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ATUAÇÃO
MULTIPROFISSIONAL EM
SAÚDE

1
Atuação Multiprofissional em Saúde
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NALESSO, Rosana Pazim, 2021.


Atuação multiprofissional em saúde. Local: Editora (Faculdade Estratego)
38 páginas.

Palavras chaves: 1. Intersetorialidade Palavra chave 2. Interdisciplinaridade


Palavra Chave 3. multiprofissionalidade Palavra chave 4. Integralidade 5. Pro-
moção da saúde

1
Atuação Multiprofissional em Saúde
*
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................4
1.INTERSETORIALIDADE.............................................................................................................................5
1.1 INTEGRALIDADE X INTERSETORIALIDADE EM SAÚDE.......................................7
1.2 INTERSETORIALIDADE X INTERDISCIPLINARIDADE ..........................................7

s
1.3 INTERSETORIALIDADE NA GESTÃO DO SUS..............................................................8
2. PROMOÇÃO DA SAÚDE .......................................................................................................................13
2.1 PREVENÇÃO, PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE.........................................15
2.2 ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE............17
2.3 PROMOÇÃO DA SAÚDE E EQUIPE MULTIPROFISSIONAL..............................17
2.3 PROMOÇÃO DA SAÚDE E EQUIPE MULTIPROFISSIONAL..............................17
2.4 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE.............................................18
3. INTEGRALIDADE E FORMAÇÃO CONTINUADA, ENQUANTO CATEGORIAS
ESSENCIAIS À EFETIVAÇÃO DO DIREITO À SAÚDE EM SENTIDO AMPLIADO.....20
3.1 DIREITO À SAÚDE X INTEGRALIDADE X MULTIPROFISSIONALIDADE.....20
3.2 FORMAÇÃO CONTINUADA..................................................................................................21
3.3 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM
SAÚDE (EPS)..........................................................................................................................................24
4. REDIRECIONAMENTO DO TRABALHO EM EQUIPE DE SAÚDE NA
PERSPECTIVA DE EFETIVAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE (SUS)..............................................................................................................................................27
4.1 PRINCÍPIOS DO SUS...................................................................................................................27
4.2 MODELOS ASSISTENCIAIS....................................................................................................28
4.3 MODELOS ASSISTENCIAIS X ESF......................................................................................29
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................34

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INTRODUÇÃO

A intersetorialidade em saúde é um conceito que estabelece um


novo paradigma, que não o de um modelo fragmentado e dividido, onde a
multiprofissionalidade fragmenta os saberes tomando para sí o processo decisório
frente às complexas situações de saúde. Se opõe à visão mecanicista da saúde,
onde por muitas décadas preponderou a prática de modelo de hegemônico
médico, voltada a práticas curativas e não preventivas.
Você já refletiu sobre a prática da prática da promoção da saúde, sem que
haja a prática da intersetorialidade? Nesta abordagem serão relevados alguns
princípios que regem as políticas públicas em saúde ordenadas pelo Sistema
Único de Saúde. Para que haja a promoção da Saúde, os modelos assistenciais
devem rumar com a multiprofissionalidade atuando interdisciplinarmente,
intersetorialmente e integralmente.
O princípio da integralidade regido pelo SUS, é quem garante ao cidadão
brasileiro a assistência à saúde plena, em todos os níveis de complexidade, desde
a atenção primária, secundária a terciária. Estes níveis de atenção, presentes
nas políticas públicas de saúde, distribuídos nas Redes de atenção à Saúde,
contemplam a saúde na integralidade, abrangendo desde a promoção da saúde à
prevenção de doenças, ao diagnóstico precoce e pronto atendimento; limitação
da invalidez e a reabilitação.
Dentro deste contexto, ações de educação em saúde devem ser colocadas
em prática. Uma equipe multiprofissional, para que some saberes e pratique
um modelo assistencial rumo à integralidade, necessita estar frequentemente
atualizada, visto as mudanças técnico-científicas ocorrem constantemente. Estes
profissionais necessitam, dentro de cada uma de suas áreas do saber, exercer
uma formação continuada e uma educação permanente, e isto se repercutirá
em qualidade na assistência à saúde, garantindo o direito à saúde em sentido
ampliado.
Bons estudos!

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1.INTERSETORIALIDADE

Olá. Caro aluno! Vamos iniciar nossos estudos conceituando a


intersetorialidade, e nesta abordagem, tratar desta temática dentro do contexto
da saúde . Exercer a intersetorialidade representa praticar um movimento que
supere a ótica das ações fragmentadas, portanto , uma estratégia de produção
crescente de articulações entre distintos segmentos, tanto no âmbito interno
como externo.
A atualidade caracteriza-se pela centralidade do indivíduo, que acredita no
poder incondicional da ciência, que, no que lhe concerne , designa o método
científico como condição imprescindível para o entendimento e a ação a respeito
da realidade. O raciocínio é o de tudo delimitar para que se compreenda melhor.
Este entendimento é quem vai elaborar ao longo do tempo várias multiplicações
reduzidas sobre a ideia de mundo e sobre a maneira do homem lidar consigo
mesmo, com os outros homens e com a natureza. (DIAS et al., 2014).
Pode nos parecer difícil compreender esta ideia, mas ela nos remete ao conceito
do saber fragmentado , onde surgiram as especializações e a divisão entre as muitas
áreas do saber e da vida. Resultado disto é um mundo departamentalizado, onde
proporções da vida humana são consideradas separadamente. Esta concepção
serve para vários campos, como a saúde, a educação, economia, das artes, do
trabalho, onde cada elemento está segmentado, adquirindo assim vida própria ,
como se esta condição fosse aceitável.
O exercício da intersetorialidade vai na contramão desta departamentalização,
denotando um movimento de superação desta visão e das práticas fragmentadas,
sendo, ainda, uma estratégia de produção crescente de articulações entre
diferentes segmentos, conforme projeta a figura 1, tanto no plano interno quanto
no externo.Vejam a figura 1...ela ilustra os vários setores envolvidos no auxílio
governamental “Bolsa Família”. Percebam que há um cruzamento de distintos
saberes e práticas, com foco na integralidade e equidade , bem como a valorização
do social e da subjetividade, estimulando à convivência e a criação de vínculos
entre população e os profissionais de saúde, entre outros princípios.

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A INTERSETORIALIDADE

BOLSA FAMÍLIA

SAÚDE EDUCAÇÃO

BOLSA FAMÍLIA

EMPREGO
AÇÃO SOCIAL
E RENDA

PARCEIROS

Figura 1: Representação de intersetorialidade


Fonte: http://antigo.rioeduca.net

Na área da saúde, esta visão se traduz pelo reconhecimento de como a


realidade sanitária é complexa, e que ações isoladas e descontextualizadas não
produzirão resultados esperados sob a ótica de transformação das condições de
saúde populacional . A intersetorialidade é um conceito que estabelece um novo
paradigma, que não o do modelo fragmentado e dividido que caracterizou e ainda
caracteriza as ações em saúde. Vai contra a visão mecanicista da saúde, onde por
muitas décadas preponderou e ainda há resquícios desta prática de modelo de
hegemonia médica, voltada a práticas curativas e não preventivas, tendo o médico
como autoridade. Onde está, neste modelo hegemônico, a intersetorialização?
O ato médico (Projeto de Lei do Senado (PLS) 268/2002 e ao Projeto de
Lei (PL) 7703/2006) foi um movimento proporcionado pela classe médica na
tentativa de estabelecer, por força de lei, sua forma de fazer em saúde. “Onde a
força é usada, a autoridade em si mesmo fracassou”, afirma, categoricamente,
Arendt (2001, p.129). Era uma clara constatação de que a autoridade médica, ora
estruturada ao longo dos séculos, se encontrava dilacerada. Era uma tentativa
da classe médica em continuar-se como uma referência de atenção à saúde, ou
seja, o domínio médico é transformado em autoritarismo. Daí refletirmos sobre o
quanto esta autoridade médica priva a saúde em contemplar outras ciências, ou
seja, outros saberes. (MELO; BRANT, 2005).
A intersetorialidade é uma maneira de articular vários setores sociais para
solucionarem questões complexas , articulando saberes e experiências no
planejamento, realização e avaliação de ações para alçar um efeito coesivo em
circunstâncias complexas, objetivando o desenvolvimento social para superar a
exclusão social. (SANTOS; KIND, 2020).
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1.1 INTEGRALIDADE X INTERSETORIALIDADE EM SAÚDE


