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a L i t e r a t u r a B r a s i l e i r a

Formação d é a R a mos
Auto r ia : La u d ic

Tema 03
Arcadismo Brasileiro: Poesia e Prosa
Tema 03
Arcadismo Brasileiro: Poesia e Prosa
Autoria: Laudicéa Ramos
Como citar esse documento:
RAMOS, Laudicéa. Formação da Literatura Brasileira: Arcadismo Brasileiro: Poesia e Prosa. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera
Educacional, 2014.

Índice

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© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua
portuguesa ou qualquer outro idioma.
CONVITEÀLEITURA
Caro estudante, neste tema, sobre a formação da nossa literatura, você tomará conhecimento sobre o Arcadismo
brasileiro na prosa, no gênero épico e na poesia. Você poderá conhecer um pouco mais sobre este estilo literário que se
opôs formalmente ao Barroco brasileiro, que naquele período encontrava-se em decadência, o que fez abrir espaço para
um novo movimento literário. Você será apresentado aos principais autores desta escola literária e às suas características
e saberá quais foram suas obras. Ainda terá a oportunidade de conhecer um pouco sobre a formação do Arcadismo e
as influências sofridas. Forneceremos a você um pouco da etimologia da palavra da qual se originou o Arcadismo. Você
irá descobrir quando se iniciou no Brasil, qual obra marcou seu início e quem a escreveu. Perceberá a influência política
existente durante a Inconfidência Mineira e irá compreender como os autores se envolveram ou influenciaram e foram,
ainda, influenciados por isto.

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Arcadismo Brasileiro: Poesia e Prosa

“O que há de válido no Arcadismo, por exemplo, deve-se indubitavelmente à inspiração brasileira” (COUTINHO,
2008, p. 23), que lhe atribuiu características próprias.

Assim, trataremos neste tema do Arcadismo brasileiro, sua formação, suas características e seus autores, tanto na
prosa quanto na poesia. E como você verá, este será um estilo literário que tentará resgatar o Classicismo e, por este
motivo, o Arcadismo também pode ser chamado de neoclassicismo.

O Arcadismo faz parte daquele grupo de literatura que compõe a chamada Era Clássica, um período que se estende
do século XVIII ao XIX. Este período corresponde, como já dissemos, a uma tentativa de retomada da literatura clássica
greco-romana. Para o nosso estudo, é importante esclarecer que fazem parte deste primeiro período colonial dois outros
estilos literários. São eles o Barroco e o Arcadismo, ou neoclassicismo.

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Vamos começar tentando explicar a origem do nome do Arcadismo. O nome desta escola provém de uma região pastoril
da Grécia antiga, o Peloponeso, e foi dado como forma de homenagear o filho do deus mitológico Zeus e da ninfa
Calisto, que se chamava Arcas. É de Arcas, portanto, que nasce o nome do Arcadismo (que ainda pode ser conhecido
como setecentismo ou neoclassicismo). A região do Peloponeso foi escolhida e pôde dar origem ao nome desta escola
por causa da forma de vida encontrada naquela região, ou seja, uma região de pastores, em que os poetas árcades,
ao tentarem resgatar a literatura greco-latina à semelhança do Classicismo europeu, também buscaram incluir em
sua produção literária a simplicidade e o equilíbrio da vida no campo, visto que tais características eram igualmente
encontradas nos escritos dos autores renascentistas. É, pois, com este desejo de resgatar os clássicos ou de retomá-
los, que os neoclassicistas introduziram estas imagens na produção das suas obras. Assim, a tranquilidade, o sossego
e a calma da vida pastoril fizeram parte das características das obras arcádicas, evidenciando com isto as influências
renascentistas sobre a produção literária do Arcadismo. Desta forma, tanto a escolha da região como as características
clássicas de uma vida calma e tranquila, proporcionada pela vida campestre, se tornaram motivação para aquilo que os
árcades produziriam. É por este motivo que o Arcadismo, ou neoclassicismo, absorverá em suas obras estas mesmas
características, já que estes autores imitariam aquele tipo de estrutura literária encontrada no Classicismo: o ideal
campesino, a pureza, o aproveitar o dia, a fuga da cidade e a busca por uma vida simples.

