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Aula 5
Atuação do TCU e sua relação
com os Poderes da União
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Permite-se a reprodução desta publicação, em parte ou no todo, semalteração do conteúdo, desde que citada
a fonte e sem fins comerciais.
CONTEUDISTA
José Arimathea Valente Neto
TRATAMENTO PEDAGÓGICO
Violeta Maria dos Santos Galvão
Este material tem função didática. A última atualização ocorreu em Abril de 2017. As
Vamos agora conhecer as formas de controle que o TCU exerce sobre as atividades estatais
e as atividades descentralizadas.
Para responder a essas questões, precisamos situar o TCU na organização do Estado e co-
nhecer suas principais competências.
1. Introdução ............................................................................................................................................. 5
3. Jurisdição do TCU................................................................................................................................. 7
Síntese......................................................................................................................................................... 25
Bibliografia.............................................................................................................................................. 26
Ao final dos estudos desta unidade, esperamos que você tenha condições de:
• Relacionar as competências do TCU, de acordo com a CF/1988, sua Lei Orgânica e seu
Regimento Interno;
1. Introdução
Com base nessas competências, delimitaremos as atribuições do TCU de acordo com a uni-
dade a ser fiscalizada, mencionando os entendimentos da doutrina e da jurisprudência (inclusive
do próprio TCU) sobre a sua competência para controlar certas entidades.
Entretanto, tem de ficar claro que o TCU é órgão autônomo. Não é subordinado a nenhum
outro órgão dos Poderes da União, nem mesmo ao Congresso Nacional. Atua em colaboração
• apesar de o TCU ser composto por ministros e julgar contas dos gestores públicos, ele
não pertence ao Poder Judiciário e, por conseguinte, suas decisões não têm autoridade
de coisa julgada, pois são consideradas decisões administrativas.
Esse ponto gera fragilidades no sistema de controle externo. Por exemplo, uma auditoria
realizada pelo TCU, em alguns casos, pode levar anos para ser concluída, devido às análises a
efetuar e aos regramentos do processo a observar (contraditório, ampla defesa, prazos, etc.).
Após todo esse processo, essa auditoria pode ser simplesmente anulada pelo Judiciário.
Espera-se que o Supremo Tribunal Federal - órgão competente para julgar questões envol-
vendo as decisões do TCU – aja com cautela ao anular uma decisão do Tribunal de Contas da
União, mesmo que seja com base na estrita observância da legalidade, pois anos e anos de tra-
balho podem ser perdidos com a decisão do Judiciário. Além disso, o TCU possui corpo técnico
capacitado e especializado para analisar as questões envolvendo o controle externo dos recursos
públicos federais e, por isso, suas decisões tratam do tema com bastante propriedade.
3. Jurisdição do TCU
A corrente que nega a existência de jurisdição dos Tribunais de Contas entende que a
atividade judicante no Brasil é exclusiva dos órgãos do Poder Judiciário, pois somente esses
podem proferir decisões definitivas e imutáveis. Nesse sentido, o TCU seria órgão técnico e não
jurisdicional.
Por outro lado, parte da doutrina considera o termo “jurisdição” adequado às atividades
desenvolvidas pelo TCU, pois este, ao proceder ao julgamento das contas, decide sobre a regula-
ridade ou irregularidade de modo soberano, privativo, indelegável e definitivo.
Assim, mesmo que as decisões tenham caráter administrativo, o Tribunal exerce um poder
jurisdicional administrativo, com amparo na própria CF/1988, que preceitua, em seu art. 73,
que o TCU tem “jurisdição em todo o território nacional”.
Na mesma linha, a Lei 8.443/1992 (Lei Orgânica do TCU – LO/TCU), em seu art. 4º, define
que o TCU tem “jurisdição própria e privativa, em todo o território nacional, sobre as pessoas
e matérias sujeitas à sua competência”. Regra geral: estão sob jurisdição do TCU aqueles que
administram, sob qualquer forma, recursos públicos federais
Mesmo que a atividade jurisdicional não possa ser afastada, segundo o art. 5º, XXXV, da
CF/1988, o Poder Judiciário apenas pode rever a legalidade das decisões do TCU, sem, no entan-
to, alterar-lhes o mérito.
