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Gestão do Conhecimento

Tema 3: Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional


Autor: Ronaldo Barbosa
CONVITE À LEITURA
Nesta aula, aprofundamos o estudo do modelo de criação do conhecimento organizacional de
Nonaka e Takeuchi (2009), autores do livro-texto da disciplina Gestão do Conhecimento.

Apresentamos o modelo “em espiral” que descreve como um conhecimento ligado a um indivíduo
se transforma em conhecimento para toda a organização. Vimos, na aula passada, que, para isso,
são utilizados quatro processos de transformação de conhecimento tácito-conhecimento explícito:
Socialização, Externalização, Combinação e Internalização. Daremos aqui uma atenção especial
ao processo de Externalização, porque é nele que o conceito novo é criado. A modelagem do
conceito na fase de Externalização é difícil de ser representada, Nonaka e Takeuchi (2009) sugerem
o pensamento por analogia e por metáfora que abordamos aqui ao lado de um princípio de
pensamento visual que cabe tanto na fase de Externalização como na fase de Combinação.

Espirais são formas comuns na natureza, aparecem em diferentes escalas de tamanho e de


complexidade. É comum encontrar estruturas em espiral em imagens de corpos celestes e perturbações
atmosféricas, mas também em pequenos seres como alguns animais, insetos e plantas.

A forma em espiral sugere um crescimento autoinclusivo e auto-organizado.

Espiral na forma
Espiral no
da galáxia em que Espiral de um ciclone Espiral na forma de
crescimento de certas
estamos, a Via na atmosfera caracóis
plantas
Láctea

Podemos utilizar a forma de espiral para representar outros fenômenos não físicos, por exemplo, a
forma como aprendemos um assunto novo. Não por acaso, às vezes, o processo de aprendizado é

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representado em conversas e textos em forma de uma espiral. Jerome Bruner , filósofo da educação,
afirmava que qualquer ciência pode ser ensinada, pelo menos nas suas formas mais simples a
alunos de todas as idades, uma vez que os mesmos tópicos poderão ser, mais tarde, retomados e
aprofundados, ciclicamente.

O desenvolvimento da Ciência também segue uma dinâmica em espiral, é retroalimentado pelo


conhecimento novo sobre bases anteriores de conhecimentos que já existiam. Como a espiral nunca
se fecha ou deixa de crescer, não existe uma verdade final na Ciência, isso torna o conhecimento
científico transitório e dependente da pesquisa geradora do conhecimento novo.

Conforme as teorias que estamos estudando, as organizações também aprendem, criam,


disseminam e aplicam conhecimentos novos, de forma auto-organizada e autoinclusiva. Por isso,
o conhecimento organizacional também pode ser representado por uma espiral: desde o “insight ”
individual até uma mudança profunda na organização ou em todo ramo de atividades que aparece
na forma de uma inovação. Veremos, nesta aula, os significados dessa espiral e o quanto ela pode
modificar o ambiente enquanto se expande.

Bom estudo!

TEXTO E CONTEXTO
Espiral da criação do conhecimento organizacional

Vimos na aula anterior que as transformações do conhecimento ocorrem por meio de quatro
processos: Socialização, Externalização, Combinação e Internalização. Na figura a seguir,
representamos essas transformações no nível individual. Observe as duas elipses pontilhadas: uma
do conhecimento tácito e outra elipse do conhecimento explícito.

Fonte: Nonaka e Toyama (2008)

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Vamos olhar a figura de baixo para cima:


1. Conhecimento tácito PARA Conhecimento tácito: Socialização.

2. Conhecimento tácito PARA Conhecimento explícito: Externalização.

Neste ponto, passamos para a elipse de cima, onde prevalece o conhecimento explícito.

3. Conhecimento explícito PARA Conhecimento explícito: Combinação.

4. Conhecimento explícito PARA Conhecimento tácito: Internalização.

Nesta passagem, estamos de volta à elipse inferior, de onde partimos e para onde retornamos. É
nela que o conhecimento tácito vai se acumulando nos indivíduos.

