Você está na página 1de 31

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/316006603

A prática de indexação: análise da evolução de tendências teóricas e


metodológicas

Article  in  TransInformação · August 2004


DOI: 10.1590/S0103-37862004000200003

CITATIONS READS
44 575

2 authors, including:

Mariângela Spotti Lopes Fujita Fujita


São Paulo State University
202 PUBLICATIONS   439 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Scientific production indicators in the theoretical approach to indexing: A bibliometric analysis of the journal the Indexer View project

Indexing policy for school libraries: a proposal for university extension in Brazilian municipalities View project

All content following this page was uploaded by Mariângela Spotti Lopes Fujita Fujita on 21 April 2020.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 133

ARTIGO

A prática de indexação: análise da evolução


de tendências teóricas e metodológicas1

The indexing practice: a development analysis


of theoretical and methodological trends

Maria dos Remédios da SILVA2


Mariângela Spotti Lopes FUJITA3

R E S U M O

Almejando contribuir com uma reflexão sobre a prática do indexador e tendo em


vista a evolução do processo de indexação, os autores procuram identificar,
pela revisão da literatura, o desenvolvimento teórico e metodológico de tal
processo, extraindo as principais tendências e influências ali presentes. A
revisão da literatura foi sistematizada por duas análises: a da literatura
fundamental e a dos relatos de experiência. A primeira análise divide-se em
três categorias: definição, história e aspectos teóricos e metodológicos da
indexação, as quais permitiram evidenciar a constante preocupação, por parte
dos estudiosos, com relação à abordagem do assunto do documento, tendo
em vista sua recuperação. Com isso, conclui-se que a maior ênfase nesse
processo está relacionada à indexação acadêmica – resultante da concepção
de análise de assunto assumida pelo indexador. Este segundo tipo de análise
tem suas influências mais diretamente relacionadas às áreas de interface da
Análise Documentária – a Lingüística, a Lógica e a Psicologia Cognitiva, mais
recentemente abordada pelos estudos teóricos, ainda não aprofundados.

1
Parte integrante do Projeto integrado “Leitura em análise documentária: uma contribuição à formação do indexador”, sob
coordenação de M.S.L. FUJITA. Apoio do CNPq.
2
Mestranda, Curso de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual
Paulista, Marília, SP, Brasil. E-mail: <mariarsilv@yahoo.com.br>.
3
Livre-Docente, Departamento de Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista.
Av. Hygino Muzzi Filho, 737, Campus Universitário, 17525-900, Marília, SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence to:
M.S.L. Fujita. E-mail: <goldstar@flash.tv.br>.
Recebido em 8/7/2003 e aceito para publicação em 28/6/2004.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


134 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

Quando estes aspectos lógicos, lingüísticos e cognitivos estiverem mais


esclarecidos, permitirão ao indexador a realização de uma análise conceitual
do documento mais efetiva, pois são estes aspectos que vão auxiliar na
determinação da tematicidade do documento.
Palavras-chave: indexação, história da indexação, metodologia de indexação,
análise documentária, leitura documentária.

ABSTRACT

To contribute with a reflection on the indexer’s practice, having in mind the evolution
of the indexing process, the authors of this paper sought to assess the theoretical
and methodological development of such process, through a survey of the
literature, extracting from it the main trends and influences. The scrutiny of the
relevant literature was systematized in two types of analyses: one, the analysis of
fundamental literature in the area, and the other, that of experience stories. The
first analysis was divided in three categories: theoretical and methodological
definition, history, and aspects of indexing. These have allowed the authors to
substantiate a constant concern on the part of the scholars, regarding the
approach to the document as a subject and having in mind its recovery. The
authors conclude that the emphasis in this process rests in the academic
indexing-resultant of the outset of subject analysis carried out by the indexer.
This second type of analysis is more directly influenced by the interfacing areas
of Documentation Analysis - Linguistics, Logic and more recently, of sciences
such as the Cognitive Psychology, which was approached in theoretical studies
that did not prove deep enough yet. Once the logical, linguistic and cognitive
aspects affecting document contents be better clarified, they will assist the indexing
professionals in determining the topics actually involved in a document, and will
allow them to accomplish a more effective conceptual analysis of such document.
Key words: indexation, history of the indexation, methodology of indexation,
documentary analysis, documentary reading.

INTRODUÇÃO documentação especializados. Dessa forma, o


aparecimento de mecanismos de controle
Temos constatado pela história da Indexa- bibliográfico aconteceu fora do âmbito das
ção que o ato de construir índices define-se como bibliotecas tradicionais, representando uma
uma prática bastante antiga no processo de evolução no processo de tratamento da informa-
tratamento de documentos. A atividade de ção e dando origem teórico-prática, naquela
indexação, como processo, é realizada mais ocasião, a uma nova área, a Documentação.
intensamente desde o aumento das publicações Dentro da perspectiva evolutiva do trata-
periódicas e da literatura técnico-científica, mento da informação, está vinculada a Indexação
surgindo a necessidade de criação de mecanis- como operação do tratamento temático que
mos de controle bibliográfico em centros de comporta a análise, síntese e representação. A

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 135

leitura documentária representa principal fase (1993) esclarece que a terminologia usada pelo
dessa operação, por ser inicial e desencadear autor pode não corresponder exatamente aos
todas as ulteriores. Dessa forma, exerce uma termos do vocabulário controlado, o que pode
influência contundente no que concerne à ocasionar uma atribuição errônea do termo.
qualidade das outras fases, resultando nos Complementa, ainda, que devem ser indexadas
produtos desse processo. as idéias do autor do texto e não as palavras.
Nas pesquisas sobre leitura documen- Consideramos que esses aspectos
tária, desenvolvidas por Fujita (1999; 2003), para estão, provavelmente, relacionados à falta de
observação da leitura do indexador, verifica-se consolidação teórica da área de Indexação, uma
uma constante preocupação com os procedi- vez que está muito articulada com o desenvolvi-
mentos de análise do documento. Os resultados mento da prática. Por isso, propõe-se realizar a
revelaram que o leitor indexador apresenta identificação e análise das tendências na
dificuldades quanto à identificação e seleção de literatura publicada em Ciência da Informação
conceitos representativos do assunto do sobre o desenvolvimento teórico e metodológico
documento. Tal constatação proporcionou a de indexação com ênfase em leitura documen-
elaboração de diretrizes que contém proposta tária, tendo como objetivo contribuir com uma
de um modelo de leitura documentária para reflexão sobre a prática do indexador.
textos científicos, combinando as estratégias de A metodologia adotada constituiu-se de
exploração da estrutura textual e abordagem revisão da literatura sistematizada por duas
sistemática de identificação de conceitos, visto análises: a de literatura fundamental e outra de
que a compreensão de como se dá essa leitura relatos de experiência. Denominamos revisão de
poderá auxiliar o leitor-indexador a obter uma literatura fundamental aquela que enfocou os
análise conceitual efetiva, que represente textos sobre a temática em estudo e, identificou
adequadamente o assunto tratado no documento. variáveis do processo de indexação para posterior
As pesquisas realizadas no âmbito comparação com a literatura de relatos de
dessas pesquisas, também tiveram como experiência sobre prática de indexação, a fim
objetivo investigar os procedimentos de leitura e de, relacioná-los com os conteúdos teóricos-
estratégias de leituras com leitores indexadores metodológicos.
especialistas e não-especialistas. O diagnóstico Para a revisão de literatura da prática de
apontou resultados similares para ambos os indexação foram selecionados 10 textos (artigos)
casos. No entanto, os indexadores especialistas contendo relatos de experiência de sistemas de
foram mais rápidos na realização da tarefa de informação brasileiro. Os textos selecionados
indexar por dominarem a área de assunto dos foram separados por décadas e o conteúdo foi
documentos, ao passo que os não especialistas analisado para identificar as variáveis influentes
fizeram mais usos de estratégias, em especial na leitura documentária anteriormente ressalta-
a associação com a linguagem do sistema de das pela revisão de literatura fundamental. Cada
indexação. artigo foi descrito fisicamente por referência
Outro aspecto a ser lembrado é que a bibliográfica seguida de uma descrição baseada
análise de assunto feita com base unicamente no resumo de cada texto, com acréscimos de
na linguagem do sistema poderá acarretar informações retiradas de seu conteúdo e, quando
problemas para a verdadeira representação do não havia resumo a descrição foi realizada com
conteúdo do documento; um deles é a incompa- base no texto. Em seguida à descrição,
tibilidade entre a terminologia empregada no procedeu-se à análise para identificação das
documento e a linguagem do sistema. Lancaster variáveis apontadas na literatura fundamental e

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


136 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

discussão decorrente da categorização das ganharam espaço e notoriedade mantidos até


variáveis, cuja avaliação com a literatura de hoje. Bradford (1961), em seu clássico livro,
relatos de experiência, encontra-se no item “Documentação”, até hoje considerado como
resultados. referência para a Documentação, destaca
indexação para a análise de documentos. O
termo, então, passou a ter um significado mais
A Indexação em revisão de literatura abrangente.
fundamental
No âmbito da Análise Documentária,
A revisão de literatura fundamental desta- segundo a linha teórica de Gardin, a Indexação
cou subsídios para a discussão de temas é vista como uma operação de representação
presentes na evolução da indexação e os documentária com a finalidade pragmática de
agrupou em três categorias: “Conceituação”, Recuperação da Informação. Contudo, sob a
“História” e “Aspectos teóricos e metodológicos perspectiva de outros teóricos, principalmente
de indexação”. Após essa categorização ingleses e norte-americanos, a Indexação é a
incluíram-se em “Aspectos teóricos e metodoló- própria Análise documentária, composta das
gicos da indexação” outras sub-categorias por mesmas etapas operacionais com o objetivo de
tratar-se de um tema amplo que justifica uma representação do conteúdo informacional de
abordagem mais sistematizada para compreen- documentos para a elaboração de índices.
são dos diferentes aspectos encontrados nas A partir da evolução que determinou a
evolução da indexação e que, certamente, importância do contexto do documento para a
demonstram o seu grau de importância na recuperação da informação, a área de indexação
formação e atuação do profissional bem como passa a incorporar os estudos dirigidos à
para atendimento da demanda da comunidade compreensão do conteúdo dos textos a serem
usuária durante a recuperação da informação. analisados. Esses estudos, porém, estão
claramente inseridos em correntes teóricas e é
fácil confundir, na literatura, a função da indexação
Conceituação de indexação perante a necessidade de análise de conteúdo.
Na literatura observa-se a existência de duas
O conceito de indexação surgiu a partir
correntes teóricas: a francesa e a inglesa.
da elaboração de índices e atualmente está mais
vinculada ao conceito de análise de assunto. A expressão “Análise Documentária” foi
Com a evolução da prática, em decorrência da formalmente conceituada por Gardin (1981, p.29)
necessidade de recuperação cada vez mais como “um conjunto de procedimentos efetuados
rápida, precisa e especializada por parte de com a finalidade de expressar o conteúdo de
Instituições informacionais, a construção de documentos científicos, sob formas destinadas
índices passou a contar com um aparato a facilitar a recuperação da informação”.
metodológico e instrumental mais diversificado A corrente francesa adota a expressão
e muito mais voltado para o contexto de cada Análise Documentária, introduzida por Gardin
documento. Ressalta-se que, a partir da evidên- (1981) e este, tem seus seguidores como:
cia da Documentação como área científica na Chaumier, Kobashi, Smit, Tálamo, Ginez de Lara,
década de 60 e do surgimento dos serviços de Cintra, Cunha, Guimarães, Fujita, Gil Leiva, Ruiz
informação em áreas especializadas, a indexa- Perez, Pinto Molina, entre outros. Segundo essa
ção e a elaboração de resumos utilizados na concepção, a Análise Documentária é um macro
elaboração dos serviços bibliográficos para universo no qual a indexação está inserida. A
recuperação de artigos de periódicos científicos, indexação é, então, o resultado da fase de