Passamos agora a uma abordagem sobre a intersetorialização e a
integralidade. Para que possamos compreender esta relação, vamos falar sobre
um dos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS), a integralidade.
A integralidade está presente nas práticas na área da saúde, estando
relacionado à condição integral, e não parcial, de entendimento do ser humano. A
integralidade é uma atitude, uma prática que almeja superar a visão fragmentada
do indivíduo. Em outras palavras, o sistema de saúde necessita de profissionais
que estejam preparados para a escuta ao usuário, compreendê-lo em sua
inserção no contexto social e, partindo desta premissa, atender às necessidades
destes indivíduos. Esta integralidade preconiza a assistência respeitosa, digna,
com qualidade e acolhimento. O atendimento integral, portanto, deverá fornecer
ao usuário atividades preventivas, assistência curativa e reabilitacional, nos vários
níveis de complexidade. (PINHEIRO, [s/d].
Este princípio nos remete a refletir sobre uma dimensão abrangente e
extensiva de saúde , onde se faz necessário ultrapassar o paradigma tradicional da
hegemonia mecanicista para o paradigma sistêmico. Isto demanda em adotar-se
uma nova perspectiva de trabalhar, enfrentando os problemas que ocorrem, entre
outros, adotando o princípio da intersetorialidade , traduzido pelo trabalhar junto,
abrangendo os distintos segmentos no enfrentamento das questões de saúde.
A integralidade está projetada para fornecer respostas a um certo problema de
saúde, ou aos vários problemas de saúde que recaem em determinado grupo
populacional. (DIAS et al., 2011; SANTOS; KIND, 2020).
Quando um profissional da área da saúde adota a integralidade em suas
ações, em programas de assistência e nas políticas governamentais , deve estar
pautado em integrar serviços que vão além da saúde, de maneira a assegurar o
cuidado do indivíduo com ações intersetoriais que englobam não apenas ações
de cuidados , mas também ações como intervenções sociais, econômicas e
políticas . (SANTOS; KIND, 2020).
Mendes e Akerman (2009, p. 91) citam que a intersetorialidade é caracterizada
como: “é a possibilidade de síntese, dada pela intersubjetividade e pelo diálogo”
. Taí um enorme desafio para a saúde , a construção de um projeto comum
com indivíduos e organizações sociais que se articulem, ultrapassando a ótica
reducionista do mundo e levando em conta a realidade local através de ações
interdisciplinares, onde governos priorizem políticas e programas que articulem
saberes contra modos hegemônicos que vão na contramão do autoritarismo
hierarquizado.

1.2 INTERSETORIALIDADE X INTERDISCIPLINARIDADE


Westphal e Mendes, em 2000 , já discursavam sobre a relação entre a
intersetorialidade e a interdisciplinaridade, ressaltando que esta pauta permeia
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mais na teoria do que na prática, ocorrendo muita dificuldade na mudança


dos modelos de gestão. Mas como justificam esta afirmação? Embora os dois
princípios pertençam a gestão pública em saúde e devam ir de encontro aos
princípios do SUS, a lógica desta parceria implica na ideia de “conflito”. Este
conflito ocorreria pela existência de uma infinidade de condições estruturais
entre intersetorialidade e interdisciplinaridade, envolvendo recursos financeiros,
dados ou poder.
Todavia, a intersetorialidade é um processo complexo, implicando no
enfrentamento de “contradições, restrições e resistências”, e estas são as barreiras
para a sua prática frente aos serviços de saúde. (WESTPHAL;MENDES,2000) .
A dificuldade na prática da intersetorialidade pode residir no fato de articular
indivíduos de setores diferentes, com distintos saberes e poderes, com o objetivo
do enfrentamento de problemas complexos. Quando nos remetemos ao campo
da saúde, podemos entendê-la como uma maneira articulada de trabalho, com
a pretensão de superar o conhecimento fragmentado para produzir efeitos mais
relevantes na saúde populacional. Intersetorialidade não é um mero conceito, mas
sim uma prática social que vem sendo projetada partindo da consternação com
as respostas do setor saúde frente às questões complexas do mundo moderno .
(WESTPHAL; MENDES, 2000 WARSCHAUER ; CARVALHO, 2014).
Como então colocar em prática a intersetorialidade e a interdisciplinaridade?
Deverá haver o empenho de um profissional comprometido, que ultrapassa seu
individualismo, ampliando assim sua ótica para o coletivo, sua responsabilidade
para com o território adstrito, indo muito além. O planejamento junto aos
envolvidos no processo, onde houvesse um consenso, para alcançar os objetivos.
Isto sim é intersetorialidade! Este profissional necessita reconhecer o papel do
outro e o seu, até onde ele pode estar inserido no espaço do outro bem como ele
no seu . Aí sim não haveria conflitos e nem o egocentrismo dele estar em seu espaço
olhando e resolvendo apenas os seus problemas. Isto sim é interdisciplinaridade!
Palavras chave como o diálogo, consensos, planejamento, avaliação em
conjunto irão dirimir quaisquer conflitos que possam surgir. A formação de
conselhos locais para que estes planejamentos ocorram podem ser estratégicas,
visto as articulações poder ser feitas dentro deste contexto. Há a necessidade de
ouvir as demandas da comunidade e esta é a grande necessidade do diálogo.

1.3 INTERSETORIALIDADE NA GESTÃO DO SUS


A intersetorialidade é um dos principais desafios para que o SUS resolva as
questões de saúde na atualidade! Para o enfrentamento das determinantes do
processo saúde-doença e o investimento na promoção da saúde, é imprescindível
que se ouse procurar projetos intersetoriais que acarretem em ações mais
resolutivas para a sociedade.
Porém, a cultura da administrativa e gestora pública atual brasileira torna
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difícil e inibitória a implantação de iniciativas dessa dimensão. Mesmo assim, há


gestores que alcançam resultados satisfatórios com o investimento em políticas
intersetoriais.
Vamos agora falar sobre a importância da intersetorialidade, no programa
Programa Saúde da Família, atualmente denominado Estratégia Saúde da Família
(ESF). Esta foi uma estratégia elaborada pelo governo federal , objetivando a
reorientação do modelo assistencial em saúde, anteriormente hegemônico,
voltado à cura, conforme relatamos anteriormente . A ESF privilegia ações de
promoção, proteção e recuperação da saúde, objetivando o sujeito e sua família
no contexto comunitário. Portanto, a intersetorialidade torna-se indispensável
dentro desta política , levando-se em consideração que a saúde não se faz
isoladamente.
Para que ações de promoção da saúde e prevenção de doenças se
desenvolvam, várias outras secretarias são perpassadas, bem como outros
setores e espaços, outros setores, onde determinantes sociais do processo saúde
-doença devam ser levados em consideração, bem como os determinantes sociais
do processo saúde-doença. A intersetorialidade convida as políticas públicas, os
setores, as pessoas a irem além daquilo que imaginam poder contribuir para a
saúde integral da população. (DIAS et al., 2014).
Dessa maneira, a intersetorialidade apresenta como características ter “uma
relação reconhecida entre uma ou várias partes do setor de saúde com uma
ou várias partes de outro setor que se tenha formado para atuar em um tema” (
SILVA; RODRIGUES, 2010, p. 763) , com vistas a alcançar maior resolução do que
alcançaria a atuação solitária de qualquer um dos setores.
As diretrizes que regem o modelo da ESF caminham rumo à integralidade
e equidade, à coordenação e continuidade relacionadas ao cuidado das famílias
e aos indivíduos sob sua responsabilidade. O trabalho das equipes deve estar
focado nas necessidades da comunidade, buscando melhorar a assistência
prestada à população.
A intersetorialidade na ESF se consuma nas redes de apoio. A proposta das
Redes de Atenção à Saúde (RAS), ilustrada na figura 2, representa oportunidades
para a prática e reflexão dessa nova visão para onde deve se dirigir o SUS.
A RAS apresentam-se como ordenações organizativas de ações e serviços de
saúde, com distintas densidades tecnológicas, que se integram através de sistemas
de apoio técnico, logístico e de gestão, buscando assegurar a integralidade do
cuidado.
Tem como proposta lidar com projetos e processos complexos de gestão e
atenção à saúde, onde há interação de diferentes agentes e onde se manifesta
uma crescente demanda por ampliação do acesso aos serviços públicos de saúde
e por participação da sociedade civil organizada.(GOV.BR, 2019).