É justamente o conhecimento tácito criado e acumulado no nível individual que constitui a base da
criação do conhecimento organizacional, pois a organização tem de “mobilizar” esse conhecimento
tácito traduzindo-o, por exemplo, em inovações.

PONTO IMPORTANTE

De acordo com Schumpeter (apud GOLEMAN, 2007 – Adaptado), as inovações consistem da


implementação prática do conhecimento, ou de descobertas e, portanto, contam não com a
inventividade, mas com capacidades empresariais. Portanto, a inovação pode estar no lançamento
de novos produtos ou na criação de métodos para a abertura de novos mercados ou fornecedores
de recursos, ou ainda em mudanças organizacionais ().

A mobilização do conhecimento tácito pode se dar na forma de novos produtos, serviços e métodos.

A ideia da expansão do conhecimento novo se completa se incluirmos as participações do indivíduo,


do grupo de indivíduos e da organização. Dessa forma, o conhecimento tácito mobilizado é ampliado
“organizacionalmente” por meio dos quatro modos de conversão do conhecimento e cristalizado
em níveis superiores. Chamamos isso de “espiral do conhecimento”, na qual a interação entre
conhecimento tácito e explícito terá uma escala cada vez maior na medida em que subirem os níveis
de representação. Assim, a criação do conhecimento organizacional é um processo que começa
no nível individual e vai subindo, ampliando comunidades de interação que cruzam fronteiras entre
seções, departamentos, divisões e até entre organizações. Vamos olhar a figura a seguir, sempre
lembrando que ela inclui as ideias da figura anterior:

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Fonte: Nonaka e Takeuchi (2009)

Insistimos que, para os autores Nonaka e Takeuchi (2009), a criação do conhecimento organizacional
é uma interação contínua e dinâmica entre conhecimento tácito e explícito, e a expansão desse
ciclo ocorre na medida em que seu alcance é cada vez maior: do indivíduo para o grupo, para a
organização, para outras organizações, para um setor inteiro de atividades etc. O conhecimento
pessoal se torna conhecimento organizacional por meio de crescimento que lembra uma espiral
porque evolui de forma autoinclusiva e auto-organizada. Note, na figura anterior, como e onde
operam os níveis individual, grupal e organizacional: na Socialização, as interações ocorrem de
indivíduo para indivíduo, mas os conhecimentos tácitos são conjuntos separados com alguma
intersecção entre eles; na Externalização, a interação ocorre do indivíduo para o grupo, mas o grupo
ainda não assimilou o conhecimento novo; na Combinação, um ou mais grupos interagem para
promover o conhecimento novo na organização; na Internalização, o conhecimento do indivíduo
está disseminado e embutido no conhecimento do grupo e da organização.

A próxima figura lembra que quanto mais voltas na espiral de criação do conhecimento organizacional,
maior o potencial de alcance da inovação. Também nos recorda quais são os campos de interação
em cada uma das quatro fases de transformação:

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Fonte: Nonaka e Takeuchi (2009)

Criando um Conceito: Processo de Externalização

A Externalização é um processo de articulação do conhecimento tácito em termos explícitos. Pode


ser definido também como um processo de criação do conceito.

Dito de outro modo, entre os quatro modos de conversão do conhecimento, a Externalização


é a chave para a criação do conhecimento, pois cria conceitos novos e explícitos a partir do
conhecimento tácito. Mas “externalizar” um conceito pode ser bastante complicado. Vamos a um
exemplo de Externalização (além do que já vimos na aula anterior: o exemplo do mestre-padeiro)
para compreender melhor o problema.

Um inspetor de qualidade e segurança precisa otimizar a produção e diminuir os acidentes em


uma grande fábrica. Os empregados costumam seguir as rotinas de trabalho explícitas nos
manuais e treinamentos, mas problemas acontecem: incidência de defeitos na produção acima do
esperado, a produção poderia ser maior e, além disso, operários sofrem acidentes com frequência.
Curiosamente, os operários, que produzem mais e parecem mais satisfeitos com o que fazem, são
os que se acidentam menos. O inspetor decide acompanhar o comportamento desses funcionários
misturando-se a eles porque desconfia que possuam conhecimentos tácitos que possam ser
convertidos em inovações na linha de produção. Primeiro, o inspetor se mistura aos funcionários
mais eficientes, avalia suas atitudes e comportamento, depois externaliza ideias de melhorias para
elevar a segurança e eficiência do local, externalizando o que vivenciou. No entanto, a dificuldade
é externalizar o conhecimento tácito.

