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INSTITUTO SUPERIOR DO LITORAL DO PARANÁ

Curso de Direito

MARILENE DA SILVA PONTES

FICHAMENTO: O PONTO E A LINHA. HISTÓRIA DO DIREITO E DIREITO


POSITIVO NA FORMAÇÃO DO JURISTA DO NOSSO TEMPO

Paranaguá – PR
2022
MARILENE DA SILVA PONTES

FICHAMENTO: O PONTO E A LINHA. HISTÓRIA DO DIREITO E DIREITO


POSITIVO NA FORMAÇÃO DO JURISTA DO NOSSO TEMPO

Fichamento do artigo “O ponto e a linha.


História do Direito e Direito Positivo na
formação do jurista do nosso tempo.

Paranaguá – PR
2022
FICHAMENTO

Em seu artigo, Paolo Grossi realiza uma reflexão sobre o papel da história e
do historiador do direito quanto ao processo de formação do jurista do nosso tempo.
O historiador do direito deve ser a consciência crítica dos juristas, pois é ele quem
pode visualizar a precariedade e a provisoriedade das soluções jurídicas
contemporâneas.
A história do direito reforça no jurista o fato de que o mesmo pertence a uma
dimensão de civilização. Desta forma, compete ao historiador colocar os dados que
operam no interior de determinado contexto, ou seja, o texto sempre possuirá uma
realidade em seu fundo, que vai além das palavras descritas. O texto é somente o
cume emergente de um continente submerso, sendo necessário “mergulhar” para
poder se aprofundar mais e mais.
O cume seria as normas jurídicas e o continente submerso seria o universo
jurídico, o qual possui diversas complexidades. Sendo assim, o historiador seria o
único capaz de desempenhar tal função, permitindo aos juristas superarem
simplificações persuasivas e a se recuperarem do achatamento e complexidade que
o direito oferece.
O historiador possui a tarefa de relativização, ou seja, a de inserir os dados no
seio da história, para que assim possa relativizá-los, devendo também alertar os
juristas que os mesmos são fruto de um passado próximo, o qual possui inúmeras
experiências acerca do direito romano, do direito comum medieval e pós-medieval e
da tarefa histórica de relativização. Dessa forma, o historiador, ao lado do o
operador do direito positivo, consegue contribuir com a simplificação do direito que
ontem surge e, também, com a simplificação abusiva de uma realidade que cabe,
previamente, ponderar em toda a sua complexidade.
A ciência jurídica oferta aos observadores atenciosos uma conjuntura que é
sustentada por contradições. As análises dos civilistas, mercantilistas, trabalhistas,
penalistas, processualistas e demais especialistas do direito constituem,
indubitavelmente, conquistas e metas, contudo, acabam provocando o
esquecimento de que a ciência jurídica é uma só, ou seja, pela própria unidade de
seus fundamentos epistemológicos.
Seguindo este raciocínio, não significa dizer que um civilista deve abandonar
a sua área por completo ou se aventurar em outra área que não lhe traga
segurança, mas sim que não deve se contrapor ou mitigar à percepção da unicidade
do saber jurídico.
Diante de todo o exposto, se faz necessário o contato e o diálogo contínuo do
historiador do direito com quem atua no direito positivo. Hoje, estamos vivendo o
tempo de isolamento aos juristas.
O historiador acaba tendo o seu isolamento mostrado em Faculdades de
Direito. O mesmo se dedica e trabalha, contudo, em um canto, afastado, onde o
mesmo se organiza. A solução para isso seria o historiador não desistir do fato de
ser jurista e de estar com seu trabalho cientifico gerando análises de inteligências
jurídicas. O historiador deve se comparar com a dimensão da técnica jurídica, para
que o mesmo possa entender como ela funciona.
Outro exemplo seria o do analista de um direito vigente. O operador do direito
positivo se restringe tão somente às operações de caráter lógico-hermenêutico que
o mesmo consegue enxergar em seu horizonte ou com a exclusão do
enriquecimento que só pode chegar de fora do texto com uma função extremamente
limitada.
Isso não é o que se espera de um jurista hoje em dia pois, atualmente, é
necessário ter percepção da complexidade e distanciamento crítico.
A proposta do principal do texto é a salvação cultural da norma jurídica, do
historiador do direito e do operador do direito positivo. Nós somos com um ponto em
uma linha. O jurista envolvido tão somente com a dogmática não enxerga essa linha,
mas somente o ponto pois o mesmo está inserido nela. Somente após o seu olhar
se tornar aguçado e evoluído, o mesmo poderá contribuir de alguma forma.

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