Estas características de vida campestre e de vida simples serão adotadas e farão um contraste com a vida do século
XVIII, que ficou conhecido, também, como o século das luzes, por valorizar o conhecimento e a ciência, pois neste
período houve grande desenvolvimento da ciência e da indústria que, naturalmente, transformaram a vida tranquila
em uma vida agitada. O Arcadismo, portanto, faria por meio de suas obras um convite para a inversão destes valores,
procurando mostrar ao público leitor a valorização da vida tranquila. Por esta razão, em suas composições, os árcades
cantarão esta vida simples como forma de opor-se à vida urbana; é o convite ao fugere urbem presente nas obras de
Horácio (que nasceu em 65 a.C. e morreu no ano 8 a.C.), poeta latino que inspirou os poetas árcades e foi trazido de
volta em suas obras.

Depois desta pequena análise, entendamos como foi que o Arcadismo chegou à Colônia. Obviamente, foi por meio
dos portugueses. Esta escola literária teve seu início em Portugal, em 1756, estendendo-se até 1825, tendo seu início
marcado em Portugal pela fundação da Arcádia Lusitana. Seu encerramento, para fins didáticos, ocorre em 1825,
quando Almeida Garret publicou o poema Camões, visto que esta publicação deu início ao romantismo português.

No Brasil, o Arcadismo, a princípio, foi como uma continuidade da literatura portuguesa. Mas, tal tendência não pôde
ser mantida, por causa da formação étnica do nosso povo. Portanto, no Brasil, o Arcadismo se inicia com a influência

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da Coroa, mas com o decorrer do tempo, as características desta escola na colônia começarão a diferenciar-se do
Arcadismo português.

O nascimento do Arcadismo brasileiro coincide com o auge da exploração do ouro em Minas Gerais e, literariamente, foi
marcado pelo lançamento do livro de Cláudio Manuel da Costa, Obras, em 1768, ou seja, em meados do século XVIII.
Veja o que diz Coutinho (2008) sobre o nosso Arcadismo:

Literariamente, o Arcadismo brasileiro é superior ao português que, sem embargo, é o que produz o povo então
colonizador (politicamente), o que prova a insuficiência do fator político em relação à produção literária. Portanto,
por que chamar de “colonial” o Arcadismo brasileiro em relação à literatura da época, que lhe era literariamente
inferior, a despeito da situação política existente entre os dois povos? (COUTINHO, 2008, p. 24)

Como você pode ver, mesmo diante de uma subordinação política, já existia independência para se escrever.

Tem se considerado, didaticamente, como encerramento desta escola, o ano de 1836, quando começa o Romantismo
brasileiro, com a publicação da obra de Gonçalves de Magalhães, Suspiros Poéticos e Saudades.

Como normalmente ocorre, o surgir de uma nova escola corresponde ao desvanecer de outra, e sendo assim, a nova
escola, naturalmente, apresentará em suas características oposição ao estilo anterior. Por este motivo, o Arcadismo
trocará todo o exagero do Barroco pela simplicidade em todos os aspectos. O Arcadismo passou a representar uma
inovação literária em relação ao estilo anterior, já que o Barroco estava em decadência e não mais atendia aos anseios
do povo. O tempo do Barroco havia passado, tornou-se um estilo desgastado e, com isto, abriu-se o espaço para uma
nova estética.

Consequentemente, o rebuscamento da linguagem e as figuras de linguagem, como as antíteses, os hipérbatos e


os trocadilhos, foram trocados pelo uso da linguagem simples e do ideal campesino. É a simplicidade da vida que
será refletida na linguagem e, deste modo, os autores do novo estilo apresentarão em suas obras liberdade formal e
construções frasais diretas, não mais utilizando a ordem inversa e evitando, deste modo, a ocorrência do hipérbato. A
regra, agora, é aproveitar a vida, ou seja, viver a vida simples que o campo proporciona em oposição à vida nos centros
urbanos. O Arcadismo pregaria uma posição contrária ao luxo barroco e ao seu exagero, não só com a influência
renascentista, mas também da corrente filosófica do estoicismo, que buscava uma vida em harmonia com a natureza
como meio de alcançar a sabedoria.