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Para converter o conhecimento tácito em conhecimento explícito de forma eficiente e eficaz, o


inspetor talvez precise saber se expressar por meio de linguagens figurativas e simbolismos como
metáforas e analogias.

Ferramentas para Externalização de um Conceito: Metáfora e Analogia

Por meio de metáforas, as pessoas juntam o que sabem em novas formas e começam a expressar
o que sabem, mas que ainda não são capazes de explicar bem. O slogan criado pela Honda para
expressar o desafio de desenvolver o modelo Honda City é um bom exemplo de metáfora: “Teoria
da Evolução do Automóvel”. Como qualquer boa metáfora, este slogan combina duas ideias que
normalmente não pensaríamos juntas: o automóvel que é uma máquina, e a teoria da evolução que
se refere aos organismos vivos. Essa discrepância é uma plataforma para se especular sobre as
características do que seria o carro ideal. O slogan metafórico impulsiona o trabalho da equipe que
irá desenvolver um carro que depois será sucesso mundial.

Já na analogia as contradições da metáfora são amenizadas, concentra-se mais nas semelhanças


estruturais e funcionais entre duas coisas. A analogia, de certa forma, é mais racional e menos
intuitiva do que a metáfora.

Assim, a analogia nos ajuda a entender o desconhecido por meio do conhecido e elimina a lacuna
entre a imagem e o modelo lógico .

Por exemplo, afirmar que o “cérebro é como um computador” é um exemplo de analogia que
podemos concordar ou discordar, mas sugere diversos significados que não precisaram ser sido
ditos: cérebros e computadores lembram lógica, solução de problemas, tomada de decisões etc.

Um exemplo de pensamento por analogia tem a ver com a forma encontrada pela Coca-Cola para
uma famosa garrafa de refrigerantes.

O líquido do refrigerante era escuro como tantos outros refrigerantes com nomes parecidos no
mercado naquela época, o que acabava confundindo os clientes. Se o cliente pudesse distinguir um
refrigerante dos outros, inclusive pelo tato, seria uma vantagem. Na época, durante a década de
1940, estava na moda a saia funil, daí o formato da garrafa.

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Entendeu a analogia?

Essa é uma das teorias sobre como surgiu a forma campeã das garrafas de Coca-Cola, talvez o
maior ícone do design de todos os tempos (DOMINGOS, 2009).

Outro exemplo de analogia é o que levou ao desenvolvimento de um novo conceito de impressoras


para a empresa Canon: o toner da impressora deveria ser leve, descartável, fácil de distribuir e
reaproveitar, além de barato, assim como uma lata de cerveja. Aliás, o toner análogo a uma lata de
cerveja, segundo a lenda, foi “insight” de uma equipe da Canon que trabalhava até tarde discutindo
um novo conceito de impressora e que tinha pedido pizza e cerveja em lata para enfrentar o trabalho
na madrugada.

Resumindo: metáforas e analogias facilitam a formulação do conceito na fase de Externalização.


Claro que muitas variáveis estão em jogo para a criação de inovações e o modelo representa
apenas alguns dos processos.

Lembre-se de valorizar mais o conhecimento tácito das pessoas e o seu próprio daqui por diante.

Ferramenta para Externalização de um conceito: desenhos simples feitos à mão

Com o excesso de telas de equipamentos eletrônicos ao nosso redor, é cada vez mais comum
ouvirmos falar da importância do “pensamento visual”.

Para externalizar grandes ideias na forma de desenhos, não é preciso saber desenhar, muito menos
usar o mouse, precisamos antes saber “pensar por imagens”. O escritor Dan Roam (2012) acredita
que grandes ideias podem nascer em desenhos feitos a qualquer hora em qualquer lugar, à mão
livre, em recibos de mercearia, verso de envelopes ou guardanapos.

