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AULA 8 AGENTES BIOFÍSICOS – TERMOTERAPIA: CALOR SUPERFICIAL

Aula passada: Em termoterapia deve haver muito cuidado, para


evitar queimar o paciente, evitando lesões graves.
Foi visto os conceitos de termoterapia, a sua Tanto na termoterapia quanto na crioterapia.
biofísica (formas de transferência de calor, efeitos
fisiológicos principais) Ondas curtas por ser um método de calor profundo,
é muito comum haver uma queimadura acidental
O que deve ser guardado dessa parte da disciplina? feita pelo fisioterapeuta, pois quando o paciente
sente o calor na superfície da pele, o calor interno
Quando for aplicar em um paciente deve pensar: No
está com uma temperatura muito mais elevada. O
agente que será usado e qual transferência de calor e
calor vai por condução, sendo propagado das
como ele vai agir
camadas mais profundas para as mais superficiais.
Lembrando: há 3 tipos de transferência de calor Por isso é muito importante ter cuidado!

- Condução: se energia se propaga de molécula a OBS: sempre evitar colocar o peso sobre o agente de
molécula, do corpo de maior temperatura para o de calor ou de frio, pois isso gera compressão tecidual e
menor temperatura. E deve haver contato entre o a troca de energia (calor ou frio) – isso diminui a
agente e os tecidos. circulação desse local, pois está comprimindo, e a
circulação é muito importante. Isso aumenta o risco
Ex: compressas, bolsas térmicas, banho de parafina
de gerar isquemia/ queimadura
(tudo o que tem contato)

- Convecção: deve haver necessariamente o


movimento do meio que está permitindo a • TERMOTERAPIA: CALOR
transferência de calor (movimento pode ser do ar ou
SUPERFICIAL•
de um fluido, como a água). De haver diferença de
temperatura entre os tecidos e o meio e também a Alguns agentes que serão citados nessa aula não são
massagem local permitindo uma troca de calor maior tão usados na atualidade
entre os tecidos e os agentes.
Aqui serão falados dos agentes de calor
Ex: turbilhão, ar condicionado (não é usado na (HIPERTERMOTERAPIA).
termoterapia, mas funciona assim)
OBS: hipotermoterapia são os agentes de
- Radiação: há uma distância entre o agente de resfriamento
aquecimento e os tecidos, mas mesmo assim tem uma
troca/transferência de calor, tendo o ar como o meio Quando coloca o calor no tecido tem que garantir
entre eles que a circulação seja suficiente para poder carrear o
calor e dissipá-lo pela própria perfusão e condução
Ex: infravermelho (o espectro está numa faixa sanguínea para as regiões adjacentes – todo calor
invisível ao olho humano. Nos aparelhos de que está entrando vai entrar no tecido e vai ser
infravermelho a luz é vermelha e invisível – esses subtraído pela circulação, que é aumentada, como
aparelhos englobam uma faixa de comprimento de uma forma protetora do corpo
onda que pega do vermelho ao infravermelho,
misturando esses comprimentos de onda. E o que
→ Compressa quente
aquece é o comprimento de onda do infravermelho,
então nesses aparelhos a luz que está visível é apenas - É uma modalidade de aquecimento superficial, que
o comprimento de onda do vermelho e não do transfere energia para a pele do paciente através da
infravermelho) condução, pois tem contato direto com a região
OBS: o laser usador da fisioterapia em forma de OBS: Calor Superficial x Calor profundo: calor
caneta é atérmico, então ele não aquece. Dele sai a superficial é em torno de mm e calor profundo é em
luz vermelha ou o infravermelho (invisível). Para saber torno de cm (a partir de 3-5 cm)
se está funcionando há um teste no próprio aparelho,
para saber se está emitindo ou não.
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Cada camada de tecido subjacente subsequente é » Bolsa de água quente –


aquecida por condução, a partir do tecido sobreposto.
- Temperatura: 60°C
Então, se coloca a bolsa térmica na pele e esse calor
vai se propagar da pele para o tecido adiposo, que vai - Tempo: 20’ – 40’.
para o tecido muscular – de camada a camada esse
calor vai sendo transferido por condução Importante: Testar as condições
da bolsa, para não ocorrer
- Forma de calor superficial. vazamento, evitando queimar o
paciente.
➥ Desvantagens: podem provocar pressão tecidual
(isquemia), não permitem vigiar a região, » Almofada elétrica – bolsa aquecida por uma
temperatura difícil de regular, queimaduras resistência elétrica com a temperatura controlada por
frequentes. um termostato (40-42°C). Não
utiliza toalhas umedecidas.
OBS: quando pedir para o paciente fazer compressas
quentes em casa deve alertá-lo de não colocar o peso - É uma forma de calor seco,
do corpo por cima, se tiver incomodo interromper o diferente das anteriores
tratamento evitando uma queimadura
- Tempo: 20’ (minutos).