Os autores árcades adotarão em suas obras o uso dos pseudônimos, retirando seus nomes, normalmente, da mitologia
grega. Estes nomes também corresponderão aos pastores gregos ou latinos; a paisagem será idealizada, o que implica

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em um estilo de vida bucólico, tranquilo, calmo, como só a vida do campo poderia proporcionar. É claro que isto (a
oportunidade de aproveitar o dia e aproveitar a vida) só poderia ser proporcionado a quem buscasse este estilo de vida
e, para que isto ocorresse, seria necessário fugir da mediocridade e de tudo aquilo que não fosse necessário à vida.

Conheçamos, agora, um pouco da produção literária Árcade, que pode ser dividida em prosa, poesia e épicos. Bosi
(2012) apresenta uma divisão interessante para a produção literária árcade brasileira, afirmando que ela pode ser
dividida de duas maneiras: uma é a divisão poética e a outra ideológica. O aspecto poético da literatura árcade implica
em um retorno à tradição clássica juntamente com suas características, e inclui ainda em suas obras a valorização da
natureza e da mitologia grega. Já no que diz respeito ao aspecto ideológico, Bosi (2012) diz que os autores árcades
apresentam influência do iluminismo e, com isso, os autores desta escola passam a fazer uma crítica à burguesia culta,
ao clero e aos abusos da nobreza.

O Arcadismo, então, apresenta obras poéticas, prosas e a épica. Não serão todos os autores que escreverão em todos
os estilos, pois os autores árcades possuirão características pessoais e escreverão em estilos diferentes. Assim sendo,
classificaremos Uraguai, por exemplo, como pertencente ao gênero épico. Já Marilia de Dirceu é uma obra lírica e as
Cartas Chilenas, por sua vez, pertencem ao gênero satírico, não perdendo em momento algum suas características
clássicas.

A lírica árcade possuiu um estilo oscilante e ainda estava, sob certo aspecto, “contaminada” pela poesia barroca, ao
mesmo tempo em que já apresentava características do Romantismo. Os escritores líricos do Arcadismo foram: Cláudio
Manoel da Costa, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.

Na literatura épica, o Arcadismo brasileiro adquiriu características próprias. Foi um estilo de obra produzido por Basílio
da Gama, em Uraguai, e por Santa Rita Durão, em Caramuru.

Ainda sobre a Épica árcade brasileira, Silva (2007) diz que a produção literária do Arcadismo apresenta uma novidade
literária que já estaria presente na Colônia desde o período da literatura informativa, através do Quinhentismo. Esta
novidade esteve presente em um poema do Pe. José de Anchieta, “De Gesti Mendi de Saa” (1563). Para Silva, “este
poema foi a primeira epopeia americana e primeira obra brasileira publicada” (SILVA, 2007, p. 81-82), no entanto, escrita
em latim.

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Segundo Silva:

O modelo Épico-Arcádico-Neoclássico constitui uma nova manifestação do discurso épico no século XVIII,
contaminado por uma concepção literária denominada árcade-neoclássica. Este modelo filia-se ao Renascentista
e indiretamente ao Clássico, devido à identidade que lhes oferece a matriz Épica Clássica, diferindo deles, todavia,
pela concepção literária que define a elaboração de novas formas artísticas. (SILVA, 2007, p. 80)

As obras Uraguai (de 1769, do autor Basílio da Gama) e Caramuru (de 1781, escrita por Santa Rita Durão), por
exemplo, são dois poemas épicos com características distintivas deste mesmo gênero, pois possuem traços do “recurso
renascentista” do episódio lírico, o sentimento nativista e a identidade heroica brasileira, na figura do índio. Esses
poemas também já apresentam traços do Romantismo brasileiro, como por exemplo, a presença do índio como o herói
nacional, a exuberância da natureza e o ufanismo.

O lirismo presente nestes dois poemas fica por conta da idealização da paisagem e da natureza, que, juntos, ajudam na
formação do ideal bucólico e campestre.

A obra de Tomás Antônio Gonzaga é composta pelas poesias líricas e satíricas. A lírica de Gonzaga apresenta a presença
de um pastor, cercado pela natureza, e da sua pastora, a quem o pastor se dirige e fala sobre seus sentimentos, sem
que, no entanto, ouçamos a voz desta pastora. Gonzaga foi preso por causa da conjuração mineira e esta experiência
mudou sua poesia. Antes da prisão, ele era lírico amoroso e, durante este período no cárcere, ele tornou-se reflexivo,
pensando sobre a justiça e sobre sua própria vida.