Roam (2012) é consultor internacional de empresas na área de comunicação de ideias novas


por meio de desenhos. Ele mostra como pensar com imagens pode ajudar a descobrir diferentes
ideias, resolver problemas de maneiras inesperadas e melhorar a capacidade de expor insights.
Representar ideias por meio de desenhos comunica mais claramente, com mais rapidez e ajuda a
enxergar o que antes era invisível.

Vamos apresentar a parte inicial do livro mais famoso de Dan Roam que se chama The back
of Napkim (tradução: Por trás do guardanapo), cuja edição em português chama-se Desenhando
negócios: como desenvolver ideias com o pensamento visual e vencer nos negócios.

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Os quatro passos do pensamento visual:

Olhar = Imaginar = Mostrar =


Ver =
Enxergar o que Tornar tudo muito mais
Selecionar e agrupar
Coletar e filtrar não está visível claro

Fonte: Adaptado de Roam (2012)

Etapa 1: Olhar significa coletar informações e fazer uma primeira avaliação rudimentar do que
vemos para saber como reagir. Olhar envolve examinar o ambiente, a fim de criar um quadro
abrangente que nos forneça uma ideia da situação como um todo e, ao mesmo tempo, disparar
as rápidas perguntas que nos ajudarão a fazer uma primeira avaliação do que está diante de nós.
Algumas perguntas que ajudam a Olhar:

O que está ali? Há muitas coisas ali? O que não está ali?

Até onde consigo enxergar? Quais são os limites da minha visão neste caso?

As coisas que vejo são as coisas que eu esperava ver?

Atitudes que dizem respeito a Olhar:

Analise o cenário como um todo: existem florestas, árvores e folhas!

Comece a filtrar os ruídos: separe o que interessa do que não interessa!

Etapa 2: Ver é o lado da moeda das informações visuais, é nesse lado que nossos olhos se
tornam conscientemente mais ativos. Enquanto olhávamos, analisávamos o cenário como um
todo e coletávamos as informações iniciais. Agora que estamos percorrendo a etapa enxergar,
passamos a selecionar as informações que merecem uma inspeção mais detalhada, com base no
reconhecimento de padrões, às vezes, é realizada conscientemente, mas muitas vezes, não.
Algumas perguntas que ajudam a Ver:

Entendo o que vejo? Já vi isso antes?

Estão surgindo alguns padrões? Há algo que se destaque?

Já coletei informações visuais suficientes para dar sentido ao que vejo?

Atitudes que dizem respeito a Ver:

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Selecione as informações visuais que merecem análise mais demorada.

Classifique as informações por padrões e agrupe-os.

Etapa 3: Imaginar é o que acontece após as etapas relativas à coleta e seleção de informações, e
essa é a hora de começar a manipular as informações. Imaginar é o ato de enxergar com os olhos
fechados ou o ato de enxergar o que não está visível.
Algumas perguntas que ajudam a Imaginar:

Onde já vi isso antes?

Posso manipular os padrões para que algo que está invisível apareça?

Existe uma estrutura oculta conectando tudo o que vi?

Atitudes que dizem respeito a Imaginar:

Descubra analogias. Pergunte: “Onde já vi isso antes?”

Manipule os padrões: coloque os desenhos de cabeça para baixo, vire-os da direita para
a esquerda, altere as coordenadas. Veja se algo novo aparece.

Etapa 4: Mostrar. Uma vez encontrados os padrões, atribuir-lhes um sentido e encontra-se uma
forma de manipulá-los, é hora de mostrá-lo aos outros. Precisamos resumir tudo o que vimos,
encontrar a melhor estrutura para representar visualmente nossas ideias, realçar o que imaginamos.
E, a seguir, prepare-se para responder às perguntas da plateia.
Algumas perguntas que ajudam a Mostrar:

Quais os desenhos mais importantes que surgiram?

Qual a forma de transmitir visualmente a minha ideia?

