Você está na página 1de 2

NOTAS DE MORFOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

→ Objeto de estudo da Morfologia são os morfemas = redução máxima dos constituintes da


língua contendo em si mesmos um significado.
→ às vezes uma palavra corresponde a um morfema (unidade mínima da língua com
sentido) mas não é regra.

→ Quanto à significação, há dois tipos de morfemas: lexical e gramatical


→ Morfema lexical = diz respeito ao mundo biossocial, ou seja, seu sentido está ligado à
nossa vida comum (existência além da língua)
→ Morfema gramatical = são os morfemas que pertencem ao sistema linguístico (a própria
língua) e não tem sentido fora dele. Ex: artigos, preposições, pronomes etc.

→ Quanto à realização, os morfemas podem ser livres ou presos.


→ Morfemas livres = podem se constituir como palavra sozinho (sentido independente)
→ Morfemas presos = devem se ligar a outros morfemas para constituir sentido (condição
obrigatória). Ex: todos os sufixos e prefixos.

Exemplos: {menin-} = morfema lexical preso (radical)


{-a} = morfema gramatical preso (gênero)
{-s} = morfema gramatical preso (plural)

Note-se que o {-a} e o {-s} sozinhos não carregam sentido, por isso são gramaticais. No
caso dos gramaticais é necessário explicitar a função deles na palavra (gênero, plural, vogal
temática)

→ Estrutura da palavra nominal da língua portuguesa: radical + vogal temática + gênero +


número

Obs: toda palavra nominal no português tem gênero (masculino ou feminino), que pode
fazer parte da estrutura da palavra em si ou não. Quando não está na palavra,
reconhecemos em comparação com outras palavras (relação morfossintática).

→ Morfologia flexional (dentro da própria palavra) / Relação morfossintática (entre outras


palavras).

→ 1ª regra morfofonológica (muda-se o morfema e muda a sonoridade) = na junção de


morfemas em forma vocálica, o primeiro da sequência cai se estiver em sílaba átona final
(vogal temática)

Ex: {menin-} radical


{-o} vogal temática
{0} gênero
{0} singular
{menin-} radical
{-inho} morfema de grau diminutivo
{0} gênero
{0} singular
Na passagem de menino para menininho, o {-o} caiu quando se juntou com {-inho}. (1ª
regra).

→ Quanto ao morfema flexional de gênero = se a palavra não faz oposição com o


masculino {0}, então é o caso de vogal temática {a, o}. O morfema feminino {-a} sempre vai
fazer oposição ao morfema {0} masculino. Ex: cantor {0}, cantora {-a}

→ Morfema zero {0} é uma forma abstrata que se opõe a um morfema concreto. Indica que
na palavra não ocorre (se realiza) naquela posição. Assim, para os morfemas flexionais de
gênero e número:
{0} indica masculino; {-a} indica feminino
{0} indica singular; {-s} indica plural.

→ Vogal temática = em morfemas nominais, ela prepara o radical para receber novos
morfemas. No português existem 3 (nominais): {-a}, {-e}, {-o}, todas em posição final átona
(se for tônica não é vogal temática).

→ Morfemas dependentes (quanto à realização) = diferentemente dos morfemas presos, o


morfema dependente tem estatuto de palavra. Ele tem duas possibilidades: ou vem antes
ou depois da palavra com a qual se relaciona; ou entre ele e a palavra com a qual se
relaciona. Por isso se diz que ele tem uma mobilidade limitada. Ex: artigos, preposições,
conjunções, pronomes átonos.

Obs: morfema preso (posição fixa dentro da palavra) =/= morfema dependente (posição
móvel limitada)

→ Alternância vocálica = processo morfofonológico que reforça a informação flexional. Pode


ser de dois tipos:
→ Primária e distintiva: não tem marcação fonológica (sonora) para gênero e número. A
informação de gênero/número é depreendida pela vogal tônica do radical.
→ Secundária e redundante: muda-se a sílaba tônica do radical e concorre tanto com
gênero quanto número. Ex: ovo/ovos (vogal fechada e vogal aberta)

→ Flexão nominal de número = oposição entre um único indivíduo e mais de um indivíduo.


Obs: para Mattoso, o morfema flexional de número plural é o fonema /S/ em posição final.
(Mattoso não trabalha com alomorfes {-es}, {-is}).

→ Casos de plural:
1º: consoante pós-vocálico depois de /i/ átono final = há a mudança do /i/ para /e/, seguido
de queda da consoante e metátese (deslocamento de segmentos dentro da palavra), depois
ditongação. Ex: fácil → fáceles → fácies → fáceis.

2º: consoante pós-vocálico depois de /i/ tônico = não se dá a restituição da vogal temática
/e/, há apenas a queda da consoante ao se acrescentar o {-s} plural. Ex: sutil → sutis, funil
→ funis.

3º consoante pós-vocálico seguida de vogal que não seja /i/ = dá-se a queda da consoante
e a ditongação da vogal temática. Ex: azul → azuis; papel → papéis.

Você também pode gostar