Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Lays Coelho
2016
Índice
Entendendo a Arte.................................................................................03
O que é arte?.........................................................................................06
Educação Artística ................................................................................07
Teatro – Origem e desenvolvimento .....................................................08
Origem e História do Teatro ......................................................................................09
Linha do tempo da história do teatro ........................................................................10
História do Teatro.....................................................................................................11
O teatro Primitivo ....................................................................................................11
Egito e Antigo Oriente .........................................................................................13
As civilizaÇões Islâmicas
......................................................................................14
As civilizacoes Indo-Pacíficas .............................................................................16
China .........................................................................................................................18
Japão .........................................................................................................................20
Teatro Ocidental .....................................................................................................23
Teatro Grego ...........................................................................................................23
Teatro Romano .......................................................................................................29
Teatro Bizâncio ........................................................................................................31
Teatro Medieval .......................................................................................................33
Teatro Renascentista .............................................................................................35
Commedia Dell'Arte
....................................................................................................37
Teatro Barroco .........................................................................................................40
Teatro Iluminista ......................................................................................................42
Classicismo ...............................................................................................................45
Teatro Classicista
....................................................................................................47
Teatro Romântico
....................................................................................................48
Realismo ....................................................................................................................50
Teatro Simbolista ....................................................................................................51
Teatro Naturalista ...................................................................................................52
Vaudeville .................................................................................................................53
Teatro no Século XX ..........................................................................................54
Expressionismo .................................................................................................54
Futurismo............................................................................................................58
Teatro da Crueldade ..........................................................................................58
Teatro Épico .......................................................................................................59
Teatro Americano ......................................................................................................59
Teatro do Absurdo ..............................................................................................60
1
História do teatro no Brasil ..............................................................................61
Romantismo Primeira metade do século XIX ................................................61
Realismo Segunda metade do século XIX .....................................................61
Naturalismo no Brasil no final do século XIX.................................................62
Simbolismo Primeiros anos do século XX.......................................................63
Modernismo ..........................................................................................................63
Semana de Arte Moderna de 22 ....................................................................64
Artistas
Anitta Mafaltti ...........................................................................................66
Di Cavalcanti ............................................................................................67
Zina Aita ....................................................................................................69
Vicente do Rego Monteiro .......................................................................71
Ferrignac ................................................................................................72
Yan de Almeida Prado ..........................................................................73
John Graz .................................................................................................74
Alberto Martins ........................................................................................77
Oswaldo Goeldi ......................................................................................77
Outros Pintores Importantes
Lasar Segall .............................................................................................78
Tarsila do Amaral ...................................................................................80
Cândido Portinari.....................................................................................82
Companhias nacionais teatrais
.......................................................................83
Modernização do
teatro......................................................................................83
Geração TBC .......................................................................................................83
Contribuição estrangeira ..................................................................................84
Revolução na Dramaturgia .............................................................................84
Escolas de Teatro ...............................................................................................84
Década de 50........................................................................................................85
Teatro Arena anos 60 ........................................................................................85
Década de 70 (censura) ...................................................................................88
Novas propostas .................................................................................................89
Tendências atuais
...............................................................................................89
Teatro de Bonecos .............................................................................................90
Teatro – Elementos ............................................................................................93
O Teatro como espaço Físico .........................................................................93
Elementos Físicos do Teatro ...........................................................................98
Equipe Dramática ...............................................................................................99
Elementos da Representação Dramática ..................................................100
2
Teatro na Paraíba
.............................................................................................102
Historia do teatro na Paraíba ........................................................................102
Cultura paraibana .............................................................................................109
Danças Folclóricas ...........................................................................................112
Patrimônio histórico e cultural da Paraíba
.................................................123
Sítios Arqueológicos da Paraíba ..................................................................123
Os índios da Paraíba .......................................................................................125
Igrejas na Paraíba ............................................................................................127
Entendendo a Arte!
‘’Arte é o que eu e você chamamos de Arte.’’ (Frederico Morais – 1998)
CONCEITO:
3
porém, a um único significado, cabível a qualquer cultura em qualquer época. E
você, como definiria arte?
A arte não implica em dom inato, como muitos pensam, mas pressupõe
o contato do ser humano com seu meio, com a experiência e o conhecimento
que ele é capaz de adquirir por meio de suas próprias experiências e/ou
cientificamente. “A arte não vive num puro terreno da afetividade imediata. Ela
requer, para o criador como para o consumidor, a posse de um certo número
de ferramentas intelectuais e técnicas que nenhuma espontaneidade permite
dispensar.” (PORCHER, 1982, p. 22)
Para isso, nas aulas de Arte você perceberá que teoria e prática
caminharão juntas, pois o objetivo de seu estudo não se restringe ao domínio
dos fazeres artísticos, mas também da compreensão dos conteúdos
4
necessários à sua apreciação e expressão, isto é “(...) a Arte envolve um
processo racional pois, embora normalmente as pessoas não pensem desta
forma, a razão é necessária à emoção artística.” (PORCHER, 1982, p. 22)
QUEM FAZ ARTE?
O homem criou objetos para satisfazer as suas necessidades práticas,
como as ferramentas para cavar a terra e os utensílios de cozinha. Outros
objetos são criados por serem interessantes ou possuírem um caráter
instrutivo. O homem cria a arte como meio de vida, para que o mundo saiba o
que pensa, para divulgar as suas crenças (ou as de outros), para estimular e
distrair a si mesmo e aos outros, para explorar novas formas de olhar e
interpretar objetos e cenas.
Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos de
função da arte que pode ser:
feita para decorar o mundo
para espelhar o nosso mundo (naturalista)
para ajudar no dia-a-dia (utilitária)
para explicar e descrever a história
para ser usada na cura de doenças
para ajudar a explorar o mundo.
COMO ENTENDEMOS A ARTE?
O que vemos quando admiramos uma arte depende:
da nossa experiência e conhecimentos
da nossa disposição no momento
da imaginação e
daquilo que o artista pretendeu mostrar.
PROCESSO DE DIÁLOGO COM O TRABALHO DO ARTISTA
VOCÊ, O APRECIADOR
Exige esforço, dedicação e diálogo
com o trabalho, então pergunte-se:
Qual é o tema?
O ARTISTA Quais são os materiais utilizados?
O TRABALHO A obra tem título?
Pode ter uma
Quando e onde foi feita?
mensagem e (obra de arte)
Qual o seu tamanho?
toma decisões
Quais são as suas cores?
Como são as suas formas?
Você gosta?
Como ela faz se sentir?
Já viu algo parecido?
5
O que é arte?
Coli, Jorge. O que é arte. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. pp. 7-11.
(Primeiros Passos) (Adaptado.)
6
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
Artes Visuais
Artes Musicais
Artes Cênicas
7
Dança - utiliza-se da música e das expressões propiciadas pela
“mímica”.
Na Grécia antiga, os festivais anuais em honra ao deus Dioniso (Baco, para
os romanos) compreendiam, entre seus eventos, a representação de tragédias
e comédias. As primeiras formas dramáticas na Grécia surgiram neste
contexto, inicialmente com as canções dionisíacas (ditirambos).
Comédia - É uma peça teatral que provoca o riso, retratando costumes, vícios
e o ridículo da sociedade, numa sucessão de situações inesperadas.
8
Pantomina - Peça de qualquer gênero, em que o(s) ator(es) se manifesta(m)
simplesmente por gestos, expressões corporais ou fisionômicas, prescindindo
da palavra e da música, que pode ser, também, sugerida por meio de
movimentos; mímica.
HISTÓRIA DA ARTE
Etimologicamente TEO significa Deus e ATRO significa terreno ou área.
Sendo assim: TEATRO é "Terreno de Deus". Porém, na atualidade, o termo
ganhou um novo significado: "lugar de onde se vê". O teatro surgiu na Grécia e
teve seu início nas festas em honra a Dionísio ou Baco (Deus dos ciclos vitais,
9
da alegria e do vinho). Uma segunda hipótese diz que culturas mais primitivas
se reuniam em torno de fogueiras e representavam acontecimentos de
caçadas, guerras e ações de trabalho ou ainda rituais mágicos sagrados para
agradar os deuses e imitação de ancestrais e deuses.
- Século VIII a.C. até VI a.C. na Grécia realizavam-se rituais a Dionísio com
procissões, cantos e danças;
10
- Século XX - Teatro Épico.
HISTÓRIA DO TEATRO
O TEATRO PRIMITIVO
11
3 - xamanismo e fontes similares
O homem primitivo era caçador e selvagem, por isso sentia necessidade
de dominar a natureza. Através destas necessidades surgem invenções como
o desenho. O teatro primitivo era uma espécie de danças dramáticas coletivas
que abordavam as questões do seu dia a dia, uma espécie de ritual de
celebração, agradecimento ou perda. Com o tempo o homem passou a realizar
rituais sagrados na tentativa de apaziguar os efeitos da natureza,
harmonizando-se com ela.
Os mitos começaram a evoluir, surgem danças miméticas (compostas
por mímica e música). Com o surgimento da civilização Egípcia os pequenos
ritos tornaram-se grandes rituais formalizados e baseados em mitos. Cada mito
conta como veio a existir. Os mitos possuíam regras de acordo com o que
propunha o estado e a religião, era apenas a história do mito em ação, ou seja,
em movimento. Estes rituais propagavam as tradições e serviam para o
divertimento e a honra dos nobres.
Há três mil anos ou mais antes de Cristo os Egípcios enriquecer seus
rituais com um conjunto de elementos que acentuam e embelezam suas
apresentações, o que viria mais tarde ser forte elemento na composição do
Teatro Clássico, como:
1-máscaras,
2-tatuagens (compreendida como maquiagem)
3-estatuetas, (pode-se entender como elementos cênicos)
4-pinturas (podem-se entender como cenários)
12
EGITO E ANTIGO ORIENTE
Egito
O culto aos mortos no Egito antigo deu origem aos monumentos mais
grandiosos e duradouros da história da humanidade. Foram construídos
túmulos no período pré-histórico, nas pirâmides e câmaras mortuárias no Egito.
Nos templos onde estão esses túmulos foram retratadas cenas de dançarinas,
banquetes e procissões, oferendas e sacrifícios nos murais dedicados aos
mortos. Tais imagens revelam a preocupação que os egípcios tinham com o
mundo sobrenatural e revelam um carãter dramático. Estando contidos, em tais
imagens, pedidos aos deuses em forma de pintura e escultura nas quais se
escrevia uma palavra de invocação: Rá, o deus do paraíso. Esperava-se que
esse deus recebesse o morto em seus reinos e o elevasse como seu igual.
Tais inscrições sepulcrais aparecem na forma de diálogo nas pirâmides. Por
meio desses hieróglifos que possuem mais de cinco mil anos é possível
especular sobre o teatro no Egito.
Mesopotâmia
13
mosaico de Ur, do terceiro milénio a.C, é uma das mais antigas representações
do "casamento sagrado". Trata-se de uma magnífica obra, com suas figuras
compostas por fragmentos de conchas e calcário incrustados num fundo de
lápis-lazuli, data de aproximadamente 2700 a.C.
AS CIVILIZAÇÕES ISLÂMICAS
14
Porém, surgiria a taziyé que é tida com uma das mais impressionantes
manifestações teatrais do mundo. A taziyé que resultou da divisão do Islã entre
sunitas e xiitas nunca viajou além do Irã. A presença do teatro no Islã estava
em desacordo com os mandamentos do profeta, o que não impediu o cultivo de
espetáculos populares ou o de sombra. Sendo que, para ludibriarem as
proibições de representação da figura humana, se utilizava no teatro de
sombras as figuras dos heróis-bonecos turcos Karagoz e Hadjeivat. Os
bonecos Karagoz e Hadjeivat eram confeccionados em couro de camelo,
perfurados para deixar passar a luz e eram movimentados por meio de varas.
Pérsia
Turquia
15
decisiva do Islã a partir do século X. A presença de músicos e dançarinos era
abundante nas cortes e nos mercados, nos trens de bagagem das campanhas
militares e entre as missões diplomáticas. Quando Manuel II Paleólogo, impera-
dor do Bizâncio, visitou o sultão otomano Bayzed, admirou sua versátil trupe de
músicos, dançarinos e atores.
AS CIVILIZAÇÕES INDO-PACÍFICAS
Índia
16
estatueta de bronze da "Dançarina", nas ruinas da cidade de Mohenjo-Daro, no
baixo Indo, aos relevos nas colunas do templo hindu em Citam-baram, exibem
todas as 108 posições da dança clássica indiana de acordo com Natyasastra
de Bha-rata. Os jardins dos templos incluíam locais tradicionais para a dança e
para a música religiosa. E. as dançarinas ficavam subordinadas à autoridade
dos sacerdotes do templo e praticavam sua arte, na medida em que esta tinha
a ver com o culto, dentro do espaço do templo.
