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LITERATURA
Você vai ler, a seguir, dois poemas de Gregório de Matos, o mais importante poeta do
Barroco brasileiro. Observe que os poemas não são antecedidos por títulos, mas por rubri-
cas inseridas por copistas ou editores dos textos.
Texto 2
Diomedia / Arcaid
a. Na primeira estrofe do texto 1, o que o eu lírico declara a Jesus? Com-
prove sua resposta com elementos do texto.
b. Nessa estrofe, a cruz, importante símbolo do cristianismo, é retra-
tada por meio de uma figura de linguagem. Identifique e explique
essa figura. A palavra madeiro é utilizada em referência à cruz; assim, há o emprego da matéria
no lugar do objeto e, portanto, a figura de linguagem é a metonímia.
c. No quarto verso dessa estrofe, o eu lírico finaliza com uma figura de
linguagem a declaração que faz a Jesus. Qual é essa figura? Que efeito
de sentido ela produz na primeira estrofe?
A figura é uma gradação; nela, os adjetivos animoso, constante, firme e inteiro reafirmam e enfatizam
de modo crescente a fé e a obediência do eu lírico a Deus.
3. No texto 1, ao sentir que o fim de sua vida se aproxima, o eu lírico, nas
duas últimas estrofes, busca a salvação de sua alma por meio de uma
argumentação. 3. a) Seus pecados e o amor de Jesus são grandes; porém, enquanto
os pecados são finitos, o amor de Jesus é infinito.
a. Que argumento o eu lírico utiliza na terceira estrofe? Dossel em bronze sobre o
túmulo de São Pedro, na Basílica
b. Na última estrofe, o eu lírico conclui que há esperança para sua salva- de São Pedro, em Roma. Obra
ção. Como ele chega a essa conclusão? de Giovanni Lorenzo Bernini
(1598-1680).
c. A argumentação do eu lírico segue um raciocínio silogístico. Leia o
boxe “Silogismo” e, depois, tente responder: Qual seria um possível 3. b) Se o amor de Jesus é infinito, ele tudo
pode perdoar; então, por mais que tenha pe-
esquema para representar o raciocínio silogístico presente nas duas cado, o eu lírico acredita que será salvo.
últimas estrofes? Um possível esquema seria: Todo pecador é salvo pelo infinito amor
de Jesus. O eu lírico é pecador. Logo, o eu lírico será salvo. Silogismo
4. O texto 1 aborda uma temática que é central na literatura barroca — a Segundo a lógica aristotélica, silogis-
mo é um raciocínio dedutivo estruturado
oposição entre a vida e a morte — e da qual derivam outras dualidades. em duas premissas (premissa maior e
No poema, que outra dualidade é abordada? Pecado e perdão. premissa menor) a partir das quais, por
inferência, se obtém uma conclusão.
5. No texto 2, inspirado no episódio do Menino Jesus que foi arrancado de Esquematicamente, esse tipo de racio-
cínio se estrutura da seguinte forma:
uma escultura religiosa (veja o boxe da p. 179), desenvolve-se uma argu-
mentação sobre o que pode ser considerado parte ou todo. Todo A é B (premissa maior).
C é A (premissa menor).
a. Nos dois primeiros versos, o eu lírico estabelece uma relação de inter- Logo, C é B (conclusão).
dependência entre todo e parte. Do que se constitui o todo? Um famoso exemplo de silogismo é
Constitui-se de todas as partes. este:
b. Quando a parte se torna todo? Quando está isolada, ou seja, quando é única, sem
as demais partes que formam o todo. Todo homem é mortal.
c. No Barroco, há a tendência de fundir palavras antitéticas, visões opos- Sócrates é homem.
tas, criando-se paradoxos. No terceiro e quarto versos, o eu lírico che- Logo, Sócrates é mortal.
ga à conclusão de que parte e todo são equivalentes. Explique essa Por meio desse exemplo, é possível
conclusão, utilizando elementos do texto. notar que, em um silogismo, parte-se de
2. a) Declara a fé e a obediência a Deus por toda a sua vida: “Meu Deus, que estais pendente de um madeiro, uma afirmação geral para deduzir uma
/ Em cuja lei protesto de viver, / Em cuja santa lei hei de morrer”.
afirmação particular.
5. c) A parte é equivalente ao todo porque ela é tudo no todo, ou seja, sem a parte o todo não é todo (“Mas se a
parte o faz todo”), e, por isso, a parte também é o todo (“Não se diga que é parte, sendo o todo”).