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NOTA TÉCNICA

Minuta de acordo assinada pelo MPF e pelo INSS (AGU)

para fixação de prazos para conclusão de processos
administrativos de reconhecimento inicial de direitos
previdenciários e assistenciais.

O Instituto de Estudos Previdenciários - IEPREV, tendo em vista a

assinatura de minuta de acordo pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), protocolizada nos autos do RE
1.171.152/SC, caso-piloto (leading case) do Tema 1.066, da repercussão
geral no Supremo Tribunal Federal (STF), com a finalidade de fixação de
prazos para conclusão de processos administrativos de reconhecimento
inicial de direitos previdenciários e assistenciais, manifesta-se da seguinte
forma:

DOS PRINCIPAIS PONTOS DA MINUTA DE ACORDO

ASSINADA

1. A minuta de acordo assinada pelo Ministério Público Federal (MPF)

e pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi apresentada nos
autos do RE 1.171.152/SC, caso-piloto (leading case) do Tema 1.066
da repercussão geral, no Supremo Tribunal Federal (STF) e, até o
presente momento, não foi homologada.

2. A questão submetida a julgamento perante o Supremo Tribunal

Federal (STF) no Tema 1.066 da repercussão geral, trata-se da
“Possibilidade de o Poder Judiciário (i) estabelecer prazo para o

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Instituto Nacional do Seguro Social realizar perícia médica nos

segurados da Previdência Social e (ii) determinar a implantação do
benefício previdenciário postulado, caso o exame não ocorra no
prazo”.

3. Segundo a minuta de acordo, o Instituto Nacional do Seguro Social

(INSS) compromete-se a concluir o processo administrativo de
reconhecimento inicial de direitos previdenciários e assistenciais, nos
prazos máximos expostos seguir, com início após o encerramento
da instrução do requerimento administrativo:

Benefício assistencial à pessoa com deficiência 90 dias

Benefício assistencial ao idoso 90 dias

Aposentadorias, salvo por invalidez 90 dias
Aposentadoria por invalidez comum e acidentária 45 dias
(aposentadoria por incapacidade permanente)

Salário-maternidade 30 dias
Pensão por morte 60 dias
Auxílio-reclusão 60 dias
Auxílio-doença comum e por acidente do trabalho 45 dias
(auxílio temporário por incapacidade)

Auxílio-acidente 60 dias

4. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), segundo a minuta de

acordo assinada, terá prazo de 45 (quarenta e cinco) dias - que poderá
ser ampliado para 90 (noventa) dias -, para realização de perícia

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médica e avaliação social, sendo certo que, somente após a realização

destes atos, os prazos para reposta aos requerimentos administrativos
de aposentadoria por incapacidade permanente/invalidez, auxílio por
incapacidade temporária/auxílio-doença, auxílio-acidente, pensão
por morte nos casos de dependente inválido e BPC-LOAS, passariam
a fluir.

5. A minuta prevê que, se verificando que o interessado não apresentou

a documentação necessária para a conclusão da análise do pedido de
benefício, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) promoverá o
envio de comunicação de exigências, de que trata o art. 678, da IN
INSS n° 77/2015, suspendendo-se a contagem do prazo estabelecido
para resposta, cujo reinício ocorrerá após o encerramento do lapso
temporal fixado para apresentação dos documentos solicitados ou
com a apresentação dos documentos, o que ocorrer primeiro,
garantindo-se o prazo restante de, no mínimo, 30 (trinta) dias. Ainda
prevê que, exaurido o prazo estabelecido para a apresentação da
documentação complementar, sem que o requerente tenha
apresentado qualquer manifestação, e quando não for possível a
análise do benefício por ausência de informações, o Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS) arquivará o processo.

6. Os prazos para análise e conclusão dos processos administrativos

operacionalizados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
serão aplicáveis após 06 (seis) meses da homologação do acordo
judicial, bem como poderão ser suspensos, de forma parcial ou
total, havendo situações de força maior ou caso fortuito, como

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greves, pandemias, situações de calamidade pública, que alterem

o fluxo regular de trabalho e impeçam o Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) de cumpri-los.

7. A “penalidade” estipulada para o caso de descumprimento do acordo

pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é tão-somente a
obrigação de análise do requerimento administrativo no prazo de 10
(dez) dias.

