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5- PSICOEDUCAÇÃO EM PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

Dr. Thase: Bom, agora tenho uma boa idéia dos problemas que você está enfrentando no
trabalho. E na semana passada você também mencionou o rompimento de um
relacionamento e gostaria que você falasse um pouco mais sobre isso.

Ed: Eu estava namorando Gwen há dois ou três anos, dois anos e meio, e um dia ela
simplesmente disse: “acabou”... Sabe... Ela queria ter alguma coisa melhor ou mais longa,
alguma coisa... Não entendi bem, eu acho, mas... é, parecia que estava tudo bem por um
tempo, mas aí ela disse que não estava tendo o suficiente, então ela ia partir para outra.

Dr. Thase: Então, isso pegou você meio de surpresa ou você teve sinais de advertência?

Ed: Bem, nos últimos três meses ou quatro meses ela estava certamente um pouco inquieta...
sabe... tipo, as coisas não estão perfeitas, não estão indo bem, mas nem imaginava que
simplesmente ia... acho que foi um sinal, quero dizer, isso já aconteceu antes, sabe, mas por
outro lado, estava tudo bem, do meu ponto de vista, então... acho... isso realmente me pegou
de surpresa, mas quando penso nisso, talvez não tenha sido tão de repente.

Dr. Thase: Você teve alguns sinais de advertência, mas sua depressão já estava começando a
aparecer nessa época, não é?

Ed: Um pouco, mas acho isso realmente aconteceu depois disso, uma boa parte. Isso faz uns
três meses. A maior parte começou a vir desde então.

Dr. Thase: Com que freqüência você pensa nela ou no rompimento?

Ed: Uh... Na maioria dos dias, pelo menos em algum momento. Mas eu achei que... sou muito
bom em superar essas coisas. Sabe, eu tenho alguma experiência nisso, na verdade. E meio
que penso, “quer saber? Você não me quer, eu não quero você”. E eu penso, vou
simplesmente voltar para o que eu sei fazer, sabe, sei trabalhar e sou bom no meu trabalho... E
costumo pensar assim. Mas quando penso em nós, é meio triste, que ela não esteja por perto.

Dr. Thase: Então, na maioria dos dias, em algum momento, sua mente se volta para Gwen?

Ed: É, pelo menos em algum momento do dia.

Dr. Thase: E que tipo de pensamentos passam pela sua cabeça nesses momentos?

Ed: “Por quê você fez isso?” “Por quê...” “Por quê você fez isso?” E “o que eu fiz de errado?”
Sabe... Você falou nisso e eu vi alguns sinais, mas, “sabe, não sei o que eu poderia ter feito”,
“não entendi direito”, “como foi que estraguei dessa vez”?

Dr. Thase: Você notou alguma ligação entre pensar em Gwen desse jeito e como você está se
sentindo?

Ed: Agora que você falou nisso, quer dizer, agora que estou falando nisso, eu noto. Nesse
momento, eu noto. Mas geralmente sinto que estou caindo cada vez mais, de modo geral,
parece uma situação muito ruim, e eu realmente não... acho que quando eu noto, eu penso
mais nela à noite. E me sinto mais para baixo, e concluo que é porque estou cansado ou algo
assim.

Dr. Thase: Deixe-me ver: “Não fiz direito, o que eu fiz de errado?” “Já passei por isso antes, não
entendi os sinais de advertência.” Esse é um jeito bem negativo de pensar.

Ed: Huh-huh. É, sim.

Dr. Thase: Quando você tem esses pensamentos, eles parecem parcialmente verdadeiros,
parecem totalmente verdadeiros?

Ed: Bem, eles parecem... Eu não sei... eles parecem verdadeiros. Sabe, você me perguntou os
pensamentos, eu não tinha pensado muito nisso, antes de você me perguntar. Mas eles
parecem verdadeiros. Eu não penso desse jeito. Quando estávamos juntos, e alguma coisa
estava acontecendo, eu não pensava... “Eu estou estragando tudo?” Mas eles parecem, em
sua maior parte, verdadeiros.

Dr. Thase: Então, o contexto de seus problemas no trabalho, e daí vem esse rompimento...

Ed: Huh-huh.

Dr. Thase: Então, é meio que... demais.

Ed: Huh-huh.

Dr. Thase: Não é incomum que esse tipo de pensamentos esteja associado a esse forte
sentimento de tristeza... isso é muito natural. E nós os chamamos de pensamentos
automáticos negativos, nesse caso, pois eles surgem na sua cabeça e estão fora do seu
controle, e eles são negativos na temática e também negativos em termos de sentimentos,
eles realmente estão provocando sentimentos de tristeza, depressão, para baixo. E eles
parecem “quentes” no sentido de que estão presos aos seus problemas. Quando você está
pensando essas coisas, você está se sentindo perto do seu pior. Isso faz sentido?

Ed: Faz. Como eu disse, parece que está tudo junto, e dividindo as coisas desse jeito, sabe,
estou pensando em como fazer isso, à medida que você está conversando comigo.

Dr. Thase: Certo.

Ed: Mas quando penso nisso, quando ela surge na minha cabeça, eu penso, sabe, “as coisas
estavam indo muito bem”, “o que aconteceu ou o que eu fiz de errado”, eu definitivamente
me sinto pior. É, eu não tenho que colocar tudo junto, porque parece, no fim do meu dia, só
estou ficando mais cansado.

Dr. Thase: Certo. Vou fazer uma sugestão ao final dessa sessão, de perseguirmos isso, porque
acho que vai haver uma forte relação entre o tipo de pensamento que você está tendo e seus
períodos de baixo astral. E o motivo de eu achar isso tão importante é que, descobrimos com
outros pacientes, se você conseguir fazer essa ligação, começar a perceber quando está tendo
pensamentos negativos e reconhecer esses pensamentos negativos, você também pode
começar a lidar com eles. Testar se eles são verdadeiros ou não e descobrir alternativas.
Ed: Está bem.

Dr. Thase: Então, veja a situação: “cheguei tarde da noite” você pode escrever aqui o seu
sentimento “para baixo” ou “triste”, ou então os pensamentos negativos que você está tendo
sobre seu relacionamento com Gwen. Isso é o que chamamos de registro de três colunas. É
uma maneira simples de começar entender com o que você está lutando, com o modo
negativo de pensar. Tenho algumas versões em branco desse. E, no final, quando terminarmos,
uma das coisas que gostaria que você fizesse entre hoje e a próxima vez que nos encontrarmos
é escolher um momento todos os dias...

Ed: Huh-huh.

Dr. Thase: ...Quando você estiver para baixo. Registre a situação, seu humor, com que tipo de
pensamento está passando pela sua cabeça...

Ed: Então, eu começo escolhendo o momento em que estou para baixo, e coloco a situação e o
pensamento.

Dr. Thase: Isso. Faz algum sentido?

Ed: Faz. Agora que você colocou dessa forma, faz. Faz... quer dizer... eu acho... é, vou tentar
fazer isso.

Dr. Thase: Está certo.

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