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Psicologia, Ciência e

Profissão
PROFª AMANDA CASTILHO DE MATTOS
PROFª ELIGIANE SANTOS
2

- Pesquisas objetivas e
subjetivas;
- Metodologia científica de
Na aula anterior... apreensão de
subjetividade;
- Pesquisas quantitativas e
qualitativas: implicações
éticas.
3

Unidade 3 - Aula 07

Diretrizes curriculares - Contexto histórico;


nacionais para o curso - Análise crítica;
de Psicologia
- DCNs – Minuta.
4
Histórico
➢ O primeiro projeto de domínio
público para um curso de
Psicologia brasileiro foi elaborado
em 1932, no Rio de Janeiro, por
Waclaw Radecki, diretor do
Instituto de Psicologia do
Ministério da Educação e Saúde
Pública (CENTOFANTI, 1982).
Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pcp/v3n1/01.pdf
5

Entretanto, após sete meses de funcionamento, o Instituto


de Psicologia foi extinto, por motivos orçamentários e por
pressões corporativas, ideológicas e religiosas.
Nessa primeira formulação já se evidenciam as muitas
interfaces que caracterizariam a formação em Psicologia,
bem como se anunciavam questões de natureza política
que se perpetuariam até os nossos dias (CENTOFANI, 1982;
JACÓ-VILELA, 1999).
6

➢ No ano de 1946, duas leis referendam a


institucionalização da Psicologia (SOARES, 2010):
➢ Decreto-lei no 9.092, de 26/03/1946 - estabelece a
obrigatoriedade da disciplina de Psicologia Aplicada à Educação
para a obtenção do diploma de licenciado;
➢ Portaria no 272, de 13/04/1946, do Ministério de Educação e
Saúde - regulamenta os diplomas de especialização, entre eles o
de psicólogo e de psicóloga. Assim, nasce o “psicólogo
especialista”, com psicólogas e psicólogos atuando na clínica, no
trabalho e na educação.
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➢ No início da década de 1950
foram criados os dois primeiros
cursos de graduação em
Psicologia, no Rio de Janeiro e
no Rio Grande do Sul, em
universidades católicas, e a
partir daí são engendradas
iniciativas visando à
regulamentação da profissão e Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/c%C3%A9rebro-
engrenagens-conceito-cr%C3%A2nio-3829057/

dos cursos.
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➢ Em 1954, a Associação Brasileira de Psicotécnica,


atualmente Associação Brasileira de Psicologia Aplicada,
enviou um memorial ao Ministro da Educação, no qual
relatou a expressiva presença da Psicologia no cenário
educacional e profissional brasileiro, solicitou a
regulamentação da profissão e propôs um anteprojeto
de currículo para curso superior de Psicologia.
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➢ Em 1958 foi elaborado Projeto de Lei dispondo sobre o


curso de formação em Psicologia e a regulamentação da
profissão de psicóloga e psicólogo, então chamada de
psicologista.
➢ Em 1959, a Associação Brasileira de Psicólogos e a
Sociedade de Psicologia de São Paulo apresentaram
substitutivo a esse anteprojeto, que estabelecia:
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✓ Formação de bacharelado em três séries anuais, composto


por disciplinas que incluíam as ciências biológicas, as
ciências humanas e áreas específicas da Psicologia geral,
experimental, desenvolvimento, personalidade,
aprendizagem, psicopatologia;

✓ Curso de licença, composto por três séries anuais, as duas


primeiras comuns e a terceira com três modalidades:
Psicologia Aplicada ao Trabalho, Psicologia Clínica e
Psicologia Aplicada à Escola;
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➢ O curso de licença incluía a realização de trabalhos práticos,


de observação e pesquisa, pelo menos 800 horas anuais de
estágios supervisionados e a apresentação e defesa de tese
original, sobre trabalho em campo de estágio.

