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PÓS - MODERNISMO

Julia Viezzer Baretta


Vanessa Regina Ostrowski
PÓS – MODERNISMO
• No âmbito organizacional, chega, em especial, por meio de teóricos europeus vindos da
tradição pós-estruturalista, e por críticos da tradição positivista em estudos
organizacionais (FERNANDO, 2019).

• Segundo Alvesson e Deetz (1999) os primeiros pós-modernistas em estudos


organizacionais, inspirados nos trabalhos de autores como Derrida, Lyotard e Foucault,
tipicamente se definiam por dois elementos: a radical oposição, e a firme oposição ao
positivismo que imperava na teoria social hegemônica.
PÓS – MODERNISMO

• Movimento multidisciplinar em que o denominador comum é a resistência à modernidade e,


em particular, a crítica à razão iluminista (Harvey, 1993; Clegg, 1990; Wood, 1999).

• A objetividade passa a ser discutida, uma vez que as verdades não são mais absolutas e
é possível ter variadas versões de uma mesma realidade (BARBOSA et al, 2015).

• Os pós-modernos teriam como propósito dar foco principal, enquanto objetos de estudo, ao
que poderíamos denominar outliers sociais (FERNANDO, 2019) - Produzir novas formas de
conhecimento, permitindo a expressão daqueles não representados nos discursos dominantes.
PÓS – MODERNISMO

As principais “herdeiras” do pós-modernismo em análise organizacional, com forte potencial


de contribuição são (Vieira; Caldas, 2006) :

• As teorias feministas (ou de gênero) pós-estruturalistas,


• As análises pós colonialistas;
• A teoria actor network (actor network theory, também chamada de teoria da translação) e
• A análise desconstrutiva de discursos e narrativas sobre conhecimento.
LIMITES

• O movimento não passa de um aglomerado de descontentamentos e argumentos que têm


entre si apenas a insistente antipatia ao modernismo e aos projetos iluministas;
• Por outro lado, autores negam-se a aceitar a ideia de ruptura de uma época moderna, a
realidade pós-moderna como um estágio mais recente ainda dentro do escopo da
modernidade ;
• Não deixa de ser um movimento conservador, que preserva o status quo, um subjetivismo
radical, dessa forma os teóricos pós-modernistas teriam pouco a oferecer ;
• Escassez de estudos empíricos claros;
• Fazem do empirismo, da ênfase dos dados e da construção aberta fazem interpretações
múltiplas e não significativas;
• Falta respostas para o que serve? Ou, afinal, o que existe depois da desconstrução?
• Limitada à análise do discurso.
AVANÇOS

• Ofereceu e legitimou novas metodologias, caminhos e questões de análise nos estudos


organizacionais como a desconstrução de narrativas e análises genealógicas;
• Demanda do pesquisador ou do ator produtor de conhecimento a explicitação do propósito
(para que e para quem se cria conhecimento) e do contexto (tempo, espaço e ambiente) em
que esse conhecimento é produzido;
• Ênfase na interpenetração das dimensões técnicas e práticas da vida social, questionando o
senso comum de discursos e práticas organizacionais estabelecidas subordinadoras;
• Ofereceu a visão fresca de que uma teoria pode ser construída de forma distinta do que até
então se praticava;
• Passíveis de revolucionar os estudos organizacionais por meio da realização de uma
pesquisa que empregasse elementos tipicamente modernos;
• Possibilitaram uma reflexão sobre a produção da teoria enquanto gênero e também como
atividade institucional e cultural.
PÓS – MODERNISMO E TEORIA CRÍTICA : CONVERGÊNCIAS

•Ambos veem as organizações e as ciências sociais que as suportam como dependendo


crescentemente de uma forma de razão instrumental, que privilegia os meios sobre os fins e
ajuda a habilidade dos grupos dominantes em realizar seus fins invisivelmente (ALVESSON;
DEETZ, 1999).

•Atenção para a construção social histórica e política do conhecimento, das pessoas e das
relações sociais e compartilham a visão de que a dominação é auxiliada (ALVESSON; DEETZ,
1999).