A poesia satírica foi outro gênero do Arcadismo e acabou sendo muito explorada por Tomás Antônio Gonzaga, em
Cartas Chilenas. Nesta obra, o autor apresenta sua insatisfação com a exploração da colônia e com a atitude passiva
dos seus habitantes e, além disso, denuncia os desmandos do fanfarão Minésio. Tomás escreve, ainda, para Cláudio
Manoel da Costa, a quem dá, como pseudônimo, o nome de Doroteu.

A poesia lírica de Cláudio Manoel da Costa, considerado como o primeiro poeta do Arcadismo brasileiro, mesmo sendo
árcade, ainda possuía características barrocas, como o conceptismo e o cultismo. Seus poemas ainda apresentavam
linguagem formal, o que ocorria inclusive na estrutura empregada na construção deles. Os temas abordados por este
autor não poderiam fugir das características que compõem a escola, por isso, ele aborda a natureza e a paisagem, mas
também apresenta reflexões morais e as contradições da vida.

Outra característica interessante do Arcadismo é a presença dos termos em latim, que representam mais uma das
características de retorno ao classicismo. Por isso, encontramos termos como: fugere urbem (convite à fuga da cidade),
inutilia truncat (cortar o inútil), locus amoenos (lugar ameno), aurea mediocritas (valorizar o dia a dia, a vida simples)
e carpe diem (aproveite o dia).

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Os autores árcades foram: Cláudio Manoel da Costa, introdutor do Arcadismo no Brasil e fundador da Arcádia Ultramarina
em Vila Rica (hoje Ouro Preto, em Minas Gerais. Este estado foi o berço do Arcadismo brasileiro) e Tomás Antônio
Gonzaga. Cláudio Manoel da Costa foi, segundo o registrado por Castello (2004), “considerado um poeta de ‘transição’.
Foi o primeiro a reconhecer os fundamentos de sua formação nas últimas manifestações barrocas, para aperfeiçoá-la
sob a renovação arcádica ou neoclássica” (CASTELLO, 2004, p. 105). Estes dois autores foram os mais importantes, os
destaques deste período, seguidos de Basílio da Gama e Santa Rita Durão.

O uso dos pseudônimos, um hábito dos autores clássicos, também foi adotado por causa da influência dos autores greco-
latinos. As influências de Horácio e Virgílio foram mantidas no Arcadismo brasileiro, pois por meio dos pseudônimos, os
autores objetivavam transmitir maior verdade em suas obras, entendendo, com isso, que a autonegação ou a retirada
da sua pessoa do texto levaria o leitor a pensar que o texto fora escrito realmente por um pastor, e isto fortaleceria a
transmissão da verdade pretendida. Por essa razão, assumiam tanto os nomes quanto as funções de pastores, todos
baseados na mitologia greco-latina. Outra função dos pseudônimos era a de proteger a verdadeira identidade destes
autores, que também se envolveram com a Inconfidência Mineira. Um bom exemplo, que justificaria a necessidade
desta proteção, foi o caso de Cláudio Manoel da Costa, que, por exemplo, foi preso e, algum tempo depois, encontrado
morto na cadeia, ao que tudo indica, após “cometer suicídio”.

A idealização como característica da poesia árcade faz surgir o convencionalismo amoroso, que significa que o poeta
não fala por si, mesmo acerca dos seus sentimentos, mas, na verdade, a voz que fala pelo poeta é a do pastor que
confessa seus sentimentos, o seu amor, a uma mulher que, normalmente, também é uma pastora. Ele a convida para
aproveitar com ele a vida junto à natureza, ou seja, carpe diem.

