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Terapia Cognitivo Comportamental

&
Envelhecimento
Prof. Cristiano de Oliveira
Introdução
➢A melhoria das condições de vida e o avanço da medicina.

➢Compreender o processo psicológico relacionado ao envelhecimento


humano saudável.

➢Psicopatologias assumem configurações diferentes nesse estágio do


desenvolvimento.
Introdução
O termo ‘Velhice bem-sucedida” vem sendo utilizado para se referir a
capacidade do idoso em:
➢Manter autonomia

➢Independência

➢Envolvimento ativo com a vida pessoal, com a família, com os amigos


e com a vida social num todo.
Qualidade de vida no
envelhecimento X estereótipos
como:
➢Doença
➢Infelicidade
Problemas ➢Improdutividade
➢Dependência ou necessidade de ajuda
➢Conservadorismo
➢Incapacidade e rigidez para mudanças
➢Solidão
➢Isolamento
Crenças estas reforçadas por fatos da
realidade, como perdas comuns ao
envelhecimento: a aposentadoria, a
viuvez, as condições de saúde.

Problemas
Como consequência disto, os idosos
dificilmente procuram ajuda por sintomas
psicológicos, e acabam deixando de se
beneficiar do diagnóstico e dos
tratamentos adequados.
A capacidade cognitiva de desenvolvimento de
estratégias de enfrentamento a situações
estressantes determinará a reação a
acontecimentos negativos.
Enfrentamentos
“A velhice é um tempo de exposição a
acontecimentos específicos e a transições - cada
um reunindo em si riscos e oportunidades para o
desenvolvimento psicológico —, mas também um
tempo de implementação de estratégias de
confronto e de resolução dos desafios que o
decorrer do curso da vida vai lançando ao
potencial adaptativo de cada individuo, (p. 223)”
(Fonseca, 2005)

Fonseca, A. (2005). O envelhecimento bem-sucedido. In C. Paul & A. Fonseca (Orgs), Envelhecer em Portugal:
Em tese, envelhecer não altera nossa
personalidade.

Acredita-se que as modificações


encontradas não se relacionam com a
idade em si.
Personalidade:
Estas estão relacionadas com a forma
como as restrições e alterações do
envelhecer são percebidas.

As cognições da velhice impactam na


capacidade de adaptação psíquica.
• Freud desaconselhou a psicanálise para pessoas
que tivessem ultrapassados os cinquenta anos.
• Ele mencionou três motivos: falta de
flexibilidade nos processos psíquicos dos idosos;
Psicoterapia no pouca disponibilidade e dificuldade de
Envelhecimento aprendizagem, e grande quantidade de material
clínico, o que tornaria o processo muito
prolongado.
• Muitos psicoterapeutas ainda seguem essa
ideia e se recusam a tratar idosos.
• Beck, especialmente no inicio de sua obra,
não relatou casos de TCC com idosos,
sugerindo que essa teoria não era pensada
TCC no para essa faixa etária.

Envelhecimento • Atualmente, estudos vem revelando que as


psicoterapias podem ser eficientes quando
ajustadas as necessidades e particularidades
dessa etapa do desenvolvimento.
• Especialmente nos casos de depressão,
diversos estudos referem que a TCC
associada ao uso de medicação alcançaria os
TCC no melhores resultado para os idosos.
Envelhecimento
• Algumas adaptações são sugeridas,
especialmente no que diz respeito a técnicas
aplicadas e a relação terapêutica.
• Modelos ampliados de terapia vem sendo
aplicados a idosos, trazendo resultados
terapêuticos positivos.
Características
das • O tratamento psicoterápico nesses casos
Intervenções deve levar em consideração as mudanças
físicas, cognitivas, psicológicas e sociais
relacionadas ao envelhecimento.
O conflito de papeis, a institucionalização,
a debilidade física e a perda da rede de
apoio social podem levar a um aumento
da dependência e da sensação de
Características desamparo.

das
Intervenções A Terapia tem como objetivo mudar
pensamentos, ampliar estratégias de
enfrentamento e modificar estados
emocionais que contribuem para a
psicopatologia.
Trata-se de uma terapia ativa, com limite de
tempo e com foco na redução do sintoma.