➥ Técnicas de aplicação:
→ Banho de parafina
» Bolsa de hidrocolóide/ Hydrocollator (gel) - são
bolsas preenchidas com sílica gel,
colocada em uma cuba/recipiente
com água mantida a uma
temperatura constante
(aproximadamente 76°C). Também pode ser aquecida
no microondas por 1 minuto.

OBS: Servem tanto para quente quanto para frio


OBS: não é tão usada mais atualmente, foi
Deve-se cobrir a bolsa com uma toalha seca
praticamente abolida na fisioterapia.
mantendo de 4 a 8 camadas para manter a
temperatura final de 40-42°C e evitar perdas de calor. - Usada para extremidades
É bom colocar um tecido fina em volta, entre a pele e - Fornece calor superficial (profundidade: até 1cm)
o gel, para também evitar que ela queime a pele
- Transferência de calor por condução. Havia um
- Profundidade nos tecidos: 1cm. contato direto.
- Tempo: 20’.
➥ Equipamento: cuba, parafina + óleo mineral,
Problemas dessas bolsas de gel (tanto para frio toalha.
quanto para calor): elas perdem calor/frio muito
rapidamente para o ambiente. Por isso que para ➥ Como era feito o banho de parafina: A parafina
evitar perda deve envolver a bolsa com camadas de derretida é mantida a temperatura 47 a 55°C para as
toalha/tecido seco. extremidades superiores, enquanto que 45°C a 49°C
nas extremidades inferiores (mais baixas porque a
» Compressas úmidas – toalhas imersas em água circulação é menos eficiente).
quente a 36-41°C. Tendem a esfriar mais - Fornece 6 vezes mais quantidade de calor do que a
rapidamente. Não é muito usada, pois resfria muito água (risco considerável de queimaduras). Em virtude
rapidamente de seu calor específico baixo (2,72 KJ/Kg. °C), o que
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intensifica a capacidade do paciente em tolerar o → Forno de Bier


calor da parafina do que a água à mesma
temperatura, por isso ela era mais usada. Porém ela
tem mais risco de dar queimaduras

➥ Tratamento

• Imersão – mergulhar a extremidade na parafina


por 2s, e retirar, aguardar a parafina endurecer: “luva
de cera”. Completar 6 a 12 camadas. Envolver com
plástico ou papel, e depois com uma toalha. Tempo:
10 a 20’. Aquecimento vigoroso. OBS: não é tão usado mais atualmente.

• Imersão e reimersão – após formação da luva de - Apresenta uma armação de madeira, de formato
cera, manter a extremidade mergulhada na parafina hemicilíndrico, aberto nas duas extremidades. Possui
durante toda a sessão. Esta técnica permite a resistências elétricas internas protegidas por um
manutenção da temperatura elevada por um período material isolante para evitar a dissipação do calor e
maior de tempo, pois está em contato com uma fonte apresenta revestimento externo de alumínio.
de calor constante. Tempo: 10 a 20’. Aquecimento - Quando a região de tratamento é introduzida no
vigoroso. Tem um risco maior de queimaduras! forno, deve-se cobrir o equipamento com um
• Pincelamento – a parafina é depositada na cobertor, para evitar a perda de calor pelas aberturas
extremidade com um pincel para formar a luva de existentes nas extremidades. Pode usar toalha
cera. Tempo: 20’. Aquecimento brando. umedecida sobre a pele.

- Forma de calor superficial


➥ Medidas de higiene:
- Transferência de calor por radiação (não-luminosa).
» Lavar bem a região de tratamento, escovar as unhas
- Risco de queimaduras (ausência de um termostato
» Manter a cuba fechada nos aparelhos antigos)

» Limpar a cuba mensalmente - Temperatura: 50-60°C

» Não repor a parafina usada - Tempo: 15’ – 30’

» Levar a 100°C após cada aplicação - O membro superior ou inferior era colocado nessa
abertura (de 60/70 cm) e o fisioterapeuta colocava
OBS: por isso o certo seria descartar essa parafina que
um cobertor em cima para evitar a perda de calor.
foi utilizada ou levar a 100°C para eliminar as
bactérias, evitando a contaminação. Mas isso não
ocorria devido ao custo, então ela era reutilizada para → Turbilhão quente
outro paciente, e a cuba não era higienizada, e isso é
anti-higiênico.

