Você está na página 1de 13

Letícia Sousa da Silva

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DOCENTE

Trabalho efetuado sob a orientação da


Professora Doutora Carla Dimitre Dias Alves

Julho – Porto
2021
IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DOCENTE

Letícia Sousa da Silva

Introdução

Sabe-se que supervisão e avaliação são processos inerentes e necessários, nesse caso,
para o contexto educativo. Conhecê-los e compreendê-los torna-se essencial para os
profissionais de educação e ensino.
Este trabalho é uma reflexão acerca da importância da avaliação docente e sua
importância no contexto escolar. Para isto seguiu-se o pensamento de alguns autores destaques,
cito Alarcão & Canha (2013); Roldão (2010), Martins (2010), Vieira (2009) e, também, os
principais documentos (Decretos e Despachos) que orientam este processo.
Assim, buscou-se nesta reflexão, abordar breves conceitos de supervisão pedagógica e
avaliação, bem como refletir a importância do ato de avaliar e seus tipos e o papel da avaliação
dentro das escolas.
Por fim, segue a conclusão e os anexos de atividades feitas em grupos durante as aulas
da UC - Supervisão pedagógica e avaliação docente.

Conceito de Supervisão Pedagógica e Avaliação Docente

Nas palavras de Alarcão e Canha (2013) a supervisão pedagógica é o acompanhamento


