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A coação para o alto desempenho de produtividade na

sociedade contemporânea em suas diferentes esferas.

Estamos vivendo em um período em que há a valorização da


hiperprodutividade e a capacidade de empreender múltiplas tarefas. Pode-se
denominar de “sociedade do desempenho”, que remete a imposição da
performance e do desempenho mediante a auto superação que deve ser
incorporada pelo sujeito, partindo de um pensamento extremamente positivista,
temos como exemplo o slogan do ex-presidente norte americano Barack Obama,
“Yes, we can”, que em sua tradução significa, “Sim, nós podemos”. O aspecto
principal desta análise consiste em compreender o quanto este processo de
transformação contemporânea, esta busca obstinada pelo “tudo podemos”
circunscreve formas de desempenho profissionais destrutivas física e
psiquicamente.
O sujeito do desempenho, que deve ser mais rápido, eficiente, flexível,
criativo e incansável, está fadado à constante auto superação, ainda que o custo
possa ser a auto supressão. E é justamente este excesso de produtividade e de
positividade que nos conduz a estados psíquicos de esgotamento,
característicos de um mundo que se tornou pobre em qualidade de vida, devido
a essa perseguição desenfreada à eficiência e perfeição. A coação do
desempenho exprime a necessidade de produzir cada vez mais, numa
concorrência consigo mesmo, sem alcançar qualquer ponto de repouso ou
satisfação. Nesse contexto, facilita-se o desenvolvimento de complicações
psicológicas como o burnout (esgotamento) e a depressão.
A tão valorizada auto realização encaminha o sujeito para a auto
destruição. As relações sociais de produção capitalista contemporânea e a
constante inserção de estímulos tende a diminuir o desligamento dos indivíduos,
tendo como consequência lógica, o aparecimento de questões pertinentes à
saúde mental ou à falta dela. A sociedade do desempenho agudiza inicialmente,
e não para por aí, o esgotamento e posteriormente a depressão, provenientes
deste excesso de positividade e sobrecarga.
Conclui-se que, segundo Varella, a busca desenfreada pela magnífica
produtividade, acaba gerando o cansaço físico e mental, desencadeando então
a Síndrome de Burnout, tendo como consequências o estresse, lapsos de
memória, irritabilidade, agressividade, ansiedade, depressão, entre outros
sintomas. A idéia de que somos uma máquina feita para vencer, nos remete ao
trabalho desgastante, provocando então a nossa autodestruição, e não
simplesmente a motivação para fazer as coisas necessárias. Estima-se que
professores, profissionais da saúde, assistência social e polícia, estão entre os
mais atingidos. Sugere-se para o indivíduo que chegou nesse ponto, o
tratamento médico ou psicoterápico, prática de exercícios físicos, momentos de
descontração e lazer, bem como encontrar novas dinâmicas para as atividades
diárias e profissionais. Não se pode confundir motivação com a busca
enlouquecida pela perfeição.

Referências:

PORTELLA, Karina M. Fernandes. Somos personagens da sociedade do


esgotamento e do cansaço. Disponível em: https://ilustrado.com.br/somos-
personagens-da-sociedade-do-esgotamento-e-do-cansaco/ . Acesso em:
26/05/2022.

VARELLA, Dráuzio. Síndrome de Burnout (Esgotamento profissional).


Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-esintomas/sindrome-
de-burnout-esgotamento-profissional/. Acesso em: 24/05/2022.

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