➢ Em qualquer das três modalidades, o curso de licença dava o


direito de exercer a profissão de psicóloga e psicólogo, mas
havia uma exigência a mais para obter a licença em
Psicologia Clínica: ter concluído análise pessoal com
profissional credenciado pela Sociedade Internacional de
Psicanálise.
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É importante observar que nessa proposta reafirma-se


o caráter multidisciplinar da Psicologia, sua vinculação
tanto com as ciências biológicas quanto com as ciências
humanas, e também sua inserção nos três campos que
se tornariam clássicos na formação e atuação em
Psicologia: cínica, escolar, trabalho.
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➢ Na década seguinte foi sancionada a Lei no 4.119, de


27/08/62, que regulamentou a profissão de psicóloga e
psicólogo e o Parecer do Conselho Federal de Educação no
403, aprovado em 19/12/1962, estabeleceu o currículo
mínimo e a duração do curso superior de Psicologia.
➢ Foram estabelecidas três terminalidades para o curso:
Licenciatura, centrada na docência; Bacharelado, que
formava pesquisadora e pesquisador; e Formação de
Psicólogo, que habilitava para o exercício profissional; os
dois primeiros com a duração de quatro anos e o último com
cinco anos (cumulativos).
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➢ Segue-se à regulamentação da profissão um período de


grande expansão de cursos de Psicologia, e
consequentemente de profissionais formadas e
formados, em especial na década de 1970.
➢ É preciso considerar também que o grande aumento do
número de cursos de Psicologia guardava relação com o
aumento da demanda por serviços psicológicos, que se
tornavam mais conhecidos e valorizados pela população.
15

➢ O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e os Conselhos


Regionais foram criados pela Lei no 5.766, de
20/12/1971. As funções dessas autarquias são fiscalizar
e orientar o exercício profissional para garantir o
compromisso ético na prestação de serviços psicológicos
à sociedade, sendo as entidades responsáveis pela
construção do primeiro Código de Ética do Psicólogo,
publicado em 1975.
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➢ A década de 1990 foi marcada por grandes preocupações,


mobilizações e debates a respeito da formação profissional
da psicóloga e do psicólogo, envolvendo o Sistema
Conselhos, associações científicas e todos os atores da
formação.
➢ Em 1992, o Conselho Federal de Psicologia e os Conselhos
Regionais, através da Câmara e Comissões de Educação e
Formação Profissional, promoveram o I Encontro de
Coordenadores de Curso de Formação de Psicólogos, com a
presença de 98 das 103 agências formadoras do país.
17

Encontro tratou dos seguintes temas:

1) Princípios que poderiam ser norteadores para a


formação acadêmica do psicólogo;
2) De que forma estes princípios podem ser contemplados
no currículo?;
3) De que forma estes princípios podem ser contemplados
nos estágios?
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O Encontro de Serra Negra, como


ficou conhecido, teve como
resultado a Carta de Serra Negra,
importante documento sobre a
formação profissional da psicóloga
e do psicólogo brasileiro (CFP,
1992a), e a aprovação, em
plenária, dos seguintes princípios Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/escrito-escrever-
caneta-tinteiro-1209121/
norteadores para a formação
acadêmica:
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1. Desenvolver a consciência política de cidadania e o
compromisso com a realidade social e a qualidade de
vida.

2. Desenvolver atitude de construção de conhecimentos,


enfatizando uma postura crítica, investigadora e criativa.

3. Desenvolver o compromisso da ação profissional


cotidiana baseada em princípios éticos.

4. Desenvolver o sentido da universidade, contemplando a


interdisciplinaridade e a indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão.
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5. Desenvolver a formação básica pluralista,
fundamentada na discussão epistemológica, visando a
consolidação de práticas profissionais.

6. Desenvolver uma concepção de homem, compreendido


em sua integralidade e na dinâmica de suas condições
concretas de existência.

7. Desenvolver práticas de interlocução entre os diversos


segmentos acadêmicos, para avaliação permanente do
processo de formação.

Fonte: adaptado de (CFP, 2018).


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➢ Em 1995, o Ministério da
Educação instituiu uma comissão
de especialistas em ensino de
Psicologia, com a finalidade de
elaborar as diretrizes curriculares
para a graduação em Psicologia,
em substituição ao antigo
currículo mínimo. O documento
produzido organizou-se em 10 Fonte: https://blog.portabilis.com.br/diretrizes-curriculares-do-ensino-fundamental/

diretrizes:
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✓ Uma formação básica pluralista e sólida;