Atitudes que dizem respeito a Mostrar:

Esclareça suas ideias mais interessantes para as pessoas.

Para arrematar, escolha a estrutura visual mais apropriada e coloque suas ideias no
papel ou na lousa.

Cubra todos os porquês: assegure que quem/ o que, quanto, onde e quando fiquem
sempre visíveis; deixe que o como e o porquê representem o clímax final.

Resumindo as quatro etapas do pensamento visual, segundo Roam (2012):

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A importância de compreender as quatro etapas do pensamento visual – olhar, ver, imaginar e


mostrar – é deixar claro que o desenho é apenas uma pequena parte do pensamento visual, na
verdade, trata apenas do final do processo, não do começo.

Roam (2012) esclarece que as quatro etapas não acontecem de forma linear e subsequente: ao
mesmo tempo em que olhamos, também vemos; se vemos melhor, imaginamos mais. Além disso,
à medida que começamos a mostrar nosso trabalho para as pessoas elas darão início ao seu
próprio processo de pensar visualmente, analisando nossos desenhos, observando o que há de
interessante neles e imaginando como poderiam manipular e alterar o que estamos mostrando: o
debate criativo ganha espaço! Assim, o “loop” do pensamento visual prossegue indefinidamente
(ROAM, 2012). Para o processo funcionar é necessário praticar. Lembre-se: para ter boas ideias
não é preciso computador, nem saber desenhar, rabiscos ajudam a pensar.

Saiba Mais
* Um vídeo explicativo com animações sobre As Quatro Fases do Pensamento Visual,
de Dan Roam. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=zGDuxPu-xco>.
Acesso em: 16 jan. 2014.

* Pensando e Comunicando com Imagens – Entrevista com Dan Roam. Disponível em:
<http://joybaena.blogspot.com.br/2009/06/pensando-e-comunicando-com-imagens.
html>. Acesso em: 16 jan. 2014.

Design
Entre o olhar, o ver, o imaginar e o mostrar, podemos colocar também o pensamento
visual presente em objetos que utilizamos em nosso dia a dia. Cada um deles contém um
“insight” inovador. Em uma fronteira entre produtos, indústria, inovação e arte, estamos
falando do fascinante mundo do “design”.

Graças ao design diferenciado, por exemplo, os produtos da Apple são aceitos


mundialmente, embora sejam mais caros e não necessariamente melhores do que os
produtos concorrentes.

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Desenhando produtos atraentes, Steve Jobs, da Apple, se beneficiou de um aspecto da


alma humana, que se sente seduzida por coisas belas, e exatamente por causar prazer
e admiração, parecem funcionar melhor.

Design: Relação emocional com os objetos


* O design tem o poder de projetar a experiência que queremos viver e a história
que vamos compartilhar. Frequentemente contamos uma história que quase
não pensamos antecipadamente, então ela é acidental. Se queremos avançar
em direção a uma sociedade criativa, inovadora e sustentável, precisamos
dar ferramentas para as pessoas explorarem e criarem modelos novos.
Essa é a fala do designer premiado Bruce Mau, preocupado com questões de design até
mesmo no layout de salas de aula. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.
br/noticia/atitude/bruce-mau-design-instituicoes-ensino-qualidade-vidasimples-612944.
shtml>. Acesso em: 16 jan. 2014.

* Entrevista exibida no canal GloboNews com o arquiteto e diretor do Museu de Design


de Londres, Deyan Sudjic, sobre o seu livro “A linguagem das coisas”, que trata do design
como elemento do cotidiano. A entrevista trata da influência do design na maneira das
pessoas se vestirem, sobre conceito de consumo e a vida útil dos objetos. Disponível
em: <http://www.youtube.com/watch?v=f1bK2edNMPA>. Acesso em: 16 jan. 2014.

* Alguns segredos do desenvolvimento do “produto ideal” revelados por um designer


respeitado, Don Norman, defensor de produtos eletrônicos mais simples. Disponível
em: <http://veja.abril.com.br/especiais/tecnologia_natal_2007/p_098.html>. Acesso em:
16 jan. 2014.