e regulação de uma actividade. Este processo está enquadrado por um referencial e é
operacionalizado por meio da monitorização da qual faz parte a avaliação. O atual cenário da
supervisão tem os olhos voltados para o desenvolvimento do conhecimento e da aprendizagem
do todo (comunidade escolar), para alcançar este desafio a supervisão pedagógica instiga a
valorização da reflexão, aprender com o outro (colaboração), bem como desenvolver a prática
da auto-supervisão e, também, autoaprendizagem, é o criar e partilhar saber. Nesta linha de
pensamento, Roldão (2009) conceitua a supervisão como ambiente estimulativo e formador que
visa apoiar e regular o desenvolvimento por meio de estratégias com foco na reflexão constante
da prática.
Nas palavras de Martins (2010), o conceito de avaliação não é único e envolve muitos
intervenientes (avaliado, avaliador, documentos, critérios, escola, etc.). Neste âmbito, avaliar
faz parte do processo de supervisão pedagógica e abrange todos os envolvidos no sentido de
promover a evolução a fim de melhorar as práticas profissionais e o trabalho da instituição. A
avaliação é mutável, ou seja, é reconfigurada a cada processo avaliativo e vai se readaptando
aos novos contextos. Portanto, “é um processo contínuo que visa determinar o desempenho de
um professor no seu contexto, considerando um vasto conjunto de circunstâncias” (Idem, p. 5).
Apesar da avaliação e supervisão estarem intimamente ligados são processos interdependentes,
porém o primeiro contribui para o impulso positivo do segundo que ocorre quando o ato de
avaliar deteta e corrige as falhas docentes potencializando o trabalho supervisivo.
Segundo o Decreto Regulamentar nº 26/2012 de 21 de fevereiro a avaliação docente tem
grande relevância pois visa a melhoria da qualidade do serviço educativo e da aprendizagem
dos alunos, bem como a valorização e o desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes.
É um processo que, para além disto, permite detetar as necessidades de formação dos docentes
a fim de aprimorar suas práticas de ensino. Nota-se que “a avaliação é um instrumento ao
serviço da aprendizagem, em que se avalia para aprender, quer na óptica do avaliador quer do
avaliado”. (Méndez, 2002, cit. por Martins, 2010, p. 14). A compreensão neste sentido, por
parte dos docentes, permite que o mito da avaliação como ameaça seja observado com outros
olhos: o da partilha, integração, aprendizado e dinamização das práticas docentes e,
consequentemente, na qualidade do ensino e aprendizagem.
É importante mencionar que a avaliação só é obrigatória, segundo o Decreto-Lei
41/2012 (preâmbulo e artº 45º); Decreto regulamentar n.º 26/2012 (art.º18º); Despacho
13981/2012 (artº7º); Despacho normativo 24/2012 (artº 10º), os docentes que encontram-se em
período probatório ou integrados no 2.º e 4.º escalão da carreira docente, bem como para
atribuição da menção de Excelente, em qualquer escalão e os docentes integrados na carreira
que obtenham a menção de Insuficiente.
No que tange aos tipos de avaliação, existem dois tipos de avaliação docente: a interna
e externa. A primeira está ligada com a participação da escola e relação com a comunidade bem
como a formação contínua e o desenvolvimento profissional. O avaliador interno pertence ao
agrupamento de escolas e avalia todos os escalões. Quanto a segunda, é comtemplada pelo
Decreto-Lei n.º 41/2012, de 21 de fevereiro e abrange a dimensão científica e pedagógica,
ocorre por meio da observação de aulas, é obrigatória para todos os docentes em período
probatório, que estão integrados nos 2.º e 4.º escalões da carreira, e os que tenham obtido a
menção de Insuficiente e para atribuição da menção de Excelente, todos os escalões. O principal
objetivo da avaliação externa é identificar o desempenho dos docentes para valorização e
progressão na carreira.
O docente ao ser avaliado pela componente externa deve seguir as orientações
fornecidas pelo Ministério da Educação e Ciência e do agrupamento de escolas ou escola não
agrupada, portanto o profissional de educação necessita ser capaz de orientar a sua ação em
benefício da aprendizagem dos alunos; Selecionar as melhores abordagens de ensino; Analisar
as suas aulas sob o ponto de vista da eficácia dessas abordagens; Criar um ambiente educativo
assente em valores comummente reconhecidos, tratando os alunos com a dignidade que esses
valores preconizam e assegurando que eles procedam do mesmo modo; Ter presente a
especificidade dos papéis de aluno e de educador/professor não deixando de considerar as
fronteiras que lhe são inerentes (Decreto - Lei n.º 41/2012). A observação das aulas é feita por
um profissional de fora do agrupamento, este utiliza um guião durante a observação das aulas
docentes. Reis (2011) reforça que “a dimensão formativa da observação é reforçada quando os
focos a privilegiar são negociados com os professores de acordo com o que considerem ser as
suas necessidades de desenvolvimento” (p. 26). Ambas as avaliações, interna e externa,
funcionam para que os profissionais de educação tenham formação continua e desenvolvimento
profissional.
Quanto ao papel e competência da avaliação externa, é importante mencionar o que diz
no Decreto-Lei 41/2012 (preâmbulo e artº 42º); Decreto regulamentar n.º 26/2012 (artº 13º e
18º); Despacho 13981/2012 (artº7º); Despacho normativo 24/2012 (artº 4º) onde ler-se que o
avaliador externo deve: Proceder à observação de aulas; Aplicar instrumentos de registo
requeridos para a avaliação externa da dimensão científica e pedagógica, tendo por referência
os parâmetros nacionais; Proceder à avaliação das aulas observadas; Emitir parecer sobre o
relatório de autoavaliação do docente relativamente às aulas observadas; Articular com o
avaliador interno o resultado final da avaliação da dimensão científica e pedagógica dos
docentes sujeitos à avaliação externa. Entende-se assim, que o avaliador externo é uma pessoa
com formação, preparada para a tarefa de avaliador, pois se trata de um trabalho sério, fidedigno
composta com diversas dimensões, algumas destas estão mencionadas a seguir.
Algumas dimensões ligadas no processo avaliativo referidas por Alcaraz (2007) cit. por
Martins (2010), são: Obtenção da informação, Formulação de juízos, Tomada de decisões e
Comunicação dos resultados. A primeira diz respeito a obtenção de dados que deve ser clara e
verdadeira, é o ponto de partida da avaliação, portanto, muito útil, é através das informações
obtidas nesta dimensão que serão tomadas as decisões de mudança. Com relação a segunda,
após feita a primeira, recolha de dados, é feira a análise das informações que formulará o juízo
de valor com base nos critérios do referencial, distinguindo entre o que está bem e mal bem
como a realidade. A terceira dimensão é a emissão de juízos e servirá para a tomada de decisões
para melhoria dos processos. A última dimensão, será a comunicação dos juízos de valor
estabelecidos bem como as decisões tomadas, esta comunicação não será apenas para avaliado
e avaliador, mas a todos os intervenientes no processo. Estas dimensões estratégicas estruturam
e facilitam o trabalho avaliativo desde a observação de aulas (coleta de dados) até a tomada de
decisão (feedback).
Para além das dimensões já mencionadas, Viera (2009) ressalta alguns princípios que
enquadram a prática supervisiva e que, também, orientam o papel da avaliação no que diz
respeito a ação de regular e orientar o desenvolvimento profissional com o intuito de
desenvolver a autonomia docente. O primeiro princípio é trabalhar a articulação entre prática
reflexiva e pedagogia para a autonomia, estas devem estar conectadas na definição das
finalidades, bem como nos conteúdos e tarefas da supervisão. O seguinte princípio é a
autorreflexão de teorias, práticas e contextos, isto torna o professor crítico e criativo. Outro
princípio pertinente é planear e realização e avaliação sempre desafiando a si próprio, buscando
novas possibilidades no ensino e na aprendizagem; o quatro princípio é dá voz de decisão para
professor, bem como liberdade para tomada de condições, isto possibilita e potencializa a
emancipação profissional, o quinto princípio, e, também fundamental, diz respeito a
colaboração/interação por meio do diálogo, é o compartilhar de experiências, interesses, e
necessidades o que facilita a construção social do saber. E o último princípio mencionado nesta
reflexão é “avaliação participada dos processos e resultados do desenvolvimento profissional e
da acção pedagógica, mediante critérios de qualidade definidos à luz de uma visão
transformadora da educação” (Vieira, 2009, p. 203).
É notório, a importância da avaliação docente para a supervisão, é uma ação conjunta
“através da partilha de métodos, instrumentos e intervenientes, a avaliação surge como um
processo que sustenta a supervisão e vice-versa” (Martins, 2010, p. 36). Desta forma, o
cruzamento entre a supervisão e avaliação é constante, é na avaliação que a supervisão busca
os dados para que possa realizar a reflexão mediante os resultados da avaliação e, por fim,
modificar ou acrescentar o que for necessário sempre com o fim no desenvolvimento
profissional e aprendizado significativo.
Conclusão