✓ Uma formação generalista;
✓ Uma formação interdisciplinar;
✓ Preparar o psicólogo para uma atuação multiprofissional;
✓ Assegurar uma formação científica, crítica, reflexiva;
✓ Compromisso com o atendimento das demandas sociais;
✓ O compromisso ético deveria permear todo o currículo;
✓ Romper com o modelo de atuação tecnicista;
✓ Precisar as terminalidades dos cursos de Psicologia;
✓ Permitir uma efetiva integração teoria-prática.
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➢ Em 1997, o Ministério da Saúde promulgou a Resolução CNS


nº 218, que reconheceu a Psicologia como uma das treze
categorias profissionais de nível superior que compõem a
área da Saúde. Ficou assim formalizada essa inserção, a
partir de uma compreensão ampliada de saúde e do
compromisso da Psicologia com a promoção da dignidade e
integridade humanas.
➢ Nesse mesmo ano, a Portaria Interministerial nº
880MEC/MS criou a Comissão Interministerial para definir e
propor critérios e parâmetros para autorização de cursos de
graduação em Medicina, Odontologia e Psicologia.
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➢ Em 28 de maio de 1999 foi criada a Associação Brasileira


de Ensino de Psicologia (ABEP), entidade de âmbito
nacional, que tem como objetivo o desenvolvimento e
aprimoramento da formação em Psicologia no Brasil, em
articulação com as entidades da profissão, da pesquisa,
do mundo do trabalho e dos estudantes de Psicologia.
25

Momento
Interação DIANTE DO QUE FOI
APRESENTADO ATÉ
AQUI, QUAL A
EXPECTATIVA PARA A
SUA FORMAÇÃO EM
PSICOLOGIA?
26
Currículo Mínimo
As investigações conduzidas pelo Sistema Conselhos para identificar
quem era o psicólogo brasileiro (CFP, 1988), e mapear as tendências
já consolidadas de atuação profissional e aquelas consideradas
como emergentes (CFP, 1992, 1994), permitiu uma análise onde foi
possível identificar seis características importantes e
interrelacionadas, presentes na formação que ocorria ao longo dos
períodos apresentados, bem como as críticas relacionadas a tais
características.
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❖ Formação baseada na reprodução de informação - um


currículo baseado em conteúdos que precisam ser
dominados por parte do aprendiz, mas que muitas vezes
eram tratados de forma fragmentada e desvinculada da
prática profissional.
 O currículo mínimo não previa condições para que o aluno
participasse de trabalhos de pesquisa como parte do
processo de formação (fortalecendo a reprodução de
técnicas já disponibilizadas sem uma análise crítica da
adequação das mesmas para o contexto em que seriam
empregadas.
28

❖ Divisão da formação em três grandes áreas distintas de


atuação - Ainda que a legislação previsse uma formação
generalista em Psicologia, isso aparentemente não era o que
de fato ocorria, visto que alguns cursos estruturavam seus
currículos de forma a obrigar o aluno a eleger uma área de
atuação para realizar o estágio.

Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/psic%C3%B3logo-
terapia-problemas-doente-1015488/
29

As áreas mais privilegiadas por meio da oferta de estágio, como


parte obrigatória da formação, eram a clínica, a escolar e a
industrial. Assim, a concepção de formação que prevalecia
então era a da formação especializada (ou
compartimentalizada em áreas de atuação). Isso, aliado a
pequena diversidade de modelos de atuação existentes nos
cursos de graduação, refletia um conceito limitado de atuação
profissional.
30

❖ Predomínio da área de atuação clínica – O modelo inicial de


atuação da psicologia, baseado no trabalho com indivíduos
isolados e na visão biomédica (reducionista), cujo foco é a
doença, teve impacto sobre a formação: enfatizava-se a
atuação com indivíduos isolados; havia o predomínio da
orientação psicanalítica; e o modelo adotado focava-se na
doença que buscava identificar distúrbios, problemas e
conflitos do indivíduo à parte das relações estabelecidas por
este.
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❖ Existência de um modelo hegemônico de atuação que se


confunde com o modelo clínico – A atuação profissional do
psicólogo só era entendida como “atuação psicológica”
quando envolvia o uso de técnicas específicas. A imagem do
psicólogo estava, então, fortemente atrelada à atuação do
psicólogo clínico, que ocorria dentro de um consultório, e
consistia na aplicação de testes para mensurar aspectos da
subjetividade do indivíduo e no atendimento psicoterápico
individual.
32

Assim, ao olhar para a clínica individual como “única” forma de


atuação possível, além de manter a visão do psicólogo como
profissional liberal cuja atuação estava voltada para uma elite
economicamente favorecida, gerava um escasso acesso aos
serviços psicológicos para a população geral.

Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/aconselhamento-conselhos-terapeuta-3630323/
33

❖ Distinção existente entre a formação teórica e a formação


prática - Enquanto a informação teórica estava presente na
grande maioria das disciplinas do curso, as oportunidades de
exercitar os conhecimentos obtidos eram escassas, e na
maioria das vezes restritas para as poucas oportunidades de
estágio oferecidas, nos quais “o interesse único é (era) a
aquisição de técnicas de aplicação do conhecimento
científico.” (MATOS, 1988, p. 101).
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❖ Desvinculação entre o conhecimento adquirido durante a


graduação e a realidade social com a qual o profissional se
deparava após a graduação - Na pesquisa relatada por
Bastos e Gomide (1989), 52% dos psicólogos entrevistados
afirmaram ter recebido conhecimento insuficiente sobre a
realidade socioeconômica em que a profissão é exercida e
sobre o papel social da mesma, confirmando a inadequação
do currículo de Psicologia, então existente, para lidar com as
diversas demandas sociais encontradas na realidade do país
naquele momento.
35

O modelo de atendimento clínico individualizado e particular


entra em colapso devido ao aumento da pobreza e da miséria
da população brasileira, forçando o psicólogo – por questões
econômicas – a explorar novos nichos de mercado (BRANCO,
1998).
Isto gera uma crise na Psicologia: ao ocupar espaços que
“desconheciam”, os psicólogos acabam por levar suas práticas e
modelos teóricos sem antes verificar sua adequação às
necessidades desta “nova” população que passa a ser
contemplada por sua atuação (MOURA, 1999).
36

Essa crise impulsiona a Psicologia


a repensar tanto o papel que
desempenha enquanto agente
transformador da sociedade,
como o próprio exercício e a
identidade profissionais do
psicólogo, dando mais destaque
ao compromisso da profissão às
necessidades e às demandas da
Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/associa%C3%A7%C3%A3o-
sociedade brasileira. comunidade-grupo-reuni%C3%A3o-152746/
37
Diretrizes Curriculares Nacionais
O processo de elaboração das DCNs iniciou em 1994, quando,
por deliberação do Ministério da Educação foi constituída uma
Comissão de Especialistas em Ensino de Psicologia, onde o
trabalho girou em torno de dois questionamentos principais:
➢ O que é básico na formação em Psicologia?
➢ Como configurar a possibilidade de concentração em
domínios da Psicologia, garantindo flexibilidade e inovações
nos currículos, sem correr os riscos de uma especialização
precoce?
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Um dos referenciais tomado para a elaboração das DCNs foi o


Projeto Pedagógico do Curso de Psicologia da Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar) (SOUZA et al., 2006), devido à sua proposta
inovadora, e em parte pela participação ativados
docentes desta instituição na elaboração das diretrizes, com
destaque nas ênfases do compromisso social com os problemas e
demandas sociais que determinam o campo de atuação do
psicólogo em diferentes contextos e na capacitação técnico-
científica para produzir soluções e conhecimentos novos com
independência e originalidade.
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Princípios das DCNs:
❖ O avanço do conhecimento científico em Psicologia;

❖A compreensão da amplitude do fenômeno psicológico e


suas diversas interfaces;
❖O reconhecimento da diversidade de perspectivas
necessárias para compreender o ser humano, e o incentivo
ao diálogo com outros campos do saber dada a
complexidade e a multideterminação do fenômeno
psicológico;
40

❖ A compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos,


culturais e políticos do país; a atuação, em distintos contextos,
voltada para a promoção de qualidade de vida de indivíduos ou
grupos com base nas demandas sociais existentes;
❖ O respeito à ética nas diversas relações profissionais
estabelecidas e na produção e divulgação de conhecimento
científico;
❖ O aperfeiçoamento e a capacitação contínuos.
Esses princípios e compromissos são traduzidos nas seguintes 41
competências e habilidades gerais :

Atenção à saúde

Tomada de decisões

Comunicação

Liderança

Administração e gerenciamento

Educação Permanente
42

Para compreender as alterações que as DCNs propõem para o


processo de formação, alguns elementos que a compõem
merecem atenção:
❖ Eixos estruturantes - Esses eixos envolvem tanto questões
epistemológicas e teóricas, como aspectos relacionados à
investigação científica e à prática profissional.

Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/pergunta-
desconhecido-esquecido-1301144/
43

❖ Núcleo comum - conjunto de conhecimentos, habilidades e


competências que capacitam o aprendiz a lidar minimamente
com os conteúdos da Psicologia, enquanto campo de
conhecimento e de atuação. Esse núcleo garante a
identidade do curso e o estabelecimento de uma base
homogênea para a formação no país.
44

❖ Competências - desempenhos e atuações que são requeridos


do futuro profissional psicólogo, envolvendo tanto o domínio
básico de conhecimentos psicológicos como a capacidade de
usá-los em diferentes contextos e demandas.
❖ Habilidades - são apresentadas como os elementos sobre os
quais as competências se apoiam.
45

❖ Ênfases curriculares - conjunto delimitado e articulado de


competências e habilidades que proporciona oportunidades
de concentrar estudos e estágios em algum dos domínios de
atuação profissional em Psicologia no país.
❖O curso deve ofertar, no mínimo, duas ênfases curriculares,
assegurando ao aluno a possibilidade de escolha para
detalhamento das competências específicas.

Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/escolha-seta-
ponto-de-interroga%C3%A7%C3%A3o-3183317/
46

❖ Estágios supervisionados - têm a finalidade de garantir o


contato do formando com situações, contextos e instituições,
possibilitando que conhecimentos, habilidades e atitudes se
consolidem em ações profissionais. São divididos em dois
níveis: básico (voltado para o desenvolvimento de práticas
integrativas das competências e habilidades previstas no
núcleo comum) e específico (voltado para o desenvolvimento
de práticas integrativas de competências, habilidades e
conhecimentos que definem cada ênfase proposta).
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❖ Serviço de Psicologia - tem dupla função: atender às


exigências para a formação do psicólogo (em consonância
com as competências que o curso objetiva desenvolver no
aluno), e às demandas de serviço psicológico da comunidade
em que está inserido (BRASIL, 2004)

Fonte: https://br.freepik.com/vetores-premium/ilustracao-
de-design-plano-terapia-de-grupo_10104740.htm
48

Momento
Interação
O(A) PSICÓLOGO(A) É
PREPARADO(A) PARA
ATUAR NO CENÁRIO
BRASILEIRO?
49
DCN - Análise
A Psicologia é uma ciência e uma profissão multifacetada, que
se insere entre as profissões da saúde, mas também tem
presença expressiva em outras áreas de atuação,
particularmente na Assistência Social, na Educação e no
Trabalho. Como uma das profissões da saúde, participa das
ações conjuntas dos demais cursos da saúde, na defesa dos
princípios democráticos, da proteção dos direitos humanos e
da importância da inserção no SUS.
50

O processo de construção desta proposta de diretrizes


curriculares teve caráter amplo, democrático e participativo,
com o envolvimento direto do Conselho Federal de Psicologia-
CFP, da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia- ABEP e da
Federação Nacional dos Psicólogos- FENAPSI; envolveu
profissionais da área, professores e estudantes de todo o
território nacional, que trabalharam conjuntamente em
reuniões locais, regionais e nacional.
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A presente proposta visa o fortalecimento dos princípios


fundantes e orientadores de uma formação que contemple a
pluralidade, a competência e o compromisso com o
aperfeiçoamento da sociedade, pautada numa perspectiva de
direitos cidadãos plenos. O caráter híbrido e plural da
Psicologia efetiva-se em uma proposta de formação generalista,
crítica, reflexiva, ética e transformadora, apontando uma
diversidade de possibilidades tanto no que se refere às suas
bases epistemológicas e metodológicas, quanto às suas áreas
de atuação.
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Com o objetivo de contemplar as regionalidades e as diferentes


vocações das instituições formadoras, esta proposta mantém,
para além do núcleo comum de formação, que fornece a base
comum para todo o território nacional, as ênfases curriculares,
escolhidas por cada IES, de acordo com as características e
necessidades da comunidade em que se insere, e com
possibilidade de opção pelo estudante.
53
Minuta das DCNs para os cursos de graduação
em Psicologia
✓ Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de
graduação em Psicologia estabelecem e definem, em âmbito
nacional, os princípios, os fundamentos, as condições de
oferta e os procedimentos da formação de psicólogos, e
devem orientar a elaboração dos projetos pedagógicos dos
cursos de graduação em Psicologia ofertados pelas
instituições de ensino superior do país.
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✓ Art. 3º O curso de graduação em Psicologia tem como meta


central a formação de psicólogo voltado para a atuação
profissional, para a pesquisa e para o ensino de Psicologia, com
capacidade para atuar com responsabilidade acadêmico-científica
e social, compromisso com a defesa da cidadania, da dignidade
humana, da saúde integral [...]
✓ Art. 4º O curso de graduação em Psicologia deve assegurar uma
formação científica, ética, política, generalista, humanista, crítica,
reflexiva, democrática e laica, embasada nos Direitos Humanos
[...]
55