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 137

representação, fase final da análise documen- combinatória: lista de descritores livres, lista de
tária, em que se utilizam as linguagens documen- autoridades e o thesaurus de descritores”.
tárias para a geração de produtos documentários Na concepção da corrente inglesa,
(índices e notações classificatórias, etc.) análise documentária e indexação compreen-
(GUIMARÃES, 2000). dem processos idênticos, incluindo-se a análise
Para Chaumier (1980) a indexação é a de assuntos como etapa inicial da indexação.
parte mais importante da análise documentária. A existência de diferentes correntes
Conseqüentemente, é ela quem condiciona o teóricas explica o uso de termos como análise
valor de um sistema documentário. O autor nos de assuntos, análise de conteúdos documen-
adverte que uma indexação inadequada ou uma tários e análise documentária. Observa-se que,
indexação insuficiente representa 90% das em estudos da área, os termos “Indexação”,
causas essenciais para aparição de ‘ruídos’ ou “Indexador” e “Análise de assunto” aparecem com
de ‘silêncios’. mais freqüência do que “Análise documentária”
A expressão Análise Documentária, do e “Documentalista”. A mais importante
ponto de vista dos teóricos espanhóis, comporta bibliografia da área, a Library and Information
dois níveis de divisão: o da forma – análise Science Abstracts (LISA), traz em seu índice
descritiva ou bibliográfica – refere-se ao trata- de assunto os termos Indexing e Indexer, mas
mento físico da informação ligado com o suporte; não Documentary analysis ou Documentalist, o
e o do conteúdo, que se refere ao tratamento que justifica uma boa quantidade de publicações
temático da informação e destina-se à represen- utilizando aquela nomenclatura.
tação condensada do assunto intrínseco ou A despeito dessas divergências, advindas
extrínseco tratado em um determinado de correntes teóricas, é preciso considerar que,
documento. dentro de uma perspectiva histórica, a Indexação
Há, portanto, uma diferença da concepção tinha uma finalidade específica de construção
francesa de Análise Documentária entre de índices e o termo “Indexação” se ajustava
espanhóis e franceses. Para os teóricos france- perfeitamente à atividade, porém, com o uso de
ses, a Análise Documentária refere-se somente tecnologias de recuperação da informação a
ao tratamento do conteúdo do documento, não necessidade de elaboração de índices foi sendo
adotando a divisão em forma e conteúdo, ou substituída pela necessidade de representação
descrição física e temática do documento. do conteúdo documentário por termos de
A corrente inglesa, representada por indexação em decorrência da análise de assun-
autores como Foskett, Lancaster, Campos, Van to. O conceito de indexação, elaborado por
Slype, Farrow, entre outros, faz o uso da Esteban Navarro (1999, p.70), expõe essa
expressão indexação, entendendo-a como um necessidade de maneira bem detalhada:
processo. A indexação consiste em um processo
destinado a identificar e descrever ou
Segundo Borko e Bernier (1978, p.8) a
caracterizar o conteúdo informativo de
indexação é definida como “o processo de
um documento mediante a seleção
analisar o conteúdo informacional dos registros das matérias sobre as quais versa
do conhecimento e sua expressão na linguagem (indexação sintética) ou dos conceitos
do sistema de indexação”. Para Van Slype (1991) presentes (indexação analítica) para
é “a operação que consiste em enumerar os sua expressão da língua natural e sua
conceitos sobre os quais trata um documento e reunião em índice, com objetivo de
representá-los por meio de uma linguagem permitir posterior recuperação dos

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


138 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

documentos pertencentes a uma História da Indexação


coleção documental ou conjunto de
referências documentais como res- A indexação surgiu com a atividade de
posta a uma demanda acerca do tipo elaboração de índices. Gomes e Gusmão (1983,
de informação que este contém. p.12) afirmam que o índice, como um instrumen-
Ainda para Esteban Navarro (1999) a to de armazenagem e recuperação da
indexação tem como objetivo a: informação, tem sua origem a partir do momento
[...] representação do conteúdo dos em que o homem passou a se preocupar em
documentos que formam parte de um tornar acessível a informação registrada em um
conjunto para garantir sua eficaz documento e para isso resolve ordená-la de
recuperação durante o processo de alguma forma.
busca nesse grupo. A forma mais antiga de armazenagem de
Para o autor, o processo de indexação informação de que se tem conhecimento foi
se constrói a partir do exame tanto da encontrada nas tábuas de argila produzidas pela
atividade que é realizada durante o extinta Mesopotâmia no século II a.C. Nelas foi
exercício dessa técnica, como também grafada uma espécie de resumo dos livros
em um sistema de informação
antigos considerada como forma de represen-
documentária.
tação condensada do conteúdo informacional que
Dessa forma, compreendemos a análise dava acesso ao assunto dos livros (WITTY, 1973).
documentária como área teórica e metodológica
No histórico da indexação, Collinson
com o objetivo de tratamento temático de
(1971) indica que o primeiro tipo de indexação
documento que abrange as atividades de
existente era baseado na memória. Textos
Indexação, Classificação e elaboração de
célebres, como as grandes epopéias, por
resumos, considerando as diferentes finalidades
exemplo, eram transmitidos oralmente. Depois
de recuperação da informação. disso, os primeiros índices de que se têm notícia
A indexação em análise documentária, eram arranjados pela primeira sentença de cada
sob o ponto de vista dos sistemas de informação, parágrafo.
é reconhecida como a parte mais importante Na Biblioteca de Alexandria, organizada
porque condiciona os resultados de uma pela classificação de Calímaco, seu catálogo era
estratégia de busca. O bom ou mau desempenho arranjado em ordem alfabética de autores e
da indexação reflete-se na recuperação da subordinados a assuntos mais gerais. Várias
informação feita pelos índices. obras, principalmente as histórias e peças dos
Por isso, segundo o UNISIST (1981), há grandes dramaturgos da época, eram
de se considerar a indexação sob dois pontos condensadas.
de vista distintos: enquanto processo que No século II, Cláudio Galeno compilou De
consiste em descrever e identificar um documento Libris Propiis Líber, determinando o aparecimento
com ajuda de representações dos conceitos nele dos primeiros guias para obras isoladas:
contidos e quanto à sua finalidade, permitindo cabeçalhos de capítulos, tábuas de matéria ou
busca e acesso à informação armazenada. sumários, cabeçalhos nas margens dos parágra-
Maiores considerações a respeito do fos, cabeçalhos descritos no alto das páginas.
desempenho da indexação e sua importância No século V, a obra anônima Apothegmata,
para a recuperação demandam a verificação de apresenta-se como o trabalho que mais se
como esta é operacionalizada, haja visto os aproximou do índice alfabético de assunto porque
procedimentos de análise existentes. consistia de uma listagem de provérbios gregos

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 139

sobre tópicos teológicos. É nessa época que as Em seqüência, a necessidade de elabo-


obras aparecem já arranjadas em capítulos e ração de índices, segundo Collinson (1971),
seções numeradas permitindo, portanto, a apresentou-se logo que surgiu a Bíblia inglesa e
localização de suas partes. a indexação surgiu, então, em grande escala em
No século XIV era comum a elaboração 1737 com a compilação da primeira concordância
de inventários ou catálogos dos livros existentes completa da Bíblia por Alexandre Cruden. Esse
nos mosteiros e a elaboração de listas completas foi o primeiro passo para que os próximos índices
era um objetivo definido. adquirissem grande valor, pois relacionavam
citações com sua localização no texto. O século
A partir disso passaram a surgir os guias
XVII foi, portanto, o início da grande época do
para cada livro e a esse respeito Collinson (1971,
índice facilitada pela Reforma Protestante que
p.8) pontua, mas não descreve, alguns métodos
possibilitou a tradução da Bíblia e, portanto,
que se fixaram e ficaram permanentes, como: franqueada ao público em geral.
- Os cabeçalhos de capítulos de livros são Cruden indexou a Bíblia e Johnson no
antigos e os livros sempre apresentavam, desde século XVIII indexou a língua inglesa.
então, sumário ou tábuas de matéria; Estabeleceu as passagens a serem indexadas
- Para a inserção de cabeçalhos em e o termo pelo qual deveria ter entrada. Foi um
parágrafos nas margens, ou como entradas nos trabalho feito, a partir das coordenadas de
próprios parágrafos cita as obras Short History Johnson por seis escribas. É atribuído a Cruden
of English Literature de Saintsbury e History of e a Johnson o estabelecimento de verdadeiros
Greece de Bury; padrões de clareza e consistência para a
indexação.
- A impressão de um cabeçalho descritivo
no alto de cada página muda de página para Com a difusão dos procedimentos de
página em alguns livros, porém , o mais freqüente indexação, surgiu na Alemanha a contribuição
da idéia de palavra-chave na representação de
é repetir apenas o título do livro ou do capítulo.
um item com o sistema de escolha da
A noção de índice nessa época significou “schlagwort” (palavra-chave), que representou
uma lista de conteúdo, lista de resumos ou várias uma melhoria para a busca de informações.
notas e muito raramente essas listas
Para Kobashi (1994) a documentação
representavam o que se conhece de índice
como é praticada hoje, nasceu no século XVII
atualmente.
com a edição de Le Journal des Sçavans
Os copistas, na tentativa de esclarecer publicado em Paris no ano de 1665. Tratava-se
ou indicar os pontos principais do assunto tratado de um periódico semanal que trazia os resumos
em trechos ou parágrafos mais longos, escre- dos trabalhos científicos, filosóficos e artísticos.
viam às margens dos livros algumas palavras ou Esse periódico deu origem a uma série de outros
sentenças que indicassem o conteúdo. Isso posteriores de mesma natureza que surgiram na
acontecia de acordo com o grau de entendimento Europa. Nos séculos seguintes, XVIII e XIX,
de cada copista, sendo mantido o critério de aconteceu o crescimento com mais intensidade
relevância dos pontos principais tratados nos de periódicos referenciais que atualmente
livros até que um copista fosse substituído por encontram-se no formato eletrônico denominados
outro. Temos, aqui, a primeira afirmação de que base de dados.
a indexação realizada em épocas diversas e por Até o surgimento da imprensa, os índices
pessoas diferentes diferia, também, quanto à eram a única forma de acesso aos livros encon-
qualidade. trados nas bibliotecas dos mosteiros, a partir do

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


140 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

registro dos títulos dos livros. A partir de então, tivos de periódicos, usando para artigos de jornais
houve um significativo aumento da literatura que entradas de assunto representados pelas
impulsionou o aparecimento de várias listas com palavras-chave retiradas dos títulos dos artigos
diferentes finalidades. Konrad Gesner elaborou indexados;
um repertório geral e europeu – o Bibliotheca - 1876, Melvil Dewey publica o seu índice
Universalia – no qual relacionava cerca de 12 relativo da Classificação Decimal, tido como a
mil títulos de todos os livros latinos, gregos e mais expressiva contribuição à Indexação.
hebraicos de seu conhecimento. Mais tarde foi
É nos Estados Unidos que surgem os
publicado o índice alfabético de assunto do
melhores índices de periódicos e onde foi
referido repertório, cujo nome era Pandectarum
possível observar os mais importantes pro-
sive partitionum uníversalium, libri XXI.
gressos, enquanto que, na Europa, W.F. Poole
A indexação, hoje conhecida como ação foi responsável pelos grandes índices dos
de descrever e identificar um documento de periódicos do século XIX.
acordo com o seu assunto (UNISIST, 1981, p.84)
Consideramos que o século XIX foi o
nos permite afirmar que os índices antigos não
período em que a indexação começou a
tinham uma indexação, ou “indexação critica”.
apresentar um aprimoramento de sua execução
A literatura da área registra que isso se justifica
e ao mesmo tempo ser apreciado pelo público,
pelo fato de que as pessoas da época desconhe-
que sentia necessidade de encontrar uma
ciam o processo analítico que atualmente
fórmula para o controle da massa documental
consiste a indexação e por esse motivo, os
que crescia em demasia. Temos com isso
índices apresentavam uma entrada limitada e
instituições particulares indexando livros, índices
simples como nomes próprios ou entradas por
antigos sendo refeitos, elaboração de índices
acontecimentos diretos.
retrospectivos, índices cumulativos, índices
A literatura da área registra que a história cooperativos, entre outros.
da indexação tem seu início com a história da
Em 1901, com o lançamento de Reader’s
bibliografia e que a indexação teve maior atenção
Guide to Periodical Literature por H.W. Wilson,
a partir do surgimento das publicações
os métodos de indexação ganharam um grau de
periódicas. Esse fato fez com que surgisse a
aprimoramento ainda mais significativo. Nesse
necessidade de elaboração de uma técnica para
periódico, cada artigo foi indexado pelo seu autor
organização por assunto do conteúdo desse tipo
e por assunto em específico. Trazia inúmeras
de publicação.
remissivas que ligavam um assunto a outros
Os trabalhos que contribuíram mais signi-
correlatos, mantendo, desde o início, um padrão
ficativamente para o aprimoramento desse
muito alto de uniformidade e exatidão
processo, são:
(COLLINSON, 1971, p.11).
- década de 40 do século XIX, apareceu o
A partir de então, surgiram muitos bons
Periódico Punch e Ilustrated London News que
índices, tanto gerais como específicos. O aprimo-
apresentava ainda índices pobres;
ramento da técnica de indexar acompanhava o
- século XIX, Willian Fredrick Poole publica aumento da publicação de livros. Como exemplo
An Alphabetical Index to Subjects Trated in the da melhoria da técnica de indexação, encontra-
Review and other Periodicals na Universidade de mos o índice da Encyclopeadia Britânica
Yale; considerada maior representante do aper-
- 1882, Willian Fredrick Poole criou o feiçoamento da indexação no século XIX dada a
Poole‘s Index onde introduziu os índices cumula- clareza e apresentação gráfica dos seus índices.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 141

