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Ethics and social responsibility in organizations: how to insert the school library
in this context
Abstract: The present article seeks to reflect on the need, both in institutions and in
society in general, to adopt a more adequate attitude in the course of their lives, where
the concepts of ethics and citizenship should be present. In this sense, the article also
seeks to relate to the theme the importance of the school library as a space capable of
reflecting the educational, ethical, social and cultural proposals of the institutions to
which they belong, thus contributing to the progress and image of these institutions
before the groups they serve.
Keywords: Ethics. Social responsibility in organizations. School libraries in the context
of educational organizations. Reflections on ethics and human dignity.
Introdução
Aí, o aluno, não é apenas o beneficiário dos serviços que ela presta,
mas também participante de sua elaboração. É evidente que essa
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matéria-prima peculiar, que é o aluno, deve receber um tratamento
todo especial, bastante diverso do que recebem os elementos ma-
teriais que participam do processo de produção, no interior de uma
empresa industrial qualquer (PARO, 2005, p. 126).
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estão tomando conta dos noticiários em escala global. As instituições devem
também considerar a relevância do comportamento ético em sua sustentabilida-
de, de maneira que este possa se tornar um atributo importante para a manuten-
ção de seu reconhecimento social.
Quanto à metodologia para a elaboração do presente artigo, foi realiza-
da uma pesquisa bibliográfica descritiva procurando, em publicações cientí-
ficas e periódicos, colher dados referentes à ética e à responsabilidade social
nas organizações brasileiras e a função social e educativa da biblioteca nas
escolas.
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Pode-se dizer, então, que a questão ética tem sido cada vez mais discu-
tida no âmbito mundial como uma questão promissora para a conservação da
humanidade. Ela tem sido cada vez mais polemizada à medida que formulam
objetivos que apresentam ideias morais orientadas, que motivam as pessoas,
racional e emocionalmente, para que as normas éticas sejam também coloca-
das em prática.
Mas, para o bem-estar da humanidade, devem ser colocados princípios
e normas éticas como critérios de avaliação e de diferenciação para dentro das
discussões dos problemas e da procura de soluções. Tal ética poderia servir tam-
bém para aprofundar e concretizar mais os direitos humanos, visando a uma
ética que seja praticável, sobretudo necessária e comum a todos que preferem
desistir de normas universais e se restringir às realidades dos diferentes mundos
e formas de vida. Esse é hoje um imperativo para os cidadãos e também para a
sobrevivência das organizações, tanto públicas como particulares. É a exigência
pela instauração de um novo ethos social, ético e moral.
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sentindo a necessidade de aprofundar a moral. Geralmente a ética
apoia-se em outras áreas do conhecimento como a antropologia
e a história para analisar o conteúdo da moral. Seria o tratamento
teórico em torno da moral e da moral.
Assim, uma instituição educacional deve adotar uma postura ética vinda
a partir de seus próprios preceitos de atuação no mercado e na sociedade. Seus
valores, seus rumos e suas expectativas devem levar em conta todo esse universo
de relacionamento, e seu desempenho também deve ser avaliado quanto ao seu
esforço no cumprimento de suas responsabilidades públicas.
Para reforçar, Barich e Kotler (apud TAVARES, 2008, p. 213) consideram
que a imagem de uma organização é constituída por diversas dimensões, como:
a conduta de negócios, que incorpora a reputação; a conduta social, compre-
endendo ambiente, cidadania, qualidade de vida e comunidade; a conduta de
contribuições, associada à filantropia; e a conduta em relação aos empregados.
Nesse viés, a imagem de uma organização educacional relaciona-se, ainda,
a uma das variáveis propostas por Aaker (1998) como alternativa para a cons-
trução do valor de uma marca ou associações de marca. Para esse autor, uma
associação é constituída por qualquer elemento, fato ou evento que fica ligado à
imagem de marca. Assim, quando uma marca é lembrada pelo consumidor, ele
poderá associá-la à imagem que ela tem em sua memória.
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Em relação à biblioteca da escola, entende-se que é a partir desse conceito
acerca do potencial das representações simbólicas da marca, presentes na memória
do cliente, que ela é reconhecida como espaço em que as questões éticas pregadas
e desenvolvidas na instituição podem ser mais bem reconhecidas pelo público que
a acolhe. No próximo item, serão tratados desses espaços quando inseridos tanto
no planejamento estético-financeiro da instituição educacional quanto no planeja-
mento desses espaços como locais de memória e patrimônio históricos culturais im-
portantes para a manutenção dos propósitos éticos e de valores dessas instituições.
Segundo Nash (1993, p. 115), “para pensar a questão ética nas organizações
empresariais é necessário, antes de tudo, definir o objetivo desse tipo de organiza-
ção”. Assim, cabe à organização desempenhar com qualidade sua missão específica.