O Natyasastra de Bharata
O Drama Clássico
Indonésia
17
graciosos atores, confeccionados em couro transparente, ou bonecos
esculpidos em madeira, em relevo inteiro ou semi-relevo. com seus olhos bem
estreitos e enigmáticos. O wayang adquiriu seus aspectos característicos
durante o período áureo da civilização indiano-javanesa. Absorveu os velhos
mitos védicos dos deuses, o Ramayana e o Mahabharata, e a riqueza das
personagens desses dois grandes épicos e seus conflitos de guerra e paz.
CHINA
18
Os "Cem Jogos" envolviam pantomimas, dança e apresentações
acrobáticas e muito provavelmente eram praticados sobre uma plataforma
simples, elevada, coberta por um telhado e limitada por uma parede ao fundo.
19
singular do ator principal. No palco, o ator não se apoia em aparatos cénicos
para apresentar sua arte. Pois, o palco do teatro chinês e o mesmo de séculos
atrás. Uma simples plataforma com um fundo neutro. Há apenas a presença de
uma mesa, de uma cadeira, um divã coberto com um precioso brocado.
JAPÃO
Nô
20
1384) e seu filho Zeami Motokiyo (1363–1444). O nô é conhecido no mundo
principalmente pelo uso de máscaras que cobrem apenas o rosto, deixando
orelhas e pescoço à vista, e por suas vestes luxuosas e movimentos lentos.
Existem hoje, aproximadamente 250 peças para nô, sendo Zeami o autor mais
prolífico, mas apenas metade delas são encenadas com freqüência. A ação no
nô é relembrada, ou seja, a peça é sempre uma recordação poética. Por isso,
as ações nem sempre são realizadas perante o público (sendo apenas
referidas) e os movimentos são tão estilizados que um passo lento apenas
poderia representar toda uma jornada. Apesar de hoje existirem grupos
femininos de nô, a maioria dos atores e músicos do espetáculo ainda é
composto por homens, como antes.
Kyogen
Bunraku
21
femininas em geral não possuem pés, cabendo, então, ao terceiro que
manipule o quimono para emular o movimento das pernas.
Kabuki
22
23
TEATRO OCIDENTAL
Teatro Grego
24
Um dos mais famosos está em pé até hoje, em Atenas, na Grécia, e se
chama Epidaurus. Uma coisa curiosa nas encenações é que só os homens
podiam atuar, já que as mulheres não eram consideradas cidadãs. Os atores
representavam usando máscaras e túnicas de acordo com o personagem.
Muitas vezes, eram montados cenários bem decorados para dar maior realismo
à encenação.
Existiam dois tipos de peças: as tragédias e as comédias.
A TRAGÉDIA
AS COMÉDIAS
25
Apesar de também ser representada nas festas dionisíacas, a comédia
era considerada um gênero literário menor. É que o júri que apreciava a
tragédia era nobre, enquanto o da comédia era escolhido entre as pessoas da
platéia. Também a temática diferia nos dois gêneros. A tragédia contava a
história de deuses e heróis. A comédia falava de homens comuns.
A Comédia Antiga:
Comédia Nova:
26
Características: vida privada, intimidade dos cidadãos, amor, prazeres
da vida, intrigas sentimentais,...
Neste momento não se encontra a presença do coro. Ele foi extinto.
O maior representante deste tipo de comédia foi Menandro.
Tragédia X Comédia
Tragédia:
•Estilo nobre e elevado, que desperta, fatalidade, purgação, compaixão,
piedade, terror.
•Herói: Rei, pessoas ilustres e com poder, etc.
•Fundamentava-se na temática mitológica.
•Júri composto por pessoas escolhidas pelo magistrado. Pessoas de
famílias aristocráticas e que se destacavam na sociedade.
Comédia:
•Retratação de aspectos caricaturados ou fantásticos;
•Herói: Palhaço, bobo, inocente, santo, idiota, trapalhão, fingidor, etc.
•Não possuía nenhum padrão rígido de fundamentação mitológica.
Elaborava críticas ao político, governantes e costumes da época.
•Júri composto por cinco pessoas da plateia escolhidas por sorteio.
o Autores trágicos
27
o Autores cômicos
28
O Primeiro
Ator
29
MÁSCARAS NO TEATRO
Teatro Romano
30
As diferenças fundamentais entre o teatro romano e grego podem ser
expressas do seguinte modo:
1) Toda representação do teatro romano desenrolava-se no palco, ficando a
orquestra reduzida a um semicírculo, reservado para os senadores e hóspedes
ilustres.
2) O teatro grego, pela natureza de sua construção, não prescindia de uma
depressão no terreno, enquanto o romano, construído sob galerias
abobadadas, poderia ser levantado em qualquer terreno plano.
31
Diferentes máscaras incluídas diferentes expressões faciais. Mesmo que os
homens jogaram todas as partes, as máscaras permitiram ao público para
determinar se o personagem era uma mulher vestindo uma máscara branca ou
um homem vestindo uma máscara marrom.
32
Os imperadores romanos fizeram um uso cínico desse fato, promovendo
“pão e circo”, segundo a famosa frase do satirista Juvenal, para que o povo se
distraísse de suas miseráveis condições de vida. O grandioso Coliseu e outros
anfiteatros espalhados por todo império atestam o poder e a grandeza de
Roma, mas não sua energia artística. Não há razões para crer que tais
construções se destinavam a outra coisa que não espetáculos banais e
degradantes.
As arenas foram então totalmente ocupadas por gladiadores em
combates mortais, por feras espicaçadas que lutavam até se fazerem em
pedaços e cristãos cobertos de piche, usados como tochas humanas.
TEATRO BIZÂNCIO
33
estátuas, obeliscos, placas memoriais e monumentos aos corredores
vitoriosos.
O Hipódromo, com seus assentos de mármore para oitenta mil
espectadores, era decorado com ricos entalhes e as mais celebradas obras de
arte de todo o mundo. Durante um milênio seria o palco de amargos conflitos
históricos, mais do que o esplêndido local de espetáculos de teatro e circo a
que havia sido destinado. Nele tiveram lugar corridas de biga e combates entre
gladiadores, nele a imperatriz Eudóxia viu ser erguida a sua própria estátua de
prata, acompanhada por festividades tão provocativas que Crisóstomo,
pregando na Hagia Sophia, empalideceu de raiva. Nele eram descarregadas as
paixões das duas facções de corredores de bigas, os "Verdes " e os "Azuis",
como também o entusiasmo do povo. Nele, o sangue de trinta mil pessoas
manchou a areia quando Belisário, em 532 d.C. , esmagou a revolta de Nika e
reduziu a cinzas grandes partes da cidade.
O grande enigma do teatro bizantino reside no fato de nunca ter
produzido um drama próprio. Contentava-se com o caleidoscópio colorido das
variedades, da revista, e com espetáculos de solistas que já vinham prontos e
com extratos de diálogos e peças líricas que eram recitados no palco por
declamadores em "atitude trágica" .
Teatro de Arena
O Teatro na Igreja
34
vestimentas eclesiástica, as procissões solenes - todos esses elementos
procuravam, por meios inteiramente teatrais, satisfazer a necessidade de
espetáculo da massa.
O Teatro na Corte
TEATRO MEDIEVAL
35
Os Mistérios (século XV e XVI)
- Adros / espaços da cidade
- Estátuas em pedra [grandes catedrais]
- Vitrais
- Encenações.
TEATRO RENASCENTISTA
36
o teatro popular mantém viva a herança medieval. As peças são cheias de
ação e vigor, e o ser humano é o centro das preocupações.
ITÁLIA
ESPANHA
INGLATERRA
O teatro elizabetano tem seu auge de 1562 a 1642. As peças caracterizam-
se pela mistura sistemática de sério e cômico; pelo abandono das unidades
aristotélicas clássicas; pela variedade na escolha dos temas, tirados da
37
mitologia, da literatura medieval e renascentista, e da história; e por uma
linguagem que mistura o verso mais refinado à prosa mais descontraída.
38
Commedia Dell'Arte
39
abordados, na alegria e na euforia. Pode ser considerada o ponto de partida
das diferentes e posteriores formas de teatro do povo que culminaram no
drama Shakespeariano.
40
Colombina, também uma zanni, é a contrapartida feminina de Arlequim.
Usualmente retratada como inteligente e habilidosa. Uma das personagens
mais emblemáticas da Commédia Dell’arte, cuja mãe e pai são desconhecidos.
41
O TEATRO BARROCO
FRANÇA
42
O teatro francês, ao contrário do inglês e do espanhol, consegue adaptar-
se ao gosto refinado do público aristocrático a que se destina. Obedece a
regras muito rigorosas: o tema é obrigatoriamente imitado de um modelo greco-
romano; as unidades aristotélicas têm de ser respeitadas; a regra do "bom
gosto" exige que a ação, de construção lógica e coerente, nunca mostre
situações violentas ou ousadas; o texto, em geral em versos alexandrinos, é
muito poético. A fundação da Comédie Française por Luís XIV (1680)
transforma o teatro numa atividade oficial, subvencionada pelo Estado.
INGLATERRA
ITÁLIA
43
Espaço cênico italiano - Troca-se a cena reta greco-romana pelo "palco
italiano", com boca de cena arredondada e luzes na ribalta, escondidas do
público por anteparos. Pela primeira vez é usada uma cortina para tampar a
cena. As três portas da cena grega são substituídas por telões pintados que
permitem efeitos de perspectiva e é introduzida a maquinaria para efeitos
especiais. Apagam-se as luzes da sala durante o espetáculo, para concentrar a
atenção do público no palco. Há uma platéia e camarotes, dispostos em
ferradura. A ópera torna-se tão popular que, só em Veneza, no século XVII,
funcionam regularmente 14 teatros.
TEATRO ILUMINISTA
44
intelectual, social e moral e para criticar toda forma de autoritarismo, fosse ela
de ordem política, religiosa ou moral.
MARIVAUX
PRINCIPAIS OBRAS
PEÇAS
45
• Le Père prudent et équitable (1706 ou, mais provavelmente, 1712.)
• L'Amour et la Vérité (1720)
• Arlequin poli par l'amour (1720)
• Annibal (1720), sua única tragédia
• La Surprise de l'amour (1722)
• La Double Inconstance (1723)
• Le Prince travesti (1724)
• La Fausse Suivante ou Le Fourbepuni (1724)
• Le Dénouement imprévu (1724)
• L'Île des esclaves (1725)
• L'Héritier de village (1725)
• Mahomet second (1726, tragédia em prosa, inacabada)
• L'Île de la raison ou Les petits hommes (1727)
• La Seconde Surprise de l'amour (1727)
• Le Triomphe de Plutus (1728)
• La Nouvelle Colonie (1729), perdida e depois reescrita em 1750 sob o título
de La Colonie]]
• Le Jeu de l'amouret du hasard (1730)
• La Réunion des Amours (1731)
• Le Triomphe de l'amour (1732)
• Les Serments indiscrets (1732)
• L'École des mères (1732)
• L'Heureux Stratagème (1733)
• La Méprise (1734)
• Le Petit-Maître corrigé (1734)
• Le Chemin de la fortune (1734), mais propriamente uma sequência de cenas
do que uma peça teatral.
• La Mère confidente (1735)
• Le Legs]] (1736)
• Les FaussesConfidences (1737)
• La Joie imprévue (1738)
• Les Sincères (1739)
• L'Épreuve (1740)
• La Commère (1741)
• La Dispute (Marivaux)|La Dispute]] (1744)
• Le Préjugé vaincu (1746)
• La Colonie (1750)
• La Femme fidèle (1750)
• Félicie (1757)
• Les Acteurs de bonne foi (1757)
• La Provinciale (1761)
FOLHETINS
46
• Lettres sur les habitants de Paris (1717-1718)
• Le Spectateur français...
CLASSICISMO
Tartufo - Encenação
Porém o teatro francês não deixou de brilhar. Os autores Corneille (1606
– 1684), Racine e outros, obtiveram salvo-conduto dos críticos. Enquanto na
Inglaterra o povo mais humilde lotava os teatros; na França, os teatros
recebiam a nobreza francesa, com as roupas chiques, entradas triunfais e
perucas enormes que demonstravam o momento absolutista. Durante os doze
últimos anos de sua vida, Jean-Baptiste Molière (1622 – 1673) foi o artista mais
aclamado por Luiz XIV, o que valeu a Molière o prestígio da corte de Versalhes,
mesmo sendo um artista da classe média. Molière em seus textos não ia de
encontro com o autoritarismo, de forma que logo conseguiu seu espaço nos
chiques salões da corte e nos teatros.