Diante do exposto, podemos concluir que Apesar de atualmente presenciarmos


o século XIX foi a grande fase da indexação, dado uma evolução ainda maior da indexação, é
o aumento significativo da massa documental. importante considerarmos a importância do índice
A indexação evoluiu dos índices das obras enquanto ferramenta de busca. Robredo (1994,
isoladas para os índices de vários volumes e para p.202) classifica índice em dois sentidos: no
os índices cooperativos e em nível internacional. sentido tradicional e no amplo. No primeiro
Podemos dividir a história da indexação sentido afirma ser uma listagem alfabética ou
associando-lhe trabalhos que originaram sua sistemática de tópicos que indicam a existência
prática e que na maioria coincidem com a história e localização de cada um deles num documento
da documentação/bibliografia, porém, os títulos ou em uma coleção de documentos. No segundo
de trabalhos, datas, locais, instituições e autores sentido,
presentes da literatura de história da documenta- [...] um conjunto ordenado de códigos
ção diferem daqueles presentes na história da representativos de assuntos, tópicos
indexação. ou conceitos (por exemplo, códigos de
classificação, grafismos diversos,
No caso da documentação, encontramos
incluindo palavras ou frases), os quais
como autores mais destacados Paul Otlet e podem servir como critérios de busca
Henri La Fontaine criadores do Office relacionando com alguma chave de
International de Bibliographie, em Bruxelas no acesso que permita localizar os
ano 1892. A história da documentação tem documentos – ou suas partes ou repre-
aproximação com o que se convencionou sentações – relativos a cada assunto.
chamar de “explosão bibliográfica” ou “explosão
O autor complementa dizendo que o
documental” com ocorrência no século XX,
índice é o mais significativo instrumento para
portanto, posterior ao aparecimento dos índices
recuperação da informação Sendo definido como
e da indexação.
uma ‘chave’ condensada que dá acesso à
Segundo Chaumier (1971) foi em 1931 informação contida nos documentos, ou como
que a palavra “documentação” começou a ser uma ponte entre o conteúdo de um acervo de
usada. Os organismos criados pelas atividades informação e os usuários (ROBREDO, 1994,
de Documentação foram o Institute International
p.244).
de Documentation (FID) e a Union Française des
Organismes de Documentation (UFOD). Os
principais instrumentos de organização documen-
Aspectos teóricos e metodológicos da
tária criados, foram os sistemas de classificação
indexação
bibliográfica com destaque para a Classificação
Decimal Universal (CDU), os estudos para
Após a perspectiva histórica, realizou-se
criação de sistemas classificatórios realizados
uma exploração dos princípios teóricos e
em 1929 e 1933 por H.G. Bliss e R.S.
metodológicos da indexação a partir da revisão
Ranganathan, a criação da Classificação
Decimal de Dewey (CDD), além dos repertórios da literatura fundamental, obtendo-se subsídios
documentais que incluíam as bibliografias, para discussão de temas presentes na evolução
códigos de abreviaturas dos títulos de periódicos da indexação. A partir desses temas a revisão
e catálogos bibliográficos. É importante ressaltar de literatura fundamental dividiu-se em: indexa-
que La Fontaine e Paul Otlet introduziram o ção alfabética de assunto; a indexação
princípio de pré-coordenação, ao criarem na CDU coordenada, sobretudo a pré-coordenação dos
o uso de dois pontos (:) para relacionar duas cabeçalhos de assunto; a indexação automá-
classes de assunto. tica e a relação entre o indexador humano e o

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


142 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

automático; a leitura em indexação e os ou parte dela, quer o rótulo seja


aspectos ligados a ela como: a) tematicidade; subseqüente arquivado em ordem
os aspectos b) lógicos, c) lingüísticos e os d) alfabética ou em alguma outra
cognitivos que influem na identificação dos seqüência ou, com efeito, não
arquivado de modo algum, quer o
conceitos que irão representar o conteúdo do
objeto do exercício seja organizar
documento; e os procedimentos de inde-
documentos em estantes ou registros
xação, com base nos princípios do UNISIST,
em catálogos, índices impressos ou
normas do International Standard
base de dados legíveis por computa-
Organization (ISO) e a Associação Brasileira dor.
de Normas Técnicas (ABNT) e na abordagem
Para completar, o autor acima citado
sistemática de identificação de conceitos do
afirma que a indexação de assunto é idêntica à
sistema de indexação PRECIS. As explicações
catalogação de assunto. A catalogação de
que se sucedem dão ênfase aos itens de maior
assunto é considerada um método de expressar
importância.
o conteúdo informacional do documento, usando
um número limitado de descritores. O uso do
Indexação alfabética de assunto termo “catalogação de assunto” é influência dos
Estados Unidos da América reforçado pelo uso
A indexação alfabética de assunto está das listas de cabeçalhos de assunto por diversas
vinculada à determinação de cabeçalhos de instituições. Assim, caracterizou-se o termo
assuntos e por isso é, em alguns casos, também catalogação de assunto, basicamente, como
denominada de catalogação de assuntos. Apesar atribuição de cabeçalhos de assunto para
das divergências sobre semelhanças e representar o conteúdo total dos documentos em
diferenças entre os termos, a indexação alfabé- catálogos de bibliotecas. A origem do termo
tica de assuntos e a catalogação de assuntos catalogação de assuntos está ligada a constru-
são equivalentes porque são resultados de um ção dos catálogos de bibliotecas, principalmente,
mesmo processo: a análise de assunto. As do catálogo de assuntos que é organizado
diferenças que induzem à uma distinção referem- mediante determinação de cabeçalhos de
-se à utilização de linguagens documentárias assuntos que funcionam como enunciados de
distintas quanto à origem e estrutura: listas de assuntos formados a partir da composição
cabeçalhos de assunto e tesauros a serem ordenada de palavras.
empregadas para a elaboração de diferentes
Milstead (1983) afirma que a catalogação
instrumentos de recuperação (índices de assun-
to e catálogos de assunto). de assunto e a indexação são conceitualmente
a mesma atividade e são tratadas como se
Por outro lado, Lancaster (1993, p.16)
fossem separadas, atividades distintas. A autora
argumenta que
assume uma posição ao discutir o assunto, ou
O processo que consiste em decidir seja, de que catalogação de assunto e indexa-
do que trata um documento e de
ção são a mesma coisa. Afirma que considera
atribuir-lhe um rótulo que represente
aquela como uma forma dessa, e se quisermos
esta decisão é conceitualmente o
mesmo, que o rótulo atribuído seja pensar o contrário será a mesma coisa. Contudo,
extraído de um esquema de classifica- do ponto de vista da prática atual, a autora
ção, de um tesauro ou de uma lista de considera que a catalogação e a indexação são
cabeçalhos de assuntos, que o item de fato diferentes e esses dois ramos da análise
seja uma parte bibliográfica completa da informação podem aprender um com o outro.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 143

Entendemos que a catalogação de assun- Cutter, também, limitava o uso de remissi-


tos deve ser considerada como um ramo dentro vas descendentes, ou seja, a relação de assuntos
do âmbito maior que é a indexação alfabética de genéricos para assuntos específicos e vice-versa.
assuntos, pois existem cem anos de estudos Contudo, a obra de Cutter representa o primeiro
realizados em torno da indexação alfabética de estudo dos problemas relativos à indexação
assunto desde a publicação, em 1876, da obra alfabética de assunto, quanto às implicações de
básica de Charles Ammi Cutter Rules for a entradas específicas de assunto e as dificuldades
dictionary catalog até a idealização do sistema da aplicação dos termos simples, compostos e
de indexação PRECIS por Derek Austin em 1974. geográficos.
Os cabeçalhos de assunto são a primeira Por uma síntese evolutiva, abaixo de-
tentativa de sistematização para a representação monstrada, é possível observar que, embora a
alfabética de assuntos. O aparecimento dos preocupação principal dos estudos seja o produto
cabeçalhos de assuntos foi determinado pelos final, ou seja, a geração do índice, a análise que
seguintes fatores: os títulos das obras não envolve a transformação do conteúdo em índice
representavam de forma adequada o assunto está expressa tanto pela proposição de catego-
nelas tratado; problemas relativos às subdivisões rias quanto pelos sistemas para indexação,
de assunto; existiam obras com mais de um como se observa na evolução dos principais
assunto; a interdisciplinaridade dos assuntos em estudos teóricos:
uma mesma obra; obras que relacionavam os - Kaiser (1911) – com a publicação do
assuntos a lugares e épocas diferentes. trabalho Systematic Indexing propõe a análise
Os princípios básicos que nortearam de assuntos compostos pela combinação de três
Cutter a estabelecer um cabeçalho de assunto categorias: um “concreto”, um “processo” e
estão pautados em princípios fundamentais que, “lugar”;
segundo (CESARINO; PINTO, 1978, p.274), - Ranganathan (1965) (1933 – primeira
podem ser resumidos em: a) princípio específico: edição de The Colon Classification) – desenvolveu
os assuntos são representados pela entrada do um esquema de classificação baseado na
termo mais específico, desconsiderando a classe análise de facetas e o uso de cinco categorias
de assunto a qual está subordinado; b) princípio fundamentais: Personalidade, Matéria, Energia,
de uso: prevê a necessidade do usuário; c) Espaço e Tempo;
princípio sindético: desenvolvimento nas listas
- Coates (1960) – em seu livro “Subject
de cabeçalhos de assunto de estruturas sindéti-
Catalogues”, apresenta a formulação de cabe-
cas, entendidas como uma rede de remissivas
çalhos de assunto específicos por categorias:
cruzadas para superar o problema de entrada
coisa – parte – matéria – ação;
alfabética dos cabeçalhos de assunto.
Foskett (1973) aponta alguns problemas - Metcalfe (1959) – admite que a entrada
referentes à metodologia de indexação proposta deve ser direta e discute o propósito da cataloga-
por Cutter, como: ção de assunto como sendo o de indicar somente
a classe de assunto em que está inserido;
l a entrada dupla para superar necessi-
dade de especificidade revelava uma prática que - Lynch (1973) – criou e desenvolveu os
prejudicava a facilidade do uso e o desenvolvi- índices articulados de assunto num estudo de
mento de índices alfabéticos; índices para o Chemical Abstracts;
l o catalogo alfabético de assunto não - Farradane (1977) – idealizou um sistema
se presta ao tipo de estratégias de pesquisa que de indexação que adota nove operadores rela-
envolve a procura sistemática de cabeçalhos. cionais, para indicar as relações entre termos

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


144 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

em etapas de discriminação no tempo e no princípios da análise em facetas assumindo a


espaço; influência da classificação facetada e passou a
- Postulated-based Permuted Subject utilizar e desenvolver uma metodologia facetada
Indexing Language (POPSI), idealizado por (PIEDADE, 1983). Vickery (1975, p.181), citado
Neelameghan e Gopinath (1975), é um sistema por Esteban Navarro (1999, p.74), por exemplo,
inteiramente baseado em princípios classificató- ampliou a quantidade de facetas propostas por
rios e que utiliza cabeçalhos de classificação Ranganathan: Personalidade, Matéria, Energia,
como termos de entrada na produção dos índices Espaço e Tempo (PMEST) para Tipo, Estrutura,
cuja padronização é derivada das categorias da Constituintes, Propriedades, Processos,
classificação de dois pontos de Ranganathan; Operações, Técnicas, Generalidades.

