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Discente de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília.
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negociação, assim como nas atividades de solução de controvérsias. Nesse sentido, a
eliminação das assimetrias comerciais e a construção de um ambiente favorável ao
desenvolvimento se configuram como os principais objetivos do Brasil na organização.
Ilustrativo de tal fato, a consistente postura brasileira ao longo da última rodada da
OMC (Doha) demonstra o comprometimento em alcançar esses objetivos. A Rodada Doha
ficou marcada por ter dado ênfase às necessidades dos países em desenvolvimento. Nesse
sentido, o Brasil e outros países entenderam que o ponto central das negociações deveria ser a
agricultura —já que a economia desses países se concentra nesse setor—, defendendo a
redução de subsídios aos agricultores dos países desenvolvidos e a ampliação de acesso a
esses mercados através da redução de tarifas (MRE, 2014). Ademais, cabe ressaltar que o
Brasil exerceu papel de liderança na coordenação das posições da coalizão de países em
desenvolvimento da América Latina, Ásia e África durante as negociações agrícolas na
OMC. Assim, sinalizando a oposição do Brasil aos países desenvolvidos que esperavam dar
continuidade às políticas que afastavam os países em desenvolvimento de seus mercados,
algo que rendeu avanços significativos em termos de equilíbrio nas relações comerciais.
Outra forma de compreender a participação do Brasil na OMC é observar o trabalho
realizado no Mecanismo de Solução de Controvérsias. Nesse sentido, houve dois grandes
casos em que o Brasil esteve envolvido, o contencioso Brasil-Canadá (Embraer/Bombardier)
e o contencioso Brasil-EUA (Caso do Algodão). No primeiro, o Canadá acusou o Brasil de
conceder subsídios proibidos a Embraer e, em contrapartida, o Brasil alegou que não se
tratava simplesmente de subsídios, mas sim de uma operação que nivelava as condições de
concorrência; no segundo, o Brasil denunciou os EUA por concederem subsídios proibidos à
exportação e à produção de algodão. Ambos contenciosos, enfim, terminaram de modo
favorável ao Brasil (ANDRADE, 2013), algo que, se posto em perspectiva, assinala que a
própria OMC reconhece que os desenvolvidos desfrutam de vantagens competitivas.
Em síntese, o ponto é que em meio a uma lógica em que os países desenvolvidos
buscam manter suas vantagens competitivas em detrimento dos demais, o Brasil concentra
esforços em construir um ambiente mais favorável aos países em desenvolvimento, de modo
que as discrepâncias nas relações mundiais de comércio sejam minimizadas. Por extensão, a
política externa brasileira identifica as rodadas de negociação e o Mecanismo de Solução de
Controvérsias da OMC como importantes instrumentos para concretização de seus objetivos.
Assim, o Brasil ascendeu a uma posição mais favorável no plano internacional e se tornou um
dos atores de maior relevância para a elaboração de acordos no âmbito da OMC, uma vez que
a estratégia de assumir a liderança dos países em desenvolvimento vem rendendo frutos.
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REFERÊNCIAS