Por exemplo, se o TCU julgou determinada conta irregular, os órgãos do Poder Judiciário
podem anular a decisão diante de eventual ilegalidade – suponhamos, inobservância dos princí-
pios do contraditório e da ampla defesa –, e tirar a validade da decisão do TCU. Porém, os órgãos
do Judiciário não podem considerar a decisão do TCU legal e transmutar o julgamento da conta
para regular, pois o juízo de mérito (contas regulares, regulares com ressalva ou irregulares) é pri-
vativo do TCU. Assim, cabe ao Judiciário apenas manter ou anular a decisão do TCU, mas nunca
mudar o mérito do julgamento das contas.
A única exceção é o âmbito penal, cuja decisão pode afetar as outras instâncias, quando
reconhecer a inexistência material do fato ou a negativa de autoria.
Para exemplificar, suponhamos que uma sentença criminal afirme que não houve o fato
(roubo de computador, por exemplo), e que nenhuma responsabilidade pode ser atribuída a
qualquer agente (inexistência material). De modo semelhante, se uma setença criminal afirmar
que o autor de determinado crime não foi fulano, não cabe às outras instâncias tentar condenar
a mesma pessoa (negativa de autoria).
A razão de ser dessa interferência é que impera, no juízo criminal, a busca da verdade
material. No juízo civil, há a busca da verdade formal (o juiz decide somente de acordo com
os elementos que as partes trouxeram aos autos).
De acordo com parte da doutrina, como Maria Sylvia Zanella Di Pietro, esses aspectos,
principalmente a economicidade, permitem ao TCU realizar análise de mérito da atividade admi-
nistrativa, na medida em que seria possível analisar a conveniência e a oportunidade da adoção
do ato. Como veremos, esse posicionamento é polêmico, pois:
No exercício da fiscalização, o TCU pode avaliar todos estes aspectos da atividade admi-
nistrativa. A figura abaixo, uma adaptação da contida no documento ISSAI 3000/1.4 da Intosai,
exemplifica claramente esses aspectos:
Diagrama de Insumo-produto
Efetividade
Economicidade
Eficácia Eficiência
Por exemplo, o gestor pode alegar que é eficiente um lote de vacinas que permite imuni-
zar 1.000 pessoas, ao passo que o TCU pode entender que esse lote somente seria eficiente se
imunizasse 1.200. De modo semelhante, para alguns o programa de vacinação teria efetividade
se diminuísse a incidência da doença em 50%, ao passo que para o TCU deveria ser de 70%.
Assim, a primeira constatação que temos é que o TCU não faz suas análises baseadas
somente no que ele “acha” que é o correto. O Tribunal utiliza critérios técnicos, como estudos,
casos concretos semelhantes de outras localidades (outros países, por exemplo), entre outros.
Mesmo assim, o administrador sempre pode comprovar que, para aquele caso concreto, os cri-
térios técnicos do TCU não podem ser plenamente aplicados, devido a algumas peculiaridades.
Por um lado, se o administrador não possuir argumentos para comprovar a razão da es-
colha mais cara, a situação será antieconômica, ou seja, ilegítima. Aqui, cabe a atuação do TCU,
pois o princípio da economicidade não foi atendido.
Por outro, se o administrador comprovar que a vacina B, apesar de ser 20% mais barata,
tem capacidade de imunização 20% menor que a vacina A, a situação estará atendendo todos
os princípios, pois nem sempre o que é mais barato é mais econômico. Nesse caso, não cabe
a atuação do TCU, pois uma vacina é mais barata mas imuniza proporcionalmente menos, ao
passo que a outra é mais cara mas imuniza mais. Qualquer das duas situações estaria atendendo
plenamente os princípios públicos (economicidade, eficiência, eficácia e efetividade).
Assim, a segunda constatação é que só haveria análise de mérito se, ao constatar duas
situações que atendessem plenamente todos esses princípios (bem como os outros princípios
públicos em geral, como proporcionalidade e razoabilidade), o TCU determinasse ao órgão ou à
entidade fiscalizada a adoção de uma situação, em detrimento da outra.
Se a situação encontrada não satisfaz algum desses princípios, a situação será, ao fim, ile-
gítima, pois não atende plenamente o interesse público, já que as ações poderiam ser executadas
de forma mais “correta”.
Em resumo, podemos refutar a análise de mérito pelo TCU sob dois aspectos:
• o TCU sempre observa critérios técnicos em seus julgamentos, os quais, todavia, sempre
poderão ser afastados pelos argumentos do administrador, no caso concreto;
• o TCU, quando se depara com duas situações que igualmente atendem às leis e aos
princípios públicos, não determina ao administrador a adoção de uma em detrimento
da outra.