- Craven (1978) – idealizou inicialmente o Segundo Esteban Navarro (1999, p.73)


sistema NEPHIS Nested Phrase Indexing “...a faceta permite descobrir as relações que
System e depois, em conseqüência de uma mantêm entre si os conceitos mediante a
formulação de uma série de perguntas peculiares
evolução experimental, o sistema LIPHIS Linked
para o domínio disciplinar em que se situa o
Phrase Indexing System (LIPHIS). Ambos são
assunto do documento...” Nesse sentido, as
sistemas de indexação automática;
facetas relacionadas ao assunto “materiais
- Austin (1974) – idealizou para a British dentários”, por exemplo, seriam reveladas a partir
National Bibliography (BNB) o PRECIS, cujo dos seguintes conceitos:
funcionamento se fundamenta em estruturas
- Tipo de materiais dentários: Materiais
semântica e sintática e em esquema de operado-
dentários metálicos e Materiais Dentários não-
res de função.
metálicos.
A noção de índice sempre esteve muito
- Constituintes: Ouro, alumínio, porcela-
ligada ao processo de indexação. Os índices
na, prata.
outrora existentes em sistemas de recuperação
- Propriedades: resistência à fratura,
da informação, tais como os antigos catálogos
fotoelasticidade, rigidez.
de fichas de biblioteca, foram considerados
dentro de uma perspectiva classificatória, porque - Processos: Amalgamação, polimeriza-
os chamados cabeçalhos de assunto eram ção.
compostos sob influência da terminologia - Operações: Vibração.
classificatória e não do texto e seu conteúdo.
- Técnicas de laboratório: Fase Gama etc.
O grande elemento transformador dentro
Na visão de Esteban Navarro (1999, p.79)
da indexação alfabética a marcar os estudos
a identificação de conceitos na indexação deve
teóricos foi a análise em facetas proposta por
utilizar questões construídas a partir da “análise
Kaiser, Ranganathan e seus seguidores, demar-
das facetas que caracterizam um conjunto de
cando a possibilidade de maior especificidade e
assuntos relacionados entre si”. Se retomarmos
uniformidade com o uso dos conceitos essen-
a recomendação dos “Princípios de indexação”
ciais: espaço, tempo, processo, concreto, coisa,
do UNISIST e da Norma 12.676 (ASSOCIAÇÃO
ação etc.
BRASILEIRA..., 1992) para identificação de
Após Ranganathan, o Classification conceitos4 , veremos que a base é a mesma, ou
Research Group desenvolveu a aplicação dos seja, a influência da análise em facetas permeia

4
“A escolha dos conceitos pode obedecer a um esquema de categorias reconhecidas como importantes no campo coberto pelo
documento, ex.: o fenômeno, o processo, as propriedades, as operações, o material, o equipamento, etc.” (UNISIST, 1981,
p.87).

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 145

o processo de análise em indexação. Os autores informação. O assunto é reunido numa dada


citados mencionam a identificação do tema entrada que deve obedecer às formas específicas
referindo-se a conceitos, categorias e facetas, de entradas nos catálogos ou etiquetas
que podemos considerar como a mesma coisa, numéricas de programas de automação de
porque o tema é constituído da presença de bibliotecas.
conceitos.
As publicações sobre indexação alfabéti-
ca de assunto privilegiam a discussão em torno Indexação automática
da ordem de citação, de entrada do assunto nos
A indexação automática é segundo
catálogos e não do processo de análise do
Robredo (1986, p.96) qualquer procedimento que
assunto.
permita identificar e selecionar os termos que
representem o conteúdo dos documentos, sem
a intervenção direta do documentalista. Faz-se,
Indexação coordenada
entretanto, necessária uma distinção entre
Esse tipo de indexação caracteriza-se indexação automática e indexação automati-
pela composição de assunto usada para zada.
representar o conteúdo informacional de um Comparando o processo de indexação
documento. A pré-coordenação em cabeçalhos automática com a indexação manual, Vieira
de assunto remonta aos princípios de Cutter em (1988, p.48) afirma que aquela refere-se à
1876 que consiste em recolher de um documento operação que identifica palavras ou expressões
um ou mais aspectos dominantes tendo em vista significativas dos documentos para descrever seu
certas subdivisões do assunto. conteúdo de forma condensada por meio de
programas de computador.
Para Robredo (1986, p.80) a indexação
coordenada baseia-se Guimarães (2000, p.1) apresenta o pro-
cesso de indexação que envolve o uso do
[...] na suposição de que o conteúdo
computador em três concepções - a primeira está
substancial de um documento e de
uma pergunta podem ser representa-
relacionada pelo uso de programas informáticos
dos com suficiente precisão e de que dão suporte ao armazenamento dos termos
maneira suficientemente completa de indexação obtidos pela análise conceitual; a
mediante um certo número de descrito- segunda pelo uso dos sistemas que analisam
res ou palavras-chave, explícita ou documentos de forma automática com validação
implicitamente contidos no documento dos termos por um profissional (indexação semi-
ou na pergunta. -automática) e, a terceira, refere-se a indexação
A indexação pré-coordenada apresenta- automática propriamente dita conforme definição
se nos chamados sistemas de recuperação da de Robredo (1986) e Vieira (1988) e classificada
informação tradicionais, que usam catálogos de por Guimarães (2000) como aquela realizada
assuntos alfabéticos ou classificados pelos quais pelos programas de computador sem nenhum
o assunto de um documento é representado de tipo de validação por profissionais.
modo mais geral. A diferença básica entre pré e A indexação automatizada seria, portan-
pós-coordenada é que, na primeira, os termos to, aquela resultante do trabalho intelectual de
são combinados no momento da elaboração do um profissional para checagem do valor dos
índice e na segunda os termos são combinados termos atribuídos a um documento por um
no momento da busca para recuperação da programa de computador.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


146 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

A indexação automática abrange uma Em suma, sua metodologia consiste no


diversidade de experimentações e modelos, mas deslocamento dos títulos de vários documentos
nesta revisão de literatura será centrada em Key- tanto à direita como à esquerda de forma a
-Word-in Context (KWIC) e Keyword-out-of- ordenar alfabeticamente as palavras tomadas
-Context (KWOC) por questões históricas. como significativas. Nesse índice, cada título
aparece na listagem alfabética igualmente ao
Foi na década de 1960 que o índice KWIC,
número de vezes das palavras significativas.
indexação pela palavra-chave no contexto,
apareceu propagando um novo método de O índice KWOC – palavra fora do contexto,
indexação: a indexação pela palavra. Representa é para Lancaster (1993, p.48) aquele em que a
a primeira aplicação de indexação automática palavra-chave usada como ponto de entrada não
se repete no título mas é substituído por
de documentos técnicos, tendo por base as
asterisco (*) ou outro símbolo. Nesse tipo de
palavras significativas dos títulos. A história da
índice, as palavras significativas do título são
indexação evidencia que a sua criação foi
extraídas e colocadas na ordem alfabética e não
atribuída a William Frederick Poole que em 1882
há uma permutação do título como no KWIC; o
com a publicação de “Poole´s Index”, criou um
título aparece na mesma ordem da sua
índice dando entrada do assunto pela palavra- apresentação e a “palavra significativa” em
-chave do título dos artigos desse periódico. É linguagem natural fica na ordem alfabética como
atribuída a Poole a criação do índice KWIC cabeçalho. Suas limitações são comparadas às
(BORKO; BERNIER, 1978, p.8). do índice KWIC.
Foskett (1973) afirma que esse método Nesse tópico, além da abordagem sobre
de indexação dispensa o uso de nenhum esforço a metodologia empregada para realização dos
intelectual. Foi utilizado por Cretadoro na com- índices automáticos KWIC e KWOC, são
pilação do catálogo da Biblioteca Pública de discutidas as vantagens e desvantagens acerca
Manchester. Esse índice é mais conhecido como da indexação automática.
índice permutado por computador e, nesse caso, De acordo com Ward (1996, p.217) autor
é atribuído a Hans Peter Lunh, a sua criação em do artigo intitulado The future of the human
1953, coincidindo com os primeiros e promisso- indexer5 com objetivo de esclarecer como o
res trabalhos de Chomsky que abriam um novo indexador automático poderia suplantar ou com-
caminho investigador sobre a estrutura da frase pletar o trabalho do homem, considerando-se os
princípios de indexação e as habilidades inte-
(PINTO MOLINA, 1993, p.225).
lectuais que ela envolve, afirma que uma boa
Para a autora esse foi um dos primeiros indexação requer:
métodos de indexação automática baseado em
1) conhecimento prévio da literatura;
métodos estatísticos de recuperação da informa-
ção superficiais e pouco rigorosos, mas que deu 2) capacidade para avaliar o que deve ser
origem aos primeiros trabalhos de caráter indexado, e em que profundidade;
morfológicos e sintáticos. 3) habilidades de leitura - a) incluindo
O índice KWIC é caracterizado pelo uso dados não verbais, b) análise e avaliação de
da linguagem natural, conseqüentemente não há dados;
controle de termos significativos e os sinônimos 4) criação de um sumário, incluindo a
não são identificados. formação de relações intertextuais;

5
Indexador técnico da PAWERLINK textbase – índice interno da Biblioteca de Recardo Consulting Engineers. Nesse artigo o autor
procura responder a questão a qual seu texto faz e suas considerações vêem da sua participação naquele índice automático.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 147

5) habilidades para catalogar e classificar do assunto tratado em um documento a fim de


necessárias para criação de texto-base. representá-lo em termos de indexação. É nesse
Além dos itens responsáveis por uma boa momento que se inicia a identificação de
indexação, Ward (1996) indica as vantagens e conceitos - principal etapa da análise de assunto
desvantagens do indexador automático: - por meio da qual o indexador compreende os
conceitos tratados em um documento, bem como
- Desvantagens de um indexador automá-
verifica sua importância para seu sistema de
tico: 1) funciona somente em documentos
informação. É aqui que os aspectos lógicos,
separadamente; 2) não consegue fazer relações
lingüísticos e cognitivos, envolvidos na indexa-
entre os textos ou entre um texto e uma visão
ção, representam fatores de interferência,
de mundo; 3) fica amarrado ao vocabulário e à
cabendo ao indexador a habilidade necessária
gramática usada no documento indexador; 4) não
para poder realizar a análise conceitual efetiva
consegue lidar com dados gráficos; 5) não
do documento.
consegue lidar com línguas estrangeiras; 6) não
consegue avaliar textos; 7) não consegue criar A identificação de conceitos também está
relações intertextuais; 8) só consegue indexar o atrelada ao seu contexto, pois é necessário que
que está explícito; não consegue indexar o que o indexador verifique, por meio da leitura, qual a
está implícito; 9) não é capaz de imitar o importância dos conceitos selecionados para o
questionamento, a resposta humana a um texto, sistema de informação. Nesse sentido, a leitura
o que acrescenta valor à indexação; 10) requer do indexador está condicionada a determinados
constante aprimoramento para manter-se em dia objetivos e ao contexto do sistema de informa-
com os novos desenvolvimentos; 11) não ção. Torna-se, pois, difícil, dissociar esses
consegue catalogar ou classificar. aspectos da atividade de leitura.

