
pessoa segura (ou segurado) têm direito ao capital seguro. Ainda neste caso (morte do

13
beneficiário antes da pessoa segura), tendo havido anulação da designação do beneficiário no
contrato, os herdeiros deste, ficam sujeitos ao direito do capital seguro. E por fim, se a pessoa
segura, assim como, o beneficiário, perderem a vida, os herdeiros do beneficiário ficam do
mesmo modo, com o direito ao capital seguro.

1.4 Exemplo Prático


Vamos supor que uma família esteja começando a montar investimentos para o longo
prazo, pensando em aposentadoria. Eles conseguem guardar uma certa quantia mensal, mas caso
um deles venha a falecer, não deixaria património suficiente para manter a renda actual deles.

Eles estimam que, caso um deles venha a falecer, deveria deixar uma renda de 5.000
por mês ao cônjuge, a fim de cuidar dos filhos e manter o mesmo padrão de vida. Os dois estão
na casa dos 40 anos, e pensam deixar uma renda para o que ficar, até a sua morte (vamos usar 90
anos de expectativa de vida).

Informações Conhecidas:

 Casal em fase de acumulação de património


 Saldo em investimento actual: 200.000
 Necessidade de 5.000 de renda em caso de morte, por um prazo de 50 anos.
 Aporte mensal em investimentos de 1.000 por mês.
 Expectativa de aposentadoria com 65 anos. Consome parte do património para a
renda nessa data.

Do momento, o investimento actual, assumindo o seguro a termo, deve cobrir uma


renda de 5.000 por apenas 40 anos. No ano seguinte 39 anos, depois 38 anos e assim
sucessivamente, a renda paga continuará sendo constante, de 5.000. Porém, com o passar dos
anos, se precisará de um património maior para os 50 anos de necessidade da família (caso
continue vigente, o seguro a termo). Todavia, esta modalidade de seguro acaba não sendo a ideal
para a família, pois a família vai acumulando um património, sendo que, na prática o valor de
cobertura necessário deverá reduzir com o tempo.

14
Portanto, com o seguro (vida) a termo decrescente, a família terá de acumular um
valor em investimento tal que, consiga um património suficientemente superior para que a
cobertura decaia ao longo dos anos, ou seja, seja preciso menos recursos para garantir a
protecção. Vejamos em números qual seria o seguro de vida temporário decrescente ideal para a
família:

ANO VALOR NECESSÁRIO DE COBERTURA


1 873.356
2 845.023
3 815.274
4 784.038
5 751.240
6 716.802
7 680.642
8 642.674
9 602.808
10 560.948
11 516.996
12 470.846
13 422.388
14 371.507
15 318.083
16 261.987
17 203.086
18 141.240
19 76.303
20 8.118

Ao optar por fazer um seguro de vida temporário decrescente, a família pagará por um
seguro personalizado, que atenda completamente as necessidades e por um valor
significativamente menor que um seguro de vida tradicional.

15
2. COMENTÁRIO

O seguro (vida) a termo decrescente, tem a vantagem de ser mais barato que o seguro de vida a
termo, ou temporário. Isso porque, o capital seguro, ou seja, o valor que será recebido pelos
beneficiários do falecido, tende a ser menor ao longo do tempo, diminuindo os custos da
seguradora.

Essa modalidade pode ser uma boa ideia para quem deseja garantir uma protecção a curto ou
médio prazo para seus parentes, conferindo a eles um período de adaptação mais estável (pois em
caso de falecimento do provedor da família, na maioria dos casos, ocorre um enfraquecimento
financeiro).

A redução gradativa do benefício, é importante para suavizar a transição entre o recebimento dos
valores cheios e o não recebimento total. Além disso, podemos dizer que, em muitos casos, os
gastos (para a seguradora) tendem a ser mais elevados justamente no momento inicial,
estabilizando-se depois de um tempo. Por essas e outras razões é que esse tipo de seguro se
mostra como uma boa opção. Contrariamente, como desvantagem, este seguro funciona apenas
enquanto o prémio estiver sendo pago8, e caso a vigência da apólice expire não havendo qualquer
tipo de sinistro, a pessoa segura sai a perder pelo investimento feito no património acumulado 9,
salvo acordo contrário entre as partes.

8
Em contraste com o seguro vitalício, a cobertura não se extingue, e o segurado têm a opção de quitar todo o seguro
e gozar da cobertura sem fazer mais nenhum pagamento.
9
Por isso é que, em muitos casos há renovação automática da apólice (actualizando-se o capital), para evitar esta
perda.

16
5. CONCLUSÃO

É, de facto, incontestável a valia que o seguro possui para qualquer pessoa, mais ainda tratando-
se do seguro vida pois, o ser humano na realidade, vive num contexto de incerteza e nada sabe do
amanhã. E, conforme referido na parte introdutória do relatório, as seguradoras através dos seus
produtos visam diminuir esta incerteza, oferecendo ao mercado seguros de vida. Mas, cada
interessado ou proponente, vai escolher o tipo de seguro adequado ao seu contexto e
necessidades. Relativamente ao seguro vida de capital decrescente, existe a vantagem de ser uma
alternativa de custos mais aligeirados devido ao declínio paulatino do capital ao longo do tempo,
comparativamente as outras modalidades.

