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Apontamentos Sala de Aula - Direitos Humanos
Apontamentos Sala de Aula - Direitos Humanos
• A palavra “Direito” vem do latim directus, que significa o que segue regras pré-
determinadas. Ou faz referência à deusa romana da justiça (justitia), que segurava em
suas mãos uma balança com fiel ( lingueta indicadora do equilíbrio – igualdade). Dizia-
se que havia “justiça” quando o fiel estava absolutamente perpendicular em relação ao
solo: de-rectum, perfeitamente reto.
• Assim sendo, direito é ou a conduta que segue regras ou a conduta que
reequilibra aquilo que foi desequilibrado (conduta que “corrige” a conduta que
não seguiu a regra), que é a da juiz, mas que pode ser uma “correção” a ser feita
pelas próprias pessoas envolvidas no conflito.
• Para os direitos humanos, a “correção” da justiça pode ser feita de dois modos:
• Pela Justiça Retributiva ( que retribui a injustiça - violência – cometida com uma
punição);
• Pela Justiça Restaurativa ( que restaura os danos gerados pela injustiça – violência –
cometida pelo diálogo).
• Sim!
• Condutas humanas são todas condutas conformes aos DIREITOS HUMANOS, ou seja,
que tratam o ser humano com dignidade.
• DIGNIDADE HUMANA É AQUILO QUE É PRÓPRIO AO SER HUMANO. SER DIGNO É SER
PRÓPRIO, SER IDÔNEO.
• Definir normativamente isso foi e continua sendo a tarefa dos direitos humanos . E a
história da humanidade e a teoria produzida por essa história ajudam a ampliar a
nossa compreensão sobre isso.
• Conceito:
• Direitos Humanos é o conjunto de princípios e regras que têm como função proteger a
dignidade da pessoa humana.
• Ele pensa que a moral está fundamentada no respeito às pessoas como fins em si
mesmas.
• Por esse pensamento, ele forneceu as bases para o que os revolucionários do século
XVIII denominaram os direitos do homem, e hoje chamamos de direitos humanos.
• Kant é um grande defensor da liberdade humana. Mas o que ele entende por
liberdade não é simplesmente escolher, pois podemos “escolher” para satisfazer
desejos que não escolhemos.
• Mas para Kant, quando buscamos o prazer e evitamos a dor, não estamos agindo
livremente, estamos agindo como escravos dos nossos apetites e desejos.
• E quando estamos voltados para a busca da satisfação dos nossos desejos, tudo o
que fazemos é voltado para alguma finalidade além de nós.
• Quando buscamos a satisfação dos nossos desejos, não estamos agindo livremente
mas de acordo com uma determinação exterior, estamos obedecendo a um desejo
que não escolhemos.
• Para agir livremente, devemos agir com autonomia. E agir com autonomia é agir de
acordo com a lei que imponho a mim mesmo.
• Kant inventa a palavra heteronomia para definir o contraste com autonomia: agir de
acordo com determinações exteriores.
• E quando eu mesmo me dou a minha lei ou norma para o meu agir (autonomia), o que
importa é qual é o meu motivo: fazer a coisa certa porque é a coisa certa, e não por
algum outro motivo exterior a ela.
• Uma boa ação é boa por si, e não por causa do seu resultado.
• O motivo que confere valor a ação é o dever: fazer a coisa certa pelo motivo certo, agir
por dever.
• Por essa razão, ele resolve não explorar a criança e cobra o preço justo. No caso, o
lojista fez a coisa certa, porém pelo motivo errado. Seu único motivo para agir
honestamente em relação à criança foi a proteção da própria reputação.
• Apenas a motivação do dever – fazer algo porque é o certo – confere valor a uma ação.
• Se somos capazes de ser livres, de agir de acordo com uma lei que outorgamos a nós
mesmos, essa lei vem da nossa razão. Quando a razão determina a nossa vontade,
então a vontade torna-se o poder de escolher independentemente dos desejos ou
preferências da inclinação. A razão deve governar a vontade para ditar a própria
norma ( auto-nomos).
• O Código de Hammurabi (1690 a.C) “veio para fazer brilhar a justiça (...) para impedir
ao poderoso fazer mal aos débeis.”
• Art. 25 § 227 - "Se um construtor edificou uma casa para um Awilum, mas não
reforçou seu trabalho, e a casa que construiu caiu e causou a morte do dono da casa,
esse construtor será morto".