Por isso, via de regra, quando o Tribunal realiza auditorias operacionais (para medir o
desempenho) e não encontra situações absurdas, ele emite apenas recomendações para que o
gestor, sob seu juízo discricionário, defina a melhor forma de realizar as atividades atendendo
plenamente os princípios públicos.
Por exemplo, se o TCU, ao realizar uma auditoria para medir o desempenho das escolas de
determinada região, constata que a merenda escolar é estocada sem a observância mínima das
normas de higiene sanitária (situação absurda, pois além de provocar o desperdício, compromete
a saúde dos alunos), pode determinar ao órgão responsável que adote imediatas providências
para o saneamento da situação, em vez de expedir recomendação.
De todo modo, verifica-se que a atuação do TCU é abrangente, engloba os mais diversos
aspectos e pode chegar, até certo ponto, a analisar a atuação administrativa com algum grau de
subjetividade, sem adentrar ao mérito propriamente dito.
Opinativa ou consultiva:
elaboração de parecer prévio às Esclarecer ao consulente que: o emprego da tecnologia SISCOPEN não
contas de Governo e resposta à está vedado pela jurisprudência do TCU, desde que atendidas as seguintes
consulta formulada por autoridade condições (Acórdão 1.814/2010 – Plenário).
competente.
Fiscalizadora: fiscalizações
realizadas por iniciativa própria ou Levantamento de auditoria nas obras existentes no Aeroporto de Congonhas/
das Casas e órgãos do Legislativo; SP, em atendimento à solicitação do Congresso Nacional. (TC 007.138/2006-
fiscalização dos recursos repassados 4).
voluntariamente; entre outras.
Julgar irregulares as contas do Sr. XXX, com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16,
inciso III, alínea “c” e 19, caput, da Lei n. 8.443/1992, condenando-o ao
Julgamento de contas: julgamento
pagamento da importância de R$ 378.540,70 (trezentos e setenta e oito mil,
das contas dos administradores e
quinhentos e quarenta reais e setenta centavos), fixando-lhe o prazo de quinze
demais responsáveis por dinheiros,
dias, a contar da notificação, para que comprove o recolhimento da dívida aos
bens e valores públicos, e daqueles
cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida de juros
que derem causa a irregularidade de
de mora, calculados a partir de 31/12/2002 até a data da efetiva quitação do
que resulte prejuízo ao erário.
débito, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da citada Lei c/c o art. 214,
inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU; (Acórdão 21/2010 – Plenário)
Corretiva: assinatura de prazo Acordam os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão
para que o órgão ou entidade Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 71,
adote as providências para o exato inciso IX, da Constituição Federal c/c o art. 45 da Lei n° 8.443/1992, em fixar
cumprimento da lei; sustar, se o prazo de 60 (sessenta) dias para que o Presidente do Instituto Nacional de
não atendido, a execução do ato xxxxxxxxxxxxxxx cumpra integralmente o determinado no item 9.2 do Acórdão
impugnado; adotar as providências n° 1.740/2004-Plenário, especialmente no que refere à apuração de desvios
necessárias, no caso de contrato, se funcionais no âmbito da Superintendência Regional do Amapá, sob pena de
o Congresso Nacional ou o Poder aplicação da multa prevista no art. 58, § 1º, da Lei nº 8.443/1992. (Acórdão
Executivo não o fizerem. 15/2006 – Plenário)
Imaginemos que o TCU receba uma Tomada de Contas Especial (TCE), instaurada em razão
da não prestação de contas do Convênio 123, firmado entre o Ministério da Saúde e o Município
de Fim do Mundo, para a aquisição de duas ambulâncias.
Para realizar suas atribuições e proteger os cofres públicos, o TCU precisa observar certas
limitações:
Os limites impostos pela garantia de ampla defesa e contraditório são decorrência do dis-
posto no inciso LV do art. 5º da CF/1988, segundo o qual “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes”.
Por fim, temos as limitações específicas dos órgãos de controle, que se dividem em duas:
• respeito ao poder decisório, quando houver teses juridicamente razoáveis: o TCU deve
respeitar a decisão do administrador, quando o assunto não for pacificado e houver
teses igualmente aceitáveis;
Assim, suponhamos que no nosso exemplo do Convênio 123, verificou-se que os gesto-
res do Ministério da Saúde analisaram devidamente a proposta de convênio apresentada pelo
Município Fim do Mundo, aceitando que a ambulância a ser adquirida não fosse da marca mais
barata do mercado, por razões técnicas (por exemplo, capacidade interna).