•Concordam que algo fundamental perdeu-se e que mais técnicas e “soluções” instrumentais
não irão consertar isso (ALVESSON; DEETZ, 1999).

•Vertentes epistemológicas resistentes e alternativas ao positivismo lógico;


PÓS – MODERNISMO E TEORIA CRÍTICA : DIVERGÊNCIAS

TEORIA CRÍTICA PÓS-MODERNISMO


Linguagem: preocupação é a reificação Linguagem: a filosofia de presença
Projeto do modernista como doente e vê Pronunciam a morte do modernismo, sem
esperança na reconstrução e a crença de um futuro imaginável
recuperação das partes boas,
redirecionando o futuro
Utiliza da noção weberiana do processo Utiliza como recurso a teoria do
de racionalização da sociedade moderna estruturalismo linguístico (Saussure),
PARA ALÉM DAS PINK
COLLARS
Gênero, trabalho e família nas narrativas de mulheres executivas
• Doutor em Antropologia Social pela USP e em
Sociologia e Antropologia pela Université Lumière
Lyon 2, com bolsa CAPES no quadro do Colégio
Doutoral Franco-Brasileiro (vencedor do Prêmio
Tese Destaque USP 2013);
• Mestre em Antropologia Social pela UNICAMP;
• Áreas de estudo e pesquisa: abordagem
socioantropológica das organizações; diversidade
nas organizações (raça/etnia, gênero/sexualidade
e interculturalidade); sociologia clínica (prazer e
Pedro Jaime de Coelho Júnior
sofrimento no trabalho); métodos qualitativos de
pesquisa (etnografia, história de vida, entrevista).
“ O QUE ACONTECE COM AS MULHERES QUE PROCURAM DESENHAR SUAS CARREIRAS PROFISSIONAIS
PARA ALÉM DAS BARREIRAS?

QUE OBSTÁCULOS PRECISAM ENFRENTAR PARA CHEGAR AOS POSTOS DE DIREÇÃO NAS EMPRESAS?


“ O QUE QUERO DESTACAR É QUE A DOMINAÇÃO MASCULINA NO MUNDO
EMPRESARIAL NÃO PODE SER ENTENDIDA COMO UM A PRIORI UNIVERSAL


Pós modernismo dá voz aos silenciados e marginalizados, desafiando o conteúdo e a forma dos modelos


de conhecimento dominantes.

AS PESSOAS FALAM QUE SOU MUITO SÉRIA NO TRABALHO. NA VERDADE SOU UMA PESSOAS QUE
GOSTA MUITO DE DAR RISADA, DE TER BOM HUMOR, MAS MEU TRABALHO NÃO PERMITE... ELES ME
CHAMAVAM DE SOLDADO AMORIM. DEPOIS FUI SENDO PROMOVIDA... HOJE ME CHAMAM DE
GENERAL... JÁ OUVI COMENTÁRIOS ASSIM: “VOCÊ SIM TEM POSTURA PARA TRABALHAR COM A
GENTE, FULANA FICA DANDO RISADA, FALANDO AMENIDADES”... MAS ÀS VEZES CHEGO NUMA
REUNIÃO, ELES ESTÃO CONVERSANDO SOBRE FUTEBOL E NINGUÉM ACHA ISSO RUIM.


... Ainda que encontrem barreiras, as mulheres podem conquistar postos de maior poder, prestígio e
remuneração nas organizações, desde que incorporem os atributos masculinos/femininos valorizados
no mundo empresarial.
Pós modernismo demonstra a supressão da liberdade de ser, sujeito como construção social

“ MEU PAI FALA: “AI, FILHA, VOCÊ ERA TÃO FINA ANTES DE TRABALHAR NA MESA DE OPERAÇÕES!”
COM CERTEZA É PÉSSIMO TER QUE SE MASCULINIZAR. NÃO É COISA QUE FIZ DE MANEIRA PENSADA.