- Vantagens de um índice automático: 1) A leitura para fins de indexação difere da


leitura instantânea de todo texto; 2) diz-se que é leitura tratada de modo geral por possuir
mais coerente do que um indexador humano; 3) finalidades profissionais e pragmáticas. No
não é tendencioso. entanto, os conhecimentos basilares necessá-
Os problemas dos índices automáticos rios para uma boa compreensão de um texto
são que não representam os assuntos dos são comuns a ambas. Segundo Beghtol (1986),
documentos da mesma forma que a indexação para tal compreensão, é necessário: conheci-
humana o faz. Isso se justifica pelo fato de que mento do assunto primário e estrutura do
ainda se desconhece o processo mental de conhecimento; o leitor indexador deve conhecer
análise de assunto envolvido durante o processo o assunto e possuir conhecimento extratextual
de indexação. Consideramos que, enquanto não tomando por base as instruções de uso do
se conhecer tais processos realizados pelo sistema lingüístico.
indexador humano, não será possível atribuir ao A leitura documentária caracteriza-se, de
computador indexação semelhante. O computa- acordo com Ginez de Lara (1993), pela presença
dor representa maior agilidade em tarefas de operações seletivas voltadas para o processo
repetitivas mais simples, em que a análise de identificação e extração de informações.
conceitual não se faz necessária. Nesse processo a autora afirma que a leitura
documentária é realizada sob variáveis que lhe
Leitura documentária são específicas, além daquelas que são
características de um leitor comum, não
A leitura documentária faz-se presente no profissional. Dentre elas destaca: instruções
momento em que o indexador realiza a análise textuais, condições de produção, circunstâncias

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


148 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

de enunciação, momento e lugar de enunciação 1) Indexador tem a pressão do tempo


etc. para indexar os documentos, o que faz
com que leia o documento rapida-
Evidencia-se que a leitura documentária,
mente ao invés de ler normalmente,
realizada pelo leitor-indexador na fase de análise, ou extensivamente.
corresponde à primeira fase de abordagem entre
2) Muitos indexadores compreendem
o leitor-indexador e o texto a ser analisado. Esta
o texto apenas com o propósito de
tem por finalidade, no primeiro momento, a classificar, indexar ou resumir
identificação de conceitos que caracterize o documento.
assunto tratado no documento e no segundo
3) A compreensão de texto é seguida
momento, a seleção dos conceitos. diretamente pela produção de um
O indexador, na atividade de leitura para resumo.
fins documentários, tem por objetivo identificar o 4) Muitos indexadores trabalham
tema ou assunto do documento. Kleiman (2000, dentro de um âmbito estreito de tipos
p.42), observa que o estabelecimento de objetivos de textos e campos de assunto e o
na leitura deixa claro três aspectos: “1) que se elemento repetitivo conseqüentemente
deve ler apenas para procurar as idéias principais, no trabalho deles conduz ao processa-
e por isso, não os detalhes; 2) serve para criar mento automático.

expectativa e, dessa forma, permitirá o reconhe- Nesse sentido, a leitura do indexador


cimento de itens lexicais globalmente e 3) está condicionada a determinados
mantendo em mente os objetivos da leitura, não objetivos, voltados para uma determi-
nada realidade e definida pela razão
perderá de vista o texto em sua totalidade”.
de ser da sua tarefa profissional.
A esse respeito, ressaltamos a relevância
A literatura sobre leitura revela uma
do objetivo de leitura para o leitor, ou seja, ter
tendência importante quanto à visão intera-
consciência do porquê estar lendo um texto.
cionista da leitura. Segundo essa visão, defendida
Essa consciência torna sua leitura metacogni- por Giasson (1993) e Cavalcanti (1989), a
tiva6 . A metacognição significa o conhecimento interação em leitura concretiza-se no envolvi-
do conhecimento disponível para executar uma mento de três variáveis intrínsecas ao processo
determinada tarefa e, é importante, porque de compreensão. São elas: o texto, o leitor e o
podemos realizar um monitoramento de nossa contexto.
atividade de leitura evitando erros e incompreen-
Na perspectiva da comunicação, Cintra
são. O leitor indexador, durante a atividade de (1987, p.30) considera que o texto como variável
leitura documentária, deve buscar a compreen- importante do processo de interação com o leitor
são, pois somente assim terá condição de é “produzido para determinados receptores e que
concretizar sua atividade de indexação. a sua eficácia depende, em boa parte, da
A compreensão do texto pelo leitor capacidade do autor em estabelecer com seus
indexador, segundo Farrow (1991, p.151), leitores potenciais uma relação cooperativa”.
acontece na mesma medida em que leitores Cintra (1987), também, concorda com
fluentes compreendem um texto. No entanto, Kato (1985) ao afirmar que a leitura é um
acrescenta que a compreensão do leitor indexa- processo interativo entre o leitor e o texto. Essa
dor tem implicações de quatro aspectos autora, aponta três fatores que atuam como
diferentes, a saber: suporte à legibilidade do texto: a qualidade, o

6
Estratégias conscientes utilizadas na resolução de dificuldades durante a leitura (BROWN, 1980).

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 149

conhecimento prévio do leitor e o tipo de estraté- identificação dos conceitos presentes no


gias que o texto exige. No que diz respeito à conteúdo textual. Segundo Lancaster (1993, p.8),
qualidade do texto, Cintra (1987) pontua: a isso implica em decidir do que trata um
manutenção do tema, a adequação lexical e a documento. Essa questão sobre o que trata um
estruturação do texto. documento é apontada na literatura de Análise
Com relação à leitura feita pelo indexador, Documentária como algo difícil de ser respondido
de acordo com Cintra (1987, p.31) considera-se ou demonstrado.
que a cooperação leitor/texto é rompida, tendo Para muitos estudiosos da área, quando
em vista que o autor não previu o indexador como se busca pesquisar sobre a problemática da
leitor. Desse ponto de vista, o leitor-indexador identificação do tema, estamos pesquisando
nem sempre é o especialista da área de assunto sobre aboutness. O termo originário da língua
do texto em análise, necessitando usar inglesa pode ser traduzido como “do que trata
estratégias diversificadas e fazendo mais uso de um texto”, em português. Foi introduzido em 1986
estratégias metacognitivas. na Grã-Bretanha por Begthol, que estudou a
A leitura do indexador, portanto, é guiada noção de assunto mediante a lingüística textual
pelos seus objetivos, demanda do sistema de e propôs que a tematicidade em classificação
informação e de suas habilidades de leitor, bibliográfica dos documentos fosse determinada
definidas pelos seus conhecimentos prévios pelas cinco macroregras do modelo de leitura
necessários à atividade de indexação. Esses de Van Dijk e Kintsch (1983), descritas logo a
conhecimentos prévios da indexação, entende- seguir.
mos que sejam um conjunto formado por No idioma português, há divergências
conhecimentos profissionais e conhecimentos entre os pesquisadores para se referir a
que estão relacionados à tematicidade do aboutness; para alguns, o referido termo, pode
documento e aos aspectos: lingüísticos; lógicos ser “tematicidade”, por se considerar como um
e cognitivos. substantivo ligado ao termo temático, enquanto
outros adotam “atinência”.
Tematicidade Na opinião de Begthol (1986), o documen-
to tem uma tematicidade que lhe é relativamente
Durante a leitura documentária, o indexa- permanente, porém um número variado de
dor tem por objetivo identificar conceitos que mensagens ou significados que podem ser
compõem o tema do documento. Ao identificar medidos, conforme o uso exato do documento
os conceitos, também, poderá selecionar para o usuário. Destaca ainda, que o mesmo
aqueles que considera mais representativo do
documento pode ter significados diferentes para
conteúdo do documento. A seleção de
o mesmo leitor, em épocas diferentes, mas,
conceitos, ressaltamos aqui, é determinada
como o documento por si mesmo, é imutável,
conforme o grau de interesse que o conceito
presume-se possuir uma tematicidade que lhe é
apresenta perante as necessidades informa-
cionais dos usuários de um sistema de fundamental.
informação, tendo em vista que o objetivo da Os pesquisadores Ellieker, Connel e
indexação é tratar os documentos para que os Lancaster (1989) citados por Naves (2000, p.66)
mesmos possam ser recuperados e seus destacam que “a tematicidade poderá referir-se
conteúdos disseminados. ao conteúdo do documento sendo caracterizada
A determinação do tema ocorre, na leitura como tematicidade intrínseca e que questões
documentária, mediante análise conceitual para externas de como o documento poderá ser usado,

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


150 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

por que ele foi adquirido, entre outras, são identifi- podendo, assim, aparecerem ou não, no texto,
cadas como tematicidade extrínseca”. independente da ordem de procedência, entre
Elucidando a definição acima, acredita- elas.
mos que a tematicidade sempre será o conteúdo Na literatura, encontramos também, um
relevante do documento, no entanto, algumas modelo de leitura de Van Dijk e Kintsch (1983)
variáveis como os interesses informacionais dos citado por Todd (1992, p.103) que orienta o leitor
usuários do sistema irão influenciar na determi- a identificar o tema por meio da “macroestrutura”
nação desse conteúdo, entre outras. Portanto, de um documento, desencadeando as seguintes
a escolha do tema de um documento sempre ações cognitivas:
estará relacionada com os interesses de tais 1) Regra de deleção fraca: supressão
usuários, independente da quantidade de de informação acidental, isto é,
informações referentes ao tema selecionado. detalhes que não mudam o significado
Nesse sentido, Wilson (1985) citado por ou influenciam a interpretação das
sentenças seguintes.
Todd (1992 p.102), afirma que podemos entender
também que o grau de relação entre tematicidade 2) Regra de deleção forte: supressão
e significado é variável porque depende do de informação importante localmente:
a informação que é suprimida espe-
[...] uso que a pessoa pode encontrar
cifica associações normais ou
da tematicidade do documento numa
esperadas.
certa época, e o mesmo documento
pode vir a ter diferentes significados 3) Regra de deleção zero: nenhuma
para o mesmo leitor em diferentes redução ocorre. Todas as informações
épocas, entretanto o documento possui são consideradas relevantes, e são
uma tematicidade fundamental. admitidas diretamente na macroestru-
tura.
A determinação do tema do texto coinci-
4) Regra de Generalização: referência
de com a identificação de sua estrutura temática.
a diversos objetos ou propriedades da
Segundo Tálamo (1994, p.24) o documento
mesma classe superordenada, de
possui uma estrutura temática na qual o tema
forma global, pelo nome da classe
está representado pelos seguintes componentes:
superordenada.
Quem? (ser), O quê? (tema), Como? (modo),
5) Regra de Construção: a combina-
Onde? (lugar) e Quando? (tempo). Conforme a
ção ou integração de informação que
autora, identificando essa estrutura temática
denota propriedades, causas, compo-
encontra-se o objetivo principal do texto, isto é,
nentes, conseqüências, etc. de um fato
as informações relevantes, separando-as assim de nível superior.
das acessórias.
Na opinião de Farrow (1996), apesar das
Entendemos aqui que os componentes macro-regras parecerem adequadas para a
fundamentais identificados no tema podem ser identificação do tema, é preciso ressaltar que a
os propostos por Tálamo, pois Kobashi (1994) sua aplicação demandaria muito tempo, tornan-
procurou identificar a estrutura temática proposta do-a inviável para a indexação, devido a grande
por Tálamo, destacando que a categoria “Quem?” quantidade de documentos a indexar. Essas
não foi identificada em textos técnicos científicos, macrorregras não foram testadas por
enquanto que a categoria “O quê?” é essencial indexadores na realização das atividades de
por ser o “elemento nuclear da estrutura temá- indexação, logo elas exigem do indexador um
tica”. As categorias Quando?, Onde? e Como? conhecimento prévio “profundo” sobre o assunto
são categorias acessórias da principal “O quê?”, a ser indexado. No entanto, para Begthol (1986)