Porém Molière era um crítico que colocou em xeque alguns conceitos
fortemente edificados da época, como em O Misantropo, onde faz fortes
críticas à sociedade. Em O Tartufo, Molière mexe com os brios dos clérigos,
causando certo descontentamento por parte da igreja. Outras peças em que o
dramaturgo condena sua sociedade são Don Juan e O Burguês Fidalgo.
Com a burguesia em alta, mantendo os cofres dos estados europeus, foi
inevitável um aumento de peças teatrais voltadas para esse tipo de público.
Assim, os temas das histórias apresentados nos palcos de Inglaterra, França,
Itália e Alemanha eram todos constituídos ao redor do protagonista (o herói)
que normalmente expunha a visão do homem perfeito: rico, valente, com um
47
bom negócio, uma espada e uma boa mulher (ou seja: burguês!). Pelo teatro
alemão, quem respondia por tragédias políticas extremamente burguesas era o
genial Friedrich Schiller (1759 – 1805).
Entre os principais dramaturgos desta época está o famoso Denis
Diderot, que, durante o Iluminismo, criou vários personagens influenciados por
seu meio, de sua vivência, de sua sociedade. Diderot criou uma das primeiras
teorias para interpretação, afirmando em seu ensaio Paradoxo Sobre
Comediante (1830) que um grande intérprete necessita apenas de um
autocontrole para repassar para o público emoções e sentimentos que não
sente. Para Diderot, interpretação é igual a sensibilidade. Essa teoria sobre
interpretação do ator veio, de certa forma, cobrir um vazio deixado por
Aristóteles e Quintiliano (40? – 96), que, por sua vez, afirmava em seus
ensaios sobre dramaturgia que “o ator comove o espectador, porque comove a
si mesmo em primeiro lugar”.
Nessa época é que surgiu nos contextos teatrais o famoso herói que não
perde uma única batalha, que sempre busca uma saída inteligente e bem
articulada para se desvencilhar dos perigos eminentes, sempre se saindo muito
bem. Porém a linguagem utilizada nos espetáculos dessa época era
extremamente hermética e intelectualizada, de forma que houve um
distanciamento do teatro com as massas. As diferenças sociais na França
eram notáveis: com palácios incríveis de um lado e casebres horrendos de
outro, pompa e gracejos de um lado, fome e miséria de outro.
A distribuição de renda na França nessa época era bem desigual, de
modo que 3% da população obtinha 55% das terras, enquanto o resto do povo,
os Sans-cullotes (formados por trabalhadores, isso é, 97% da população) tinha
apenas 45% das terras do estado. Para comer, ou o trabalhador se tornava
escravo no comércio ou ia para o exército, que demandava de 33% das
riquezas do estado. Aquele que reclamava ou tentava algo contra os soldados
do rei era julgado sumariamente e levado para a odiada Bastilha, uma prisão
de segurança máxima que era símbolo da opressão francesa.
TEATRO NEOCLASSICISTA
48
O Barbeiro de Sevilha – Encenação
França
Itália
Alemanha
TEATRO ROMÂNTICO
49
A partir do Século XVIII . Na dramaturgia o romantismo se manifesta
valorizando a religiosidade, o individualismo, o cotidiano, a subjetividade e a
obra de William Shakespeare. Os dois dramaturgos mais conhecidos desta
época foram Goethe e Friedrich von Schiller. Victor Hugo também merece
destaque, pois levou várias inovações ao teatro. Em Portugal, podemos
destacar o teatro de Almeida Garrett.
Personagens
- Principal ou protagonista - desempenha o papel de maior importância.
- Secundária - desempenha um papel de menor relevo em relação ao
protagonista.
- Figurante - desempenha um papel meramente decorativo.
Ação:
a) Estrutura externa
- ato - cada uma das partes em que se divide uma peça;
- cena - divisão de um ato através da entrada ou saída de personagens. A obra
Frei Luís de Sousa divide-se em três atos. O número de cenas varia em cada
um dos três atos:
Ato I - 12 cenas
Ato II – 15 cenas
Ato III – 12 cenas
b) Estrutura interna:
- exposição - apresentação das personagens e da própria ação;
50
- conflito - desenvolvimento dos acontecimentos que compõem a ação –
(peripécias, momentos de expectativa, momentos de retardamento, clímax);
- desenlace - conclusão da ação.
Espaço Cênico
Representado - local onde se passa a ação. - Da representação - espaço onde
decorre a representação da peça.
Uma vez mais, a ópera contribui para o enriquecimento das montagens: no
Teatro da Ópera de Paris, Pierre-Luc Cicéri e Louis Daguerre, o inventor da
fotografia, revolucionam a construção de cenários, a técnica da iluminação à
base de gás e os recursos para a produção dos efeitos especiais.
Tempo
- Representado - tempo em que ação decorre. - Da representação - aquele que
é sempre presente, mesmo que o tempo do texto dramático seja passado.
Tipos de discurso
Autores românticos
Muitas peças são feitas apenas para serem lidas. No Lorenzaccio, de Alfred
de Musset, ou no Chatterton, de Alfred de Vigny, há o predomínio da emoção
sobre a razão; a atração pelo fantástico, o misterioso e o exótico; e um
sentimento nacionalista muito forte. Os franceses influenciam italianos, como
Vittorio Alfieri (Saul); ingleses, como lorde George Byron (Marino Faliero) ou
Percy Shelley (Os Cenci); espanhóis, como José Zorilla (Don Juan Tenório); e
portugueses, como Almeida Garrett (Frei Luís de Souza).
51
REALISMO
52
Nemorovitch-Dantchenko, cria o Teatro de Arte de Moscou, pioneiro na
montagem de Tchekhov. Cria um método de interpretação em que o ator deve
"viver" o personagem, incorporando de forma consciente sua psicologia. Seu
livro A Preparação do ator, é divulgado em todo o mundo e seu método é
usado em escolas como o Actor’s Studio, fundado nos EUA, na década de 30,
por Lee Strasberg.
TEATRO SIMBOLISTA
A exemplo do realismo, tem seu auge durante a segunda metade do século
XIX. Além de rejeitarem os excessos românticos, os simbolistas negam
também a reprodução fotográfica dos realistas. Preferem retratar o mundo de
modo subjetivo, sugerindo mais do que descrevendo. Para eles, motivações,
conflitos, caracterização psicológica e coerência na progressão dramática têm
importância relativa.
53
laterais para ampliar a cena ou de plataformas colocadas no meio da platéia. O
britânico Edward Gordon Craig revoluciona a iluminação usando, pela primeira
vez, a luz elétrica; e o suíço Adolphe Appia reforma o espaço cênico criando
cenários monumentais e estilizados.
TEATRO NATURALISTA
54
Teatro Naturalista: Autores
VAUDEVILLE
55
No cinema, o vaudeville pode ser conferido em filmes como “Freaks”, do
diretor Tod Browning, no qual é apresentada uma trupe de artistas com
deformações genéticas e seu convívio com chefes que os exploram. Outro
exemplo é o longa-metragem de David Lynch, Homem-Elefante, que apresenta
a difícil vida de John Merrick, um homem com uma doença genética que era
usado como atração em circos de horror.
TEATRO NO SÉCULO XX
EXPRESSIONISMO
56
Duas características podem ser consideradas fundamentais no movimento
expressionista:
Umas das grandes influências vem sem dúvida de Freud, e isto por duas
razões. Em primeiro lugar a psicanálise se liberta do passado. Transportando
isto em termos de cultura, podemos dizer que a psicanálise se liberta da
tradição, da história. Em segundo lugar, a perspectiva de Freud é a da
subjetividade; ao contrário do que acontece na psicologia clássica, a raiz dessa
nova subjetividade é impessoal: o inconsciente foge à alçada daquilo que se
considerava ser a pessoa, e a subjetividade torna-se mais anônima.
57
Expressionismo no teatro
58
linguagem carregada de símbolos e metáforas; ligeira hesitação antes de
pronunciar uma palavra; ênfase à "musicalidade da palavra", independente de
seu valor lógico e gramatical.
O GRITO, de Munch
No quadro "O Grito" de Munch, que encontramos um grande marco do
expressionismo. A deformação da figura chegou a um limite desconhecido para
a época. O homem em primeiro plano, com a boca em grito e as mãos
pressionadas sobre os ouvidos para não escutar o próprio grito incontido, que é
também grito da natureza, reduz-se a uma mísera aparência ondulante numa
paisagem de delírio. Tudo está voltado para a expressão: desenho, cor,
composição. Munch diz: "ouço o grito da natureza".
59
O expressionismo, da forma como ele se articulou dentro da história da
arte moderna, aparece como o movimento mais rico e complexo. Em grande
parte, podemos dizer, a arte moderna está mergulhada numa "condição
expressionista", pois a maior parte dos artistas contemporâneos sentiram e
sentem os temas do expressionismo como seus.
Assim, podemos dizer, que o movimento expressionista, em seu
conjunto não foi um movimento "formalista", mas de "conteúdos". Um
movimento que integrou em si todas as expressões artísticas, nas suas mais
diversas manifestações e que até hoje nos traz o eco do seu grito: o grito da
alma humana.
FUTURISMO
TEATRO DA CRUELDADE
60
Antonin Artaud (1896-1948) nasce em Marselha, França. Ator, poeta e diretor
teatral, Artaud formula o conceito de "teatro da crueldade" como aquele que
procura liberar as forças inconscientes da platéia. Seu livro teórico, O teatro e
seu duplo exerce enorme influência até os dias atuais. Passa os últimos dez
anos de sua vida internado em diversos hospitais psiquiátricos e morre em
Paris.
TEATRO ÉPICO
TEATRO AMERICANO
61
Thornton Wilder (Nossa cidade) e Arthur Miller com textos de crítica social; e
Edward Albee que, em Quem tem medo de Virginia Woolf?, fala do
relacionamento íntimo entre os indivíduos.
TEATRO DO ABSURDO
62
História do teatro no Brasil
63
João Caetano (1808-1863) é considerado o primeiro grande ator brasileiro.
Especializado em papéis dramáticos, trabalha em peças de autores como
Victor Hugo, Shakespeare, Alexandre Dumas Filho e Molière. Sua montagem
de Antônio José ou O poeta e a Inquisição (1838), de Gonçalves de
Magalhães, dá início a um teatro com temas e atores brasileiros. No
livro Lições Dramáticas reflete sobre a arte de representar. João Caetano é
também o fundador da primeira escola de Arte Dramática do Brasil.
64
e Raul Pompéia. Muitos autores realistas chegaram a um extremo de
objetividade, a um exagero tal de descrições científicas que foram chamados
de Naturalistas. Foram citados pela crítica como pessoas muito dotadas para a
ciência que se dedicaram à arte.
Características do Naturalismo
Exagero do Realismo
Descrição minuciosa da natureza
Descrição minuciosa de aspectos crus e desagradáveis da vida
Tendência determinista
Representação objetiva da natureza (sem interpretação subjetiva)
Artista como um investigador num laboratório
Simbolismo
Modernismo
Embora o teatro seja a arte menos atingida pela Semana de Arte Moderna
de 1922, uma de suas consequências é a criação, por Álvaro Moreira, do
Teatro de Brinquedo, que estreia com Adão, Eva e outros membros da
65
família (1927). Escrita em linguagem coloquial, coloca em cena, pela primeira
vez, como protagonistas, dois marginais: um mendigo e um ladrão. Esse
exemplo será seguido por Joracy Camargo em Deus lhe pague, primeira peça
brasileira a obter sucesso no exterior.
O Modernismo Brasileiro é um movimento de amplo espectro cultural,
desencadeado tardiamente nos anos 20, nele convergindo elementos das
vanguardas acontecidas na Europa antes da Primeira Guerra Mundial -
Cubismo e Futurismo - assimiladas antropofagicamente em fragmentos
justapostos e misturados.
A predominância de valores expressionistas presentes nas obras de
precursores como Lasar Segall, Anita Malfatti e Victor Brecheret e no avançar
do nosso Modernismo, a convergência de elementos cubo-futuristas e
posteriormente a emergência do surrealismo que estão na pintura de Tarsila do
Amaral, Vicente do Rego Monteiro e Ismael Nery. É interessante observar que
a disciplina e a ordem da composição cubista constituem estrutura básica das
obras de Tarsila, Antonio Gomide e Di Cavalcanti. No avançar dos anos 20, a
pintura dos modernistas brasileiros vai misturar ao revival das artes egípcia, pré
colombiana e vietnamita, elementos do Art Déco.