Em termos gerais, o tema é de bastante relevância e aplicabilidade pois, hoje em dia, os seguros
são exigíveis em muitas situações e de certo modo, benéficos, pois nem todos têm um poder
financeiro avolumado capaz de conter um prejuízo repentino. Contudo, existe uma carência de
estudos profundos neste tema, principalmente no contexto de Moçambique, e até certo ponto,
nota-se o impacto da falta de legislação específica para cada modalidade de seguro vida, como é
o caso do seguro vida a termo decrescente, propiciando deste modo, a ocorrência dalgum
desequilíbrio negocial entre o preponente de seguro e a própria companhia de seguros.

Em suma, o grupo encerra esta discussão científica, elevando a importância que têm os seguros
na nossa sociedade e buscando, de certo modo, estimular o desenvolvimento de mais
investigações e estudos nesta área e a sua devida adequação no contexto Moçambicano.

17
6. BIBLIOGRAFIA

 ALVIM, P. O contrato de seguro. 15ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.


 BRAGA, F. de A. Contrato de Seguro: a técnica, do risco ao sinistro. São Paulo:
IBDS, 2015.
 Glossário de Termos Técnicos de Seguro e Resseguro (EMOSE), Agosto, 2003.
Produzido por M. Pinhal. Disponível em: <https://www.emose.co.mz/glossario.html>.
Acesso em 17 de Julho de 2022.
 MOÇAMBIQUE. Boletim da República. Decreto-lei n.º 1/2010, de 31 de Dezembro.
aprova o Regime Jurídico dos Seguros. Imprensa Nacional de Moçambique, E.P.,
Maputo, 14.o Suplemento, I Série – n.º 52, 2010.
 PINTO, S. M. 2020. Seguro de Vida Temporário e Vitalício [online]. [Acedido em
17 de Julho de 2022]. Disponível em: <https://pt.linkedin.com/pulse/seguro-de-vida-
tempor%C3%A1rio-e-vital%C3%ADcio-marcelo-seabra-pinto>.
 Seguro de vida temporário decrescente: tudo o que precisa saber! (2021) [online].
[Acedido em 17 de Julho de 2022]. Disponível em: <https://monefica.com.br/seguro-
de-vida-temporario-decrescente/>.
 Seguro Temporário Decrescente – PDF (Prudential do Brasil), 2021. Disponível
em: <https://www.google.com/amp/s/www.idinheiro.com.br/prudential-do-brasil-
seguros/%3famp>. Acesso em 17 de Julho de 2022.
 Tipos de seguro de vida: entenda as diferenças (2018) [online]. [Acedido em 17 de
Julho de 2022]. Disponível em:
<https://mag.com.br/blog/educacao-financeira/artigo/tipos-de-seguro-de-vida>.

18
1. ANEXOS

1.1 I – Quadro com Glossário de Termos Técnicos de Seguro usados no Trabalho

TERMO SIGNIFICADO
Agravamento do Risco São circunstâncias que aumentam a intensidade ou a probabilidade da ocorrência do
risco assumido pelo segurador, independentes ou não da vontade do segurado. O
agravamento do risco conduz ou pode conduzir na maioria das vezes, a alterações nas
condições de funcionamento do contrato, quer por via do aumento de prémio, ou
também por vezes na redução das responsabilidades assumidas pela seguradora.
Apólice É o instrumento que materializa o contrato de seguro. É o acto escrito que constitui a
prova normal desse contrato. - É o documento emitido pela seguradora, que após
aceitação da proposta de seguro, que é parte integrante do contrato de seguro,
formaliza o contrato de seguro entre tomador de seguro e seguradora, estabelecendo e
regulando as condições de funcionamento do contrato. Nas apólices são especificadas
as condições gerais relativas aos ramos de seguro, as condições especiais relacionadas
com a modalidade do ramo de seguro e as condições particulares relativas aos dados
do segurado e do bem segurado.
Benefício Importância que o segurador deve pagar na liquidação do contrato e que consiste em
um capital ou uma renda.
Capital Segurado É a importância em dinheiro fixada na apólice, correspondente ao valor máximo
estabelecido para o objecto do seguro. Pode ser fixo, quando a indemnização é paga
integralmente (seguros Vida, por exemplo) ou proporcional, quando a indemnização é
apurada segundo os prejuízos sofridos pelo objecto segurado.
Garantia É a designação genérica utilizada para designar as responsabilidades pelos riscos
assumidos por um segurador ou ressegurador, terminologia também usada como
sinónimo de cobertura uma vez que é o âmbito de compromisso pela seguradora na
cobertura de um risco.
Indemnização É a contraprestação do segurador ao segurado que, com a efectivação do risco
(ocorrência de evento previsto no contrato), venha a sofrer prejuízos de natureza
económica, fazendo jus à indemnização pactuada - É a reparação de um dano através
do pagamento do valor necessário para a reposição da situação existente no momento
anterior ao sinistro ou, quando tal não seja possível, através de uma compensação
monetária equivalente. É portanto, a importância paga pela seguradora, ao segurado ou
a terceiros em virtude da ocorrência de sinistro a coberto da apólice.
Interesse Segurável É o legítimo interesse económico ou pecuniário que as pessoas físicas ou jurídicas
podem ter com relação a si próprias, outras pessoas ou bens seguráveis.