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 151

a teoria de Van Dijk do processamento do O indexador tem o objetivo de tornar o


discurso, apresentada pelas macrorregras, tema conhecido para os usuários interessados,
fornece uma definição sucinta e viável da portanto, é, também, função do “indexador
tematicidade do documento e o modelo potencial aumentar a visão do que os outros podem ler
de análise de assunto. em um texto” (HUTCHINS, 1977, p.19).
Podemos observar que o tema para os
pesquisadores é a informação relevante abordada
Aspectos Lingüísticos
no texto, mas é preciso ressaltar que a seleção
do tema sofre a influência da política do sistema Os aspectos lingüísticos na indexação
de indexação. Portanto, observamos sobre a são evidenciados no momento da leitura, pois a
necessidade de existir uma equivalência da “análise do conteúdo é um método de apreensão
relevância do tema do documento, tanto para o da informação transmitida por uma língua”
indexador, como para o usuário, pois o objetivo (CHAUMIER, 1986, p.19), sobretudo no momento
maior da indexação é garantir a recuperação da da tradução dos termos que representam os
informação. Aquele atingirá esse objetivo se conceitos identificados no documento em lingua-
elaborar informações documentárias (índices e gem natural para a linguagem de indexação.
resumos) consistentes, devendo para isso, de
Moreiro González (1994, p.206) classifica,
acordo com Kobashi (1994, p.103), integrar à
da seguinte forma, as fases em que os fatores
essas (informações documentárias), as
lingüísticos se fazem presente no fazer documen-
propriedades pertencentes aos princípios
tário:
conversacionais de Grice (1975) que consistem
em: 1) Leitura-análise: que consiste em
identificar e compreender o conteúdo
l concisão (princípio de quantidade):
dos documentos e sua distribuição; 2)
o resumo e o índice devem fornecer
Síntese: mediante la cual se interpreta
informação suficiente, não mais do que
y simplifica el discurso a las líneas
o necessário. Este aspecto é funda-
macroestruturales para poder mane-
mental para a economia do sistema
jarlo e 3) Representação: Re- expresión
porque facilita a estocagem e a
de la información en el uso social de la
recuperação de informações;
información manejada.
l pertinência (princípio de qualidade e
Kobashi (1996, p.6) nos apresenta a
de relação): o resumo e o índice devem
interface entre a lingüística e a análise documen-
representar o conteúdo do documento
tão fielmente quanto possível. Desse
tária, a partir das semelhanças dos processos
modo, não se pode integrar a eles documentários com os de tradução automática.
informações que não estejam no texto Dessa forma, os estudos de interface entre
original; lingüística e documentação começaram a surgir
l precisão e objetividade (princípio de
em fins dos anos 1960, com a implantação dos
modo): o resumo e o índice não devem computadores nos trabalhos documentários,
comportar ambigüidade, devendo ser indicando que estavam ligados às análises das
formulados em termos precisos; no entidades que se manipulavam, como: as
caso do resumo, deve-se acrescentar palavras, frases, resumos, descritores.
duas ordens de questões: 1) as Navarro (1988, p.46) afirma que “somente
informações devem ser apresentadas a partir da necessidade de sistematizar as
em uma ordem adequada; 2) o resumo relações entre a linguagem natural e as lingua-
não deve comportar julgamento. gens documentárias, principalmente visando-se

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


152 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

procedimentos automatizados, a intersecção foi dologias para a identificação de conceitos


percebida e tratada em nível teórico”. visando elaboração de condensações (índices e
Durante a atividade de indexação e no resumos) de documentos a indexar.
momento de atribuir o termo que melhor repre-
sente uma palavra, o indexador deve considerar
Aspectos lógicos
o contexto em que a palavra será usada, toman-
do como base, por exemplo, como os usuários No momento da leitura do documento para
interessados no documento recuperariam por indexação, o indexador realiza esforços mentais
“aquele” determinado termo. classificados dentro de uma das divisões da
Os aspectos lingüísticos estão presentes “Ciência Normativa Lógica”, que por sua vez
na leitura para indexação, por meio da lingüística pertence a uma ciência maior, a Filosofia.
textual que, segundo Fávero e Koch (1988, p.14) A divisão da Lógica, conforme Santaella
é a área responsável por “determinar o que faz (1992) citada por Naves (2000, p.74), pode ser
com que um texto seja um texto e diferenciar as entendida como:
várias espécies de textos.”
1- Lógica Utens: é direcionada para o
O conceito de tipologia textual está, raciocínio comum dos seres humanos
portanto, intrinsecamente associado à noção de visando formar opiniões, mas que,
que todo texto apresenta uma sintaxe que organi- porém, não é suficiente por si somente.
za as suas várias partes. É, a essa forma global 2- Lógica Docens: exige do ser
de organização do texto que Van Dijk e Kintsch humano uma capacidade invertida,
(1983) dão o nome de superestrutura. degeneralização, de elaboração da
Dessa forma, ao definir a estrutura textual teoria, ou seja, estudos dos processos
das várias espécies de texto, a Lingüística textual de raciocínio e a investigação de
possibilita à área de Análise Documentária métodos que dêem bases mais
conhecer e utilizar essas estruturas no momento confiáveis ao pensar, e apressem o
da indexação, uma vez que o conhecimento da avanço do conhecimento para os
organização textual possibilita ao indexador resultados desejados.
identificar quais as partes que determinado texto Segundo Naves (2000, p.74), durante a
apresenta, bem como, o conceito pertencente a identificação do tema, o indexador utiliza esfor-
cada parte. Outrossim, esse conhecimento ços mentais relacionados à Lógica Docens,
permitirá que o indexador faça a indexação do porque nesse momento percebe-se a capacidade
documento realizando uma leitura mais rápida. invertida de generalização e de construção
Os resultados obtidos no estudo sobre teórica por parte do indexador, muito além da
leitura documentária (FUJITA, 2003) comprovam Lógica do bom senso do homem comum.
que se os indexadores conhecerem e explorarem Para Cunha (1989, p.51), os procedimen-
a estrutura textual, tendem a encontrar, mais tos lógicos que ocorrem na identificação do tema
facilmente, a informação relevante em determina- durante a indexação do documento, pelo
do documento, para o que, salientamos a indexador são:
necessidade do conhecimento de estrutura
l Relações de inclusão/exclusão,
textual, por parte do indexador, como um fator a
todo/parte, gênero/espécie, embasa-
ser considerado nas propostas de novas
das em juízos e raciocínios, além da
metodologias para a análise de conteúdo. capacidade de programar a tradução
Finalmente, os estudos sobre estruturas do conteúdo do texto em etapas
textuais possibilitarão elaborar ou adaptar meto- seqüenciais lógicas.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 153

l No mesmo procedimento de identifi- esquemas; unidades cognitivas; organização do


cação e tradução de informações conhecimento; compreensão e estruturas do
significativas encontram-se, implícitas, texto; estruturas semânticas e esquemáticas do
as questões relativas à construção do texto.
discurso do autor/produtor, que quando
científico envolve a identificação e Consideramos, assim, que os processos
avaliação (na medida em que o cognitivos utilizados pelo leitor durante a leitura
bibliotecário/analista da documenta- são: o seu conhecimento sobre a estrutura
ção decide o que é significativo ou não) textual, visando identificar a informação que
dos métodos, hipóteses, leis, teorias considera relevante; o conhecimento prévio sobre
e resultados, utilizados pelo autor/ o assunto do texto; e a recuperação de esque-
produtor com fim de chegar a mas de compreensão formados com sua
determinada ‘informação nova’. experiência de vida que o permite inferir sobre o
A Análise Documentária e a Lógica têm assunto abordado.
pouco a oferecer uma a outra, entretanto, é Naves (2000, p.85) identifica o processo
preciso mencionar que da Lógica a Análise de inferência como um dos muitos processos
Documentária pode apoiar-se na Lógica Formal cognitivos, caracterizando-os em:
porque, segundo Pinto Molina (1994, p.128) a
Inferência lógica – usada para
Lógica Formal “se limita a um sistema de
estabelecer causas, motivações e
símbolos, relacionando o exercício do raciocínio condições que permitem fatos espe-
lógico a um cálculo algébrico”. cíficos. Inferência evolutiva – na qual
analistas aplicam suas crenças às
situações descritas. Inferência
Aspectos cognitivos integrativa – executada no momento
da compreensão e baseada nos
O indexador, além dos processos conceitos e propriedades da organi-
lingüísticos e lógicos, utiliza, também, processos zação hierárquica. Inferência Constru-
cognitivos que interagem na leitura. tiva – baseada no conhecimento do
Iniciando a abordagem dos processos indexador.
cognitivos salientamos que são objeto de estudo Shaw e Fonchereaux (1993), citados por
da Psicologia Cognitiva, constituindo-se de: Milstead (1994, p.578) esclarecem que existem
[...] processos e estruturas mentais dois processos cognitivos envolvidos na Análise
implicados na aquisição, no processa- Documentária, tanto na atividade de indexação
mento e no uso do conhecimento ou como de classificação:
da informação, entre os quais podem 1) decidir sobre o que um texto ou uma
ser diferenciados os processos informação fala (do que trata um texto ou uma
mentais básicos (memória e atenção), informação e/ou que questão ele/ela responde);
as representações mentais (imagina-
ção, formulação de proposições e
2) traduzir essa decisão em termos
estabelecimento de categorias) e os usados no sistema de indexação.
processos mentais complexos (com- Ressaltamos que o enfoque do processo
preensão, raciocínio e solução de cognitivo envolve os componentes básicos
problemas) (PINTO MOLINA, 1994). necessários: texto, contexto, dados do conheci-
Os processos cognitivos envolvidos na mento do analista, objetivos documentários e um
leitura documentária, estabelecidos por Monday método de avaliação (PINTO MOLINA, 1994,
(1996), são: representação do conhecimento; p.130).

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


154 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

Em seu trabalho sobre a “abordagem Standardization e, em seguida, a abordagem de


interdisciplinar do conceito e prática da análise identificação de conceitos propostos pelo
de conteúdo do texto documentário escrito sistema de indexação PRECIS a fim de verificar
(WTDCA)”, Pinto Molina (1994), esclarece as influências que tiveram na determinação do
enfaticamente que assunto de um documento.
[...] é inviável sem a contribuição de Do ponto de vista da norma ABNT 12676
certas disciplinas tais como: a de 1992, a Indexação corresponde ao ato de
lingüística (textual), a lógica (formal) e identificar e descrever o conteúdo de um
a psicologia cognitiva. Há uma relação documento com termos representativos dos seus
de superfície entre a lógica e a estrutura
assuntos. O processo de indexação, segundo a
textual profunda. Quanto à psicologia
norma, possui três estágios: 1) exame do
cognitiva, e especialmente a psicologia
documento e estabelecimento do assunto de seu
do processamento da informação abre
conteúdo; 2) identificação de conceitos
bons prospectos para o WTDCA. A
lógica, especialmente a lógica formal presentes no assunto; 3) tradução desses
permite a análise sintática essencial conceitos em termos de uma dada linguagem
dos textos. A lingüística textual, fundada de indexação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA...,
na gramática transformacional, 1992).
contribui decisivamente para a Como já verificado, o objetivo da indexa-
transcrição difícil entre a forma e o
ção é o de representar o conteúdo informacional
conteúdo.
do documento, tendo em vista sua recuperação,
Consideramos, ao final de nossa para tanto, realiza-se um exame do documento
abordagem dos aspectos lógicos, lingüísticos e a fim de identificar conceitos pelos quais a
cognitivos, que para adaptar ou propor tematicidade de um documento estará
metodologia que garanta uma eficiente análise representada. Essa tematicidade é determinada
de conteúdo dos documentos, é preciso pelo indexador através da leitura do documento,
estabelecer interface com a Lógica formal, a tendo em mente as necessidades informacionais
Lingüística textual e a Psicologia cognitiva que da comunidade usuária do sistema de
têm o texto escrito como objeto de estudo para informação.
leitura. Entretanto, o pesquisador da Análise
A norma ISO 5696 (International
Documentária deve ficar atento para estabelecer
Organization For Standardization, 1985) é
o devido “recorte” do conhecimento desenvolvido
baseada nos princípios de indexação do UNISIST
nas áreas interdisciplinares, destacando o que
(1981, p.83) que considera a realização do
realmente apresenta viabilidade de aplicação para
processo de indexação em dois estágios:
fins de tratamentos documentários, até porque
analítico – é realizada a compreensão do texto
é preciso verificar se não está se apropriando de como um todo, identificação e seleção de con-
todo o conhecimento desenvolvido por uma ceitos válidos para indexação e tradução – con-
determinada área. (KOBASHI, 1994). siste na representação de conceitos por termos
de uma linguagem de indexação.
Procedimentos de indexação Segundo tais princípios, na operaciona-
lização da indexação do assunto de um
Analisaremos a seguir os procedimentos documento o primeiro estágio subdivide-se em
de indexação fundamentados na norma ABNT três etapas: 1) Compreensão do conteúdo do
12676 de 1992 que é uma tradução da Norma documento como um todo, os objetivos do autor
ISO 5696 de 1985 International Organization For etc; 2) identificação dos conceitos que