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São estruturadas para solucionar as condições específicas de saúde, através


de um ciclo completo de ações assistenciais, que implicam na continuidade e na
integralidade da atenção à saúde nos distintos níveis de atenção à saúde: Atenção
Primária, Secundária e Terciária. Percebam que, por meio das RAS, o SUS atende
às demandas dos problemas de saúde populacionais, onde a intersetorialização
se faz presente nas diversas políticas de saúde pública.
A intersetorialidade é um dos principais desafios para que o SUS resolva as
questões de saúde na atualidade! Para o enfrentamento das determinantes do
processo saúde-doença e o investimento na promoção da saúde, é imprescindível
que se ouse procurar projetos intersetoriais que acarretem em ações mais
resolutivas para a sociedade.
Porém, a cultura da administrativa e gestora pública atual brasileira torna
difícil e inibitória a implantação de iniciativas dessa dimensão. Mesmo assim, há
gestores que alcançam resultados satisfatórios com o investimento em políticas
intersetoriais.
Vamos agora falar sobre a importância da intersetorialidade, no programa
Programa Saúde da Família, atualmente denominado Estratégia Saúde da Família
(ESF). Esta foi uma estratégia elaborada pelo governo federal , objetivando a
reorientação do modelo assistencial em saúde, anteriormente hegemônico,
voltado à cura, conforme relatamos anteriormente . A ESF privilegia ações de
promoção, proteção e recuperação da saúde, objetivando o sujeito e sua família
no contexto comunitário. Portanto, a intersetorialidade torna-se indispensável
dentro desta política , levando-se em consideração que a saúde não se faz
isoladamente.
Para que ações de promoção da saúde e prevenção de doenças se
desenvolvam, várias outras secretarias são perpassadas, bem como outros
setores e espaços, outros setores, onde determinantes sociais do processo saúde
-doença devam ser levados em consideração, bem como os determinantes sociais
do processo saúde-doença. A intersetorialidade convida as políticas públicas, os
setores, as pessoas a irem além daquilo que imaginam poder contribuir para a
saúde integral da população. (DIAS et al., 2014).
Dessa maneira, a intersetorialidade apresenta como características ter “uma
relação reconhecida entre uma ou várias partes do setor de saúde com uma
ou várias partes de outro setor que se tenha formado para atuar em um tema” (
SILVA; RODRIGUES, 2010, p. 763) , com vistas a alcançar maior resolução do que
alcançaria a atuação solitária de qualquer um dos setores.
As diretrizes que regem o modelo da ESF caminham rumo à integralidade
e equidade, à coordenação e continuidade relacionadas ao cuidado das famílias
e aos indivíduos sob sua responsabilidade. O trabalho das equipes deve estar
focado nas necessidades da comunidade, buscando melhorar a assistência
prestada à população.
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A intersetorialidade na ESF se consuma nas redes de apoio. A proposta das


Redes de Atenção à Saúde (RAS), ilustrada na figura 2, representa oportunidades
para a prática e reflexão dessa nova visão para onde deve se dirigir o SUS.
A RAS apresentam-se como ordenações organizativas de ações e serviços de
saúde, com distintas densidades tecnológicas, que se integram através de sistemas
de apoio técnico, logístico e de gestão, buscando assegurar a integralidade do
cuidado.
Tem como proposta lidar com projetos e processos complexos de gestão e
atenção à saúde, onde há interação de diferentes agentes e onde se manifesta
uma crescente demanda por ampliação do acesso aos serviços públicos de saúde
e por participação da sociedade civil organizada.(GOV.BR, 2019).
São estruturadas para solucionar as condições específicas de saúde, através
de um ciclo completo de assistências, que implicam na continuidade e na
integralidade da atenção à saúde nos distintos níveis de atenção à saúde: Atenção
Primária, Secundária e Terciária. Percebam que, por meio das RAS, o SUS atende
às demandas dos problemas de saúde populacionais, onde a intersetorialização
se faz presente nas diversas políticas de saúde pública.

Hospital
regional

Sistema de Farmácia de
informação alto custo

Unidade Saúde
da Família

Farmácia Hospital de
básica referência

Figura 2: Intersetorialidade e Saúde Coletiva


Fonte: http://repocursos.unasus.ufma.br

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A figura 2 expressa os diferentes setores que podem atender às demandas


de uma Unidade de Saúde da família, indo desde o setor de informática, o qual
oferece informações para a tomada de decisões frente aos problemas de saúde,
como os atendimentos de alta complexidade realizados pelos hospitais e o
fornecimento de medicamentos.
Como exemplo de intersetorialidade e interdisciplinaridade das RAS
podemos citar a Rede de atenção à Saúde Materna e Infantil-Rede Cegonha
, que objetiva assegurar o fluxo adequado para a assistência ao planejamento
sexual e reprodutivo, pré-natal, parto e nascimento, puerpério e primeira infância
, objetivando qualificar as ações e enfrentar a mortalidade materna, infantil e fetal.
Observem com quantos setores ela está vinculada! Está vinculada ao programa
federal nomeado Rede Cegonha, ao programa estadual Primeira Infância Melhor
(PIM) e a outros financiamentos estaduais como: Ambulatório de Gestante de
Alto Risco (AGAR), Ambulatório de Egressos de UTI neonatal, incentivo estadual
para atendimento de alto risco e casa da gestante, entre outros. (GOV.BR, 2019).

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2. PROMOÇÃO DA SAÚDE
Prezado aluno...vamos agora voltar nossos estudos para a promoção da saúde,
conceituando-a e nos remetendo a sua origem. Este termo surgiu, pela primeira
vez, por intermédio do médico Henry Sigerist (1946), o qual a reordenou entre
quatro as funções da Medicina, sendo estas : promoção da saúde, prevenção de
doenças, recuperação dos enfermos e reabilitação. (SOLHA, 2014; PELIOCINI,
M; PELIOCINI, F. 2019).
Esta reordenação seria executada por meio de um programa de saúde que
insere a educação livre para a população, recursos de descanso e recreação ,
favoráveis condições de vida e trabalho, universalidade no sistema público de
saúde com ações de prevenção e recuperação da saúde, centros médicos de
formação e pesquisa, e ressalta a relevância de uma ação articulada entre políticos,
médicos, educadores , ou seja, ações intersetoriais. (TAVARES, [s/d].
Sigerist, conclamando um esforço organizado da sociedade para além da
cura médica, afirmou que a promoção em saúde proporciona condições de vida
dignas, boas condições de trabalho, educação, cultura física e maneiras de lazer e
descanso. Pela sua concepção, a promoção da saúde contextualizar as ações de
educação em saúde e estruturais do Estado para otimizar as condições de vida
populacional.
Décadas à frente , em 1965, Leavell e Clark retomavam a perspectiva de
prevenção e promoção de uma maneira sistemática, enfatizando a necessidade de
atenção para com as pessoas aparentemente saudáveis. Criaram, portanto, os três
níveis de prevenção, com cinco componentes distintos: conforme (PELIOCINI,
M. ; PELIOCINI, F. , 2019).

• •Primária: promoção da saúde e proteção específica;


• •Secundária: diagnóstico precoce e pronto atendimento; limitação da invalidez;
• •Terciária: reabilitação.
Solha (2014), descreve estas ações como: Nível primário, o qual compreende
as ações dirigidas para controlar fatores pré-patogênicos, prevenindo assim
o surgimento do estímulo e, consequentemente, da patologia. Compreende,
portanto, a promoção da saúde e a prevenção de doenças; Nível secundário,
foca o indivíduo que já está doente e necessita de ações que previnam o agravo
ou a morte, sendo exemplos o diagnóstico, tratamento precoce e limitação da
invalidez; Nível terciário, o qual consiste na prevenção ou melhora do quadro de
incapacidade, sendo a atividade de reabilitação seu principal trabalho.
Em 1986, enquanto no Brasil acontecia a VIII Conferência Nacional de Saúde,
em Ottawa, no Canadá, ocorria a Primeira Conferência Internacional de Promoção
da Saúde, onde a promoção da saúde foi definida, pela Organização Mundial de
Saúde (1986) como:
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o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua


qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle
deste processo. Para atingir um estado de completo bem- -estar físico,
mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações,
satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente.
(OMS, 1986).
Hoje a promoção da saúde é caracterizada evidentemente como protagonista
dos determinantes gerais sobre as condições de saúde. Entendam como
determinantes das condições de saúde todo e qualquer fator que possa influenciar
/afetar e/ou determinar a saúde, conforme ilustra a figura 3 . São exemplos os
determinantes fixos ou biológicos (idade, sexo ,fatores genéticos); económicos e
sociais (estrato social, emprego, pobreza, exclusão social); ambientais (qualidade
do ar , da água, ambiente social; estilos de vida; acessibilidade aos serviços
(educação, saúde, serviços sociais, transportes e lazer). (CARRAPATO; CORREIA;
GARCIA, 2017).

