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Primeira Avaliação.
A Injustiça de Platão no Sofista.
Tese principal: Platão é injusto com os pré-socráticos porque desconsidera as aporias que cada
filósofo se deparou.
Argumento principal: Injustamente, Platão ataca os prés-socráticos atribuindo a eles um certo
descomprometimento com a posteridade, por não terem encontrado uma única resposta a respeito
do ser, mas o ponto que o filósofo desconsidera, é que cada pensador tentou resolver uma aporia
distinta que foi posta ao longo da história desta tradição; e é óbvio que para problemas distintos, as
respostas serão igualmente distintas ainda que uma questão central esteja como plano de fundo.
2. Desenvolvimento: O que Platão pensa? Por que ele pensa? O que ele desconsidera?
2.1. Platão alega que os pré-socráticos não encontram uma resposta a respeito do ser;
"Estrangeiro Eleata: Dão-me todos eles a impressão de contar-nos um mito, cada um a seu modo,
como faríamos a crianças. Segundo um deles, há três seres que, ou bem promovem entre si uma
espécie de guerra ou, tornando-se amigos, fazem-nos assistir a seus casamentos, ao nascimento de
seus filhos, os quais educam. Outro, contenta-se com dois; úmido e seco ou quente e frio, os quais
faz coabitar e casar em forma devida. Entre nós, os Eleatas, vindos de Xenófanes e mesmo de antes
dele, admitem que o que chamamos o Todo é um único ser e assim o apresentam em seus mitos.
Posteriormente, certas Musas da Jônia e da Sicília, concluíram que o mais certo seria combinar as
duas teses e dizer: o ser é, ao mesmo tempo, uno e múltiplo, mantendo-se a sua coesão pelo ódio e
pela amizade. O seu próprio desacordo é um eterno acordo: assim dizem, entre estas musas, as vozes
mais elevadas; mas as de voz mais suave diminuíram o eterno rigor desta lei: na alternância que
defendem, umas vezes o Todo é uno, pela amizade que nele Afrodite mantém, outras vezes é
múltiplo e hostil a si mesmo, em virtude de não sei que discórdia.” (O sofista)
“Minha impressão é que cada um nos contava uma história, como se fôssemos crianças.” (O
SOFISTA, tradução do Prof° Carlos Alberto Nunes)
2.2. Por que cada um à sua maneira respondeu a pergunta central: Qual o princípio de todas as
coisas?
O que eu acho é que Parmênides e quantos se empenharam no exame e na determinação do número
e da natureza dos seres. (O SOFISTA, tradução do Prof° Carlos Alberto Nunes)
Com razão, Platão defende que cada pensador obteve uma resposta para essa problemática.
2.3 Mas Platão despreza - desonesta ou ingenuamente - são as aporias consideradas por cada um
deles na tentativa de estabelecer o(s) princípio(s) de todas as coisas.
2.3.1. Heráclito: Como elementos opostos podem coexistir no mesmo objeto, como a água, que
hora é quente, hora é fria? // Nesse sentido, o fogo se torna a imagem do devir da teoria
heraclitiana. Pois, ao passo que o fogo sempre é - enquanto nome - ele sempre muda - enquanto
ato/atividade; ao passo que a mudança é mudança, permanece enquanto ela mesma eternamente. Ou
seja, em vistas da pergunta central, Heraclito estabelece um ser (um princípio) consonante com a
contrariedade e o princípio do movimento presente na natureza.
2.3.2. Parmênides: Se os contrários podem coexistir no mesmo objeto, podem também o ser e o
não-ser (visto que são também contrários) coexistir no mesmo objeto? // A resposta de Parmênides
à aporia deixada por Heraclito em sua tese é “simples”: Não há contrários da mesma forma que não
há o não-ser, pois tudo o que existe é e todas as coisas que são, são eternas, imóveis, ingênitas e
sobretudo, são um completo cheio de si.
2.3.3. Empédocles: Se tudo permanece - como afirma Parmênides - como podemos considerar a
mudança sem recair no caminho do não ser? // Tudo o que muda, muda para o que também se é.
Sem tratar do não-ser, Empédocles atribui aos quatro elementos (fogo, terra, água e ar) a
constituição de tudo o que existe e às duas forças (amor e ódio) o princípio gerador das
transformações, desse modo, ele torna possível a investigação da mudança excluindo
completamente o não-ser.
PARMÊNIDES. Da natureza / Parmênides ; tradução, notas e comentários José Gabriel Trindade. – 3. ed. –
São Paulo : Edições Loyola, 2013. – (Coleção leituras filosóficas).
REALE, Giovanni. Pré-socráticos e orfismo : história da filosofia grega e romana, vol I / Giovanni Reale ;
tradução Marcelo Perine. – 2. ed. – São Paulo : Edições Loyola, 2012.
SOUZA, José Cavalcante de. Pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996. 320 p. (Os pensadores).