São Paulo se caracteriza como o centro das ideias modernistas, onde se
encontra o fermento do novo. Do encontro de jovens intelectuais com artistas
plásticos eclodirá a vanguarda modernista. Diferentemente do Rio de Janeiro,
reduto da burguesia tradicionalista e conservadora, São Paulo, incentivado pelo
progresso e pelo afluxo de imigrantes italianos será o cenário propício para o
desenvolvimento do processo do Modernismo. Este processo teve eventos
como a primeira exposição de arte moderna com obras expressionistas de
Lasar Segall em 1913, o escândalo provocado pela exposição de Anita Malfatti
entre dezembro de 1917 e janeiro de 1918 e a 'descoberta' do escultor Victor
Brecheret em 1920. Com maior ou menor peso estes três artistas constituem,
no período heroico do Modernismo Brasileiro, os antecedentes da Semana de
22.
A Semana de Arte Moderna de 22 é o ápice deste processo que visava
atualização das artes, e a sua identidade nacional. Pensada por Di Cavalcanti
como um evento que causasse impacto e escândalo. Esta Semana
proporcionaria as bases teóricas que contribuirão muito para o
desenvolvimento artístico e intelectual da Primeira Geração Modernista e o seu
encaminhamento, nos anos 30 e 40, na fase da Modernidade Brasileira.
66
vista rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro
de 1922. A produção de uma arte brasileira, afinada com as tendências
vanguardistas da Europa, sem contudo perder o caráter nacional, era uma das
grandes aspirações que a Semana tinha em divulgar.
Independência e sorte
67
ARTISTAS
Anita Malfatti
Anita Malfatti foi uma importante e famosa artista plástica (pintora e
desenhista) brasileira. Nasceu na cidade de São Paulo, no dia 2 de dezembro
de 1889 e faleceu na mesma cidade, em 6 de novembro de 1964.
Vida e obra
Anita Malfatti era filha de Bety Malfatti (norte-americana de origem
alemã) e pai italiano. Estudou pintura em escolas de arte na Alemanha e nos
Estados Unidos (estudou na Independent School of Art em Nova Iorque). Em
sua passagem pela Alemanha, em 1910, entrou em contato com o
expressionismo, que a influenciou muito. Já nos Estados Unidos teve contato
com o movimento modernista.
Em 1917, Anita Malfatti realizou uma exposição artística muito polêmica,
por ser inovadora, e ao mesmo tempo revolucionária. As obras de Anita, que
retratavam principalmente os personagens marginalizados dos centros
urbanos, causou desaprovação nos integrantes das classes sociais mais
conservadoras.
Em 1922, junto com seu amigo Mario de Andrade, participou da Semana
de Arte Moderna. Ela fazia parte do Grupo dos Cinco, integrado por Malfatti,
Mario de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Menotti del
Picchia.
Entre os anos de 1923 e 1928 foi morar em Paris. Retornou à São Paulo
em 1928 e passou a lecionar desenho na Universidade Mackenzie até o ano de
1933. Em 1942, tornou-se presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de
São Paulo. Entre 1933 e 1953, passou a lecionar desenho nas dependências
de sua casa.
68
Principais obras de Anita Malfatti
- A boba
- As margaridas de Mário
- Natureza Morta - objetos de Mário
- A Estudante Russa
- O homem das sete cores
- Nu Cubista
- O homem amarelo
- A Chinesa
- Arvoredo
- Interior de Mônaco
Di Cavalcanti
69
- Em 1934, foi morar na cidade de Recife.
- Morou na Europa novamente entre os anos de 1936 e 1940.
- Em 1937, recebeu medalha de ouro pela decoração do Pavilhão da
Companhia Franco-Brasileira.
- Em 1938, trabalhou na rádio francesa Diffusion Française.
- Em 1948, faz uma exposição individual de retrospectiva no IAB de São
Paulo.
- Em 1953, foi premiado, junto com o pintor Alfredo Volpi, como melhor pintor
nacional na II Bienal de São Paulo.
- Em 1955, publicou um livro de memórias com o título de Viagem de minha
vida.
- Recebeu o primeiro prêmio, em 1956, na Mostra de Arte Sacra (Itália).
- Em 1958, pintou a Via-Sacra para a catedral de Brasília.
- Em 1971, ocorreu a retrospectiva da obra de Di Cavalcanti no Museu de Arte
Moderna de São Paulo.
- Morreu em 26 de outubro de 1976 na cidade do Rio de Janeiro.
- Pierrete - 1922
- Pierrot - 1924
- Samba - 1925
- Samba - 1928
- Mangue - 1929
- Cinco moças de Guaratinguetá - 1930
- Mulheres com frutas - 1932
- Família na praia - 1935
- Vênus - 1938
- Ciganos - 1940
- Mulheres protestando - 1941
70
- Arlequins - 1943
- Gafieira - 1944
- Colonos - 1945
- Abigail - 1947
- Aldeia de Pescadores - 1950
- Nu e figuras - 1950
- Retrato de Beryl - 1955
- Tempos Modernos - 1961
- Tempestade - 1962
- Duas Mulatas - 1962
- Músicos - 1963
- Ivette - 1963
- Rio de Janeiro Noturno - 1963
- Mulatas e pombas - 1966
- Baile Popular - 1972
Zina Aita
71
Comentário Crítico
Zina Aita realiza estudos em Florença, entre 1914 e 1918, com o artista
Galileo Chini (1873 - 1956). Retorna ao Brasil, e participa da Semana de Arte
Moderna, incentivada pelos amigos Ronald de Carvalho (1893 - 1935) e
Manuel Bandeira (1886 - 1968). Como aponta a historiadora da arte Marta
Rossetti Batista, por meio dos títulos das obras que constam no catálogo da
Semana de 22, pode-se notar o interesse da artista pelo caráter decorativo e
pela figura humana, e a ligação com o impressionismo. A tendência decorativa
em sua produção revela-se nos títulos de três das oito obras expostas em
1922.
Exposições Individuais
Exposições Coletivas
72
1957 - Nápoles (Itália) - Manifestação de Arte Nacional, no Palácio Real
1961 - Nápoles (Itália) - Mostra do Presépio, no Palácio Real
1967 - Roma (Itália) - 4ª Exposição Nacional de Arte
73
disputou o Grand Prix do Automóvel Clube da França, tinha gosto pela
engenharia mecânica e construiu um planador e, emPernambuco, fabricou
aguardente.
Em 1946, funda a Editora La Presse à Bras, dedicada à publicação de
poesias brasileiras e francesas. A partir 1941, publica seus primeiros versos,
Poemas de Bolso, organiza e promove vários salões e congressos de poesia
no Brasil e na França. Retorna ao Brasil, e dá aulas de pintura na Escola de
Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE entre 1957 e
1966. Em 1960, recebe o Prêmio Guillaume Apollinaire pelos sonetos reunidos
no livro Broussais - La Charité. Entre 1966 e 1968, dá aulas no Instituto Central
de Artes da Universidade de Brasília - UnB.
Poemas
Poemas de bolso, 1941.
Broussais - La Charité
Ferrignac
74
1921 – Realizou Colombina, trabalho que seria incluído na 9Ş Bienal
de Săo Paulo (1971), na Sala Comemorativa dos 50 anos da Semana
de 22 e que passaria a integrar o acervo do Instituto de Estudos
Brasileiros da USP.
1925 – Entrou para a polícia e desapareceu do ambiente artístico.
75
Grande colecionador, vendeu e posteriormente doou o restante de sua
coleção para a USP, foi embrião da coleção Brasiliana do Instituto de Estudos
Brasileiros da Universidade de São Paulo, constituído de documentos de 1640
a 1982, com ilustrações – mapas, plantas, escudos de armas, capitais, festões,
religiosas –, manuscritos, documentos pessoais, documentos textuais, livros,
cartas, postais, notas e documentos referentes à compra de vinho, gravuras,
periódicos e fotos.
Afamada também era a Pensão Humaitá, nome do grupo de intelectuais
que se reuniam em almoços sempre acompanhados de grandes vinhos, na sua
casa na esquina da Rua Humaitá com a Brigadeiro, incluindo várias
personalidades, como Assis Chateaubriand, Júlio de Mesquita Filho Monteiro
Lobato, Pietro Maria Bardi, Ciccillo Matarazzo, João de Scantimburgo, que
dedicou livro ao grupo, Tavares de Miranda e muitos outros.
John Graz
76
Habilidades: Escultor, Artista gráfico, Decorador, Pintor
John Louis Graz (Genebra, Suíça 1891 - São Paulo SP 1980). Pintor,
decorador, escultor e artista gráfico. Ingressa no curso de arquitetura,
decoração e desenho da Escola de Belas Artes de Genebra em 1908, onde é
aluno de Eugène Gilliard (1861 - 1921), Gabriel Vernet e Daniel Baud-Bovy
(1870 - 1958). É discípulo também de Edouard Ravel, com quem aprende uma
multiplicidade de técnicas e estilos. De 1911 a 1913, na Escola de Belas Artes
de Munique, estuda decoração, design e publicidade com Carl Moos (1873 -
1959). Retorna à Escola de Belas Artes de Genebra, onde permanece de 1913
a 1915, período em que passa boa parte do tempo em companhia dos
irmãos Regina Gomide (1897 - 1973) e Antonio Gomide (1895 - 1967).
77
Gomide (1897 - 1973) e seu irmão, Antonio Gomide (1895 - 1967), colegas na
Escola de Belas Artes. Noivo de Regina, vem ao Brasil em 1920 e casa-se.
Integra-se ao grupo modernista de São Paulo, constituído por Anita Malfatti
(1889 - 1964), Di Cavalcanti (1897 - 1976), Brecheret e Mário de Andrade
(1893 - 1945), entre outros. Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna
com sete telas. Faz ilustrações para a revista Klaxon, primeiro periódico
modernista.
78
Alberto Martins
É autor dos livros Poemas (Duas Cidades, 1990) e Cais (Editora 34,
2002), ilustrados com gravuras de sua autoria. Dedica-se também à literatura
infanto-juvenil e lança os livros Goeldi - História de Horizonte (Paulinas, 1995),
pelo qual recebe o Prêmio Jabuti, e A Floresta e o Estrangeiro (Companhia das
Letrinhas, 2000), poema realizado com base em guaches e aquarelas de Lasar
Segall (1891 - 1957). Em 2000, conclui o doutorado em poéticas visuais pela
ECA/USP com o trabalho intitulado Cais - um conjunto de desenhos,
xilogravuras, esculturas e poemas que apresentam imagens realizadas com
economia formal e constantemente retomadas: cascos de navios, barcos,
guindastes, volumes e caixas, presentes na paisagem portuária de sua cidade
natal.
Oswaldo Goeldi
79
Oswaldo Goeldi (Rio de Janeiro RJ 1895 - idem 1961). Gravador,
desenhista, ilustrador, professor. Filho do cientista suíço Emílio Augusto Goeldi.
Com apenas 1 ano de idade, muda-se com a família para Belém, Pará, onde
vivem até 1905, quando se transferem para Berna, Suíça. Aos 20
anos ingressa no curso de engenharia da Escola Politécnica, em Zurique, mas
não o conclui. Em 1917, matricula-se na Ecole des Arts et Métiers [Escola de
Artes e Ofícios], em Genebra, porém abandona o curso por julgá-lo demasiado
acadêmico. A seguir, passa a ter aulas no ateliê dos artistas Serge Pahnke
(1875 - 1950) e Henri van Muyden (1860 - s.d.). No mesmo ano, realiza a
primeira exposição individual, em Berna, na Galeria Wyss, quando conhece a
obra de Alfred Kubin (1877 - 1959), sua grande influência artística, com quem
se corresponde por vários anos.
Lasar Segall
80
As lutas iniciais do pintor foram enormes, por introduzir ideias novas e
revolucionárias, totalmente diversa da existente. Em 1912, Segall veio para o
Brasil, onde já estavam seus irmãos. Em 1913, faz duas exposições
individuais, em São Paulo e em Campinas, ainda sem grande repercussão. E
dessa época seu quadro "Dois Amigos". Voltou para Europa e em 1918, casou-
se com Margarete Quack.