FILME

Sociedade dos Poetas Mortos (1989, direção: Peter Weir)

Resumo: Em 1959, na Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, um ex-


aluno (Robin Williams) se torna o novo professor de literatura, mas logo seus métodos
de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos cria um choque com a ortodoxa
direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre a “Sociedade
dos Poetas Mortos”.

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Esse belo filme apresenta a importância do contexto adequado para a comunicação e para
a criatividade, assim como as dificuldades que os ativistas da mudança têm que enfrentar.
Assista o trailer. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=1qfSsFYecrM>.
Acesso em: 16 jan. 2014.

AGORA É A SUA VEZ


TESTE: Você é criativo? Disponível em: <http://veja.abril.com.br/idade/testes/teste_
criatividade.html>. Acesso em: 16 jan. 2014.

Questão 01

Ponte ferroviária de Forth Bridge, Escócia.


Fonte: Wikimedia commons
Fonte: Wikimedia commons

A foto da esquerda mostra uma simulação com modelo humano de um conceito inovador de
construção de pontes. É a ideia que o engenheiro Benjamin Baker desenvolveria mais tarde em uma
ponte ferroviária na Escócia, por volta de 1890. Note a distribuição de peso nas pontas enquanto a
pessoa ao centro, provavelmente o próprio Baker, está “no ar”.

A foto da direita é a ponte ferroviária que Baker conseguiu concluir e que é utilizada na Escócia até
hoje.

Podemos afirmar:
a) A foto da esquerda está mais associada à Socialização.
b) A foto da esquerda está mais associada à Externalização do conceito.
c) A foto da esquerda está mais associada ao processo de Combinação.
d) A foto da esquerda está mais associada à etapa de Internalização.
e) A foto da esquerda está associada mais diretamente à espiral do conhecimento.

Resposta: B

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Questão 02

Leia com atenção as duas frases seguintes, ditas por executivos importantes em diferentes
momentos históricos:

Revolução Industrial (início do século XX)

“Por que toda vez que contrato um par de braços, um cérebro tem de vir junto?” (Henry Ford, Ford)

Revolução do Conhecimento (final do século XX em diante)

“Posso obrigar um operário a chegar à fábrica às 7h para trabalhar, mas não posso forçá-lo a ter
uma boa ideia.” (Akio Morita, Sony)

Essas frases representam, respectivamente:


a) Importância do trabalho intelectual para a revolução industrial; importância do
trabalho braçal para a revolução do conhecimento.
b) Importância do trabalho intelectual para ambas as revoluções.
c) Importância do trabalho braçal para a revolução industrial; importância do
trabalho intelectual para a revolução do conhecimento.
d) Importância do trabalho braçal para ambas as revoluções.
e) Nem o trabalho braçal, nem o intelectual são importantes.

Resposta: C

Questão 03

QWERTY é o design de layout de teclado atualmente mais utilizado em computadores e celulares.

O nome vem das primeiras seis letras “QWERTY” da primeira linha do teclado.

A disposição das teclas data de 1868 e foi usado pela primeira vez em máquinas de escrever
mecânicas da marca Remington.

Neste layout, os pares de letras utilizados com maior frequência na língua inglesa foram separados
em metades opostas do teclado, numa tentativa de atrasar as hastes ligadas às teclas e evitar o
travamento do mecanismo das máquinas de escrever.

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Em outras palavras, o layout QWERTY foi criado para tornar o processo de escrita mais lento!

As hastes mecânicas podem “enroscar” se


o usuário datilografar muito rápido!

Repare como no layout de computador


que você está utilizando, a letra A, a
letra mais comum da Língua Portuguesa,
está próxima do menor dedo da sua mão
esquerda, talvez o menos ágil dos dedos
das mãos.

No teclado de computador, cada dígito é meramente um impulso elétrico provocado por um toque,
nada tem a ver com hastes mecânicas.

Por que ainda estamos usando este velho modelo QWERTY em nossos teclados?