Características
das
Intervenções 70% dos pacientes reduziram os sintomas, sendo
que, deste percentual, numa reavaliação após
dois anos, 70% seguiam com os ganhos do
tratamento, sem mais preencherem os critérios
para diagnostico de depressão maior.
Características das Intervenções
• É fundamental considerar déficits cognitivos, disfunções
comportamentais graves ou transtorno de personalidade associado,
motivação e responsabilidade pessoal para a mudança e a compreensão
e aceitação de um tratamento psicoterápico.

• Devido as mudanças cognitivas características da velhice, a sessão tem


um passo mais lento e com pausas mais frequentes, utilizando feedbacks
breves, com resumos do que foi conversado, para auxiliar na
memorização.
Características
das
Intervenções
Mudança na Avaliação do Caso

A avaliação do caso e realizada em uma parceira Esta e uma representação idiossincrática do Isso permite que o terapeuta e o cliente
entre o cliente e o terapeuta, principio central da problema atual do cliente, incluindo pré- desenvolvam intervenções especificas para o
TCC. disposições e fatores mais constantes tratamento especifico do problema.
(cognitivos,comportamentais, emocionais e
interpessoais).
Características das
Intervenções

• Baseando-se na teoria de Aron Beck, Laidlaw e colaboradores (2004)


propuseram um modelo alternativo de avaliação na TCC com idosos. Este
inclui: crenças de coorte, os papeis assumidos, ligações transgeracionais,
contexto sociocultural e saúde física.
Crenças de Coorte

• As crenças de coorte são aquelas sustentadas


por grupos de pessoas nascidas em uma mesma
época e que refletem sobre experiencias
compartilhadas.

• Podem ter um importante impacto no processo


psicoterápico, uma vez que é na combinação das
crenças de coorte e crenças centrais que temos
um contexto geracional essencial para trabalhar.
Crenças de Coorte
• O terapeuta precisa ter clareza sobre a quais características da coorte
pertence seu paciente, sendo as coortes o conjunto de normas culturais,
eventos históricos e pessoais que ocorreram durante essa geração
especifica.

• Hoje temos idosos de pelo menos duas gerações diferentes, que viveram
fatos distintos e cuja cultura também modificou seus valores.
Os papéis assumidos descrevem o quanto
o individuo continua envolvido em papeis
significativos, atividades relevantes e
decisivas, que lhe pareçam interessantes.

Papéis
Assumidos
A vulnerabilidade para a depressão
estaria relacionada com o grau de
investimento nesses papéis.
Ligações Transgeracionais

AS LIGAÇÕES TRANSGERACIONAIS SE POR CONTA DESTE FATOR, OBSERVAMOS ISSO INTERAGE COM AS CRENÇAS DE
REFEREM AO GRAU DE ATENÇÃO DADO AO POTENCIAIS DE TENSÃO E DISCORDÂNCIAS COORTE, POR EXEMPLO, NA RELAÇÃO COM
PAPEL DOS AVOS E BISAVÓS NA SOCIEDADE NO CONTEXTO DAS RELAÇÕES A NOÇÃO DE ESTRUTURA FAMILIAR E
ATUAL. TRANSGERACIONAIS. NORMAS.
Contexto Sociocultural
• O contexto sociocultural se refere em particular a atitudes para com o seu
próprio envelhecimento, e inclui a interiorização dos estereótipos negativos em
relação ao envelhecimento.

• Aqui e importante que o terapeuta conheça seus próprios valores em relação a


isso.

• É importante que o terapeuta pesquise sobre a presença de doenças e explore


o histórico de saúde do paciente.
Avaliação
Diagnóstica
em Idosos:

Figura 30.2 - Laidlaw et al. (2004), pag 147


• As perdas e as transições são motivos que
comumente levam o idoso a terapia.
Envolvem não apenas a perda de pessoas
queridas, mas do papel social, da
Mudanças autonomia, do desempenho físico, entre
outros aspectos.
no Foco das
Cognições
Chave • O desempenho físico muitas vezes e
entendido como perda de saúde, o que pode
levar ainda mais ao sofrimento.
• As transições incluem experiências como a
aposentadoria, mas também podem incluir
mudanças no contexto das relações transgeracionais
ou dos papéis assumidos.
Mudanças
• Esses eventos podem provocar pensamentos
no Foco das negativos relacionados a perda de oportunidades,
Cognições falta de reconhecimento e autoacusação.