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Objecto Seguro É a designação genérica de qualquer interesse segurado, sejam coisas, pessoas, bens,
responsabilidades, obrigações, direito e garantias.
Pessoa Segura É a pessoa no interesse da qual o contrato de seguro é celebrado ou a pessoa cuja vida,
saúde ou integridade física se segura – É a pessoa cuja vida, saúde ou integridade
física se visa segurar com o contrato.
Redução É a operação (por iniciativa do Tomador de Seguro ou da Seguradora) que permite
reduzir as garantias e/ou capitais da apólice. Pode dar lugar à emissão de estorno de
prémio.
Redução Automática de É quando após a ocorrência de um sinistro, o valor seguro fica, no período de vigência
Capital da apólice, automaticamente reduzido do montante correspondente aos prejuízos
sofridos, sem que haja lugar a estorno de prémio.
Renda É cada uma das parcelas da importância segurada devida pelo segurador ao
beneficiário e que pode ser liquidada anual, semestral, trimestral ou mensalmente.
Pode ser temporária ou vitalícia.
Renda Vitalícia É quando a importância segurada é paga em forma de renda, enquanto viver o
beneficiário. Denomina-se este tipo de renda como pensão.
Resgate É o valor a que o tomador de seguro tem direito por desistência dum contrato de
seguro de vida. Mas nem todos os contratos de seguro de vida conferem o direito a
valor de resgate – uma das formas de extinção do contrato de seguro de vida.
Resolução É o mecanismo jurídico que permite pôr termo ao contrato, na sequência da
verificação de um motivo que a lei ou o contrato reconheçam como justificativo da
resolução - É a cessação antecipada dos efeitos de um contrato de seguro em
consequência de várias circunstâncias expressamente previstas nas condições gerais da
apólice.
A resolução de um contrato de seguro implica que este deixe de produzir efeitos.
Resulta não de um vício na formação de um contrato, mas de um factor posterior à sua
celebração, como por exemplo:
- Falta de pagamento
- Por agravamento de risco
- Por alienação da coisa segura
A resolução do contrato de seguro, a sua não renovação ou a proposta de renovação
em condições diferentes das contratadas devem ser comunicadas por escrito, por uma
das partes à outra parte, com antecedência geralmente, mínima de 30 dias em relação à
data da resolução ou do vencimento. Distingue-se da “anulação” na medida em que só
produz efeitos para o futuro, os efeitos produzidos antes do momento da resolução não
são afectados.
Risco É o evento incerto ou de data incerta que independe da vontade das partes contratantes

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e contra o qual é feito o seguro. O risco é a expectativa de sinistro. Sem risco não pode
haver contrato de seguro. É comum a palavra ser usada, também para significar a coisa
ou pessoa sujeita ao risco. Significa portanto a possibilidade de vir a ocorrer um
evento aleatório e fortuito causador de prejuízos. Nesta óptica o risco terá de possuir
as características de acontecimento: Possível, Futuro, Incerto ou Aleatório, Casual ou
Fortuito, Acidental ou Involuntário, Danoso ou Prejudicial.
Segurado É a pessoa, singular ou colectiva, no interesse do qual é celebrado o contrato de
seguro. – Pessoa no interesse da qual o contrato é celebrado ou a pessoa (pessoa
segura) cuja vida, saúde ou integridade física se segura.
Seguro a Termo Fixo É aquele pelo qual a seguradora se compromete a pagar o capital seguro no
vencimento do contrato; a obrigação do pagamento dos prémios cessa pela morte do
segurado ou o mais tardar, com o vencimento do contrato.
Seguro de Grupo Seguro de um conjunto de pessoas ligadas entre si e ao tomador de seguro por um
vínculo ou interesse comum.
Seguro de Grupo Seguro de grupo em que os segurados contribuem no todo ou em parte para o
Contributivo pagamento de prémio.
Seguro Individual É o contrato de seguro efectuado relativamente a uma pessoa podendo o contrato
incluir no âmbito de cobertura o agregado familiar ou um conjunto de pessoas que
vivam em economia comum, ou o seguro efectuado conjuntamente sobre duas ou mais
cabeças.
Sinistro Consiste na materialização ou concretização do risco que se torna assim, no momento
ou desde o momento em que ocorre - É o evento ou série de eventos ocorridos,
resultantes de uma mesma causa susceptível de fazer funcionar as garantias
contratuais. A ocorrência de sinistro e desde que enquadrável implica o funcionamento
da apólice.
Tomador do Seguro É a entidade que celebra o contrato com a seguradora, sendo o responsável pelo
pagamento do prémio.
Valor Segurado Importância que figura na apólice como valor do contrato, e serve para fixar o limite
da responsabilidade do segurador caso ocorra o sinistro.

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