Figura 3: Determinantes da saúde


Fonte:https://www.scielo.br/

Com enfoque no coletivo de pessoas e em seu ambiente, a promoção da saúde


dá destaque a relevância das políticas públicas e dos ambientes que favorecem
o desenvolvimento da saúde e do reforço da capacidade dos indivíduos e das
comunidades. Portanto, promover saúde significa trabalhar de muitas maneiras ,
não tendo o foco na doença, mas sim nas alterações dos fatores determinantes de
saúde. Para se alcançar esse objetivo, definiram-se cinco eixos que vão orientar
as ações de promoção da saúde: (SOLHA, 2014; PELIOCINI, M. ; PELIOCINI, F. ,
2019).
1. Reforço da ação comunitária/participação : define que os serviços e os
Estados fortaleçam os cidadãos e suas comunidades, de maneira que possam
participar efetivamente da organização do sistema de saúde, auxiliando na
tomada de decisões e definindo metas e prioridades. Exemplificando: o governo
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local pode achar prioridade construir um hospital em determinada região, porém


a população opta por construir um piscinão, visto o córrego da região provocar
enchentes frequentemente quando ocorrem chuvas torrenciais;
2. Políticas públicas saudáveis : objetivam diminuir as desigualdades sociais
através de ações a respeito de certas questões de saúde. Podemos exemplificar
esta ação como a criação de uma política pública que priorize o transporte público,
diminuindo assim o uso de veículos particulares nas ruas , auxiliando a tornar a
cidade mais saudável, reduzindo o trânsito, o tempo de deslocamento entre os
muitos pontos da cidade, a poluição do ar, entre outras coisas;
3.Desenvolvimentodehabilidadespessoais: objetiva apoiarodesenvolvimento
pessoal por intermédio de educação, cultura e intensificação das habilidades
vitais. Podemos exemplificar esta ação como criar cursos para ensinar aos idosos
como utilizar a internet, ferramenta tão importante de comunicação e interação ,
reduzindo o isolamento social;
4. Criação de ambientes favoráveis: objetivando melhorar o meio ambiente,
pela conservação de recursos naturais , realizando concomitantemente o
acompanhamento sistemático do impacto que as transformações no meio
ambiente trazem para a saúde;
5. Reorientação dos serviços de saúde: objetivando atingir a integralidade do
cuidado. Lembram-se do que falamos sobre a integralidade? Garantir um cuidado
que contextualize a promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, focando o
indivíduo, na família e na comunidade, e não apenas no corpo biológico. Nesta
ação uma questão prioritária é o trabalho intersetorial, envolvendo outros setores
da sociedade e da comunidade, como o comércio, transportes, educação e todos
os outros determinantes da saúde.

2.1 PREVENÇÃO, PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE


Quando nos referimos a estes três termos, estamos falando no primeiro
nível de atenção à saúde, ou seja, o nível primário. Vale ainda ressaltar que a
prevenção está nos três níveis de atenção à saúde. O que ocorre é que as ações
se confundem umas com as outras. Você consegue perceber a diferença entre o
conceito de proteção, promoção da saúde e o de prevenção de doenças? Bem,
estas tres estratégias são companheiras , tendo cada qual seu objetivo relevante e
se complementando. O quadro 1 ilustra distinções entre estes conceitos :

Prevenção de doenças Promoção da saúde Proteção à saúde

foco na doença foco na saúde coletiva e Foco no amparo


ambiente
ação antecipada movimento ação antecipada

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foco nos profissionais e Foco na transformação Foco na população, tanto usuários


nos serviços de saúde da realidade para que como profissionais de saúde , tra-
essa torne a busca pela balhadores, etc...
saúde possível
baixa responsabilização responsabilidade com- dever constitucional do Estado
da pessoa e comunida- partilhada por todos os brasileiro
de envolvidos
programas desenvolvi- intersetorialidade e in- estratégias de prevenção evi-
dos pelo Estado terdisciplinaridade. ou denciam a necessidade de um
seja, vários setores e conhecimento acumulado em
vários saberes estão circunstâncias específicas para
envolvidos na promoção proteção geral da saúde
à saúde

Quadro 1: características da prevenção, promoção e proteção à saúde.


Fonte: Soha (2014); Peliocini, M. ; Peliocini, F. (2019).

Na promoção da saúde a responsabilidade compartilhada pertence ao Estado,


comunidade, setores produtivos da sociedade, profissionais de saúde. Apresenta
um conceito positivo, direcionado para a atuação sobre os determinantes de
saúde, que utiliza a intersetorialidade como estratégia para abranger toda a
sociedade na melhoria das condições de saúde
Sobre proteger podemos traduzi-lo como “amparo”, salvar-se de perigos
externos, No campo da saúde, a prevenção exige uma ação antecipada. Notem
que, enquanto as estratégias de prevenção evidenciam a necessidade de um
conhecimento acumulado em circunstâncias específicas para que ocorra a
proteção geral da saúde, a promoção procura criar melhorias nas condições mais
gerais de vida e trabalho. Isto demanda uma abordagem multifatorial que busca
capacitar melhor a pessoa para as ameaças inerentes à saúde. (PELIOCINI, M. ;
PELIOCINI, F. , 2019).
Conforme expressa o quadro nnnn, “os deveres de proteção a serem
concretizados encontram-se embutidos no leque de ações do campo da saúde”.
(SETA; OLIVEIRA; PEPE, 2017, p. 1). Este dever é concretizado por normas penais
de tutela de bens jurídicos relacionados como vida, integridade física, ambiente,
Saúde Pública e por normas administrativas do campo da Vigilância Sanitária,
Epidemiológica e da Saúde do Trabalhador. portanto, é um direito do cidadão ,
o qual precisa da atuação dos Estados Nacionais na validação do seu acesso, de
maneira universal, e na normatização daquilo que interfere na saúde da população,
levando em consideração que esta não é mercadoria ou simples objeto de lucro.
(SETA; OLIVEIRA; PEPE, 2017).
Saiba que, atualmente no Brasil, as vigilâncias sanitária, epidemiológica,
ambiental, e em saúde do trabalhador são os órgãos que, em articulação,
estabelecem as práticas sanitárias para as ações de promoção, prevenção e
proteção à saúde .

15
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2.2 ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE


Tanto a proteção como a promoção da saúde agem em distintos campos
da saúde. Formulam políticas públicas salutares, criam ambientes propícios à
saúde, reforçando assim a ação comunitária, desenvolvem habilidades pessoais e
reorientam o sistema de saúde. Para que atuem desta maneira, sua ação depende
de estratégias para implementação de seus programas. Entre as distintas
propostas, destacam-se: ( PELIOCINI, M. ; PELIOCINI, F. , 2019).

• •Ação política intersetorial e pluri-institucional , envolvendo o governo e organiza-


ções não governamentais;
• •Comunicação social e marketing sanitário
• •Desenvolvimento comunitário , denominado de empowerment;
• •Educação em saúde, tanto presencial como a distância, por meio de comunicação
midiática , ou seja, o marketing em saúde, escolas promotoras de saúde e reforço às
ações comunitárias;
• •Mudança organizacional tanto estrutural como cultural;
• •Articulação operacional entre as vigilâncias ambiental, sanitária e epidemiológica,
as quais atuam no controle dos riscos ambientais e o controle de danos, como as
epidemias e endemias;
• •Reorganização da atenção à saúde individual, que implica na organização do siste-
ma em seus níveis, reorganização do processo de trabalho médico tanto hospitalar
como ambulatorial e implementação da assistência laboratorial e farmacêutica.

2.3 PROMOÇÃO DA SAÚDE E EQUIPE MULTIPROFISSIONAL


A promoção da saúde apresenta como proposta a intersetorialidade e a
multi/interdisciplinaridade, somado a participação da população. As ações de
promoção da saúde frequentemente apresentam custo mais baixo, acarretando
em melhora generalizada e sustentada do quadro da saúde.