Os poemas Árcades contêm algumas inovações, como, por exemplo, a figura do índio, o herói nacional. Essa ideia do
índio como bom selvagem é na realidade uma influência francesa do filósofo Rousseau. O Arcadismo, ainda, apresenta
como característica a presença de seres mitológicos, dos conflitos entre o burguês culto e a aristocracia e a
opção dos poetas por uma vida simples e humilde (mas, na realidade, todos os autores tinham uma vida contrária ao
que escreviam: eram burgueses e viviam nos centros urbanos). O bucolismo é outra característica do Arcadismo, no
qual encontramos a busca pela natureza, pela vida campestre, a vida simples e o nativismo, que já se encontrava
presente desde o Barroco. Esta última característica apresenta a diferença entre a nossa literatura colonial e a literatura
do colonizador, mesmo que ambas tenham ocorrido durante o período da colonização brasileira.

O uso de pseudônimos possibilitaria aos autores, pela força de denúncia das obras de Tomás Antônio Gonzaga e de
Cláudio Manoel da Costa, artifícios de proteção das suas identidades, uma vez que, não sendo reveladas, eles estariam
protegidos das perseguições por causa das denúncias políticas contidas em suas obras. Assim, o pseudônimo adotado
por Gonzaga em suas poesias líricas era Dirceu e sua musa era chamada de Marília. No entanto, para suas composições

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satíricas, ele usou o pseudônimo Critilo, como por exemplo, em Cartas Chilenas. Já Cláudio Manoel da Costa adotou o
pseudônimo de Glauceste Satúrnio e sua pastora era Nise.

Desta forma, não se deve imaginar que os escritores árcades cultivaram apenas o ideal de uma vida tranquila, mas
é preciso sempre lembrar-se que todos os nossos escritores tinham contatos e influência da Coroa e, tão logo foram
tomando consciência de um sentimento nacionalista, eles procuraram a liberdade da colônia, pois quando entravam em
contato com a Coroa, eram influenciados filosófica e politicamente. Naturalmente, estes escritores procuraram adotar
no Brasil o que viam em Portugal. Esta influência pode ser vista principalmente durante o Arcadismo, quando nossos
autores despertaram suas consciências políticas e o sentimento nacionalista crescia entre eles. Os escritores desse
período, ainda, compreenderam como a Coroa portuguesa explorava as riquezas da colônia e como o nosso ouro
foi explorado e enviado para Portugal, somando-se a isto as altas taxas dos impostos cobrados pelo Império sobre a
extração dos minérios.

Os principais escritores arcadistas que participaram do movimento da Inconfidência Mineira foram: Cláudio Manoel da
Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto. Estes contribuíram para a construção da vertente politizada da
colônia, tendo sido possuidores de um espírito reformista e, através de suas obras, divulgaram as injustiças, o roubo e
denunciaram as incorreções políticas existentes na colônia.

As Academias árcades revelam mais uma das características do classicismo presentes nesta literatura. Estas academias
receberam o nome de Árcades (por causa da região da qual se originou o nome do Arcadismo) e foram usadas pelos
intelectuais, para que as atividades intelectuais e culturais da época fossem realizadas por intermédio delas. Desta
forma, as atividades intelectuais passaram a ser organizadas mais formalmente (CASTELLO, 2004, p. 76).

As academias foram agremiações formadas para promover debates permanentes sobre a criação artística, avaliar a
produção dos poetas e facilitar suas publicações, servindo ainda como instrumentos de divulgação das novas tendências
encontradas na Europa. Eram formadas não só pelos poetas, mas também por clérigos, religiosos e militares. Elas
possuíam sede, estatuto e diretória e, além de assuntos literários, ainda dedicavam-se à história e à ciência. São algumas
destas Academias: “A Academia Brasílica dos Esquecidos (1724-1725), em Salvador, a Academia dos Felizes (1736-
1740), no Rio de Janeiro, a Academia Brasílica dos Renascidos (1759-1760), também na capital baiana” (PROENÇA
FILHO, 2012, p. 171-172).

Desse modo, você já consegue ver como é importante o estudo da literatura para a compreensão do pensamento do
homem e daquilo que o influencia. A literatura revela a alma do povo e é um instrumento para a compreensão do modo
de agir de uma sociedade.

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Arcadismo

• Neste artigo a autora apresenta as influências sofridas pelos autores árcades, discorre sobre
como o Iluminismo os influenciou e ainda trata das características desta escola. DUARTE, Vânia.
Arcadismo. Brasil Escola.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/arcadismo.htm>. Acesso em: 15 ago. 2014.