✓ Art. 7º Os cursos de graduação em Psicologia terão caráter


generalista e serão compostos por um núcleo comum, que
estabelece uma base para a formação do psicólogo brasileiro, e
por ênfases curriculares, escolhidas por cada curso, que
possibilitem a diversidade e a atenção às regionalidades.
✓ Art. 9º A formação em Psicologia deve garantir ao egresso o
domínio básico de conhecimentos psicológicos, em articulação
com outros campos de saberes, e a capacidade de utilizá-los em
diferentes contextos que demandam investigação, análise,
avaliação, prevenção e intervenção em processos psicológicos e
psicossociais e promoção da qualidade de vida.
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✓ Art. 11º Em função da diversidade de orientações teórico-


metodológicas, práticas e contextos de inserção profissional,
a formação em Psicologia diferencia-se em ênfases
curriculares, entendidas como um conjunto delimitado e
articulado de saberes e práticas que configuram
oportunidades de concentração de estudos e estágios em
determinados processos de trabalho da Psicologia.
57

✓ Art. 13º As ênfases curriculares devem ser definidas em


termos de processos de trabalho, de maneira
suficientemente abrangente para não configurar uma
especialização em uma prática, e não devem se confundir
com procedimentos, local ou área de atuação do psicólogo,
uma vez que o mesmo processo pode ser utilizado em
diferentes contextos e campos de prática.
58

✓ Art. 20º O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) deve


compor a conclusão da formação e ser apresentado no
formato de documento (monografia, artigo científico,
relatório de pesquisa) [...]

Fonte: https://dracrismarques.jusbrasil.com.br/noticias/529723134
59

✓ Art. 24º Os estágios obrigatórios


supervisionados são conjuntos de práticas
e atividades de formação que devem
contemplar a pluralidade da Psicologia,
em grau crescente de complexidade,
garantindo a interlocução entre diferentes
componentes curriculares, considerando
as demandas regionais e territoriais e a Fonte: http://www.uel.br/prograd/?content=divisao-
central-estagios-intercambios/index.html

promoção dos direitos humanos.


60

✓ Art. 26º Os estágios obrigatórios supervisionados visam


assegurar a inserção e participação do estudante no campo
do trabalho e seu contato com situações, contextos e
instituições, permitindo que conhecimentos e atitudes se
concretizem em ações profissionais.
✓ Art.30º As atividades de estágio obrigatório poderão ser
realizadas em campos internos e/ou externos à Instituição
de Ensino, a partir do estabelecimento de parcerias,
devendo oferecer ao estudante experiências diversificadas.
61

✓ Art. 31º O projeto de curso deve incluir um serviço-escola de


Psicologia, que possua espaço físico próprio e adequado às
exigências da formação do psicólogo, congruente com os
saberes e práticas que o curso objetiva desenvolver no
estudante e com as demandas de serviço psicológico da
comunidade na qual a IES está inserida.
✓ Art. 33º Os cursos devem garantir suporte, acolhimento e
apoio psicossocial e pedagógico aos estudantes, bem como
promover ações institucionais de fomento à sua participação
nas discussões a respeito de seu processo formativo.
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Referências:
 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Ano da formação
em psicologia: Revisão das diretrizes curriculares
nacionais para os cursos de graduação em psicologia, São
Paulo, 2018.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Resolução nº 597 de 13 de Setembro de 2018. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2018,
n. 230, 30 Novembro 2018. Seção I, p.199. Disponível em: https://www.In.Gov.Br/materia/-
/asset_publisher/kujrw0tzc2mb/content/id/52748594/do1-2018-11-30-resolucao-n-597-de-13-
de-setembro-de-2018-52748138. Acesso em 02 Abr 2021
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Ano da formação em psicologia: revisão das diretrizes
curriculares nacionais para os cursos de graduação em psicologia, São Paulo, 2018. Disponível
em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2018/07/RELAT%C3%93RIO-FINAL-
REVIS%C3%83O-DAS-DIRETRIZES-CURRICULARES-NACIONAIS-PARA-OS-CURSOS-DE-
GRADUA%C3%87%C3%83O-EM-PSICOLOGIA.pdf Acesso em: 03 Abr. 2021
VIEIRA-SANTOS, J. Impacto das diretrizes curriculares nacionais na formação em psicologia:
revisão de literatura. Psicol. Ensino & form., São Paulo, v. 7, n. 2, p. 34-52, 2016. Disponível em
http://pepsic.Bvsalud.Org/scielo.Php?Script=sci_arttext&pid=s2177-
20612016000200004&lng=pt&nrm=iso . Acesso em 02 Abr. 2021.

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