2.3 PROMOÇÃO DA SAÚDE E EQUIPE MULTIPROFISSIONAL


A promoção da saúde apresenta como proposta a intersetorialidade e a
multi/interdisciplinaridade, somado à participação da população. As ações de
promoção da saúde frequentemente apresentam custo mais baixo, acarretam
em melhora generalizada e sustentada do quadro da saúde.
São ações comuns da equipe multiprofissional na promoção à saúde as ações
educativas com foco em mudanças do estilo de vida, orientação para corrigir os
fatores de risco ; produzir materiais educativos; treinamento de profissionais,
entre outras.
Podemos definir a Educação em Saúde como um processo que engloba a capacitação de pacien-
tes, cuidadores e profissionais de saúde, motivando-os para que ajam conscientemente frente a
cada ação do cotidiano, criando um espaço para o aperfeiçoamento de novos conhecimentos e
práticas

16
Atuação Multiprofissional em Saúde
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As práticas de educação em saúde se apresentam como norte para a reflexão


da população, visto propiciar uma assistência integral, apresentando um caráter
transformador, por transformarem os usuários em ativos no que concerne à saúde
e autonomia. Permitem que o usuário repense a respeito da realidade em que
vive, optando assim por escolhas mais salutares, além de incitar transformações
em seus comportamentos de riscos .
São ações comuns da equipe multiprofissional na promoção à saúde as ações
educativas com foco em mudanças do estilo de vida, orientação para corrigir os
fatores de risco ; produzir materiais educativos; treinamento de profissionais,
entre outras. Estas ações podem mudar a ótica do usuário com relação ao que
deve ser modificado em seus comportamentos e no exercício de sua cidadania,
trazendo melhor qualidade de vida a sí próprio e a coletividade, conforme ilustra
a figura 4:

Educação em saúde para quê?

mudanças de hábitos
e estilo de vida
Ex.: cessação do ta-
bagismo

informações sobre
doenças, fatores de
risco e condições de Adesão ao
saúde tratamento

objetivo do uso e descarte


tratamento correto de
medicamentos

Figura 4: Ações de promoção da saúde


Fonte: https://www.slideshare.net/angelitamelo/educao-em-sade-em-situaes-comuns-de-pacientes-da-ateno-bsica-sli-
de-77214646

As ações de educação em saúde podem se dar em um consultório, em


assistências individuais, e de maneira coletiva em grupos ou rodas de bate-papo.
É notório que , quando essas ações de educação em saúde são desempenhadas
pela equipe multiprofissional, culminam por incluir uma maior variedade de
saberes, auxiliando na criatividade e maior adesão dos usuários.

2.4 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE


Com certeza podemos afirmar que a promoção da saúde é uma grande
estratégia para que se produza saúde, de maneira que se apresente como
17
Atuação Multiprofissional em Saúde
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“um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas e tecnologias


desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribui na construção de ações
que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde”. (BRASIL, 2010, p.
10).
No Sistema Único de Saúde, a estratégia de promoção da saúde possibilita
focar os aspectos que determinam o processo de saúde-adoecimento no Brasil.
Podemos citar como exemplos: violências, desempregos, subempregos, ausência
de saneamento básico, inadequação ou ausência habitacional, inacessibilidade
para a educação, fome, desordenação urbana, poluição, entre outros.
Nesse contexto, a elaboração da Política Nacional de Promoção da
Saúde torna-se oportuna, provocando a mudança na maneira da organização,
planejamento, realização, análise e avaliação do trabalho em saúde.
Esta política apresenta, como objetivo geral, a promoção da qualidade de vida
, a redução da vulnerabilidade e riscos à saúde relativos às suas determinantes
e condicionantes maneiras de viver como as condições de trabalho, habitação,
ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. (BRASIL,
2010).
São suas ações específicas: Alimentação saudável; Prevenção e controle
do tabagismo: Sistematizar ações educativas e mobilizar ações legislativas e
econômicas; Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de
álcool e outras drogas; Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito;
Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz; Promoção do desenvolvimento
sustentável.
A promoção da saúde representa uma estratégia promissora para o
enfrentamento às inúmeras questões de saúde que impactam nas populações
humanas . Parte de uma concepção abrangente do processo saúde-doença
e de seus determinantes, propondo uma articulação de saberes específicos e
populares, e a mobilização de recursos organizacionais e comunitários, tanto
privados como públicos , para seu combate e resolução.

18
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3. INTEGRALIDADE E FORMAÇÃO CONTINUADA,


ENQUANTO CATEGORIAS ESSENCIAIS À EFETIVAÇÃO
DO DIREITO À SAÚDE EM SENTIDO AMPLIADO

Caro aluno...No tópico 1 realizamos uma breve abordagem sobre um dos


princípios doutrinários do SUS, a integralidade. Agora vamos dar prosseguimento
aos nossos estudos contextualizando-a com a prática da formação continuada e
a relevância destas ações para que o direito à saúde seja efetivado.

3.1 DIREITO À SAÚDE X INTEGRALIDADE X


MULTIPROFISSIONALIDADE
A Constituição Federal de 1988, em seu título VIII, capítulo II, seção II, art. 196
resolve que:
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido median-
te políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença
e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação.
Nesse contexto, a integralidade assume papel imprescindível, sendo
uma prática de grandes dimensões para garantir aos cidadãos o direito pleno
à saúde. Quando a figuração dessa prática assume a forma de um encontro
multiprofissional com um usuário, ficará a cargo destes profissionais e de suas
respectivas posturas a realização da integralidade. Isto nos remete a uma reflexão
de que, as práticas, se adequadamente configuradas, poderão proporcionar a
realização da integralidade. Mas como realizar boas práticas assistenciais, rumo à
integralidade, se a formação do profissional é deficitária? Poderia a integralidade
ser exercida, caso a equipe multiprofissional não atuasse com ações intersetoriais?
Veja bem...enquanto integralidade ampliada, as ações intersetoriais
apresentam-se como estratégias eficazes para a qualidade em saúde e
consolidação do SUS, partindo aqui do raciocínio da integralidade, que vai além
das práticas sanitárias e sociais. Este ir além significa pôr em prática a proposta
de uma nova maneira de criar, planejar, gerenciar, executar e avaliar as políticas
públicas, com a adoção de uma postura transetorial e interdisciplinar. Isto só é
possível com a prática de uma gestão descentralizada, democrática e participativa.
(GUERRA; COSTA, 2017).
Portanto, quando o foco diz respeito à integralidade da atenção, podemos
afirmar que interdisciplinaridade e intersetorialidade devam ser práticas presentes
no cotidiano dos serviços em saúde, devendo propiciar um novo parecer na
formação profissional, condicionando o constructo dos saberes às determinações
mais amplas do processo saúde-doença. A multiprofissionalidade, por meio

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da interdisciplinaridade, procura perpassar o fato de colocar-se profissionais


de distintas categorias juntos, mas há de se praticar o respeito, cooperação e
autonomia entre os saberes. (GUERRA; COSTA, 2017).
Conforme cita Silva e Mendes (2010, p. 55):

a interdisciplinaridade pressupõe que cada uma das áreas exerça seu


potencial de contribuição preservando a integridade de seus métodos e
conceitos e, nesse sentido, requer o respeito à autonomia e à criatividade
de cada uma das profissões, a interdisciplinaridade se constrói a partir de
um nível avançado de trocas e de cooperação entre as áreas .
Guerra e Costa ( 2017), realizaram uma pesquisa, onde avaliaram a formação
profissional da Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) , focando aspectos
relacionados com a intersetorialidade, promoção da saúde, integralidade e
formação continuada, enquanto categorias essenciais à efetivação do direito à
saúde em sentido ampliado, redirecionando estes aspectos para o trabalho das
equipes de saúde. Contextualizaram todos estes elementos para uma análise
sobre seu impacto na efetivação dos princípios do SUS.
Puderam evidenciar na pesquisa, uma secundarização da educação
em saúde nas práticas assistenciais, com predomínio de valorização aos
atendimentos individuais, existindo várias dificuldades para a materialização da
tríade “integralidade, intersetorialidade e interdisciplinaridade” , que constituem
os objetivos da Residência.