Esta reflexão teve como finalidade refletir a importância da avaliação docente com base
em alguns autores referência. Assim, verificou-se que a avaliação é complexa e dependente,
deve-se levar em consideração as peculiaridades de cada indivíduo e que são várias e distintas
as questões subjacentes da avaliação docente, porém, o mais importante do processo avaliativo
não é o resultado da avaliação em si, mas sim, o que pode ser feito após o ato de avaliar.
Portanto, o diagnóstico da avaliação (resultado/relatório) indica os pontos fracos e fortes da
prática do professor, e, por meio destes, é possível elaborar o feedback com as sugestões para
trabalhar e eliminar os pontos fracos identificados na avaliação. Com isso, o docente
desenvolve-se profissionalmente e inova as práticas diárias em sala de aula tornando-as mais
eficazes (Martins, 2010).
Numa perspetiva global, a avaliação implica a melhoria da qualidade do serviço
educativo e da aprendizagem dos alunos, bem como a valorização e o desenvolvimento pessoal
e profissional dos docentes (Preâmbulo do Decreto regulamentar n.º 26/2012). Assim, ambas,
avaliação e supervisão convergem para “uma natureza transformadora e uma orientação
emancipatória” (Martins, 2010, p. 10).
Minha perceção de avaliação foi transformada a partir desta UC - Supervisão
pedagógica e avaliação docente, pois entedia a avaliação como um mero processo para medir
minha competência e, apenas, de carater sumativo, atribuição de notas. Carregava comigo a
representação do estigma do receio de ser avaliada por ver a avaliação como uma inimiga. No
entanto, o estudo da UC já citada, permitiu conhecer o real objetivo da avaliação docente e
entender como esta funciona, na prática, dentro das escolas. A metodologia da disciplina foi
diversificada e possibilitou um envolvimento/interação entre alunos-alunos/alunos-professor.
A aprendizagem ocorreu de forma natural e significativa. É possível afirmar que, por meio da
avaliação formativa, quando realizada de forma transparente e democrática, sempre há coisas
novas para se aprender e fazer uns com os outros.
Referências bibliográficas