Responda, escolhendo a alternativa mais adequada:


a) Uma inovação não é um processo simples, é possível que as pessoas que
começaram a usar computadores estivessem habituadas com o velho layout e
esta tenha sido uma estratégia “de conquista” desses usuários e que acabou
permanecendo. Hoje as pessoas se habituaram com este layout padronizado que
facilita a internacionalização de produtos, mudanças poderiam complicar a vida dos
usuários e fabricantes.
b) É um exemplo de que uma inovação sempre supera as inovações anteriores.
c) É exemplo de má gestão do conhecimento em que fabricantes e usuários não
se entenderam.
d) No layout QWERTY, os erros de digitação podem ser mais facilmente corrigidos
no computador.
e) É exemplo de como as inovações podem ser controladas em todos os seus
aspectos porque o produto superior é o que prevalece.

Resposta: A

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Questão 04

Evolução dos aparelhos pessoais de ouvir música

Os aparelhos portáteis para ouvir música evoluíram muito nas últimas décadas, dos walkman com
fitas K-7 com inevitáveis chiados de fundo até o som limpo de minúsculos IPod. Podemos interpretar
dois saltos evolutivos principais nesse processo: o primeiro salto das fitas K-7 para os compact
disks em que houve um tremendo ganho em termos de qualidade sonora.

IPod inventado Novas gerações


Gravador portátil com fitas Discman também
pela Apple de IPod cada vez
k-7, conceito de walkman inventado pela Sony
(década de menores e de maior
desenvolvido pela Sony (década de 1990)
2000) qualidade
Para entender melhor essa história: <http://idgnow.uol.com.br/ti-pessoal/2009/07/01/walkman-completa-
30-anos/>. Acesso em: 16 jan. 2014

O segundo grande salto foi em termos de quantidade. Com a tecnologia MP3 foi possível armazenar
cerca de dez vezes mais música em um mesmo espaço. Assim, em um CD onde antes cabiam
cerca de 60 minutos de música, passou a caber 600 minutos. Ao mesmo tempo, os arquivos digitais
de música puderam ser armazenados como arquivos digitais comuns, não necessitando mais do
próprio suporte em CD.

Nesta descrição, localize a espiral do conhecimento em termos de quantidade e de qualidade.

Resposta: A era digital na música permitiu o aumento da qualidade. A tecnologia MP3


elevou a quantidade de dados armazenados em forma de música permitindo uma
série de desenvolvimentos na forma como ouvimos, distribuímos e até produzimos
música. Como novos produtos não param de aparecer, a espiral continua a se abrir.
Aparelhos de TV, computadores, celulares, todos reproduzem música.

Questão 05

A destruição da camada de ozônio da atmosfera terrestre

Frequentemente ouvimos falar de aquecimento global e de como a destruição da camada de ozônio


está relacionada ao aquecimento do planeta.

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Acesse o link e veja que talvez nunca tenhamos passado tanto calor. Diponível em: <http://noticias.
uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2014/01/08/intensidade-dos-raios-ultravioleta-
chega-a-nivel-extremo-no-brasil.htm>. Acesso em: 16 jan. 2014.

A explicação científica começa com a molécula de ozônio.

Na década de 1940, americanos e alemães buscavam uma solução para produzir um novo fluido
para refrigeradores. Até então as substâncias usadas eram à base de enxofre, mas tinham forte
cheiro, podiam ser venenosas, inflamáveis, queimar os olhos e atrair insetos.

Os cientistas criaram então uma nova molécula, inexistente na natureza, a molécula CFC
(clorofluorocarboneto):

Foram encontradas inúmeras aplicações para os CFCs: fluido de ar-condicionado, latas de spray,
solventes, produtos de limpeza. Depois de um tempo as moléculas de CFCs chegam na estratosfera
(parte mais alta da atmosfera) até que os raios UV (ultra violetas) os obrigue a abrir mão do átomo
de cloro. E o cloro vai direto reagir com o ozônio. O cloro destrói as moléculas de ozônio, mas ele
próprio não é destruído. Um átomo de cloro pode destruir 100 mil moléculas de ozônio. Note na
reação abaixo como o ozônio é destruído:

Duas moléculas de ozônio foram destruídas, três moléculas de oxigênio foram geradas e os átomos
de cloro estão prontos para causar mais danos.