Arcadismo

• Neste artigo você terá uma descrição mais detalhada acerca do contexto histórico no qual foi
formado o Arcadismo, como ele surgiu no Brasil, o estilo de cada autor e suas características.
Uma leitura importante para a ampliação dos seus conhecimentos. ARCADISMO. Enciclopédia
Itaú Cultural.
Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=definicoes_
texto&cd_verbete=12157&cd_item=237&cd_produto=84>. Acesso em: 15 ago. 2014.

Assista ao vídeo Arcadismo Literatura

• Neste vídeo você vai conhecer a história do Arcadismo, desde sua presença em Portugal
até a chegada ao Brasil. Conhecerá a diferença entre Arcadismo e Neoclassicismo. O vídeo
ainda apresenta o contexto histórico, os autores e suas obras. VÍDEO. Vídeo aula - Arcadismo
Literatura. YouTube. 2013.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5jrA7-MFdtM>. Acesso em: 15 ago. 2014.

Duração: 25:03.

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Leia o artigo Arcadismo, de Paula Perin dos Santos

• A autora apresenta informações sobre o contexto histórico da formação do Arcadismo.


SANTOS, P. P. dos. Arcadismo. Info Escola.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/literatura/arcadismo/>. Acesso em: 15 ago. 2014.

O Tupi e o Alaúde

• Leia os trechos disponibilizados do capítulo O Tupi e o Alaúde (a partir da p. 87), da obra Antônio
Cândido: A Palavra Empenhada, de Celia Pedrosa, e conheça mais sobre o Arcadismo. PEDROSA,
Celia. Antônio Cândido: A Palavra Empenhada. São Paulo: EDUSP; Niterói: EDUFF, 1994.
Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=LsjQFUwRZP0C&pg=PA97&lpg=PA97&dq=o+ar-
cadismo+plantou+de+vez+a+literatura+do+ocidente+no+Brasil&source=bl&ots=HQCRSmDDkA&sig=cohfK-
ji5S_qxmebXi6AVf57wedY&hl=pt-BR&sa=X&ei=iuGIUsWhO5DpkQeS9ICwCw&ved=0CFAQ6AEwBQ#v=o-
nepage&q=o%20arcadismo%20plantou%20de%20vez%20a%20literatura%20do%20ocidente%20no%20
Brasil&f=false>. Acesso em: 12 set. 2014.

AGORAÉASUAVEZ
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1

Neste tema, você pôde conhecer um pouco sobre o Arcadismo, suas características, os autores e as inovações literárias criadas
pelos autores brasileiros. Além disso, você conheceu a diferença de estilo de cada autor e a presença deles no movimento da
Inconfidência da Mineira. Baseando-se no tema exposto, discorra acerca das características dos autores árcades.

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AGORAÉASUAVEZ
Questão 2

Relacione a primeira coluna com a segunda. Esta questão diz respeito aos pseudônimos dos autores árcades e as suas musas
inspiradoras.

a) Pseudônimo satírico de Tomás Antônio Gonzaga.

b) Musa inspiradora de Cláudio Manoel da Costa.

c) Pseudônimo de Cláudio Manoel da Costa.

d) Musa inspiradora de Tomás Antônio Gonzaga.

e) Pseudônimo lírico de Tomás Antônio Gonzaga.

( ) Nise.

( ) Critilo.

( ) Dirceu.

( ) Glauceste Satúrnio.

( ) Marília.

Assinale a sequência correta:

a) a, c, d, b, e.

b) d, a, c, e, b.

c) b, a, c, e, d.

d) e, b, a, d, c.

e) b, a, d, c, e.

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Questão 3

Complete os espaços vazios na questão a seguir. Esta questão trata diretamente das características do Arcadismo e da sua ten-
tativa de resgaste das obras clássicas. Para isso, os autores usaram termos em latim.

Outra característica interessante do Arcadismo é a presença dos termos em latim, que representam mais uma das tentativas de
retorno ao clássico. Por isso, encontramos termos como: _______________ (convite à fuga da cidade), ________________ (cor-
tar o inútil), _________________ (lugar ameno), __________________ (valorizar o dia a dia, a vida simples) e ______________
(aproveite o dia).

Questão 4

Assista ao vídeo Arcadismo Literatura (Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5jrA7-MFdtM>. Acesso em: 15 ago.
2014) e discorra sobre o contexto histórico do Arcadismo.