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 155

representam este conteúdo este conteúdo, p.90). Caberá, portanto, ao indexador ter familiari-
objetivos etc; 3) seleção dos conceitos válidos dade com os instrumentos para poder manipulá-
para recuperação. Na prática de indexação, los sabendo, de antemão, que estes podem
segundo o UNISIST (1981, p.86), esses três impor algumas limitações na prática de
estágios se superpõem para escolha dos indexação.
conceitos e, com relação à fase de identificação As recomendações da norma 12676
dos conceitos, o “indexador deve adotar uma (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA..., 1992) baseadas
abordagem lógica, selecionando os conceitos nos princípios do UNISIST (1981), estabelecem
que melhor expressarão o assunto do que o indexador na análise de assunto, deverá
documento”. realizar uma leitura do documento examinando
Considerando que o momento de seleção as partes mais relevantes, visto que a leitura
é o mais delicado, o UNISIST (1981, p.90) completa do item documental é impraticável. A
recomenda que “o critério principal deve ser análise do assunto na norma ABNT 12676 de
sempre seu valor potencial como um elemento 1992 é dividida em dois estágios: o primeiro é o
de expressão do conteúdo do documento”. exame do documento e o segundo é a identifica-
Nesta tarefa, o indexador deve ter em mente as ção de conceitos.
prováveis questões que os usuários farão à No exame do documento a norma indica
unidade de informação. E nesse sentido as a verificação das seguintes partes do documento,
indicações do UNISIST (1981, p.90) apontam tais como: título; resumo; lista de conteúdos;
como critério: escolher os conceitos que são introdução (vendo as frases que iniciam capítulos
mais apropriados a uma determinada comuni- e parágrafos); conclusão; ilustrações; diagramas;
dade de usuários; modificar, se necessário, tanto tabelas (e suas legendas); palavras em destaque.
os instrumentos de indexação quanto os
Assim como o UNISIST, a norma ABNT,
procedimentos com base no feedback de
alerta que a indexação não deve ser guiada
questões.
somente pelo exame do título ou resumo do
Além disso, a seleção de conceitos deve documento. Isso se justifica, tendo em vista que
ser feita, tendo em vista os objetivos para os os títulos, muitas vezes não são adequados e
quais as informações serão selecionadas até ambíguos e, no caso dos resumos, alerta
destacando-se dois fatores que afetam mais que podem ser inadequados. Em suma, esses
diretamente essa escolha: exaustividade, dois itens não constituem únicas fontes para
especificidade. identificação do assunto. A seguir, a norma
Para a exaustividade na indexação, o recomenda que a análise siga uma abordagem
indexador deverá procurar “todos os conceitos sistemática para a identificação dos conceitos
de um documento que possam ter um valor considerados essenciais na descrição do
potencial para os usuários de um sistema de assunto.
informação [...]” (UNISIST, 1981, p.88). Para a A abordagem para identificação dos
regra de especificidade, os conceitos devem ser conceitos deverá ser feita com base em um
os mais específicos possíveis e, os mais questionamento sistemático, proposto pela
genéricos, podem ser selecionados com vista norma:
aos objetivos do sistema de informação.
O documento possui em seu contexto
A fim de assegurar a organização dos um objeto sob efeito de uma atividade?
conceitos de uma forma que seja útil e acessível, O assunto contém um conceito ativo
“é necessário o conhecimento profundo dos (por exemplo, uma ação, uma opera-
instrumentos de indexação” (UNISIST, 1981, ção, um processo etc.)? O objeto é

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


156 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

influenciado pela atividade identifi- identificadas por Albrechtsen (1993): a orientada


cada? O documento possui um agente para o conteúdo, representada pela indicação
que praticou esta ação? Este agente da abordagem sistemática de identificação dos
refere-se a modos específicos para conceitos e a orientada para a demanda, por
realizar a ação (por exemplo, instru-
orientar que a seleção dos conceitos seja feita
mentos especiais, técnicas ou
com base no uso dos termos pelo usuário.
métodos)? Todos esses fatores são
considerados no contexto de um lugar
específico ou ambiente? São identifica-
das algumas variáveis dependentes
Revisão de literatura de relatos de
ou independentes? O assunto foi experiência: resultados discutidos com
considerado de um ponto de vista os temas da revisão de literatura
normalmente não associado com o fundamental
campo de estudo (por exemplo, um
estudo sociológico ou religioso)? Com objetivo de leitura analítica da
literatura de relatos de experiência, foram sele-
A etapa de seleção dos termos, segundo
cionados 10 textos (artigos) que tratavam da
a norma 12676 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA...,
prática de indexação em sistemas de informação
1992) é feita em função da tradução dos
brasileiros. A sistematização desses artigos
conceitos identificados em descritores de uma
obedeceu à divisão por décadas a fim de verificar
linguagem de indexação. Para essa seleção
a existência da leitura documentária em prática
consideram-se o sistema de informação e o
de indexação.
usuário desse sistema.
Cada artigo foi descrito fisicamente por
O último item diz respeito à qualidade da
referência bibliográfica, seguida de uma descrição
indexação; nesse sentido, consta na norma, que
baseada no resumo de cada um, acrescida de
a qualidade da indexação depende de factuais
informações retiradas de seu conteúdo. Na
como: a competência do indexador e a qualidade
ausência do resumo, a descrição baseou-se na
dos instrumentos de indexação.
leitura do texto integral. Em seguida à descrição,
Um outro procedimento de indexação que
segue uma análise em que se apresenta a
merece destaque é o do PRECIS (FUJITA, 1989),
existência ou não das variáveis apontadas na
um sistema de indexação que apresenta sua
literatura fundamental e a discussão subse-
análise conceitual como metodologia de
qüente dá-se conforme categorização dessas
identificação de conceitos baseando-se em um
variáveis.
questionamento dirigido unicamente ao texto,
caracterizando, conforme Albrechtsen (1993) sua A revisão de literatura fundamental em
concepção de análise de assunto orientada Indexação revelou que na prática de indexação
unicamente para o conteúdo, a saber: O que encontram-se várias questões que interferem na
aconteceu? (ação); A que ou a quem isto sua realização, podendo-se destacar, em pri-
aconteceu? (objeto da ação – sistema chave); meiro lugar, a questão da confusão terminológica
Que ou quem fez isto? (agente da ação); onde entre catalogação de assunto e indexação
aconteceu? (local). alfabética de assunto.
De outra forma, os procedimentos de O termo “catalogação de assunto” foi a
indexação propostos pelo UNISIST (1981) e pela expressão mais usada na prática de indexação
norma 12676 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA..., nos relatos de experiência, em decorrência de
1992), estão direcionados, simultaneamente, muitas instituições, em décadas passadas e
para duas concepções de análise de assunto recentes, adotarem os cabeçalhos de assuntos

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 157

como linguagem de indexação nos seus siste- O aspecto lingüístico é um dos elementos
mas de informação. Isso revela, apesar do que mais contribuem para a determinação do
processo de indexação ter evoluído, que ainda assunto e este somente é evidenciado mediante
persiste a primeira concepção baseada em o processo de leitura, pelo qual o indexador
Cutter que formulou as primeiras tentativas de identifica e seleciona conceitos relacionados ao
organização de assuntos representados pelos assunto tratado no texto guiando-se pelo seu
cabeçalhos. Talvez isso possa explicar-se pelo conhecimento de estrutura textual.
fato da Biblioteca do Congresso dos Estados A contribuição desse aspecto foi demons-
Unidos ter dado continuidade aos cabeçalhos trada na leitura dos textos que versam sobre
de assunto pela sua Lista de Cabeçalho de metodologia de indexação, ao indicarem duas
Assunto, atualizando-a e disponibilizando-a concepções de análise de assunto: uma voltada
somente pelo preço de uma cópia. para o conteúdo que é expresso pela língua em
Apesar da indexação existir há muito que está escrito o documento e outra para a
tempo, até hoje se desconhece o que lhe é demanda da informação que exige do indexador
fundamental, ou seja, a determinação do assunto conhecimento do contexto no qual está inserida
ou tema do documento. Questão que volta à a instituição.
tona, sempre que se deseja a automação da
indexação. Verificamos que, a partir da década
de 1950, quando começaram os estudos de CONSIDERAÇÕES FINAIS
indexação automática, apareceram as preocupa-
ções com áreas de interface, como a Lingüística. Ao realizarmos a pesquisa tínhamos
Evidencia-se a partir de então, a importância do como pressupostos que o fator mais importante
ser humano com relação ao juízo de valor da na atividade de indexação era a concepção de
tematicidade do documento. análise de assunto assumida pelo indexador; que
uma análise conceitual não poderia ser feita
As análises dos textos que tratam da
unicamente com base na linguagem do sistema
prática de indexação mostram a inexistência da
de informação e, que esses fatores estão
descrição do processo de indexação, especial-
diretamente ligados à falta de fundamentação
mente no que diz respeito ao momento de como
teórica na área de indexação, uma vez que está
se processa a análise de assunto, o que talvez
muito articulada com o desenvolvimento da
se explica pelo fato do resultado da indexação
prática.
estar sujeita à leitura que o indexador realiza
para a determinação do assunto do documento. Desenvolveu-se, então, no estudo, a
E isso, depende muito das ações mentais que análise e discussão das tendências na literatura
cada indexador realiza no fazer documentário. com relação ao desenvolvimento teórico de
indexação e sua influência na prática do
Os textos analisados na revisão de
indexador.
literatura fundamental evidenciaram a presença
dos aspectos que interferem no processo de Pudemos verificar pela evolução da
indexação, como os lingüísticos, lógicos, indexação, sobretudo na evolução dos cabe-
cognitivos e a questão da tematicidade. Os çalhos de assunto, que o fator de maior impor-
textos descritos e analisados na revisão da tância é a determinação do assunto, ainda que
literatura de relatos de experiência mostraram seja agravado pela dificuldade de uma linguagem
uma tendência para a indexação automática, que irá representá-lo.
dando destaque aos aspectos lingüísticos e Desde Cutter, a literatura publicada tem
lógicos da indexação. demonstrado a preocupação dos estudiosos com

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


158 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

essa questão, procurando não só o desenvolvi- o usuário adotará ao formular a expressão de


mento de linguagens de indexação como também busca da informação. Sugerimos, portanto,
soluções na indexação automática. No entanto, examinar como o usuário formula uma questão
o problema persiste, uma vez que a maior parte de busca, além dos processos cognitivos,
dos estudos não tem sido voltada para a questão envolvidos durante a leitura pelo indexador.
da determinação do assunto.
Tendo em vista que o objetivo do estudo
Ora, se a indexação existe para que a foi o de contribuir com uma investigação teórica
recuperação da informação seja efetiva, então o em indexação para detectar quais as influências
que queremos recuperar? Pensamos que a e tendências na prática de indexação, con-
resposta a essa pergunta seja a chave para as cluímos que as influências detectadas pela
possíveis soluções futuras acerca da determi- revisão de literatura fundamental estão parcial-
nação do assunto do documento. E o que a mente presentes na prática de indexação,
prática tem mostrado é evidenciado pelos sobretudo no que se refere à inexistência de
estudos que procuram saber como o indexador detalhamento dos procedimentos de indexação.
age na escolha de conceitos para representação
Nesse sentido, pode-se afirmar que as
do assunto do documento.
tendências e influências dos estudos teóricos
Na revisão de literatura de relatos de em prática de indexação provêm mais especifi-
experiência, a análise dos textos de prática de camente das áreas de interface da Análise
indexação revelou que nenhum fez referência ao Documentária, como a Lingüística, a Lógica e a
modo como a leitura foi realizada, denotando falta Psicologia Cognitiva.
de reflexão sobre os procedimentos de indexa- A Lingüística tradicional contribui para a
ção e a influência da leitura. Cogitamos que, indexação com seus aspectos semânticos e
talvez, não exista a devida ênfase nos programas sintáticos e, agora, a preocupação com a
de formação do indexador. Considerando que é necessidade do usuário, inserem-se, também,
por meio da ação de leitura que o indexador faz aspectos lingüísticos-pragmáticos (Lingüística
a análise conceitual, e por se tratar de uma Aplicada) como interação leitor-autor regida pela
atividade ligada à psicologia cognitiva, recomen- relevância-leitor, que em última análise, para a
da-se que os próximos estudos venham a área de Indexação, é a relevância para o usuário-
focalizar esse aspecto da indexação, ainda leitor final.
inexplorado. Já a Lingüística textual colabora com
Verificamos pela revisão de literatura seus esquemas formais de diferentes tipos de
fundamental, que a indexação deve ser feita tendo texto; a Lógica com as inferências lógicas a partir
em vista o conhecimento prévio do indexador, de pistas do texto e a Psicologia Cognitiva com
as necessidades informacionais do usuário, a os mecanismos mentais e as estratégias,
política de indexação da unidade de informação exclusivamente fundadas no conhecimento prévio
e a estrutura textual dos documentos. do leitor.
Um dos critérios da análise conceitual, Ao dominar esses aspectos, que auxi-
além dos acima citados, é descobrir porque o liarão na determinação da tematicidade do
documento foi adquirido pelo sistema de documento, o indexador conseguirá realizar uma
informação e examinar se os termos estabele- análise conceitual com efetividade, realizada em
cidos para a representação do documento são termos da tematicidade do autor, do leitor e do
compatíveis com os termos que provavelmente usuário.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 159