O ozônio tem a importante função de proteger o planeta contra os raios UV (ultravioleta) do Sol.
Raios UV causam câncer e catarata, por exemplo.

Mas, além disso, a luz UV ataca as moléculas orgânicas que constituem toda a vida na Terra:
as plantas unicelulares que flutuam nos oceanos morrem ou são danificadas com ação dos UV,
causando uma reação em cadeia.

Fitoplânctons são alimento de animais unicelulares que são comidos pelos crustáceos, que são
comidos por pequenos peixes, que são comidos por peixes grandes, que são comidos por golfinhos,

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baleias e, finalmente, as pessoas. A destruição das plantinhas na base da cadeia alimentar causa
o colapso de toda a cadeia.

Ao permitir que a camada de ozônio seja destruída e que aumente a intensidade da UV na superfície
da Terra, estamos criando desafios desconhecidos e preocupantes para o tecido da vida em nosso
planeta (SAGAN, 2008 – adaptado).

Nesta descrição, onde aparece a espiral do conhecimento?

Resposta: Primeira espiral: o desenvolvimento da molécula CFC desde o laboratório


até a indústria permitiu uma série de desenvolvimentos importantes. Novos produtos
foram desenvolvidos como refrigeradores, aerossóis, produtos de limpeza e aparelhos
de ar-condicionado.
Pesquisas sobre os efeitos do CFC na natureza mostraram depois, entretanto, o
quanto essa molécula é nociva ao meio ambiente, pois destrói a camada de proteção
da atmosfera formada por molécula de ozônio deixando mais livre a passagem de UV.
Alternativas para o CFC devem ser encontradas, desenvolvendo-se novos produtos
como umidificadores de ar, outros sistemas de aerossóis etc. Isso certamente provoca
outros ciclos de espiral para o desenvolvimento de soluções que possam atender o
mercado sem causar tantos danos à vida e ao meio ambiente.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Analogia: Relação de equivalência entre duas relações e que destaca o caráter comum de duas
coisas diferentes.

Insight: Compreensão, percepção ou revelação repentina; capacidade de introspecção ou de


autoconhecimento.

Metáfora: Emprego de uma palavra em sentido figurado, em que a significação natural de uma
palavra é substituída por outra, só aplicável por comparação subentendida. No contexto de geração
de conhecimento novo, é uma forma um tanto intuitiva que ajuda a disparar a criação de um novo
conceito. É uma forma de perceber ou entender uma coisa, imaginando outra simbolicamente, e
que serve de inspiração para os desenvolvedores da organização pensarem o novo conceito.

Modelo Lógico: No contexto de geração de conhecimento novo, é um protótipo composto por


conceitos explícitos que, após amadurecidos, não deve conter contradições e no qual as proposições
devem ser expressas em linguagem sistemática e com lógica coerente.

Slogan: Divisa, lema; frase curta e convincente, geralmente utilizada em publicidade e propaganda.

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FINALIZANDO
Nesta aula, vimos porque o modelo de criação do conhecimento organizacional é representado
em espiral. Vimos algumas técnicas de externalização de conceitos como metáfora, analogia e
expressão de ideias por meio de desenhos.

Agora precisamos entrar em detalhes internos das condições que permitem a criação do
conhecimento organizacional, que é base das inovações.

Até a próxima! Bom estudo!

REFERÊNCIAS
GOLEMAN, D. Textos fundamentais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

NONAKA I.; TAKEUCHI, H. Gestão do Conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008.

NONAKA, I.; TOYAMA, R. The knowledge-creating theory revisited: knowledge creation as a


synthesizing process. Knowledge Management Research & Practice, 2003, p.2-10.

PETROSKI, H. Inovação: da ideia ao produto. São Paulo: Blucher, 2008.

ROAN, D. Desenhando negócios: como desenvolver ideias com o pensamento visual e vencer nos
negocios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

SAGAN, C. Bilhões e bilhões: reflexões sobre a vida e morte na virada do milênio. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008.

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