Alarcão, I., Canha, B. (2013). Supervisão e colaboração: uma relação para o desenvolvimento.
Porto: Porto Editora.

Decreto Lei n.º 41/2012, de 21. Disponível em: Diário da República, 2.ª série — N.º 208 — 26
de outubro de 2012.

Martins, I. et al. (2010). Avaliação e regulação do desempenho profissional. Colecção:


Situações de Formação. Universidade de Aveiro - Campus Universitário de Santiago.

Reis, P. (2011). Observação de aulas e avaliação do desempenho docente. Caderno CCAP-2


Observação. Conselho científico para a avaliação de professores.

Roldão, M. C. (2009). O lugar das competências no currículo – ou o currículo enquanto lugar


das competências?~

Vieira, F. (2009). Para uma visão transformadora da supervisão pedagógica. Educação &
Sociedade, 29(105), 197-217.
ANEXOS
Anexo I: Trabalho de grupo - Guião de observação da dimensão científica e pedagógica

Avaliação Externa do Desempenho Docente

Guião de observação da dimensão científica e pedagógica


(Anexo I)
Agrupamento de Escolas______________________________________
Docente: Maria da Penha (Leticia, Olívia, Iracema e Eugênio) Gr. Recrutamento:
Observação nº _1__ Data: 12/06/21 Tema: História (história de Portugal)

Tendo em consideração as circunstâncias concretas de ensino e a especificação dos parâmetros de avaliação, os registos derivados da
observação devem incidir nos comportamentos do docente avaliado.

Parâme- Registos
tros Especificação
Positivos Negativos

- Demonstra conhecimento
científico da área.
Não explicita aos alunos os
Conteúdo(s) disciplinar(es) - Utiliza saberes transversais e objetivos a seguir.
multidisciplinares.

- Expressa conhecimentos
Cient cientificamente corretos.
ífico

(Dom
ínio)
- Utiliza a língua portuguesa
oralmente por escrito com
Conhecimentos que
enquadram e agilizam a
facilidade,
aprendizagem do(s)
conteúdo(s) disciplinar(es) - Utiliza corretamente a língua
portuguesa.

- Utiliza uma linguagem clara e


adequada.

--Deteta as dificuldades dos


Aspetos didáticos que
permitam estruturar a aula alunos, apoio individual.
Peda para tratar os conteúdos
gógic previstos nos documentos - Acompanha e orienta a
curriculares e alcançar os
o aprendizagem dos alunos.,
objetivos selecionados,
(Segu verificar a evolução da
rança aprendizagem, orientando - Utiliza diferentes técnicas de
) as atividades em função comunicação e expressão.
dessa verificação e
acompanhar a prestação
dos alunos e proporcionar-
lhes informação sobre a
sua evolução

Aspetos relacionais que


permitam assegurar o - Faz cumprir as normas em sala de
funcionamento da aula
aula,
com base em regras que
acautelem a disciplina;
envolver os alunos e
- Utiliza a inclusão,
proporcionar a sua
participação nas - Reforça a participação de todos
atividades; estimulá-los a os alunos.
melhorar a aprendizagem

Considerações:

Pontos fortes: Segurança no trabalho com os alunos,

Pontos fracos: Não revela criatividade nas atividades aplicadas.

Ano letivo: 2020/2021

A Avaliadora Externa
Anexo II: Trabalho de grupo - Classificação da observação de aulas
Anexo III: Atividade 3 – Trabalho de grupo: Indicadores das dimensões científica e
pedagógica

Você também pode gostar