Chave
• Alguns autores mencionam que essas distorções
cognitivas típicas do envelhecimento estão
relacionadas a dificuldade de adaptação a perdas.
A chave para auxiliar esses clientes é
identificar seus significados individuais e
procurar as distorções cognitivas e
Mudança no pensamentos disfuncionais nos quais eles
estão embasados.
Foco das
Cognições É importante ressaltar que entender a
Chave depressão como consequência natural das
perdas não é igual a dizer que a depressão em
idosos e algo esperado e faz parte do
envelhecimento, mas isso dependerá da forma
como o idoso interpretar esse processo.
Mudança no Foco das Cognições Chave

• A atitude e os pensamentos frente ao


envelhecimento e a própria saúde são de
grande importância no processo
terapêutico, pois frequentemente estão
relacionados a cognições negativas dos
idosos.

• Muitas vezes o paciente sente-se doente,


apesar de não estar, ou simplesmente teme
ficar doente por acreditar ser mais frágil.
• Bakes e Bakes (1990), em seu modelo chamado otimização
seletiva por compensação, propõem estratégias de
compensação das perdas com foco nos ganhos.
• Isso é possibilitado a partir do registro de atividades físicas
Mudança no e intelectuais nas quais o idoso possui um bom
desempenho (seleção).
Foco das • Em seguida, sugere-se a ampliação do uso dessas
capacidades no dia a dia e a busca de um desempenho
Cognições cada vez mais eficiente nessas atividades (otimização).

Chave • Por fim, o idoso passa a compensar capacidades em


descendência pelo incremento daquelas mais estáveis
(compensação).
• Essa estratégia possibilitaria uma vida mais autônoma e
independente, mantendo a autoconfiança do idoso.
• Mudanças no foco do processo
interpessoal cliente-terapeuta são
de relevância fundamental em
qualquer TCC.
Mudanças na
• O processo interpessoal entre o
Relação paciente e o terapeuta e
Terapêutica caracterizado pelas crenças e
sentimentos do paciente em
relação a terapia e ao terapeuta e
pelas crenças e sentimentos do
terapeuta em relação ao paciente.
• Sugere-se muitas vezes a ideia de que os
idosos são “muito velhos para mudar”.
Essa crença pode ser derivada da
combinação da internalização do
estereotipo negativo, bem como pode ser
resultado de crenças de coorte.
Mudanças na • Como resultado, muitas vezes os idosos
Relação não procuram ajuda para seus conflitos e
dificuldades, ou, se procuram, tem uma
Terapêutica expectativa reduzida em relação ao
tratamento (.
• Além disso, a diferença de idade entre
terapeuta e cliente pode levar o idoso a
questionar a capacidade de empatia do
terapeuta.
A passividade também e outro problema potencial da
psicoterapia com o idoso.

Pessoas mais velhas acreditam que ser um “paciente”


Mudanças na significa ser um receptor passivo das ajudas do especialista.

Relação
Terapêutica Isso significa que a natureza colaborativa da TCC necessita
ser resgatada a todo o momento.

Além disso, técnicas comportamentais que tenham


objetivos alcançáveis e tarefas praticas que produzam
mudanças imediatas são recomendadas, especialmente no
inicio do tratamento.
• A tendência a dependência. Idosos,
principalmente os que passaram por
falecimentos recentes, podem estar mais
sujeitos a desenvolver dependência em relação
Mudanças na ao terapeuta.
• Enfatizar o limite de tempo de terapia, expor as
Relação regras de funcionamento já na avaliação do
Terapêutica caso, encorajar o paciente a assumir a autoria
de suas melhoras e trabalhar gradualmente a
substituição do terapeuta por sistemas de
suporte do cliente são estratégias efetivas para
lidar com a dependência.
O auxilio ao idoso na construção de um projeto de
vida com metas de prazos curtos e possíveis e um dos
interesses da terapia.

Uma estratégia é auxiliar a pessoa a planejar alguma


coisa prazerosa pelo menos uma vez por dia.
Projeto de
Vida Segundo Laidlaw et al. (2004), apenas inserir
momentos prazerosos na semana da pessoa já faz uma
grande diferença na qualidade de vida e no humor.

