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Mas o que ela pensa que é? O que ela quer? Afinal de contas,
existe uma ordem, ninguém pode fazer o que quer assim,
sem mais nem menos. Ela era muito perigosa. O Armando
vivia dizendo que queria subir, que queria ter o mundo aos
seus pés… Agora, eu sou um homem de ideias, correto? Eu
sou um bitolado: antigamente, eu queria dinheiro, mulheres;
hoje os balões tripulados me dão tudo. Eu não calculo
nunca, mas quando faço uma besteira, eu vou até o FIM
[grifos meus].
1 mensagem lida por Helena Ignez em agosto de 2003, no Festival de Cinema de Gramado por
ocasião da exibição do último filme de Rogério Sganzerla, O signo do Caos, meses antes de sua morte
em janeiro de 2004. In. CANUTO, R., org., Encontros / Rogério Sganzerla, Azougue Editorial, 2007, p.
205 – Cronologia.
6 Aleta Valente é o nome artístico de Aleta Gomes Vieira, atriz e performer, indicada para o
prêmio PIPA de 2017. Moradora de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, seu primeiro papel no
cinema foi no filme Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho, onde mulheres desconhecidas
interpretavam uma história verídica que desejavam compartilhar naquele momento, enquanto atrizes
profissionais narravam esses mesmos relatos como se estes tivessem acontecido com elas próprias. A
história de Aleta foi interpretada pela atriz Fernanda Torres.
8 BENTES, I., Vida e Morte de @ex_miss_febem, in: revista Zoom, vol 12, abril de 2017.
13 BENTES, I., O feminismo pop de Helena Ignez, in: Especial Ninja Tiradentes, 2017, https://
medium.com/20%C2%AA-mostra-de-cinema-de-tiradentes/o-feminismo-pop-de-helena-ignez-
ce841037a6c6 (último acesso em 01/07/2017).
14 DELEUZE , G.; GUATTARI, F., “Maio de 68 não ocorreu”. In. Revista Trágica: estudos de
filosofia da imanência – 1º quadrimestre de 2016 – Vol.8 – nº1 – PP.119-121 – Texto orginalmente
publicado em Lês Nouvelles Littéraires, 3-9 maio de 1984, p. 75-76
Retomando, por fim, a citação inicial deste trabalho – a mensagem lida por Helena
Ignez, por ocasião da exibição do último filme realizado por Rogério Sganzerla,
intitulado O Signo do Caos, no qual ele faz referência ao cinema ser escrito em uma
folha em branco pegando fogo para captar o pensamento de sua realização –
novamente, a sobredeterminação das imagens pelo seu transpassamento por tempos e
pensamentos distintos aqui se revela. O extrato mencionado imediatamente acima, de
George Didi-Huberman, foi traduzido e publicado no Brasil em novembro de 2012, e
o bilhete de Rogério Sganzerla foi escrito em 2003, imediatamente antes de sua morte
e quase dez anos antes da publicação, no Brasil, do texto do filósofo e historiador da
arte, ao qual nos referimos.
Imaginar Helena Ignez lendo este bilhete no palco do Festival de Cinema de Gramado
– houve, certamente, muitos registros fotográficos e videográficos deste momento; ele
compõe, sem dúvida, um arquivo esquecido em algum lugar – remete ao enunciado de
Didi-Huberman que pressupõe que
A imagem da atriz e co-criadora dando voz ao que podem ser consideradas as últimas
palavras públicas de seu parceiro intelectual e afetivo de mais 30 anos de produção
conjunta de narrativas independentes, por fora dos sistemas mercadológicos e
intelectivos institucionalizados, inclusive os dos ditos campos “de esquerda” do
cinema brasileiro talvez seja um
19 DIDI-HUBERMAN, G., O que vemos, o que nos olha, Editora 34, 1998
BIBLIOGRAFIA
BENTES, I., O feminismo pop de Helena Ignez, in: Especial Ninja Tiradentes, 2017,
https://medium.com/20%C2%AA-mostra-de-cinema-de-tiradentes/o-feminismo-pop-
de-helena-ignez-ce841037a6c6 (último acesso em 01/07/2017)
BENTES, I., Vida e Morte de @ex_miss_febem, in: revista Zoom, vol 12, abril de
2017.
DELEUZE , G.; GUATTARI, F., “Maio de 68 não ocorreu”. In. Revista Trágica:
estudos de filosofia da imanência – 1º quadrimestre de 2016 – Vol.8 – nº1 –
PP.119-121 – Texto orginalmente publicado em Lês Nouvelles Littéraires, 3-9 maio de
1984, p. 75-76
DIDI-HUBERMAN, G., O que vemos, o que nos olha, Editora 34, 1998