Por outro lado, esse desempenho não pode estar dissociado de seu objeti-
vo principal, que é sua sustentabilidade e sobrevivência no mercado. Logo, ao re-
fletir sobre a dimensão ética na instituição escolar, precisa-se compreender que,
além dos compromissos relativos ao seu funcionamento interno, a organização
também possui compromissos externos, de ordem social e também econômicas.
Durban Roca (2012, p. 14), em seu livro “Biblioteca escolar hoje: recurso
estratégico para a escola”, pondera que:
O desenvolvimento de uma biblioteca escolar, assim como sua
implementação, sofre, nesse momento, um processo desigual de
aplicação. É verdade que, em vez de generalizar, precisamos reco-
nhecer que existe um número considerável de bibliotecas que são
referências claras e mostras vivas de sua utilidade. Mas seria ilusão
e ingenuidade ignorar as dificuldades genéricas que vem afetan-
do a função e o conceito da biblioteca escolar, consequentemente,
provocando certa indecisão nas políticas educacionais. Existem
tensões e dificuldades que estão impedindo a implementação, de
modo generalizado, da biblioteca escolar.
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Entretanto, bibliotecas escolares lúgubres, abandonadas, que não demons-
tram identidade com os valores que a instituição declara ser, podem ser encara-
das como uma maldição, lugar de tortura e suportado pela necessidade obriga-
tória de uso por parte do estudante ou lugar obrigatório de permanência pelo
salário ao final do mês.
Para esses casos, os valores investidos para a manutenção da biblioteca
(tanto para o belo e organizado como para o desalinhado e sem identidade com
a escola) continuam a ser praticamente os mesmos, mudando apenas que, em
espaços de bibliotecas desalinhados com a escola, gasta-se para desconstruir o
que está sendo edificado nas salas de aula e demais espaços de aprendizagem,
fazendo com que o usuário acabe por perceber as contradições institucionais
que parecem ser travadas somente em seu interior e no interior institucional,
mas que, na verdade, podem acabar expostas a toda comunidade em forma de
descuido, descaso ou desserviços.
Naturalmente que uma instituição, na qual circula a primeira concepção
de trabalho, tem uma cultura muito mais positiva e estimulante para as bibliote-
cas e usuários desses espaços, funcionando como um dos fatores de motivação
e participação, determinantes para a produtividade e o reconhecimento desses
importantes espaços na escola.
Nessa perspectiva e para reforçar a importância do investimento, tanto
nos espaços como nas pessoas que ali estão, a política de recursos humanos
desses ambientes deve-se mostrar preocupada em oferecer educação continuada
e mais abrangente aos trabalhadores, além de oferecer também diversas formas
de remuneração e benefícios que garantam a dignidade humana de seus cola-
boradores. Por esse motivo, a construção de uma cultura, de crenças e valores
propícios à consolidação da dimensão ética nas instituições educacionais, nas
bibliotecas escolares e na sociedade como um todo passa pela reflexão sobre o
papel do próprio colaborador e seus usuários.
Pode-se dizer que a cultura ética das organizações passa por uma compre-
ensão de que o trabalho e seus frutos é um modo de o homem viver em socie-
dade, de exercer a sua cidadania e sua humanidade. Uma instituição que mantém
sua missão e valores somente no âmbito das ideias, nãos os praticando, também
terá menores chances de ser bem-sucedida, visto que os parceiros e clientes que
têm critérios e sabem escolher dificilmente serão leais a um produto de menor
qualidade ou a um serviço pouco eficiente. É importante lembrar que a ética
institucional não deve diferir dos princípios que orientam a dimensão pública da
ética, a qual possui princípios válidos nas organizações e fora delas.
Esses princípios podem ser vistos em bibliotecas na forma como elas li-
dam com seus usuários, em suas políticas de desenvolvimento e aquisição de
acervos, da forma como fazem a gestão dos seus espaços e da forma como se
preocupam em devolver para a comunidade a que pertencem as informações e
Considerações finais
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Notas
1 Mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
MBA em Gestão Educacional pela Universidade Católica de Brasília (UCB). MBA em Tec-
nologia da Informação e Comunicação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (PUC-RS). Graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação (UFMG). Dire-
tora Administrativa e Coordenadora da Comissão de Divulgação do Conselho Regional de
Biblioteconomia (CRB/6). Membro da Comissão Brasileira de Biblioteconomia Escolar da
Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições
(FEBAB). Membro no Comitê do Plano Estadual do Livro Leitura Literatura e Bibliotecas de
Minas Gerais. E-mail: cmfloriana@hotmail.com
2 Doutorado em Ciências da Educação pela Universidad San Carlos. Mestrado em Antropologia
pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália. Graduado em Jornalismo pelo CISOP
(Centro Internacional de Opinião Pública, Roma, Itália). Graduado em Filosofia, com ênfase em
Ética. Pós-graduação em Gestão Empresarial e Ensino Religioso pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Graduado em Jornalismo pelo CISOP. Professor do Cen-
tro Universitário UNA. E-mail: wandermc@prof.una.br
Referências
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