REFERÊNCIAS

ALBRECHTSEN, H. Subject analysis and indexing: COLLINSON, R.L. Índices e indexação: guia para
from automated indexing to domain analysis. The indexação de livros, e coleções de livros,
indexer, v.18, n.4, p.219-224, 1993. periódicos, e coleções de livros, periódicos,
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS partituras musicais, com uma seção de referência
TÉCNICAS. NBR 12676: métodos para análise de e sugestões para leitura adicional. Trad. Antônio
documentos: determinação de seus assuntos e Agenor Briquet de Lemos. São Paulo: Polígono,
seleção de termos de indexação. Rio de Janeiro, [1971].
1992. 4p. CRAVEN, T.C. Linked phrase indexing. Information
AUSTIN, D. PRECIS: a manual of concept analysis Processing and Management, New York, v.14, p.469,
and subject indexing. London: Council of the British 1978.
National Bibliography, 1974. 551p. CUNHA, I.M.R.F. (Coord.). Análise documentária:
BEGHTOL, C. Biblioghaphic classification theory considerações teóricas e experimentações. São
and text linguistics: aboutness analysis, Paulo: FEBAB, 1989.
intertextuality and the cognitive act of classifying ESTEBAN NAVARRO, M.A.E. Elementos,
documents. Journal of Documentation, London, actividades y critérios para la identificación,
v.42, n.2, p.84-113, 1986. compreensión y selección de conceptos en la
BORKO, H.; BERNIER, C. Indexing concepts and indización analítica. In: GARCIA MARCO, F.J.G.M.
methods. New York: Academic Press, 1978. 261p. Organización del conocimiento en sistemas de
información y documentación. Zaragoza: Capítulo
BRADFORD, S.C. Documentação. Rio de Janeiro:
Español de la ISKO. Universidad Carlos III de
Fundo de Cultura, 1961.
Madrid, 1999. v.3, p.69-93.
CAVALCANTI, M.C. I-n-t-e-r-a-ç-ã-o leitor-texto: FARRADANE, J.A. A comparison of some computer
aspectos de interpretação pragmática. Campinas: produced permuted alphabetical subject indexes.
Universidade Estadual de Campinas, 1989. 271p. International Classification, Munich, v.4, n.2, p.94-
CESARINO, M.A.N.; PINTO, M.C.M.F. Cabeçalho de 101, 1977.
assunto como linguagem de indexação. Escola de FARROW, J.F. A cognitive process model of
Biblioteconomia. Universidade Federal de Minas document indexing. Journal of Documentation,
Gerais, Belo Horizonte, v.7, n.2, p.268-88, 1978. London, 47, n.2, p.149-166, 1991.
CHAUMIER, J. As técnicas de documentais . FARROW, J.F. Propositional analysis and
Publicações Europa-América. 1971, 111p. macrorules for indexing. Library Review, v.45, n.1,
CHAUMIER, J. Travail et methodes du/de la p.6-15, 1996.
documentaliste: connaissance du problème. Paris: FÁVERO, L.L.; KOCH, I.G.V. Lingüística textual:
ESF/Libraries Techniques. 1980. Exposé 3, Chap.3: introdução. São Paulo: Cortez, 1988.
L’indexation, p.42-47.
FOSKETT, A.W. Abordagem temática da
CHAUMIER, J. Analisis y lenguajes documentales: informação. Trad. Antônio Agenor Briquet de Lemos.
el información documental. Barcelona: Mitre, 1986. São Paulo: Polígono, 1973.
170p. (Colección Ciencias de la Comunicación).
FUJITA, M.S.L. Leitura documentária do indexador:
CINTRA, A.M.M. Estratégias de leitura em aspectos cognitivos e lingüísticos influentes na
documentação. In : Smit, J.W (Coord.). Análise formação do leitor profissional. 2003. 321f. Tese
documentária: a análise da síntese. 2.ed. Brasília: (Livre-Docência nas disciplinas Análise Documen-
IBICT, 1987. p.29-37. tária e Linguagens Documentárias Alfabéticas)
COATES, E.J. Subject catalogues: Headings and Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade
structures. London: Library Association, 1960. Estadual Paulista, Marília, 2003.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


160 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

FUJITA, M.S.L. Leitura em análise documentária. LANCASTER, F.W. Indexação e resumos: teoria e
Marília: UNESP/CNPq, 1999. Relatório parcial de prática. Tradução de Antonio Agenor Briquet de
pesquisa. Lemos. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 1993.

FUJITA, M.S.L. PRECIS na língua portuguesa: teoria LYNCH, M.F.; PETRIE, J.H.A program suite for the
e prática. Brasília: Universidade de Brasília, 1989. production of articulated subject indexes. Computer
Journal, Oxford, v.16, p.46-51, 1973.
GARDIN, J.C. et al. La logique du plausible: essais
d’epistemologie pratique. Paris: Maison de METCALFE , J. Subject classifing and indexing of
Sciences de L’Homme, 1981. libraries and literature. New York: Scarecrow, 1959.

GIASSON, J. A compreensão na leitura. Lisboa: MILSTEAD, J.L. Indexing for subject cataloguers.
Asa, 1993. 317p. Cataloging & Classification Quarterly, New York, v.3,
n.4, p.37-44, 1983.
GINEZ DE LARA, M.L. A representação
MILSTEAD, J.L. Needs for research in indexing.
documentária: em jogo a significação. São Paulo,
Journal of the American Society for Information
1993. 133f. Dissertação (Mestrado em Ciência da
Science, v.45, n.8, p.577-582, 1994.
Comunicação) – Escola de Comunicação e Artes,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 1993. MONDAY, I. Les process congnitifs et la rédaction
de résumès. Documentation et Bibliothèques, v. 42,
GOMES, H.E.; GUSMÃO, H.R. Guia prático para a
n.2, p.55-62, 1996.
elaboração de índices. Niterói: GBIDCSH da APB-
RJ, 1983. MOREIRO GONZÁLEZ, J.A. Documentáción y
lingüística: conceptos de relación esenciles.
GUIMARÃES, J.A.C. Indexação em um contexto de Ciencias de la Información, v.25, n.4, p.202-210,
novas tecnologias. [S.l.: s.n.], 2000. 10p. Texto 1994.
Didático.
NAVARRO, S. Interface entre lingüística e indexação:
HUTCHINS, W.K. On the problem of aboutness in revisão de literatura. Revista de Biblioteconomia e
document analysis. Journal of Information, London, Documentação, São Paulo, v.7, n.4/6, p.46-62, 1988.
v.1, p.17-35. 1977.
NAVES, M.M.L. Fatores interferentes no processo
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR de análise de assunto: estudo de caso de indexa-
STANDARDIZATION. Documentation – methods for dores. Belo Horizonte, 2000. 253f. Tese (Doutorado
examining documents, determining their subjects, em Ciência da Informação) – Escola de Ciência da
and selecting indexing terms. Geneva: ISO. 5p. (ISO Informação, Universidade Federal de Minas Gerais,
5963-1985 (E)) Belo Horizonte, 2000.
KAISER, J.O. Systematic indexing. London: Pitman, NEELAMEGHAM, A.; GOPINATH, M.A. Postulated-
1911. based permuted subject indexing (POPSI). Library
KATO, M.A. O aprendizado da leitura. São Paulo: Science with a slant to documentation, v.12, n.3,
Martins Fontes, 1985. 121p. p.79-87, 1975.
KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da PIEDADE, M.A.R. Introdução à teoria da
leitura. 7.ed. Campinas: Pontes, 2000. classificação . 2.ed. rev. aum. Rio de Janeiro:
KOBASHI, N.Y. A elaboração de informações Interciência, 1983. 221p.
documentárias: em busca de uma metodologia. PINTO MOLINA, M. Análisis documental :
1994. 195f. Tese (Doutorado em Ciências da fundamentos y procedimientos. 2.ed. rev. aum.
Comunicação) – Escola de Comunicação e Artes, Madrid: EUDEMA, 1993.
Universidade de São Paulo, São Paulo. 1994. PINTO MOLINA, M. Interdisciplinry approaches to
KOBASHI, N.Y. Análise documentária e the concept and practice of written text documentary
representação da informação. Informare , São content analysis (WTDCA). Journal of
Paulo v.2, n.2, p.5-27, 1996. Documentation, v.50, n.2, p.111-133, 1994.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


A PRÁTICA DE INDEXAÇÃO: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE TEDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 161

RANGANATHAN, S.R. The colon classification. New VAN SLYPE, G. Los lenguages de indización :
Brunswick, N.J: University, 1965. concepción, construcción y utilización en los
sistemas documentales. Trad. Pedro Hípola e Félix
ROBREDO, J. Documentação de hoje e amanhã:
de Moya. Madrid: Fundación Germán Sánchez
uma abordagem informatizada de biblioteconomia
Ruipérez; Pirámide, 1991. 200p. Tradução de: Les
e dos sistemas de informação. Brasília, 1986.
languages d’indexation: conception, construction
ROBREDO, J. Documentação de hoje e amanhã: et utilisation dans les systèmes documentaires.
uma abordagem informatizada de biblioteconomia
VIEIRA, S.B. Indexação automática e manual:
e dos sistemas de informação. 2.ed. rev. ampl.
revisão de literatura. Ciência da Informação ,
Brasília: Edição de Autor, 1994.
Brasília, v.17. n.1, p.47-57, 1988.
TÁLAMO, M.F.G.M. Elaboração de resumos. São WARD, M.L. The future of the human indexer. Journal
Paulo: Escola de Comunicações e Artes, of the American Society for Information Science,
Universidade de São Paulo. Cadernos de análise v.28, n.4, p.217-225, 1996.
documentária, São Paulo, n.1, p.23-31, 1994.
WILSON, P. Subject and the sense of position. In:
TODD, R.T. Academic indexing: what‘s it all about? CHAN, C. et al. Theory of subject analysis: a manual.
The Indexer, London, v.18, n.2, p.101-104, 1992. Littleton, Colorado: Libraries Unlimited, 1985.
UNISIST. Princípios de indexação. Escola de p.306-23.
Biblioteconomia, Universidade Federal de Minas WITTY, F.J. The beginnings of indexing and
Gerais. Belo Horizonte, v.10, n.1, p.83-94, 1981. abstracting: some notes towards a history of
Van DIJK, T.A.; KINTSCH, W. Strategies of discourse indexing and abstracting in antiquity and the Middle
comprehension. New York: Academic Press, 1983. Ages. The Indexer, London, v.8, n.4, p.193-198,
337p. 1973.

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004


162 M.R. SILVA & M.S.L. FUJITA

Transinformação, Campinas, 16(2):133-161, maio/ago., 2004

View publication stats

Você também pode gostar