81
Tarsila do Amaral
- Auto-retrato (1923)
- Retrato de Oswald de Andrade (1923)
- Estudo (Nú) (1923)
82
- São Paulo – Gazo (1924)
- Antropofagia (1929)
- A Cuca (1924)
- Pátio com Coração de Jesus (1921)
- Chapéu Azul (1922)
- Auto-retrato (1924)
- O Pescador (1925)
- Manteau Rouge (1923)
- A Negra (1923)
- São Paulo (1924)
- Morro da Favela (1924)
- A Família (1925)
- Vendedor de Frutas (1925)
- Paisagem com Touro (1925)
- Religião Brasileira (1927)
- O Lago (1928)
- Coração de Jesus (1926)
- O Ovo ou Urutu (1928)
- A Lua (1928)
- Abaporu (1928)
- Cartão Postal (1928)
- Operários (1933)
83
Cândido Portinari
84
Companhias nacionais teatrais
GERAÇÃO TBC
85
estrutura grande e onerosa, a morte de Franco Zampari e cisões entre os
membros do elenco fazem com que, ao longo da década de 50, o TBC se
desmembre nos grupos de Tônia Carreiro, Paulo Autran e Margarida Rey,
dirigido por Adolfo Celli; de Cacilda, o marido Walmor Chagas e a irmã Cleyde
Yáconis, dirigido por Ziembinski; o Teatro dos Sete, de Fernanda Montenegro,
Italo Rossi e Sérgio Brito; e o de Sérgio Cardoso e Nídia Lícia.
CONTRIBUIÇÃO ESTRANGEIRA
REVOLUÇÃO NA DRAMATURGIA
ESCOLAS DE TEATRO
86
adultos; sua seguidora mais importante é Maria Clara Machado (Pluft, o
fantasminha, O rapto das cebolinhas), que, na década de 50, cria o Tablado,
importante centro de formação de atores ainda em atividade.
SERVIÇO NACIONAL DE TEATRO
87
improvisados, a sala da Rua Theodoro Baima, no centro da cidade, em frente a
Igreja da Consolação, uma garagem adaptada, foi inaugurada em (1955).
Processo de desintegração
88
sucesso de Black-Tie, mais de um ano em cartaz, abriu espaço para o
surgimento de um movimento que constituiu-se no Seminários de Dramaturgia,
que tinha por objetivo revelar e expor a produção de novos autores brasileiros.
Daí, destacaram-se: Oduvaldo Vianna Filho (o Vianninha) e Flávio Migliaccio
entre outros. Augusto Boal, recém chegado dos Estados Unidos, foi o diretor e
dramaturgo central neste processo.
A partir daí, além de buscar uma dramaturgia nacional, passou a
incentivar a nacionalização dos clássicos. Nessa fase o Arena passa a contar
com a colaboração assídua de Flávio Império na criação de cenários e
figurinos.
A contestação no teatro
A partir do final dos anos 50, a orientação do TBC, de dar prioridade a
textos estrangeiros e importar encenadores europeus, é acusada de ser
culturalmente colonizada por uma nova geração de atores e diretores que
prefere textos nacionais e montagens simples. Cresce a preocupação social, e
diversos grupos encaram o teatro como ferramenta política capaz de contribuir
para mudanças na realidade brasileira. O Teatro de Arena, que com seu palco
circular aumenta a intimidade entre a plateia e os atores, encena novos
dramaturgos - Augusto Boal (Marido magro, mulher chata), Gianfrancesco
Guarnieri (Eles não usam black-tie), Oduvaldo Vianna Filho (Chapetuba
Futebol Clube) - e faz musicais como Arena conta Zumbi, que projeta Paulo
José e Dina Sfat. Trabalho semelhante é o de José Celso Martinez Correa no
Grupo Oficina, também de São Paulo: além de montar Os pequenos
burgueses, de Gorki , Galileu, Galilei, de Brecht, e Andorra, de Max Frisch,
redescobre O rei da vela, escrito em 1934 por Oswald de Andrade, mas
proibido pelo Estado Novo; e cria Roda viva, do músico Chico Buarque de
Holanda. Chico havia feito a trilha sonora para Vida e morte severina, auto
nordestino de Natal, de João Cabral de Melo Neto, montado pelo Teatro da
Universidade Católica de São Paulo (Tuca) e premiado no Festival
Internacional de Teatro de Nancy, na França.
89
são usadas técnicas do teatro brechtiano. Entre suas peças destacam-se
também Um grito parado no ar e Ponto de partida. Trabalha como ator de
cinema (Eles não usam black-tie, Gaijin) e de novelas.
90
Novas propostas
91
os cariocas destacam-se Moacyr Góes, com A escola de bufões, e Enrique
Díaz, que, aos 22 anos, surpreende com A Bao a Qu, baseado em Jorge Luís
Borges. O paulista Ulysses Cruz, com o grupo Boi Voador, monta Velhos
marinheiros e Típico romântico. Também desponta o talento do mineiro Gabriel
Villela, que faz teatro de rua com o Grupo Galpão, de Belo Horizonte (Romeu e
Julieta) e assina as montagens de A vida é sonho, de Calderón de la Barca,
e A guerra santa, além de uma excelente A Falecida, de Nelson Rodrigues. Bia
Lessa (Cartas portuguesas, Orlando) cria soluções cenográficas originais e faz
uma leitura extremamente pessoal de textos clássicos.
----------------------------------------------------------------------
TEATRO DE BONECOS
92
Ao se tornar portador do fantoche, o personagem adquiria poderes que o
convertia em um profeta, um ser sagrado, um exorcista. Portanto, somente um
iniciado nos conhecimentos sacros poderia usar suas mãos para dar vida ao
fantoche, em uma cerimônia especialmente preparada para essa encenação.
Na era clássica os fantoches estavam dispostos principalmente dentro dos
templos; eram bonecos de grande porte conduzidos igualmente durante as
procissões de iniciação. Eles se desenvolvem particularmente a partir do
século VII, com a adoção de estátuas semelhantes ao Homem. Estes
fantoches que imitam as feições humanas são então escolhidos cada vez mais
para estes eventos religiosos, assumindo um estilo que ainda hoje marca as
representações do teatro de fantoches.
93
pode ser feita de madeira, papier-maché, ou borracha, as mãos são de madeira
ou de feltro. O modo de operação mais comum é usar o dedo indicador para a
cabeça, e o polegar e o dedo máximo para os braços. Esse é o típico show de
fantoches apresentado ao ar livre por toda a europa.
A vantagem do fantoche ou boneco de mão é a sua agilidade e rapidez; a
limitação é seu tamanho reduzido e os movimentos de braços pouco eficientes.
BONECOS-DE--VARA
São figuras também manipuladas por baixo, mas de tamanho grande,
sustentadas por uma vara que atravessa todo o corpo, até a cabeça. Outras
varas mais finas podem ser usadas para movimentar as mãos e, se necessário,
as pernas. Esse tipo de figura é tradicional nas ilhas indonésias de Java e Bali,
onde são chamadas de wayang golek.
Em geral, o boneco de vara é adequado a peças de ritmo lento e solene,
mas são muitas as suas potencialidades e grande a sua variedade. Porém é
muito exigente quanto ao número de manipulares, exigindo sempre uma
pessoa por boneco, e às vezes duas ou três para uma única figura.
MARIONETES-OU-BONECOS-DE-FIO
São figuras grandes controladas por cima. Normalmente são movimentadas
por cordões ou fios que vão dos membros para uma cruzeta de controle na
mão do manipulador. O movimento é feito por meio da inclinação ou oscilação
da cruzeta de controle, mas os fios são também puxados um a um quando se
deseja um determinado movimento. Uma marionete simples pode chegar a ter
nove fios: um em cada perna, um em cada mão, um em cada ombro, um em
cada orelha (para mexer a cabeça) e um na base da coluna, para fazer o
boneco se inclinar. Efeitos mais detalhados podem exigir o dobro ou o triplo
desse número. A manipulação de uma marionete de muitos fios é uma
operação complexa que exige grande treinamento.
TEATRO-DE-SOMBRAS
Trata-se de um tipo especial de figura plana, utilizada para projetar
sombras em um telão semitransparente. Podem ser recortadas em couro ou
qualquer outro material opaco, como nos teatros tradicionais de Java, Bali e da
Tailândia, além do tradicional "sombras chinesas" da Europa do século XVIII;
nos teatros tradicionais da China, Índia, Turquia e Grécia, e em diversos grupos
modernos da Europa, as figuras podem ser recortadas também em couro de
peixe ou em outros materiais transparentes.
Elas podem ser operadas por baixo, com varas, como no teatro javanês;
com varas que ficam em ângulo reto com a tela, como nos teatros chinês e
grego; ou por meio de cordões escondidos atrás dos bonecos como nas
94
sombras chinesas. O teatro de sombras não precisa se limitar a figuras planas.
Ele pode lançar mão também de figuras tridimensionais.
---------------------------------------------------------------------
TEATRO - ELEMENTOS
95
Primeiro pano de fundo – Usado na cor preta ou escura (é chamado
pano de fundo mesmo);
Segundo pano de fundo – Chama-se Rotunda e deverá ser da cor
marrom escuro;
Terceiro pano de fundo – Chama-se Ciclorama, e deverá ser de cor
branca;
Quarto pano de fundo – Também pode ser a parede de fundo (se a cor
for clara);
Boca de cena – São as laterais do palco;
Tapadeiras – São cortinas que ficam acima do palco e servem para
esconder as lâmpadas e refletores, impedindo assim que os reflexos dos
mesmos cheguem aos olhos dos espectadores;
Urdimento – No palco dos teatros é o travejamento do teto e dos sótãos
que ficam por cima deles;
Bambolina – É uma faixa de pano que, seguida de uma série de outras,
situadas no urdimento do palco italiano, se une aos bastidores para
esconder os refletores e completar o espaço cênico, sugerindo céu, teto,
galhos de árvores etc.
Bandon ou Bandolin – São cortinas de pano que ficam em cima, na
frente do palco;
Camarim – É o lugar onde os atores se trocam e se concentram antes
de entrar em cena. É onde se transformam na personagem que deverá
encarnar;
96
Mesmo que não sejam inspirados nos espetáculos medievais, os Espaços
Múltiplos estão ligados à uma concepção moderna de teatro do século XX.
Têm um pouco das características do teatro feito em praças da Idade Média.
São galpões ou áreas abertas, às vezes com arquibancadas móveis que
modificam a configuração do teatro para cada espetáculo.
Teatro de Arena
-Semi-arena - constituído por uma plataforma que avança pela platéia. Este
tipo de palco aproxima o espectador do ator. Como a platéia circula
parcialmente o palco, o cenário deve conter menos elementos. Em geral não
há cortinas.
97
Teatro Elisabetano - Também chamado de teatro isabelino, é aquele que tem
o proscênio prolongado, formando uma semi-arena central, com um segundo
plano (muitas vezes coberto) onde existem algumas aberturas tipo janela.
Apareceu na Inglaterra, no período de Shakespeare, sendo por isso também
chamado de teatro à inglesa ou Shakesperiano.
98
formavam espaço semicircular com palco central e abaixo da platéia que o
circundava.
PLANOS VERTICAIS
PLANOS HORIZONTAIS
99
São os planos que cortam toda a extensão do palco, e são também em
número de três. São eles:
Plano Alto - Cortam o palco na sua parte superior, e são representados pelas
letras ABC, DEF, GHI.
Plano Médio - Cortam o palco na sua parte mediana, e são representados
pelas letras JKL, MNO, PQR.
Plano Baixo - Cortam o palco na sua parte inferior, e são representados pelas
letras STU, VXY, WZÇ.
Para localizarmos uma posição qualquer no palco, temos que usar como
referência os dois planos simultaneamente: horizontal e vertical. Temos ainda
que levar em conta se estamos “sobre o palco” ou “de frente” para ele. Um
observador na frente do palco vê o ponto A à sua esquerda; já um ator em
cima do palco, de frente para esse mesmo observador terá o ponto A à sua
direita.
Como exemplo, vamos localizar no palco, na visão do Diretor (fora do
palco), o seguinte ponto: DIREITA/MÉDIA/ESQUERDA. Se você pensou um
pouquinho e observou com atenção as explicações dirá, sem sombra dúvidas,
qual é a resposta correta. Expliquemos: A primeira coisa que se localiza no
palco será sempre o plano vertical. Quando dissermos DIREITA, estaremos
nos referindo ao Plano Direito, portanto temos que, de cara, procurarmos nas
letras GHI, PQR, WZÇ. O segundo passo é decifrarmos o segundo termo:
MÉDIA. Esse termo refere-se a uma posição do Plano Horizontal (Alto, Médio
ou Baixo). Portanto isso quer dizer que a nossa letra será uma das que estão
do lado direito do Plano Médio: PQR. Já sabemos, portanto, que a nossa letra
é uma dessas três. Falta-nos somente saber em que posição ela está: à direita,
no centro ou à esquerda. O último item nos dá a exata posição. Resposta
correta, letra P.