3.2 FORMAÇÃO CONTINUADA


Antes de mais nada, devemos ressaltar que, na literatura há uma “flutuação
terminológica” , onde são empregados indistintamente os termos “educação
continuada” e “formação continuada”.
Já um outro termo empregado, que abordamos como uma das estratégias
para a promoção da saúde, é educar para a saúde, denominada pelas políticas
públicas como Educação Popular em Saúde . Essa maneira de educar objetiva a
integração de várias faces do indivíduo: política, pessoal, comunitária, espiritual,
contextualizando assim o processo educacional, propiciando um desenvolvimento
integral das pessoas envolvidas nessa ação. (SOLHA, 2014).
Cotrim (2009) conceitua a formação continuada como um processo
caracterizado pela continuidade das ações educativas, mesmo que sejam
fundamentados em princípios metodológicos distintos, mas quando colocados
em prática propiciam a transformação profissional por meio do desenvolvimento
de habilidades e competências, fortalecendo assim o processo de trabalho. Nesta
visão, percebemos que formação continuada é uma aprendizagem incessante
do ser humano, e esta busca de uma formação contínua, acompanhada de sua
evolução e de suas atribuições, tende a ampliar seu campo de trabalho.
20
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A formação continuada não acaba, e necessita ser compreendida como um


momento inerente ao profissional, período de aperfeiçoamento dos saberes
imprescindíveis à prática profissional. Nesta prática devem ser destacados
os seguintes aspectos do profissional: sua formação, profissão, avaliação e
competências que lhe cabem.
3.2.1 Formação continuada em saúde .
A Organização Mundial da saúde (OMS), conceitua a educação continuada
de profissionais de saúde como um processo que soma as experiências posteriores
ao aprendizado inicial, auxiliando o pessoal de assistência à saúde a adquirir pelo
aprendizado competências relevantes para o seu trabalho. Esta prática adequada
deveria refletir as demandas de saúde da população e rumar para a melhoria
planejada da saúde da comunidade. (OMS, 1982).
A formação de recursos humanos é imprescindível para se operacionalizar
um projeto inovador na área de Saúde. Quando nos referimos a projetos de
extensão nos serviços de saúde, podemos afirmar que a “educação em serviço”
propiciada, de maneira crítica e construtiva, para o recurso humano de nível
primário, constitui o componente fundamental para a remodelação dos serviços
de saúde. Mas se isto ocorrer de maneira inadequada, a assistência continuará a
mesma e a estratégia será desmoralizada.
Digamos que a educação em nível de graduação não fornece satisfatórias
oportunidades de aprendizagem. Há também um fator que deve ser relevado,
que é a modificação constante científico-técnica, em pequenos espaços de
tempo. É neste fato que reside a necessidade do profissional da área da saúde
em se manter atualizado , não se restringindo aos conhecimentos práticos
estritamente utilitários , os quais serão ultrapassados rapidamente, tornando-se
obsoletos. Este profissional necessita se permitir adquirir aptidões que facilitarão
suas adaptações às diversas circunstâncias.
Sobre a educação continuada em saúde, Rodrigues (1984, p. 2), cita que :
Para proporcionar educação em serviço de forma contínua, visando a
transformação, atualização do pessoal profissional e saneamento dos
problemas surgidos das relações educação-emprego, propõe-se “maior
extensão do processo educativo que consiste na integração entre o sis-
tema educacional e o sistema de treinamento para o trabalho e que foi
denominado sistema de educação continuada .
Atualizar os conhecimentos durante toda a vida profissional concebe um
complemento imprescindível da graduação. É nesta educação que os profissionais
encontram o estímulo necessário para o desenvolvimento de condutas criativas
de adaptação às novas necessidades. A educação continuada, além de otimizar
a eficácia da organização, contribui para a satisfação da equipe no trabalho e
necessita ser encarada como um componente primordial na prosperidade da
carreira a ser ofertado a cada colaborador individual , como um direito elementar

21
Atuação Multiprofissional em Saúde
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. A educação continuada é um recurso de aprendizagem sistematizado do


profissional e é uma responsabilidade dividida do próprio sujeito, da ação planejada
do sistema de saúde, do sistema de educação e das associações profissionais.
(RODRIGUES, 1984).
3.2.2 Formação continuada X integralidade
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado para proporcionar a integralidade
na atenção à saúde, com foco na promoção da saúde e prevenção de doenças.
Atualmente, as práticas em saúde são conduzidas para a integralidade?
Nascimento (2015) cita em seu artigo que o que se observa nos serviços de saúde
são práticas calcadas no diagnóstico e tratamento, impenetráveis ao controle
social e com profissionais incapazes de exercer a interdisciplinaridade. Posto isto,
formar profissionais habilitados para atuarem conforme os princípios do SUS é
uma tarefa difícil.
Os conhecimentos teóricos e advindos da formação individual, por vezes
não bastam para que sejam adotadas práticas de saúde que desempenhem
a magnitude das questões vivenciadas e enfrentadas nos serviços, onde a
intervenção deve contemplar o princípio da integralidade.
Como então refletir sobre práticas integrais se a própria formação vivida
não foi integral? Infelizmente não vivemos a integralidade em nossa formação,
em nenhum dos ambientes que frequentamos, escola, academia, onde cada
profissional apresenta, após sua formação, “ uma “caixinha” do saber, um saber
em muito, concreto, racional, e que sozinho não confere competência para o
trabalho”(NASCIMENTO, 2015, p. 15). Práticas de saúde respaldadas somente no
aprendizado teórico e habilidade técnica não bastam para garantir práticas de
trabalho integrais e resolutivas.
Vamos exemplificar aqui os resultados da formação continuada, no artigo de
Koptckel (2016) , onde foram capacitados profissionais da educação e da saúde
para que pudessem planejar, atuar e refletir a respeito de circunstâncias práticas
da gestão intersetorial e colaborativa. O objetivo da pesquisa foi interpretar os
resultados obtidos com o “Curso de Aperfeiçoamento para planejamento e
atuação intersetorial em promoção da saúde na escola”. O resultado apontou
para a importância na busca por experiências de formação articuladas, ou seja,
intersetoriais, para a prática profissional dos participantes , quando da reunião de
profissionais da área da saúde e da educação.
O artigo nos mostra a importância da formação continuada, por meio de
cursos que dialoguem com a interdisciplinarmente e intersetorialmente , rumo a
integralidade, levando a saúde para o ambiente escolar. A intersetorialidade é uma
prática que necessita incorporar um elemento político responsável por servir ao
interesse comum, colaborando para o desenvolvimento de políticas públicas que
objetivem a redução das desigualdades e promovendo a equidade.

22
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Sobre a integralidade e formação continuada, enquanto categorias essenciais


à efetivação do direito à saúde em sentido ampliado, Machado (2007, p. 1), cita
que:
Devemos compreender a integralidade no cuidado de sujeitos, grupos e
coletividade tendo o usuário como sujeito histórico, social e político, arti-
culado ao seu contexto familiar, ao meio ambiente e a sociedade na qual
se insere. Neste cenário se evidencia a importância das ações de educa-
ção em saúde como estratégia integradora de um saber coletivo que tra-
duz no indivíduo sua autonomia e emancipação.
Esta compreensão nos remete a uma reflexão sobre o princípio doutrinário da
integralidade do SUS, como um eixo que norteia as ações de educação em saúde.
A educação em saúde , quando um processo político pedagógico, nos conduz
a desenvolver um pensar crítico e reflexivo, possibilitando enxergar a realidade
e realizar propostas para ações transformadoras, enquanto um indivíduo social
e histórico, capacitado a propostas e opiniões em tomada de decisões de saúde
para o cuidar de si, de sua família e da coletividade. (KOPTCKEL, 2016).
A assistência integral vai além da estrutura organizacional regionalizada
e hierarquizada das práticas assistenciais de saúde, prolongando-se pela real
qualidade da assistência tanto individual como coletiva, garantindo aos usuários
do SUS o direito à saúde em sua plenitude , requisitando o compromisso com o
contínuo aprendizado contínuo e a prática multiprofissional. (KOPTCKEL, 2016).

3.3 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE


(EPS)
Por meio da Portaria nº 198 GM/MS de 2004 instituiu-se a Política Nacional
de Educação Permanente em Saúde , sendo esta uma estratégia do SUS para a
formação e desenvolvimento de colaboradores da área da saúde.
Esta política busca a transformação das práticas de atenção, gestão, de
formulação de políticas, de participação popular e de controle social no setor
da saúde. (SOUZA; DIAS, 2012, p. 2). A EPS sugere que esta transformação se
baseie na reflexão crítica a respeito das práticas da realidade vivenciada pelos
profissionais em atuação na rede de serviços.
Desta maneira, a EPS objetiva promover o encontro entre o mundo
da formação e o mundo do trabalho, onde o aprendizado e o ensinamento
caminham juntos na rotina de trabalho. Estamos falando de uma tarefa com foco
na problematização do serviço, levando-se em consideração as demandas locais
de saúde, a gestão setorial e a participação popular, com o objetivo de entender e
fornecer propostas para solucionar as dificuldades encontradas.
As propostas de transformação nos processos de formação são elaboradas
levando em consideração as distintas peculiaridades de cada população, alçando
uma gestão descentralizada, com trabalho multiprofissional e a articulação de

23
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diferentes segmentos da sociedade.(MARANDOLA ; HOGAN, ,2006) .