Questão 5

Discorra sobre a importância das academias para o Arcadismo brasileiro.

FINALIZANDO
Neste tema você aprendeu sobre o Arcadismo brasileiro, suas características, seus autores, bem como suas obras.
Pôde perceber como este movimento literário tentou conscientizar os habitantes da Colônia sobre a exploração que a
Coroa portuguesa fazia com a cobrança de altos impostos para a extração dos minérios. Viu ainda que este estilo foi
uma tentativa de retornar à literatura clássica.

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REFERÊNCIAS
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kQeS9ICwCw&ved=0CFAQ6AEwBQ#v=onepage&q=o%20arcadismo%20plantou%20de%20vez%20a%20literatura%20do%20-
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GLOSSÁRIO
Bucólico: aquilo que é campestre, rural, ou seja, a vida do campo.

Era Clássica: “O período histórico da Era Clássica envolve a queda do feudalismo, a expansão marítima e o desenvol-
vimento do capitalismo. Esse período perdura até que uma nova configuração política, econômica e social se estabeleça
com a chegada das Revoluções Industrial e Francesa. A Era Clássica enfatiza a poesia, a mitologia; os autores clássi-
cos, como Homero, Virgílio e Horácio; a exaltação da vida no campo e o bucolismo”. (Fonte: Classicismo. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/literatura/classicismo.htm>. Acesso em: 22 out. 2014).

Estoicismo: corrente filosófica que ensina que o sofrimento deve ser enfrentado com resignação.

Desvanecer: fazer com que algo desapareça.

Hipérbato: figura de linguagem que inverte a ordem direta das construções frasais em língua portuguesa. Esta figura foi
muito usada durante o barroco brasileiro.

GABARITO
Questão 1

Resposta: Os autores árcades tentaram resgatar a cultura greco-latina, procurando desenvolver em suas obras temas
como a simplicidade e a vida no campo. Os autores também fizeram usos de pseudônimos em suas obras (normalmente
eram nomes tirados da mitologia grega), tanto com o objetivo de preservar suas identidades, quanto como forma de
tentar estabelecer maior verdade aos seus textos. Tomás Antônio Gonzaga possuía dois pseudônimos, um para a
poesia satírica e outro para a amorosa. Outra característica importante destes autores é que eles assumiam a postura
de pastores e, como tais, se declaravam às suas amadas, também pastoras. Desta forma, quem se dirigia às pastoras
não eram os poetas diretamente, mas os pastores. Podemos dizer ainda que os escritores do Arcadismo envolveram-se
com a Inconfidência Mineira.

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Questão 2

Resposta: Alternativa E.

É importante que você saiba reconhecer os pseudônimos de cada autor do Arcadismo brasileiro, bem como suas musas
inspiradoras.

Questão 3

Resposta: fugere urbem, inutilia truncat, locus amoenos, aurea mediocritas, carpe diem.

As características do Arcadismo formam a própria escola, pois sem a presença delas, torna-se impossível diferenciar
um estilo de outro. No caso do Arcadismo, o objetivo dos autores era resgatar o clássico, de onde surge a presença de
termos latinos na obra árcade.

Questão 4

Resposta: Acontece durante o século XVIII, com o aumento da burguesia e do seu poder econômico. Todo este
crescimento é uma consequência do comércio ultramarino, que era dominado pelos burgueses, e da grande quantidade
de estabelecimentos bancários, que eram propriedade dos burgueses. Politicamente e economicamente os burgueses
exerciam total influência na sociedade. A religião vai perdendo seu espaço social, cedendo cada vez mais espaço para
a razão. Ainda como consequência do pensamento burguês, acontece a renovação da arte e a presença da ideologia
iluminista, que buscava uma sociedade mais simples. Com isto, os burgueses cultos iluministas criticavam os abusos da
nobreza e do clero.

Questão 5

Resposta: As academias foram importantes para o movimento arcádico por terem possibilitado, sob certo aspecto,
uma maior organização da arte deste movimento. As academias foram usadas para divulgar, reunir e realizar eventos
culturais organizados pelos intelectuais e, além disso, elas ainda ajudavam na divulgação das obras.

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