Desse modo, como há uma situação justificável, por critérios técnicos, não cabe ao TCU
impugnar a atuação dos gestores do Ministério. De forma semelhante, também não cabe ao
Tribunal determinar o caminho a ser seguido, pois a compra da ambulância mais cara estava
justificada, de conformidade com os princípios e normativos públicos.
Esses são os controles que o TCU geralmente deve observar nas suas fiscalizações.
Entretanto, há particularidades que tornam o controle diferenciado, conforme veremos a seguir.
Em 2003, por meio do Mandado de Segurança 23.627/DF, o STF proferiu decisão afirman-
do que os bens das empresas estatais seriam privados e, por isso, o TCU não teria competência
para julgar os atos dos seus gestores.
À primeira vista, esse dispositivo poderia induzir ao raciocínio de que o advogado não pode
ser responsabilizado pelas suas manifestações. Entretanto, conforme defendido pela doutrina,
ele não pode estar isento quando agir fora dos “limites da lei”, por expressa previsão consti-
tucional. Esse é o posicionamento defendido por Lucas Rocha Furtado, que assim resume seus
apontamentos:
De todo modo, o gestor, baseado em manifestação irregular do advogado, não está isen-
to de responsabilidade, mesmo tendo tomado a decisão com base em opinião equivocada.
Sabemos que a aplicação dos recursos transferidos de forma obrigatória para outros entes
não pode ser fiscalizada pelo TCU. Nesse caso, cabe ao TCU fiscalizar somente se efetivamente
houve o repasse e a correção desses quantitativos.
Existia dúvida sobre eventual conflito de competência entre o TCU e os tribunais de contas
locais (tribunais de contas estaduais, tribunais de contas municipais e tribunais de contas dos mu-
nicípios), quando da celebração de convênios entre a União e órgãos/entidades de outra esfera
governamental.
• O direito-dever de exigir as contas seja afeto ao órgão repassador ou a outro, desde que
sujeito à jurisdição do TCU;
• O órgão tomador das contas instaure Tomada de Contas Especial - TCE, por dano
causado ao erário;
Tal medida tem levantado intensos debates, devido a recomendações do TCU pela parali-
sação de obras integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Assim, concluímos que a atuação do TCU é importante, pois evita a concretização de ir-
regularidades graves, com o consequente prejuízo aos cofres públicos, mas deve sempre haver
análise do caso concreto para avaliar os custos da medida em relação aos benefícios.
A fiscalização exercida nessas ocasiões tem caráter prévio e concomitante, pois atua
desde a etapa preparatória da licitação até a celebração e execução contratuais.
É importante ressaltar que, segundo a jurisprudência do TCU, não lhe cabe controlar,
diretamente, as empresas delegatárias de serviços públicos, mas sim examinar se o poder conce-
dente está fiscalizando e controlando de forma adequada a execução dos contratos.
A atuação das agências reguladoras é marcada por uma elevada discricionariedade, pois
são entidades muito especializadas nas matérias dos setores que regulam. Assim, segundo a ju-
risprudência do TCU, a fiscalização das atividades finalísticas das agências reguladoras dá-se em
segundo plano.
Nesse contexto, se o Tribunal se deparar com atos discricionários das agências, sua atuação
limita-se a recomendar a adoção de providências consideradas por ele mais adequadas.
Por exemplo, se a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) edita um ato que restringe o
embarque de passageiros em aeronaves portando frascos com mais de 100 ml de líquido, o TCU
não deve, a princípio, realizar determinações sobre o assunto. Mas se o Tribunal entender que
100 ml é uma quantidade muito baixa e que a norma devia aumentá-la, pode até recomendar
à Anac que reveja o normativo, mas cabe à agência reguladora, que é especializada no assunto,
decidir sobre o acatamento da recomendação.
No entanto, se a agência agir com violação de dispositivo legal ou deixar de praticar ato
vinculado que lhe incumbia executar, o TCU exerce sua jurisdição plena determinando as provi-
dências necessárias ao cumprimento da lei.