8. Em relação ao cumprimento das determinações judiciais, o acordo

recomenda os seguintes prazos, contados a partir da efetiva e regular
intimação:

Implantações em tutelas de urgência 15 dias

Benefícios por incapacidade 25 dias
Benefícios assistenciais 25 dias
Benefícios de aposentadorias, pensões e outros 45 dias
auxílios
Ações revisionais, emissão de 90 dias
Certidão de Tempo de Contribuição (CTC),
averbação de tempo, emissão de boletos de
indenização
Juntada de documentos de instrução (processos 30 dias
administrativos e outras informações, as quais o
Judiciário não tenha acesso)

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9. Fixa-se o prazo de 24 (vinte e quatro) meses para duração do acordo,

findo o qual será novamente avaliada a manutenção dos prazos
definidos no instrumento.

DA POSIÇÃO DO INSTITUTO DE ESTUDOS

PREVIDENCIÁRIOS - IEPREV

10. Os valores recebidos a título de benefícios previdenciários pelos

segurados e dependentes do Regime Geral de Previdência Social
(RGPS), bem como aqueles recebidos pelos beneficiários de BPC-
LOAS, possuem natureza alimentar, ou seja, tem como objetivo a
manutenção da subsistência e a preservação da dignidade humana
dessas pessoas e de seus familiares.

11. É absurda a corriqueira demora do Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS) em realizar a análise dos requerimentos administrativos
de benefícios previdenciários e assistenciais (BPC-LOAS), em nítida
afronta aos princípios que norteiam a atuação da Administração
Pública, especialmente aos princípios da legalidade, da moralidade e
da eficiência (art. 37, da Constituição Federal de 1988), além do
evidente desrespeito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III,
da Constituição Federal de 1988).

12. Nota-se também que a minuta de acordo assinada pelo Ministério

Público Federal (MPF) e pelo Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) extrapola os limites da questão submetida a julgamento no

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Tema 1.066 da repercussão geral, no Supremo Tribunal Federal

(STF), além conflitar com o entendimento da Corte Suprema firmado
quando do julgamento do Tema 350 da repercussão geral (caso-piloto
(leading case) RE 631.240/MG), no sentido de que a ausência de
resposta ao requerimento administrativo no prazo de 45 (quarenta e
cinco) dias, na forma do art. 41-A, § 5º, da Lei 8.213/91, acarreta no
reconhecimento da demora da Administração Pública, sendo
configurado o interesse de agir; condição da ação (vide item 2 da
Ementa e item 16 do voto do Relator, Min. Luís Roberto Barroso, no
RE 631.240/MG).

13. Ademais disso, destaca-se que o art. 49, da Lei 9.784/99,

expressamente dispõe que a Administração Pública Federal,
concluída a instrução do processo administrativo, tem o prazo de até
30 (trinta) dias para decidir, salvo prorrogação por igual período
expressamente motivada, ou seja, a matéria objeto do pretenso acordo
já está regulamentada pela lei e, assim sendo, o estabelecimento de
qualquer prazo diferente pelo Poder Judiciário, mostra-se
flagrantemente ilegal, além de atentar contra o princípio da separação
dos poderes (art. 2º, da Constituição Federal de 1988).

14. O Instituto de Estudo Previdenciários - IEPREV, portanto,

posiciona-se pela não homologação da minuta do acordo pelo
Supremo Tribunal Federal (STF), pois evidente a violação aos
princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da
legalidade, da moralidade, da eficiência, da separação dos poderes; a
afronta ao art. 49, da Lei 9.784/99; além de extrapolamento aos

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limites da questão submetida a julgamento no Tema 1.066 da

repercussão geral e da existência de contrariedade ao que decidiu o
Excelso Pretório no julgamento do Tema 350 da repercussão geral
(caso-piloto (leading case) RE 631.240/MG).

Belo Horizonte, 18 de novembro de 2020

Roberto de Carvalho Santos

Presidente do IEPREV

Ana Paula Fernandes

Vice-Presidente do IEPREV

Rodrigo Moreira Sodero Victorio

Diretor de prática previdenciária e acompanhamento dos repetitivos dos
Tribunais Superiores