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um conflito de crenças, e também deveria reconhecer que todas as crenças que são matéria de
conflito estão mal fundamentadas1.
Uma comparação entre Grócio e Hobbes nessa área é instrutiva. Por um lado,
Hobbes aceita o argumento de Grócio de que, nesse estado, todos reconhecem o direito
de cada indivíduo a se autoconservar, de modo tal que no estado de natureza haveria um
acordo básico sobre os fundamentos de uma teoria moral; mas por outro lado discorda
de Grócio ao considerar que tal acordo básico não é suficiente por si só para gerar uma
ordem moral estabelecida, pois continuaria havendo discordâncias radicais sobre todo o
resto, destacando-se aías circunstâncias concretas nas quais os povos teriam o direito de
se autopreservarem. Como conseqüência desse desacordo entre povos, o estado de
natureza seria inevitavelmente um estado de guerra: eu me defenderia de você de uma
maneira2.
1
HOBBES, Thomas. Leviatã: ou matéria, forma e poder de uma república eclesiástica e civil. Tradução
de João Paulo Monteiro. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. XXXII.
2
HOBBES, Thomas. Leviatã: ou matéria, forma e poder de uma república eclesiástica e civil. Tradução
de João Paulo Monteiro. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. XXXIV.
de ordem superior prescreve as necessidades de ordem inferior, que cada qual deveria
testar para induzir-se a adotá-Ias como suas3.
3
HOBBES, Thomas. Leviatã: ou matéria, forma e poder de uma república eclesiástica e civil. Tradução
de João Paulo Monteiro. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. XXXVII.