Assim, se a Anac edita uma norma concedendo eventual gratificação a seus servidores,
sem fundamento legal para isso, estaria agindo com violação à lei e, nesse caso, o TCU exerce
A efetiva atuação do TCU pode ser constatada, por exemplo, na revisão de valores es-
tabelecidos pelas agências reguladoras em concessões, como foi o caso da hidrelétrica Belo
Monte (PA) em que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o TCU orçaram o valor da usina em
dezenove e meio bilhões de reais, enquanto parte do setor privado, interessado na concessão,
estimava valores superiores a trinta bilhões de reais.
A intervenção do Tribunal gera muita economia aos cofres públicos ao rever os cálculos
feitos também para definir o preço mínimo de leilão para a concessão de uma rodovia federal,
ou leilão de uma faixa de determinada frequência para serviços de telecomunicação, como na
Decisão 182/2001 – Plenário, em que o TCU constatou que o método de cálculo de preço míni-
mo de outorga de TV a cabo e de Serviços de Distribuição Multiponto Multicanal (MMDS) não
estava compatível com os valores de mercado.
Outro importante ponto é o processo de revisão tarifária (nos serviços de energia elétri-
ca, por exemplo), em que o TCU verifica se os cálculos estão sendo feitos corretamente, para não
onerar desnecessariamente os consumidores.
Os Serviços Sociais Autônomos (SSA) prestam contas normalmente ao TCU, pois o vínculo
formado com o Poder Público é maior, já que administram recursos públicos que lhes são direta-
mente repassados (contribuições parafiscais). Assim, o TCU exerce plenamente suas competên-
cias sobre essas entidades.
As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) são utilizadas para presta-
ção de serviços bem específicos. Logo, a prestação de contas das OSCIP deve ser apresentada aos
órgãos concedentes, mas ao TCU cabe fiscalizar, diretamente, os termos de parceria firmados.
As Organizações Sociais (OS), por sua vez, submetem-se a fiscalização um pouco mais rígi-
da do que as OSCIP, pois são originadas do processo de publicização, muitas vezes decorrente
da extinção de algum órgão público, e seu vínculo com o Poder Público é mais estreito (presença
de representantes do Governo no Conselho de Administração, cessão de servidor público, per-
missão de bens públicos, etc.). Por isso, também prestam contas ao TCU.
Devemos lembrar, contudo, que a sistemática atual do TCU para definir quais das suas uni-
dades jurisdicionadas apresentarão processo de tomadas de contas é estabelecida anualmente,
por meio de decisão normativa. Assim, nada impede que o TCU, analisando critérios de rele-
vância, materialidade e risco, dispense uma unidade (pode ser da Administração Direta, da
Indireta e os próprios entes paraestatais) de prestar-lhe contas em determinado exercício, e nos
seguintes passe a cobrar as contas dessa mesma unidade.
Observamos que há divergência acerca do uso da palavra jurisdição para sinalizar a abran-
gência do controle exercido pelo Tribunal, porém a doutrina administrativista admite a juris-
dição do TCU em todo território nacional sobre a aplicação dos recursos públicos federais,
decidindo acerca da regularidade ou irregularidade das contas de modo soberano, privativo,
indelegável e definitivo.
Vimos que o controle exercido pelo Tribunal possui as mais diversas naturezas, de acordo
com a competência analisada: opinativa ou consultiva, fiscalizadora, de julgamento de
contas, de registro, sancionadora e corretiva.
No exercício das suas competências, o TCU analisa os mais diversos aspectos dos gastos
públicos: legalidade, legitimidade, economicidade, eficiência, eficácia e efetividade.
De posse de todas essas informações, vimos os limites encontrados pelo Tribunal no exer-
cício da sua missão, a variar de acordo com quem pratica o ato a ser analisado: empresas
estatais; advogados públicos; entidades que celebram transferência voluntária; concessionárias,
permissionárias e autorizatárias de serviço público; agências reguladoras, entidades paraestatais;
entre outras.
Assim, observamos que a abrangência de atuação do TCU é ampla. Alcança órgãos e en-
tidades públicas e toda e qualquer pessoa física e jurídica que utilize recursos públicos federais.
No entanto, o Tribunal também tem suas limitações, que variam de acordo com a forma em que
os recursos são despendidos.
_____ Tribunal de Contas da União. Regimento Interno do Tribunal de Contas da União. Resolução
nº 155, de 4 de dezembro 2002. Brasília: 2002
_____ Tribunal de Contas da União. Instrução Normativa - TCU nº 63, de 1 de setembro de 2010.
Brasília: 2010