Uma das características da Política de EPS é o foco na Educação Popular
em Saúde, funcionando assim como um processo pedagógico que junta os
profissionais da área da saúde com a população, reduzindo assim o distanciamento
entre a assistência e o cuidado, e este fato repercute na atenção integral à saúde
da população.
Queremos aqui estabelecer algumas distinções entre a educação continuada
e a educação permanente. Sobre a educação continuada, esta volta-se para
práticas centradas no desenvolvimento de grupos profissionais, por meio de
cursos, pesquisas relatadas em artigos, específicos de um determinado campo.
Utiliza metodologias tradicionais, portanto, com prazo delimitado. Já na educação
permanente há as práticas de processos de aprendizagem no trabalho, a partir da
reflexão sobre o processo de trabalho, evidenciando problemas e necessidade
de natureza pedagógica. Usufrui de ferramentas tais quais determinantes
socioeconômicos, necessidade populacional de saúde, entre outros. (MANCIA;
CABRAL; KOERICH, 2004).
A figura 5 apresenta as respectivas distinções entre a educação permanente e
educação continuada, relativas ao público-alvo, inserção no mercado de trabalho,
objetivos principais, entre outros aspectos:

Figura 5: Diferenças entre Educação Continuada e Educação Permanente


Fonte: Adaptado de MANCIA; CABRAL; KOERICH, 2004.

Saiba você que, tanto a educação continuada como a permanente em saúde


apresentam seus próprios desafios . Embora a OMS reconheça, durante décadas
, que a educação continuada constitui uma estratégia imprescindível para a
qualidade e atualização dos serviços de assistência à saúde, ela enfrenta os desafios
24
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de ser um elo transformador; uma estratégia que mobiliza recursos e poderes e


um meio para fortalecer os serviços nas instituições de saúde. Se superadas estas
dificuldades , é possível utilizar este recursos como meio transformador para
que as pessoas se desenvolvam, assegurando assim o direito à saúde do usuário,
otimizando sua assistência com singularidade e mais dirigida para a solução dos
problemas dos pacientes.

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4. REDIRECIONAMENTO DO TRABALHO EM EQUIPE


DE SAÚDE NA PERSPECTIVA DE EFETIVAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
O Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de seus princípios e diretrizes,
tem a responsabilidade de corresponder às demandas de saúde da população
brasileira. O SUS, como representante da Política Pública em Saúde do Brasil,
defende a prática da universalidade, equidade, integralidade, intersetorialidade,
entre outras premissas que o contemplam, e para que a efetivação destes
princípios ocorra, há a necessidade de uma formação multiprofissional continuada
direcionada aos seus objetivos, conferindo-lhe centralidade.

4.1 PRINCÍPIOS DO SUS


O (SUS) é “fruto do reconhecimento do direito à saúde no Brasil”. (VIEGAS;
PENNA, 2012). Seu caráter federativo faz com que determine o dever de todos
os municípios, estados e da União de agir para promover, a prevenir, a recuperar e
reabilitar na saúde, cada esfera com sua autonomia, com gestão descentralizada do
Sistema nos limites de seu território. Apresenta como características a unicidade,
descentralização e assistência integral, priorizando ações preventivas, sem causar
prejuízos aos serviços de assistência.
A emergência do SUS objetivou mudar as circunstâncias de desigualdade
na assistência prestada à saúde populacional, obrigando o atendimento público
para qualquer indivíduo, promovendo serviços na atenção primária, secundária
e terciária. Dessa maneira, as ações e serviços públicos de saúde começaram
a articular “uma rede regionalizada e hierarquizada, organizada de acordo
com as diretrizes da descentralização, atendimento integral e participação da
comunidade”. (VIEGAS; PENNA, 2012). O quadro 2 descreve os princípios do
SUS:
ORDEM PRINCÍPIO CARACTERÍSTICAS

I Universalidade universalidade de acesso aos serviços de saú-


de em todos os níveis de assistência
II Integralidade conjunto articulado e contínuo das ações e
serviços preventivos e curativos, individuais e
coletivos, exigidos para cada caso em todos os
níveis de complexidade do sistema;
III Autonomia preservação da autonomia das pessoas na de-
fesa de sua integridade física e moral;
IV Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou
privilégios de qualquer tipo;

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V Direito à infor- direito à informação, às pessoas assistidas, so-


mação bre sua saúde
VI Divulgação de quanto ao potencial dos serviços de saúde e
informações sua utilização pelo usuário;
VII Utilização da para o estabelecimento de prioridades, a aloca-
epidemiologia ção de recursos e a orientação programática;
VIII Participação da na criação de Conselhos de Saúde e Confe-
comunidade; rências de Saúde, nas três esferas de governo,
bem como colegiados de gestão nos serviços
de saúde.
IX Descentraliza- descentralização político-administrativa, com
ção direção única em cada esfera de governo;
X Integração em nível executivo, das ações de saúde, meio
ambiente e saneamento básico;
XI Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais
recursos e humanos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, na prestação de ser-
viços de assistência à saúde da população;
XII Capacidade de capacidade de resolução dos serviços em todos
resolução os níveis de assistência;
XIII Organização de modo a evitar duplicidade de meios para fins
dos serviços pú- idênticos.
blicos

Quadro 2: Princípios do SUS


Fonte: Mattos (2009); Moreira et al. (2018)

Podemos dizer que estes princípios são alicerces para que o cidadão tenha
seu direito à saúde efetivado no mais amplo sentido, e para nortear a atuação da
equipe de saúde rumo ao cumprimento prático destes princípios.

4.2 MODELOS ASSISTENCIAIS


No tópico anterior, trouxemos uma abordagem sobre a formação continuada,
uma das maneiras que o SUS proporciona para dirigir a equipe multiprofissional
em saúde rumo à efetivação de seus princípios doutrinários e organizativos. Sob
o cumprimento de um regimento com práticas e vivências regidas a conteúdos
específicos, o profissional estará habilitado a exercer as assistências intersetoriais
como uma de suas metas. Esta estratégia o potencializará para que contribua com
o crescimento dos princípios da Reforma Sanitária, somando forças no intuito de
propiciar propostas anti-hegemônicas ao modelo assistencial médico-privatista.
Como podemos definir um modelo assistencial? São várias terminologias
que se referem ao termo “modelo assistencial”: modos de produzir saúde ;
modalidades assistenciais ou modelos tecnológicos”, modelos de atenção ;
“modelo técnico, “modos de intervenção”, ou “modelos de cuidado”. Portanto, na

27
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literatura poderão ser encontrados esta diversidade terminologias, o que dificulta


o conceito de “modelo assistencial” (FERTONANI et al., 2015). Fato é que estes
termos objetivam a resolução de problemas e assistência às necessidades de
saúde, numa determinada realidade e em uma população adstrita. Em suma, é
uma forma de organizar serviços de saúde ou intervir em situações, em detrimento
ao perfil epidemiológico e da averiguação dos agravos e riscos à saúde (PAIM,
2003).
Afinal, por que a atuação anti-hegemônica contribuiria com a perspectiva
de efetivação dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)? Quando nos
remetemos ao modelo médico-assistencialista, estamos nos referindo ao modelo
assistencial praticado por muitas décadas na política pública de saúde brasileira,
e que ainda persiste na atualidade. Este modelo hegemônico é praticado com
procedimentos centrados, de caráter curativo e emergencial, dando ênfase ao
individualismo e hospitalocentrismo, marcado por várias maneiras de privatização,
identificados por generalizada terceirização, mercantilizando assim a saúde.
Como então, por meio deste modelo assistencial, poderia uma equipe
multiprofissional efetivar os princípios do SUS? Impossível, à medida que
princípios tais quais a intersetorialização e integralidade seriam rompidos. Uma
vez centralizado, este modelo passa a ter a hegemonia médica, não havendo
portanto a intersetorialização entre os profissionais da saúde; uma vez voltado à
cura e focado no hospitalocentrismo, a prática da integralidade se fragmentaria,
por não oferecer ao cidadão o que lhe é de direito, ou seja, contemplar a saúde
desde o nível primário ao quaternário.