OBS: Outra questão é o risco de transmitir micose ou


outras infecções. Por exemplo pacientes que está
com alguma ferida aberta e infeccionada nas unhas –
essa infecção pode ser transmitida para outra
pessoa/paciente

Então, por risco de contaminação e falta de higiene e


manutenção adequada fez com que esse agente de
calor caísse em desuso nas terapias.
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OBS: ainda é usada, principalmente na área esportiva, Essas lâmpadas de infravermelho, tanto a de pé
mas o turbilhão frio (que veremos na aula de quanto de mesa, tem uma haste flexível, que você
crioterapia) pode posicioná-la para a região de tratamento,
mantendo uma certa distância
- É um tanque preenchido com água aquecida, que
possui uma turbina que gera correntes de convecção - Sua radiação pode ser obtida a partir do uso de
na água. Gerando uma pequena massagem local que geradores luminosos ou não. Seus raios são invisíveis
é formada pelas correntes de convecção aos olhos humanos, e seus emissores possuem
espectro avermelhado devido à sua frequência de
➥ Equipamento: turbilhão, toalhas, cadeira. geração ser próxima ao da cor vermelha.
- Temperatura: 37 a 45°C (MMSS), 37 a 40°C (MMII), - Transferência de calor: radiação (não precisa de
37 a 39°C (imersão total do corpo) meio para se propagar).
- Forma de calor superficial (1cm) OBS: não se deve colocar uma toalha (nem seca nem
- Tempo: 15’ a 20’. úmida) entre a região de tratamento e a lâmpada e
sim ao contrário, pois por ser um agente de calor
- Ativa a circulação, reduz o espasmo e realiza uma superficial deve retirar qualquer bloqueio/meio que
massagem local pode interferir na propagação do calor para os
tecidos. Lembrando de manter uma certa distância de
➥ Riscos: choque (paciente não deve mexer no
emissão!
equipamento - por estar ligado na tomada e o
paciente estar imerso na água), contaminação por - Forma de calor superficial (aproximadamente 1mm
bactérias por feridas infectadas e risco de ou até 3mm)
contaminação por falta de limpeza adequada da
pele.
➥ Tipos de geradores:
OBS: Devido a esses riscos o turbilhão não é mais tão
• Não-luminosos: Utilizam resistência elétrica. São
utilizado. Prefere-se utilizar agentes que não tem
menos penetrantes do que os luminosos (0,1 a
esses risco de contaminação como o infravermelho,
0,2mm) e suas ondas são mais longas medindo
ondas curtas, ultrassom, bolsas quentes...
40000A.

➥ Medidas de higiene: • Luminosos: São aqueles munidos de lâmpadas


incandescentes. Tem maior penetrabilidade (0,3 a
OBS: as medidas de higiene são semelhantes aos do 10mm). Sua onda é mais curta, medindo 10000A.
banho de parafina Produzem mais calor.
» Retirar e depois repor outra água para o próximo
paciente ➥ Técnica de aplicação:

» Limpar o aparelho » Verificar a sensibilidade cutânea (se o paciente tem


a sensibilidade térmica preservada, ou se ele tem
→ Infravermelho alguma alteração- questionar o paciente na hora da
avaliação sobre isso)

» Preparo do paciente (despir a área de tratamento,


retirar anéis, relógio, não usar toalha)

OBS: se aplicar na região cervical pode ser utilizada


uma toalha para proteger os olhos ou a face. O feixe
faz uma dispersão – o que pode chegar na face. Então
pode ser feito o uso para proteger áreas que não se
OBS: É bastante utilizado na fisioterapia quer que tenha essa emissão.
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» Posicionar a lâmpada com angulação de 90º - Temperatura: 39-48°C.


(perpendicular) com a área de tratamento para
- Tempo: 15-20`
facilitarmos a absorção dos raios, e evitarmos a
reflexão dos mesmos.

» Proteger os olhos.

- Distância: 50 a 70cm com a pele;

- Tempo: 20 a 30`.

→ Fluidoterapia

- Na fisioterapia, a forma de aquecimento seco por


corrente de ar suspenso, que permite a troca de calor
com os tecidos, utilizando forças de convecção para
transferir energia.

- Um recipiente é preenchido com partículas de


celulose, que quando aquecida, adquire
características líquidas. A parte do corpo tratada é
imersa no recipiente em contato com a celulose.

- Gera calor, massagem, estimulação sensorial


(desensibilização) e oscilações de pressão.

- Como não usa água, não há risco de choques


térmicos, e não irrita a pele como a água ou parafina.

- São equipamentos bem caros e bem grande.


Portanto, aqui no Brasil não são tão facilmente
encontrados, já que temos outros agentes de calor
superficial que realizam esse mesmo tipo de
procedimento.

- Locais de aplicação: mão ou pé (extremidades)

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