Vamos localizar mais um ponto. MÉDIO/ALTO/DIREITO. O Plano Médio é
constituído pelas letras DEF, MNO, VXY. Por exclusão do segundo plano, o
Alto, temos as letras DEF. O último item é apenas para sabermos a posição
dentro do plano. Resposta correta: letra F.
100
BASTIDORES: Pares de painéis verticais retangulares, de madeira e
pano, que escondem do espectador as dependências laterais do palco.
São também chamados pernas.
CAMARIM: Recinto reservado, próximo ao palco, onde os atores se
vestem e se maquilam para a cena, ajudados pelos técnicos das áreas
respectivas..
CENÁRIO: Conjunto recursos visuais utilizados para criar o ambiente e
a atmosfera própria na representação do drama. Compreende painéis,
móveis, adereços, bambolinas, bastidores, efeitos luminosos, projeções
etc.
CORTINA: Peça, geralmente em tecido, que resguarda o palco. Abre e
fecha nas mudanças de ato, e ao fim ou início do espetáculo.
ESPAÇO CÊNICO: Área do palco ocupada com a representação.
Divide-se primeiramente em direita e esquerda, conforme a visão do
público.
PROSCÊNIO: Um avanço do palco, além da boca de cena, que se
projeta para a plateia. Seu limite, comumente em forma de arco, é a
ribalta
PÚBLICO: São os frequentadores do teatro e os que apenas
ocasionalmente assistem a um espetáculo teatral. É chamado platéia
por extensão do nome da parte do auditório fronteira ao palco, devido a
grande parte dos teatros disporem apenas desses assentos. O público
também se dispõe nas GALERIAS, FRISAS e CAMAROTES, quando o
teatro dispõe destas estruturas.
HALL ou FOYER. Área externa dos auditórios, onde geralmente se
realizam coquetéis, apresentações, exposições, vernissages (abertura
de exposições) etc.
ILUMINAÇÃO: Conjunto de lâmpadas e refletores que iluminam o palco,
o auditório, ou que são usados para efeitos especiais no cenário.
FIGURINO: Vestimenta utilizada pelos atores para caracterização de
seus personagens de acordo com sua natureza, e identifica, geralmente,
a época e o local da ação. Traje de cena.
EQUIPE DRAMÁTICA
101
DIRETOR: Coordenador geral de todos os aspectos envolvidos com o
espetáculo, aprova a escolha do elenco, o cenário, o figurino,
iluminação, etc. É também chamado de DIRETOR GERAL, quando a
equipe compreende outros diretores de áreas específicas como
DIRETOR DE ATOR, DIRETOR DE CENA, DIRETOR MUSICAL, etc.
DRAMATURGO: É o literato que escreve a peça teatral. Autor de um
texto dramático, que é a literatura destinada ao teatro.
ELENCO: É o conjunto de atores em uma representação teatral.
FIGURANTE: Pessoa que entra em cena para fazer um papel anônimo,
como parte de grupos ou da multidão.
FIGURINISTA: É aquele que cria, orienta e acompanha a feitura dos
trajes para um espetáculo teatral.
ILUMINADOR: É o técnico que faz o projeto de luz para um espetáculo
de teatro, com os efeitos adequados ao clima do drama e à valorização
do trabalho do ator.
PONTO: Técnico da equipe de produção que acompanha o desenrolar
da representação a partir de um ponto no proscênio, e lê o roteiro ao
longo do espetáculo de modo a ajudar os atores no diálogo e nos
movimentos em cena. Ocupa um fosso cujo alçapão ou anteparo o
mantém oculto para a assistência..
PRODUTOR: É aquele que financia a produção do espetáculo.
Além da equipe dramática, a produção de uma peça teatral conta com uma
equipe técnica, geralmente composta de CAMAREIRA, CARPINTEIRO,
CENOTÉCNICO, CONTRA-REGRA, DIVULGADOR, ELETRICISTA,
MAQUIADOR, MAQUINISTA, OPERADOR DE SOM, OPERADOR DE LUZ,
PRODUTOR EXECUTIVO, PRODUTOR GRÁFICO entre outros.
102
Ato. Divisão do drama feita para distinguir etapas pelas quais passa o
desenvolvimento da trama no sentido de sua solução, dentro de uma
fração do tempo de apresentação que distribui tão igualmente quanto
possível a duração da apresentação.
Batidas. Três golpes com um bastão de madeira dado sobre o piso do
palco para atrair a atenção do público anunciando a eminência do
levantamento da cortina para início do espetáculo.
Cena. Segmento do drama em que a ação se desenvolve no mesmo
ambiente, na mesma época e com os mesmos atores. A alteração em
qualquer desses elementos determina uma nova cena. É também a
parte do palco limitada pelo cenário e destinada a representação.
Drama. História escrita com diálogo e indicações para ser representada
Espetáculo. A encenação ou representação de uma peça no teatro para
uma platéia.
Libreto. Livro com o texto de um drama preparado para representação
teatral cantada e musicada para orquestra. Contem todas as indicações
próprias do roteiro teatral como papel de cada personagem, cenário,
divisão em cenas e atos, decoração e vestimentas, efeitos de luz, e o
diálogo a ser cantado pelos atores. Sua diferença para o um drama
comum é a maior brevidade (por isso o nome de "pequeno livro"),
motivada pelo fato de que o texto cantado faz um espetáculo mais longo
que o texto escrito. Muitos libretos são condensações de peças teatrais.
Papel. As ações e as palavras de um personagem em um drama.
Plano da peça. Também chamado Quadro detalhado dos atos e cenas
da peça, que servirá de base para o desenvolvimento do roteiro ou script
da peça.
Ponta. Papel de pouca extensão. Papel pequeno, porém maior que o do
figurante..
Rubrica. As Rubricas (também chamadas “Indicações de cena” e
"indicações de regência") descrevem o que acontece em cena; dizem se
a cena é interior ou exterior, se é dia ou noite, e o local em que
transcorre e todas as ações e sentimentos a serem executados e
expressos pelos atores.
Tema. Assunto em torno do qual é desenvolvida uma história dramática.
Texto dramático. Texto próprio para o teatro.
Tipo ou Caráter. Personagem do drama com as peculiaridades físicas e
morais de personalidade criada pelo dramaturgo.
Trama dramática. Teia de acontecimentos cujo entrelaçamento e cuja
solução constitui o enredo da peça.
Troupe. Grupo de teatro constituído de pequeno número de atores e
técnicos.
103
TEATRO NA PARAÍBA
O início do teatro no Brasil - As informações mais antigas que temos sobre
atividades teatrais no Brasil se referem aos autos religiosos que o padre José
de Anchieta fez encenarem-se para auxiliar na catequese dos índios. Não há
dados sobre representações cênicas anteriores à chegada dos portugueses, a
menos que consideremos as cerimônias e festas dançadas de algumas tribos
brasileiras como representações. Na cidade mineira de Vila Rica (atual Ouro
Preto) há registros de apresentações teatrais ocorridas no século XVIII, no
período do ciclo do ouro. Em 1810, D.João VI manda construir o Real Teatro de
São João (atual teatro João Caetano), onde se apresentam companhias
portuguesas.
104
O Teatro Santa Rosa (na grafia arcaica Theatro Santa Roza) é
um teatro brasileiro situado na cidade de João Pessoa, capital do estado da
Paraíba. Foi inaugurado em 3 de novembro de 1889 e recebeu o sobrenome
do então presidente da Paraíba Francisco da Gama Rosa. O governante teve a
sorte de inaugurar o teatro as vésperas de perder o mandato, já que doze dias
depois seria proclamada a República.
Após a Proclamação da República, o primeiro governante republicano,
Venâncio Neiva, chegou a mudar o nome do teatro para "Teatro do Estado".
Este ato foi revogado. Outro ato governamental, foi o do presidente João
Pessoa, candidato a vice-presidência na época. Seu desejo era mudar a
localização do teatro, pois considerava ali ser uma área já marginalizada. O
governador foi assassinado antes de pôr em prática seu plano.
Foi neste teatro, em uma assembleia, que formularam a bandeira da
Paraíba, com suas cores preto e vermelho e o nome "NEGO" (presente do
verbo negar da primeira pessoa singular). Foi também no mesmo local, em 4
de setembro de 130 que, numa tumultuada e histórica sessão da Assembleia
Legislativa da Paraíba, mudaram o nome da capital paraibana de Parahyba,
para João Pessoa, através do decreto de lei nº 700 em homenagem ao então
falecido presidente (governador). Em mais de 116 anos, o teatro já passou por
várias reformas, mas nenhuma alterou o seu estilo arquitetônico (greco-
romano), com revestimento interno de madeira, tipo "Pinho de Riga".
O teatro possui 432 lugares e sua última grande reforma foi datada de
1989, ano do seu centenário. Atualmente, pertence ao Governo do Estado e
está diretamente vinculado à Fundação Espaço Cultural da Paraíba. O seu
atual diretor é o teatrólogo, Tarcísio Pereira. Apresenta grupos musicais,
teatrais, de dança etc. O teatro está localizado na praça Pedro Américo.
Lima Penante
105
Não foi um paraibano de nascimento, mas um paraense nascido em
Belém quem mais trabalhou pelo teatro da Paraíba no início do século
passado. José de Lima Penante era um homem de luta incansável pela
propagação da arte. É a ele que a Paraíba deve, em grande parte, a existência
do Teatro Santa Roza, patrimônio histórico e cultural da cidade de João
Pessoa.
Hoje a cidade lhe rende homenagem com um teatro que tem o seu
nome: o Teatro Lima Penante, localizado na avenida João Machado, 67 –
Centro – ao lado da tradicional Igreja de Lourdes – e pertencente ao Núcleo de
Teatro Universitário – NTU – da Universidade Federal da Paraíba. A
justa homenagem à pessoa de Lima Penante tem como base sua obra e seu
legado cultural ao Estado da Paraíba.
Criado em fevereiro de 1980, é um dos principais centros de pesquisa e
apoio ao desenvolvimento do teatro na Paraíba. Mantém uma programação
permanente de teatro e dança para o público infantil e adulto. O Teatro Lima
Penante conta com um espaço que comporta um público de l50 pessoas,
possuindo ainda estrutura de iluminação e som. O nome do teatro é inspirado
em José de Lima Penante, ator e diretor paraense, que a convite do governo
estadual, em fins do século XIX, veio até a Província da Parahyba para
organizar espetáculos, sendo um dos entusiastas pela construção de teatros e
organização do movimento teatral.
Passaram pelo Teatro Lima Penante espetáculos teatrais que marcaram
a sua história. Entre eles, pode-se destacar: “Vau da Sarapalha”, de Luis
Carlos Vasconcelos; “Como Nasce um cabra da Peste”, de Eliézer Rolim; “A
Noite de Matias Flores”, de Fernando Teixeira; e “Guiomar, a Filha da Mãe”,
produção pernambucana de Augusta Ferraz.
106
Originário de uma família de artistas, o seu pai e tios era atores
dramáticos, Cilaio dedicou-se à arte da ventriloquia (capacidade de falar sem
abrir a boca). Os seus bonecos tinham nomes de pessoas: Benedito, Zezinho,
Caviloso e Dona Genoveva. Atuava frequentemente em creches, asilos e
orfanatos, onde era conhecido pelo cognome de “Vovô Cilaio”.
Foi diretor artístico de vários grupos teatrais de amadores, e também
atuou em diversas peças, das quais se destacam: “O Coração Não Envelhece”,
“Olhos Sem Luz” e “Rosa de Nossa Senhora”. Sua última apresentação foi aos
73 anos de idade, na peça “Hoje a Banda Não Sai”, de Marcos Tavares.
No cinema, Cilaio participou nos filmes “Salário da Morte”, de Linduarte
Noronha e “Menino de Engenho”, de Valter Lima Jr.”.Também foi locutor,
diretor-artístico, discotecário, controlista, além de redator e anunciador na
Rádio Clube da Parahyba. Depois, na Rádio Tabajara, onde dirigiu e participou
de áudio-novelas e programas ao vivo.
Onde fica: Av. General Osório, s/nº - Centro - João Pessoa, Paraíba, Brasil
107
Atuou em mais de 60 peças, com destaque para “Os Novos Ricos”,
“Paraibanadas”, “Vovó Viu a Uva” e “No Tempo da Chrestomatia”.