4.3 MODELOS ASSISTENCIAIS X ESF


Em 1994, a ESF surgiu, como a principal representante da Atenção Primária à
Saúde (APS). Apresentava as características de um programa, mas em detrimento
a sua efetividade passou à categoria de estratégia, apresentando notáveis
melhorias nos indicadores da saúde.
O SUS adota como estratégia para efetivar seus princípios a inserção da
atenção integral e promoção da saúde por meio da Estratégia Saúde da Família
(ESF) e Programa Saúde da Família (PSF), assumindo princípios e diretrizes
para garantir o direito à saúde , reconfigurando assim, o modelo assistencial. Esta
estratégia desenvolve funções tais quais organizar o cuidado em saúde, focado no
âmbito individual e coletivo, dentro do contexto no qual a população encontra-se
inserida .
Desta forma a ESF é encarada como uma forma de transformação de
modelo assistencial e de reorganização de práticas hegemônicas na produção de
saúde, conforme ilustra a figura 1, através de ações multi/ interprofissionais que
abrangem aspectos relativos a promover saúde, prevenir agravos, diagnosticar,
tratar e reabilitar.
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Figura 1: Comparação entre Modelos de atenção à saúde


Fonte: https://enfermagemonlinebr.wordpress.com/2016/03/12/modelos-de-atencao-a-saude/

Entretanto, conforme já citado anteriormente, em alguns momentos na


ESF, ainda se reflete grande tendência ao modelo médico-assistencialista, onde
a formação da equipe em saúde ainda alicerça-se neste modelo fragmentado,
não utilizando neste processo de formação atos que efetivem a integralização
assistencial, muito menos a ampliação da clínica rumo a interdisciplinaridade, ao
trabalho em equipe e a recursos tecnológicos que relacionem instrumentos para
cuidar da saúde.
Em suma, ainda não conseguimos ter a percepção que o cotidiano assistencial
conte com atuações multi/interprofissionais entre os componentes da equipe,
muito menos destes para com a comunidade. Ainda há a centralização, por
parte da equipe em saúde, em agravos e doenças, aspectos que necessitam de
superação para que haja a efetivação dos princípios do SUS em várias regiões do
país.
Redirecionamento do Trabalho em equipe na Estratégia Saúde da Família
Compreender a função da ESF como organizadora do cuidado em saúde é o
início para a compreensão do processo de trabalho na área da saúde. O Ministério
da Saúde, a gestão estadual e municipal em saúde compreendem a ESF como
uma estratégia de continuidade, qualidade e consolidação da APS, por facilitarem
uma reorganização do processo de trabalho, aumentando, aprofundando e
potencializando os princípios, diretrizes e fundamentos do SUS. Amplia e torna
resoluto as questões de saúde de usuários e coletividades, propiciando uma
relevante relação custo-efetividade. (BRASIL, 2018)
Alguns pontos de destaque da Estratégia da Saúde da Família é a prevenção
da doença, atuando vinculada com a família, a comunidade, e esta função
requer uma atuação multiprofissional e interdisciplinar . Propõe uma atenção
contínua, voltada à população de território adstrito, cabendo aos profissionais a
responsabilidade de propiciar cuidado integral à saúde das famílias, por intermédio
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do trabalho interdisciplinar em equipe multiprofissional. (SANTOS, 2018).


Prevenir agravos em saúde é uma das ações rotineiras da ESF, com ênfase no
interior da comunidade , pensando na promoção da saúde, ou seja, na prevenção
das doenças previamente ao seu surgimento. Uma das maneiras disto ocorrer é por
meio de atividades educativas. A prevenção de agravos é um fato imprescindível
na busca da integralidade, portanto, a equipe multiprofissional deve estar voltada
para esta premissa. Embora a ESF se traduza como ferramenta imprescindível e
mobilizadora de transformações, deve ser encarada como campo de alternativas,
que vai além de um modelo estruturado a ser incorporado, sem críticas, pelo
país afora. Isso significa sobrepor às idéias de compor modelos ideais de saúde,
indo rumo à defesa da integralidade como princípio ideal para reorganização das
práticas e reversão do modelos obsoletos. (SANTOS; MICHIMA; MERHY, 2018).
A prática multiprofissional e os aspectos da humanização é uma prática ideal
na ESF. Este cuidado envolve desde médicos, enfermeiros, técnicos, agentes
comunitários e toda a equipe envolvida, cada qual assistindo apenas as pessoas
da sua equipe. A Política Nacional de Humanização (PNH) busca qualificar o
processo de trabalho em saúde e sua respectiva gestão. É uma visão que almeja
trabalhar os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) de maneira
racional, mais humana, auxiliando tanto na prestação de serviço como no bem-
estar do paciente. (COSTA, 2020).
O ideal é que uma equipe multidisciplinar atuante no SUS adote um modelo
assistencial centrado em equipes interprofissionais para a APS, para que o
trabalho se caracterize e se efetive dentro dos princípios da integralidade. Este
trabalho deve estar idealizado para uma lógica preventiva, implicando na reflexão
de como está o processo de formação desta equipe. Esta formação deve ter como
preceitos o fortalecimento de ações preventivas como finalidade do trabalho na
ESF, rumando para os conceitos da promoção à saúde .
Contextualizando esta abordagem, a ordenação dos serviços de saúde
da APS por intermédio da ESF deve priorizar ações de promoção, proteção e
recuperação de saúde, de maneira integral. Com estes ideais, almeja-se que as
ações sejam capazes de contemplar o processo de saúde-doença dos usuários,
de maneira singular e articulada ao contexto familiar e comunitário. (COSTA,
2020).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pudemos concluir, contextualizando os tópicos inseridos nesta disciplina,
que quando um profissional da área da saúde adota a integralidade em suas
ações, seja em programas de assistência ou em políticas governamentais , deve
estar pautado em integrar serviços que vão além da saúde, de maneira a assegurar
o cuidado do indivíduo com ações intersetoriais que englobam não apenas ações
de cuidados , mas também ações como intervenções sociais, econômicas e
políticas .
Também pudemos observar que tanto a intersetorialidade como a
interdisciplinaridade, são processos complexos, pois implicam no enfrentamento
de contradições, restrições e resistências, e estes são os desafios para a sua prática
frente aos serviços de saúde. Esta dificuldade está em conflitos que emergem
pela dificuldade da troca de saberes, fragmentando assim as assistências, indo
contra a integralidade.
Ficou evidente nesta abordagem que uma equipe multiprofissional necessita
compreender a integralidade em saúde deve priorizar o cuidado aos usuários,
grupos e coletividade, articulado ao seu contexto familiar, ao meio ambiente e
a sociedade na qual se insere. Portanto, o usuário não deve ser assistido apenas
sob o foco “doença”, mas também com o foco saúde, onde ações de promoção à
saúde se fazem presentes.
Há a necessidade de promover saúde onde a equipe multiprofissional deverá
atuar com ações voltadas à atividades que avaliem os determinantes de saúde da
comunidade . Estas ações podem envolver aspectos ambientais, favorecendo
as condições do ambiente no qual estão inseridos; ações voltadas às políticas
públicas, como o combate ao alcoolismo , tabagismo e sedentarismo , entre
outras. É neste cenário que se evidencia a importância das ações de educação em
saúde como estratégia integradora de um saber coletivo que traduz no indivíduo
sua autonomia e emancipação.
Devemos considerar que as ações de educação em saúde, quer seja pela
formação continuada, educação permanente, educação popular em saúde, ou
quaisquer outras práticas educacionais, norteiam a equipe multiprofissional, o
usuário e a coletividade, ao saber de como proporcionar saúde e prevenir doenças,
ou mesmo minimizar as incapacidades instaladas por doenças crônicas. Estas
ações educacionais são promotoras de um redirecionamento do trabalho em
equipe de saúde na perspectiva de efetivação dos princípios do Sistema Único
de Saúde , e a conscientização individual e comunitária sobre como lidar com o
processo saúde-doença.
Por fim, podemos concluir que intersetorialidade, interdisciplinaridade,
integralidade são práticas indispensáveis para a qualidade em saúde, caminhando
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juntas, no constructo da efetivação dos direitos à saúde. Trabalhar com esses


conceitos motiva os profissionais da área da saúde a conquistar seus medos e
incertezas , impulsionando novos olhares a velhos desafios.

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Desenho Instrucional: Veronica Ribeiro


Supervisão Pedagógica: Laryssa Campos
Revisão pedagógica: Camila Martin // Cássio Lima
Design editorial/gráfico: Darlan Conrado

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