As organizações, enquanto instituições, refletem a complexidade da sociedade, porém talvez se
possa dizer que, apesar disso, elas têm também parcela considerável de participação nos
mecanismos de mudança: as organizações influenciam e são influenciadas pelos atores sociais, mas,
por seu domínio relativamente mais forte, “pre-dominam”, ou seja, de alguma forma moldam os
indivíduos à sua “imagem e semelhança”
Pós modernismo evidencia que o poder reside na própria formação discursiva

“ ELE FALOU: “ROBERTA A GENTE VAI VISITAR UM CLIENTE, EU QUERIA TE PEDIR UM


FAVOR... NÃO FALA PALAVRÃO NA FRENTE DO CLIENTE... ELES SÃO MUITO
MACHISTAS AQUI NO SUL.” DEPOIS FUI DESCOBRIR QUE O PRESIDENTE NÃO ERA
MACHISTA, NEM O DIRETOR, O PROBLEMA ERA O MEU FUNCIONÁRIO.


Os empregados se preocupam com a autovigilância, autocorreção
de atitudes e comportamentos.
Pós modernismo demonstra a marginalização e supressão do conflito, a relação de poder não


é direta, ela é interna.

É ASSIM: SE VOCÊ FALA PALAVRÃO, TEM UM COMPORTAMENTO MASCULINO, ESTÁ RUIM; SE VOCÊ
PÕE A MÃO NA BOCA, ESTÁ RUIM TAMBÉM. ELES ESPERAM UM COMPORTAMENTO FEMININO, MAS
NÃO PODE SER MUITO... NÃO DÁ PARA BRIGAR PORQUE VÃO FALAR QUE ESTÁ COM TPM, QUE VOCÊ
É UMA DESEQUILIBRADA, SABE? É UM DESAFIO ENORME.


... Ainda que encontrem barreiras, as mulheres podem conquistar postos de maior poder, prestígio e
remuneração nas organizações, desde que incorporem os atributos masculinos/femininos valorizados
no mundo empresarial.
“ PÓS MODERNISMO REJEITA A REFLEXÃO QUE A NARRATIVA DO ILUMINISMO PODE SER MELHORADA,
SUSPEITANDO QUE ESSE CONSENSO ACABE POR TRAZER UMA SUBSTITUIÇÃO DE VELHAS ILUSÕES E A
CRIAÇÃO E NOVAS ELITES E NOVAS FORMAS DE MARGINALIZAÇÃO.


REFERÊNCIAS
ALVESSON, M.; DEETZ, S. Teoria crítica e abordagens pós-modernas para estudos organizacionais. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. (Orgs.). (Organizadores da edição brasileira:
CALDAS, M.; FACHIN, R.; FISCHER, T.). Handbook de estudos organizacionais, v. 1: Modelos de análise e novas questões em estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1999.

BARBOSA, Lilian Bitencourt Alves et al. Os paradigmas da modernidade e pós-modernidade e o processo de cuidar na enfermagem. Enfermería Global: Revista Eletronica Trimenstral de
Enfermeria, v. 37, p. 342-349, jan. 2015

CLEGG, S. R. Modern Organizations: Organization Studies in the Postmodern World. London: Sage, 1990.

DAVEL, E.; ALCADIPANI, R. Estudos críticos em Administração: reflexões e contestações sobre a produção brasileira. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 2., Recife, 2002.
Anais. Recife: EnEO, 2002

FERNANDO, Jorge Tenório. Conceitos Pós Modernistas e da Teoria Crítica Aplicados à administração: Fundamentos e contribuições. Administração de Empresas em Revista, Curitiba, v. 19, n.
1, p. 13-31, 2019.

HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1993

KILDUFF, M. Deconstructing Organizations. Academy of Management Review, v. 18, p. 13-31, 1993.

VIEIRA, M. M. F.; CALDAS, M. Teoria crítica e pós-modernismo: principais alternativas à hegemonia funcionalista. Revista de Administração de Empresas, v. 46, n. 1, p. 59-70, 2006.

WOOD JR., T. Nota técnica: frutas maduras em um supermercado de idéias mofadas. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. (Orgs.). (Organizadores da edição brasileira: CALDAS, M.;
FACHIN, R.; FISCHER, T.). Handbook de estudos organizacionais, v.1: Modelos de análise e novas questões em estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1999.

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