Também atuou na televisão, participando de vários comerciais. Fez parte do
elenco do programa “Sábado de Graça”, um programa de humor adaptado para
a TV. A iniciativa foi um marco na televisão local.
Onde fica: Avenida Maria Rosa, 284 - Manaíra - João Pessoa, Paraíba, Brasil
108
Foi inaugurado em 1982, fazendo parte do complexo Espaço Cultural
José Lins do Rego. Tem capacidade para 1.000 pessoas. O seu sistema
acústico é composto por 56 placas acústicas móveis, o que faz com que a voz
dos atores seja escutada na perfeição em qualquer ponto das bancadas.
Apesar de ser conhecido apenas como Teatro de Arena, o seu verdadeiro
nome é Teatro de Arena Leonardo Nóbrega, em homenagem ao teatrólogo
paraibano que faleceu em 1997.
Leonardo Nóbrega foi um dos mais atuantes artistas do teatro paraibano,
tendo contribuído para o cenário teatral como ator, diretor e dramaturgo.
Onde fica: Rua Abdias Gomes de Almeida, 800 - Espaço Cultural José Lins do
Rêgo – Tambauzinho - João Pessoa, Paraíba, Brasil
109
Teatrais. A peça o projetou não só no país como foi traduzida e representada
em nove idiomas, além de ser adaptada com enorme sucesso para o cinema.
No dia 18 de outubro de 1970, lançou o Movimento Armorial, com o
concerto "Três Séculos de Música Nordestina: do Barroco ao Armorial", na
Igreja de São Pedro dos Clérigos e uma exposição de gravura, pintura e
escultura. O escritor também foi Secretário de Educação e Cultura do Recife de
1975 a 1978. Seu "Romance da Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai
e Volta" publicado originalmente em 1971 teve a primeira edição.
Onde fica: Teatro Ariano Suassuna - Praça da Independência, 150 – Tambiá
- João Pessoa, Paraíba, Brasil
Teatro Lampião
Teatro Piollin
110
O Centro Cultural Piollin tem a sua origem na Escola Piollin. O seu nome
(Piollin) é uma homenagem a Abelardo Pinto, um palhaço brasileiro,
mundialmente conhecido, que nasceu em 27 de março de 1887 em São Paulo,
e faleceu no dia 4 de setembro de 1973. É considerado um grande
representante do meio circense.
A Escola Piollin foi fundada em março de 1977, na cidade de João
Pessoa, capital do estado da Paraíba. Atua nas áreas de produção e difusão
cultural, através do intercâmbio entre grupos artísticos da cidade e de outras
regiões do país. O primeiro trabalho foi a peça “Os Pirralhos”. A primeira sede
foi nas salas desativadas do antigo Convento Santo Antônio, anexo à Igreja
São Francisco, uma construção do século XVIII, no centro histórico da cidade.
Atualmente está instalado em uma fazenda construída no século XIX, ao lado
do Zoológico de João Pessoa, conhecido como “Bica”. O Centro Cultural Piollin
é uma Organização Não Governamental (ONG), realizando oficinas de teatro,
cultura digital, arte da palavra, identidade e memória e de circo para crianças e
adolescentes carentes que moram em João Pessoa.
O Centro Cultural Piollin apresenta os seus trabalhos em vários espaços
físicos: a Casa Grande, onde acontecem reuniões, cursos, espetáculos de
teatro, música, exibição de filmes, seminários e festas; o Teatro, composto por
uma arena e um salão de ensaio; as Salas de Aula e uma lona de Circo.
Onde fica: Rua Sizenando Costa, s/nº - Roger - (ao lado do Zoológico de João
Pessoa, “Bica”) - João Pessoa, Paraíba, Brasil
CULTURA PARAIBANA
111
e criatividade popular, a cultura paraibana é fortalecida e preservada com o
passar dos anos.
As danças folclóricas mais expoentes no Estado são diversas, a
exemplo da nau-catarineta, do bumba-meu-boi, do xaxado, do coco-de-roda,
da ciranda, das quadrilhas juninas e do pastoril. Todas elas são cultivadas
pelos paraibanos durante todo o ano. Algumas, entretanto, ganham mais
notoriedade nos períodos carnavalescos e durante as festas juninas.
Boa parte dessas expressões culturais ganha vida a partir de
comunidades carentes, mas não se limita a elas. Até porque, no Estado, a
cultura local é trabalhada nas escolas e universidades, como forma de levar ao
conhecimento dos estudantes as expressões culturais paraibanas, provocando
neles o interesse pela preservação do folclore da terra.
Além do esforço para manter viva a tradição cultural do Estado, a
Paraíba faz história por também preparar novos artistas. Desde 1931, funciona
em João Pessoa a Escola de Música Anthenor Navarro, criada pelo então
interventor estadual (como era chamado o governador no período da
Revolução de 1930), Anthenor de França Navarro.
A escola é referência até os dias atuais, sendo uma das principais
formadoras de novos músicos para integrar orquestras ou, simplesmente, para
prepará-los para graduações em Música.
Teatro
Cultura
A responsável pelo setor cultural do estado da Paraíba é o Conselho
Estadual de Cultura, juntamente com a Secretaria Estadual de Cultura. O
conselho foi instituído pelo decreto estadual nº 32 408 de 14 de setembro de
2011, está vinculada ao gabinete do governador e tem por objetivo planejar e
executar a política cultural do estado por meio da elaboração de programas,
projetos e atividades que visem ao desenvolvimento cultural, além de defender
a conservação do patrimônio artístico, cultural e histórico da Paraíba.
112
A Paraíba também é terra de vários escritores, músicos e intelectuais, e
de várias outras personalidades, como os políticos Aurélio Lira (presidente
da Junta Militar de 1969),Epitácio Pessoa (presidente do Brasil entre 1919 e
1922 e o único brasileiro a ocupar a presidência dos três poderes da
república), Humberto Lucena (que foi por duas vezes presidente do Senado
Federal do Brasil) e João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (que foi candidato
na chapa de Getúlio Vargas à presidência da república em 1930,presidente do
estado da Paraíba entre 1928 a 1930, ano em que foi assassinado; atualmente,
a capital paraibana, João Pessoa, leva seu nome).
Outras personalidades famosas são André Vidal de
Negreiros (governador colonial português e herói da Insurreição Pernambucana
de 1645), Assis Chateaubriand (que foi empresário, jornalista, fundador
do Museu de Arte de São Paulo, membro da Academia Brasileira de
Letras e político), Cláudia Lira (atriz), Elpídio Josué de Almeida (historiador e
político), Fábio Gouveia (surfista), Inácio de Sousa Rolim (conhecido
como padre Rolim, foi educador, missionário e sacerdote), Ingrid
Kelly (modelo), João Câmara Filho (pintor), Piragibe(herói da conquista da
Paraíba), José Dumont (ator), Luiza Erundina (política filiada ao Partido
Socialista Brasileiro, prefeita de São Paulo entre 1989 e 1993 e atualmente
deputada federal pelo estado de São Paulo), Maílson da Nóbrega (ex-ministro
da Fazenda do Brasil), Manuel Arruda Câmara (religioso, médico e
intelectual), Marcélia Cartaxo(atriz), Vladimir Carvalho (cineasta), Walter
Carvalho (também cineasta e irmão de Vladimir Carvalho) e Wills Leal
(jornalista).
O artesanato é uma das formas mais espontâneas da expressão
cultural paraibana. Em várias partes da Paraíba é possível encontrar uma
produção artesanal diferenciada, criada de acordo com a cultura e o modo de
vida local e feita com matérias-primas regionais, como os bordados,
a cerâmica, o couro, o crochê, a fibra, o labirinto, a madeira, o macramê e
as rendas.
O estado também possui vários museus, dentre os quais destacam-se o
Museu da Rapadura (em Areia), Museu de Arte Assis Chateaubriand (está
localizado em Campina Grande e é o mais famoso da Paraíba; foi inicialmente
denominado Museu de Arte de Campina Grande em 1967, ano de sua
fundação, depois Museu Regional de Arte Pedro Américo e, desde a década de
1980, o museu possui seu nome atual), o Museu Histórico e
Geográfico (também em Campina Grande), o Museu da Fundação Ernani
Satyro (está situado em Patos e possui arquitetura do século XIX, sendo doada
posteriormente para a fundação Ernani Satyro e atualmente possui vários
objetos e utensílios da antiga residência de Ernani Satyro), e o Museu Sacro
(em João Pessoa).
113
O primeiro teatro construído na Paraíba foi o Minerva, localizado
em Areia, na segunda metade do século XIX (1859). Com o decorrer dos anos,
foram surgindo novos espaços teatrais que foram ganhando importância, como
o Teatro Santa Rosa, no Centro Histórico de João Pessoa, o mais importante
do estado. Em 2012, foi implantado o Teatro Facisa, em Campina Grande, o
mais recente do estado. Outros espaços teatrais do estado são o teatro Santa
Inês (em Alagoa Grande); teatro Santa Catarina (Cabedelo); teatro Íracles Pires
(Cajazeiras); Espaço Paulo Pontes e teatros Elba Ramalho, Rosil Cavalcanti e
Severino Cabral (Campina Grande); teatros de Arena, Ariano Suassuna, Cilaio
Ribeiro, Ednaldo Egypto, Lampião, Lima Penante, Paulo Pontes, Piollin e da
SESI, além do Cine Teatro Banguê (em João Pessoa); teatro Oficina de Artes
(em Santa Rita) e cine-teatro Gadelha (em Sousa).
A literatura paraibana tem dado grandes contribuições para o cenário
literário brasileiro, destacando-se Augusto dos Anjos, Ariano Suassuna, Assis
Chateaubriand, Celso Furtado, Pedro Américo, José Lins do Rego, José
Américo de Almeida, Félix Araújo, José Nêumanne Pinto, Lúcio Lins, Moacir
Japiassu, dentre muitos. Além dos escritores, também pode-se citar a literatura
de cordel, gênero literário geralmente expresso em folhetos expostos ou não
em barbantes, trazido pelos portugueses durante o período colonial; além da
Paraíba, esse tipo de produção também é típico dos seus vizinhos Ceará,
Pernambuco e Rio Grande do Norte.
A música paraibana varia em vários ritmos,
como baião, ciranda, forró e xote, e destes são influenciados vários grupos
musicais e artistas. Algumas das personalidades musicais nascidas na Paraíba
são Abdon Felinto Milanês, Barros de Alencar, Chico César, Elba
Ramalho, Flávio José, Geraldo Vandré, Herbert Vianna, Jackson do
Pandeiro, Renata Arruda, Roberta Miranda e Zé Ramalho. AOrquestra
Sinfônica da Paraíba foi criada pelo professor Afonso Pereira da Silva em 4 de
novembro de 1945 por meio de uma iniciativa da Sociedade de Cultura Musical
da Paraíba e, posteriormente, por meio de uma parceira entre a Universidade
Federal da Paraíba e o governo estadual.
Entre as danças mais praticadas pelo povo paraibano, encontram-
se: bumba-meu-boi, coco-de-roda, ciranda, nau-catarineta, pastoril e xaxado,
muito populares durante todo o ano, sendo algumas principalmente durante
o carnaval e o mês de junho, durante o período das festas juninas.
DANCAS FOLCLÓRICAS
114
pelos paraibanos durante todo o ano. Algumas, entretanto, ganham mais
notoriedade nos períodos carnavalescos e durante as festas juninas.
Nau Catarineta
115
Dentre as diversas formas de expressão artístico-culturais do povo
Cabedelense, a Nau Catarineta é considerada a mais tradicional entre as
manifestações que vêm resistindo ao tempo. Algumas outras definições são
encontradas para tal em outras regiões do Brasil: Cheganças, Fandango, Barca
e, Marujada.
As apresentações não têm datas certas, mas geralmente estão ligadas
ao ciclo junino, assim como a todas as datas do calendário religioso, além do
dia do Folclore, dia da Cultura, dia de Santa Catarina, dia do Marinheiro,
aniversário da cidade, etc.
A indumentária segue a tradição antiga da Barca que utilizava as cores e
os modelos oficiais de Marinha Brasileira, com diferença nas insígnias para
todos os personagens. O personagem D. João VI usa um chapéu de ponta à
moda dos cavalheiros seiscentistas e tem maior riqueza de adereços na
indumentária. Os instrumentos musicais são constituídos de dois violões, um
cavaquinho, um teclado fazendo som de bandolim e banjo, um surdo, um
atabaque, além dos instrumentos de percussão: afoxé, ganzá, triângulo, guizos
e queixada.