Entretanto, cada caso deve ser avaliado


individualmente.
Ao definir eventos prazerosos a serem
realizados, e necessário identificar alguns
fatores:
• 1. O evento tem que ser realista, o cliente pode adorar
viajar, mas incluir isso em todo final de semana parece
pouco realista, portanto, pode-se sugerir conhecer
lugares novos na própria cidade, como restaurantes,
museus, parques etc.;
Ações • 2. os eventos prazerosos tem de poder aumentar, e,
portanto, definir como eventos aspectos do passado, os
eventos que não se podem repetir apenas aumenta a
frustração;
• 3. Por fim, solicitar que o paciente construa uma lista de
eventos prazerosos, contendo em torno de dez eventos e
pedir ainda que esses sejam colocados em ordem, sendo
o primeiro o mais prazeroso deles, auxilia no processo de
deixar mais claro a possibilidade de inseri-los no dia a
dia.
• Outra crença que impacta o vínculo terapêutico
com o idoso e o estereótipo de doente mental.
• Alguns estudos mostram que esta crença e
especialmente forte na atual população idosa,
que tende a associar doença mental com falhas
Vínculo pessoais ou déficits espirituais.
Terapêutico • Entendem também a terapia como “lugar de
loucos”, e por isso resistem ou acabam
chegando a terapia por insistência ou exigência
dos parentes.
• Isso deve ser tratado no tratamento, pois vai de
encontro a abordagem cooperativa da TCC .
As crenças do terapeuta a respeito da velhice
também tem forte impacto no que diz respeito ao
sucesso da terapia.

Crenças do Impactam diretamente os resultados


terapêuticos, podendo ser um limitador.
Terapeuta
Pensamentos como “idosos não aprendem novos
comportamentos”; “os idosos são inadequados e
precisam ser cuidados”, ou mesmo “eles vão
morrer logo, então por que se importar” .
• O idoso beneficia-se também de treinamentos
de memória, como jogos e leituras, assim como
de planejamento de atividades concretas,
utilizando recursos impressos e realizando
atividades físicas, como caminhadas,
Planejamento hidroginástica e natação.
de Atividades
• Recursos, como notebook e vídeos, que tornem
a sessão mais dinâmica, são bastante úteis e
auxiliam o idoso a manter a atenção na
atividade.
Aproximação da família
• A eficácia do tratamento também está
diretamente relacionada ao envolvimento da
Aspectos família.
• Essas pessoas funcionariam como coterapeutas
Específicos da no ambiente externo ao consultório,
TCC com possibilitando a realização das tarefas de casa e
das atividades propostas para o dia a dia.
idosos • Com a família trabalha-se especialmente a
possibilidade de mudança ambiental, o que,
segundo Fernandes (2002), seria uma das
principais técnicas da terapia.
TCC em grupo
Aspectos • Problemas como a não aceitação da abordagem
psicológica, assim como limitações cognitivas
Específicos leves podem ser reduzidos em tratamentos em
da TCC com grupo (Wilkinson, 1997).
idosos • Programas que envolvam a combinação entre a
psicoeducação e estratégias de monitoramento
de cognições são muito úteis e efetivos,
principalmente no trabalho em grupo.
• A terapia cognitivo-comportamental em grupo
para idosos deprimidos tem sido eficaz
especialmente para adesão do paciente ao
tratamento.
• A TCC com pessoas dementadas ainda e pouco
mencionada na literatura, entretanto, resultados
Tcc e positivos são relatados, especialmente
Demência relacionados a sintomas depressivos e na relação
do paciente com o seu cuidador.

• Técnicas cognitivas e comportamentais,


especialmente modificadas, focando o
treinamento e a reabilitação cognitiva, são
indicadas para pacientes com demência leve ou
inicial.
Tcc e Demência

Aconselha-se que a terapia


No estagio inicial da
seja iniciada logo quando
demência, também se
da descoberta da doença e
mostram eficazes os
acompanhada de
trabalhos em grupo.
tratamento farmacológico.
Há pesquisas que enfocam os cuidadores de
pacientes dementados, os quais apresentam
grandes benefícios, com intervenções ativas
de apoio e psicoeducação.

Tcc e Investigações atuais mostram que trabalhos


em grupo são muito comuns, entretanto os
Demência individuais apresentam melhores resultados.

Intervenções multicomponentes podem


auxiliar o cuidador a dar conta da diversidade
de fatores que caracterizam o cuidado .

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