Existem três versões sobre o surgimento da Nau Catarineta em
Cabedelo, não havendo unanimidade em relação à verdadeira. São elas:
A primeira diz que a manifestação popular chegou a Cabedelo em 1910
trazido por um português aposentado conhecido como Sr. Raimundo
Gertrudes. Ele teria organizado a primeira Barca de Cabedelo, depois este
grupo se dividiu e formou-se outro liderado por João de Tonha.
A segunda versão afirma que o primeiro grupo a se apresentar na cidade
chegou em 1910, por via férrea, conduzido e dirigido por Basílio Costa,
funcionário da Gret Westren, empresa concessionária inglesa.
A terceira versão relata que foi por iniciativa de um estivador chamado
João de Tonha e que o auto era denominado “Nau Catita”.
116
Fundado em 1974.
117
A origem dessa dança vem desde a época da escravidão quando em
certas ocasiões os escravos faziam suas festas, então eles formavam grupos e
quebravam cocos para serem utilizados durante as danças, por isso chamavam
essas danças de coco de roda.
Dança típica das regiões praieiras é conhecida em todo o
Norte e Nordeste do Brasil. Alguns pesquisadores, no entanto, afirmam que ela
nasceu nos engenhos, vindo depois para o litoral. A maioria dos folcloristas
concorda, no entanto, que o coco teve origem no canto dos tiradores de coco, e
que só depois se transformou em ritmo dançado. Há controvérsias, também,
sobre qual o estado nordestino onde teria surgido, ficando Alagoas, Paraíba e
Pernambuco como os prováveis donos do folguedo. O coco, de maneira geral,
apresenta uma coreografia básica: os participantes formam filas ou rodas onde
executam o sapateado característico, respondem o coco, trocam umbigadas
entre si e com os pares vizinhos e batem palmas marcando o ritmo. É comum
também a presença do mestre"cantadô" que puxa os cantos já conhecidos dos
participantes ou de improviso. Pode ser dançado com ou sem calçados e não é
preciso vestuário próprio. A dança tem influências dos bailados indígenas dos
Tupis e também dos negros, nos batuques africanos. Apresenta, a exemplo de
outras danças tipicamente brasileiras, uma grande variedade de formas, sendo
as mais conhecidas o coco-de-amarração, coco-de-embolada,
balamento epagode.
Os instrumentos mais utilizados no coco são os de percussão: ganzá,
bombos, zabumbas, caracaxás, pandeiros e cuícas. Para se formar uma roda
de coco, no entanto, não é necessário todos estes instrumentos, bastando às
vezes as palmas ritmadas dos seus participantes. O coco é um folguedo
do ciclo junino, porém é dançado também em outras épocas do ano. Com o
aparecimento do baião, o coco sofreu algumas alterações.
Hoje os dançadores não trocam umbigadas, dançam um sapateado forte
como se estivessem pisoteando o solo ou em uma aposta de resistência. O
ritmo contagiante do coco influenciou muitos compositores populares
como Chico Science e Alceu Valença, e até bandas de rock pernambucanas.
Além de Cabedelo existem várias outras regiões onde há esse tipo de
dança com passos e gingados muitos diferentes dos que eram dançados no
início e dos que são dançados aqui em nossa cidade.
Boi Formoso
118
Fundado em 22 de agosto de 1996.
PASTORIL X LAPINHA
119
O Auto do Pastoril e o Auto da Lapinha tem a mesma origem e sempre
foram encenados por jovens e meninas que, paramentadas de pastoras,
celebram o nascimento do menino Deus. Com o passar dos anos o pastoril foi
se adaptando às características culturais de cada cidade ou lugarejo onde era
encenado e assumiu um caráter mais profano. Os que continuaram se
apresentando nas igrejas, escolas e outras instituições, permaneceram com
esse caráter de dança sagrada. A coregrafia, e alguns personagens continuam
iguais nas duas encenações. Mas enquanto a Lapinha é composta por crianças
e meninas moças com vestes comportadas e uma única presença masculina
que é a do pastor, o Pastoril vem com um figurino mais ousado, com saias
acima do joelho e um palhaço que faz gestos maliciosos com sua bengala,
canta e faz loas com segundas intenções.
Luis da Câmara Cascudo assim define o Pastoril: são cantos ou
louvações que, em outras épocas, eram entoados, diante do presépio,
nas noites de Natal, e mais especialmente na véspera, para aguardar a
celebração da Missa do Galo. Representavam a visita dos pastores ao estábulo
de Belém, com ofertas, louvores e pedidos de benção,
A ORIGEM DO PASTORIL
120
Fernão Cardim, o jesuíta, fala de um documento que comprova a
representação do pastoril no dia de Reis de 1584. É curioso observar que nos
séculos XVII e XVIII, os pesquisadores não encontram referências importantes
sobre o pastoril na Colônia, mas já no século XIX, concordam que houve
abundância dos bailes pastoris no Nordeste, notadamente nos estados de
Pernambuco e Bahia.
O Pastoril teve seu grande momento nos primeiros vinte e cinco anos do
século XX, sendo representado por iniciativa de leigos, mas sem perder sua
ligação com festas religiosas, principalmente do Ciclo Natalino.
121
A DIANA - A MESTRA DO CORDÃO ENCARNADO E
A CONTRA MESTRA DO CORDÃO AZUL
O VELHO
122
que as pastoras vão encontrando no caminho até Belém. Algumas para ajudá-
las e outras, para atrapalhar a marcha. As Ciganas – símbolo do mistério e da
fatalidade correspondem às antíteses do mal e do bem. A Borboleta é o
personagem mais puro e mais belo. Representa a própria natureza. Também
desfilam o Anjo, a Estrela do Norte, o Cruzeiro do Sul, além de outras figuras
que aparecem por influência do local, da região.
QUEIMA DE LAPINHA
123
pra sair com o maracatu pelo Carnaval”, diz Ubiracy Ferreira, do Pastoril Sol
Nascente (PESSOA, 2011, p. 89).
Câmara Cascudo em seu texto, Presépios e pastoris, de 1943, relata o
pitoresco das representações e as figuras ligadas à época em que essas
tradições folclóricas tiveram em Pernambuco o seu apogeu. Dedica parte
desse seu trabalho à queima de lapinha, e assim a descreve: “Essa cerimônia
[...] tem como base um cortejo, a cuja frente um grupo de moças conduz as
palhas de coqueiros que servirão para formar o nicho onde esteve armada,
durante o período de Natal, a cena do nascimento de Jesus. Seguem-se duas
filas prolongadas de meninas e meninos, conduzindo balões multicores,
fechando o séquito uma orquestra de instrumentos de sopro, que toca a
seguinte melodia, enquanto a multidão canta:
A nossa Lapinha
Já vai se queimar... Bis
E nós , Pastorinhas,
Devemos chorar
Queimemos, queimemos
A nossa Lapinha
De cravos e rosas, Bis
De belas florinhas
Queimemos, queimemos
Gentis Pastorinhas Bis
As sêcas palhinhas
Da nossa Lapinha”.
“A nossa Lapinha
Já está se queimando... Bis
E o nosso brinquedo
Está se acabando.
As nossas palhinhas
Já estão se acabando... Bis
E nós, Pastorinhas,
Nós vamos chorando”.
124
partida, cantando:
“A nossa Lapinha
Já se queimou.... Bis
E o nosso brinquedo
Já se acabou.
Adeus, Pastorinhas!
Adeus que eu me vou... Bis
Até para o ano
Se eu viva fôr!”
LENDAS DA PARAÍBA
125
Patrimônio histórico e cultural da Paraíba
126
em local por ele escolhido. A construção da obra contou com a ajuda de 110
soldados espanhóis da Cavalaria de Olinda, bem como mais de 700 índios e
100 negros de expedição por terra. O forte localiza-se à margem direita do Rio
Paraíba, que desemboca no estuário de cabedelo e começou a chamar-se
Forte São Felipe em homenagem ao soberano espanhol Felipe II. Mais tarde o
forte passou a chamar-se Cabedelo, expressão que significa "Pequeno Cabo".
Mais tarde o forte passou a chamar-se Santa Catarina em homenagem à
duquesa portuguesa Dona Catarina de Bragança, fato que coincidiu com a
Capela da Fortaleza, que era dedicada à Santa Catarina de Alexandria.
Quando o capitão deixou Cabedelo, a fortaleza foi destruída pelos indígenas,
sendo reconstruída no início do século XVII.
Resistiu aos ataques holandeses até 1634, quando por fim estes tiveram
vitória. Em 1637, o Conde Maurício de Nassau, a rebatizou com o nome de
Forte Margarida, sofrendo reformas comprovadas pela presença de tiljolos
holandeses. Com a restauração do domínio português em 1654, a fortaleza
recuperou seu antigo nome de Santa Cantarina, pois a capelinha em seu
interior era dedicada a essa santa com sua bela imagem barroca. Era
conhecida também por Fortaleza do Cabedelo ou Forte do Matos( em
homenagem ao seu segundo comandante João de Matos Cardoso). Em 1698
passou por nova remodelação, que lhe deu sua forma atual. As pedras de
cantaria vieram de Lisboa como lastro de navio, e o projeto do Sargento-mor
Pedro Correia Rebello, com alterações do engenheiro Luis Francisco Pimentel.
Em 1703, D. Pedro II de Portugal mandou fazer reparos, e quando sua irmã
Dona Catarina assumiu a regência do trono, mandou fazer obras para melhor
aparelhar a fortaleza. Entre 1729 e 1734 foi coberto o corpo da guarda e feita a
abóbada do portão. Em 1817 caiu em mãos dos revolucionários republicanos.
Passou por um longo período de abandono, até ficar em ruínas. Foi restaurada
pelo IPHAN, entre 1974 e 1978, de acordo com a planta do século XVIII. "
Possui formato irregular, com 2 bastiões e 4 pontas. Tem fosso com entrada
pelo mar, dotado de contramuralha até a ponte. A entrada se faz através de
portada em arco pleno e colunas de pedra regulares, encimada por brasão".
Padroeira da Cidade
127
foi chamada de Nossa Senhora das Neves, devido ao fenômeno
climático. O templo ainda é conhecido pelo nome de SantaMaria Maior, já que
é a mais importante das igrejas de Roma dedicadas à Maria.
Apesar de ser mais louvada pelos italianos, os portugueses por
serem católicos fervorosos deram o nome à capital da Província da Paraíba.
Os índios da Paraíba
1 – Populações indígenas
2 – Os Cariris
128
Janduis, Bultrins e Carnoiós.Destes, os Tapuias Pegas ficaram conhecidos
nas lutas contra os bandeirantes.
3 – Os Tupis
129
Ainda hoje, encontram-se tribos indígenas potiguaras localizadas na Baía
da Traição, mas apenas em uma aldeia a São Francisco, onde não há
miscigenados, pois a tribo não aceita a presença de caboclos, termo que eles
utilizavam para com as pessoas que não pertencem a tribo.
Igrejas na Paraíba
1 – Os Jesuítas
2 – Os Franciscanos
130
Atendendo a Frutuoso Barbosa, chegaram os padres franciscanos, com
o objetivo de catequizar os índios. O Frei Antônio do Campo Maior chegou com
o objetivo de fundar o primeiro convento da capitania. Seu trabalho se
concentrou em várias aldeias, o que o tornou importante. No governo de
Feliciano Coelho, começaram alguns desentendimentos, pois os franciscanos,
assim como os jesuítas, não escravizavam os índios. Ocorreu que depois de
certos desentendimentos entre os franciscanos, Feliciano e o governador geral;
Feliciano acabou se acomodando junto aos frades. A igreja e o convento dos
franciscanos foram construídos em um sítio muito grande, onde atualmente se
encontra a praça São Francisco.
3 – Os Beneditinos
131
cedo, as famílias da classe dominante adquiriram o costume de converter um
dos filhos em padre.
Duarte Coelho Pereira fundou uma nova Lusitânia, composta apenas por
nobres. Alguns nobres de Pernambuco se refugiaram para a Paraíba, antes
que ocorresse alguma invasão holandesa. Ao chegarem, fizeram seus
engenhos, onde viviam com muito luxo, desfrutando de tudo. Ocorre que nem
toda a população vivia tão bem como a nobreza, uma vez que haviam
mulheres e moças analfabetas, que só faziam os afazeres domésticos Havia
também outras classes sociais, compostas por comerciantes e aventureiros,
que enriqueciam rapidamente, faziam parte da burguesia, querendo chegar a
fazer parte da nobreza. Os integrantes da máquina administrativa constituíam
outra classe. Eles eram considerados os homens bons, viviam uniformizados.
O fator mais importante para a sociedade foi a Igreja, devido à sua maneira de
catequizar o povo.
132