• A Lei das Doze tábuas pode ser considerada a origem dos textos escritos
consagradores da liberdade e propriedade dos indivíduos.
• Afirmam que os direitos humanos podem ser resumidos nos ideais da revolução
francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
• Liberdade: agir com liberdade é agir com poder para escolher. Liberdade é poder de
escolha.
• Se eu não tenho poder para escolher, eu não sou livre. Se não posso escolher o que
pensar, o que expressar, com o que me ocupar, com o que trabalhar, não sou livre. Por
isso dizem que a principal tarefa dos direitos humanos é proporcionar liberdade para
as pessoas e as sociedades. Ou seja, os direitos humanos existem para proporcionar
escolhas de comportamentos!
• Igualdade: agir com igualdade é agir em respeito à lei, ou seja, a lei iguala todos os
seres humanos na sua condição de humanos. Por isso a lei foi criada como
instrumento que diz algo a respeito de todo e qualquer ser humano.
• Porém, apesar de sermos todos iguais enquanto seres humanos, somos também
diferentes. Os seres humanos mesmo sendo iguais enquanto humanos são diferentes
enquanto humanos.. Assim, cabe à lei também diferenciar os seres humanos
• Igualdade: cabe à lei, e aos direitos humanos, igualar os seres humanos naquilo que
são iguais, e diferenciar os seres humanos naquilo que são diferentes.
• Por isso também dizem que a principal tarefa do direito é proporcionar igualdade às
pessoas, pois ao direito cabe tratar com igualdade nós que somos iguais enquanto
seres humanos, e também tratar com diferença nós que somos diferentes enquanto
seres humanos.
• Mas é humano diferenciar o ser humano devido ao seu sexo ( ou opção sexual),
religião, raça, classe social, convicções políticas ou filosóficas? É humano diferenciar
homens, de mulheres, de crianças, de idosos? Seria respeito e observação ao princípio
da igualdade?
• Nosso continente foi construído com uma base multicultural muito forte. Contudo,
temos sujeitos históricos ( indígenas, afrodescendentes...) que foram massacrados mas
que souberam resistir. Daí a importância de garantir a diversidade cultural de todos
esses sujeitos (Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural da UNESCO –
Organização das nações unidas para a educação, ciência e cultural).
• Historicidade;
• Universalidade;
• Indivisibilidade;
• Interdependência;
• Irrenunciabilidade;
• Imprescritibilidade;
• Inalienabilidade.
• Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos – EADCH: é o
principal órgão da ONU e sua função é coordenar todas as atividades e esforços da
ONU, auxiliando no diálogo com todos os Estados-membros, podendo atuar na
resolução de conflitos e assistência geral aos Estados, além de coordenar programas
em direitos humanos.
• Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 DUDH, como vimos, é o principal
documento jurídico internacional de proteção aos direitos humanos. Juntamente com
os Pactos Internacionais formam o International Bill of Rights.
• De acordo com o seu art. 40, os Estados que aderirem ao Pacto se comprometem a
submeter relatórios com as medidas adotadas para a efetivação dos direitos humanos.
• O seu artigo 28 criou o Comitê de Direitos Humanos, órgão responsável pela aplicação
do referido Pacto e fiscalização dos Estados-membros, que é chamada de
convencionalidade internacional. Em resumo, ele analisa a conformidade dos atos
estatais com as obrigações internacionalmente assumidas, emitindo decisão que será
publicadas no relatório anual enviado à Assembléia Geral.
• Protocolo Facultativo: no seu artigo 5º, diz que só serão aceitas petições em que
fiquem comprovadas o esgotamento de todos os recursos internos nacionais ( com
análise de morosidade) e a inexistência de litispendência internacional.
• Porém, apesar dessa idéia ser aceita, pensando bem os direitos civis e políticos do
outro pacto também não podem ser implementados imediatamente.
• Foi adotado um Protocolo facultativo em 2009, com mecanismos para melhorar sua
aplicação:
• Corte Internacional de Justiça ( CIJ): é o principal órgão judicial da ONU, foi criada em
1945 pela Carta da ONU ( art. 92). Está sediada na cidade de Haia, e não se confunde
com o TPI (Tribunal Penal Internacional): esse é voltado para julgar indivíduos, e a CIJ é
voltada para o julgamento de Estados.
• Tem sede em Haia, contudo pode funcionar em outro lugar ( art. 3º).
- foi criado o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial, com responsabilidade para
receber petições individuais contra Estados que tenham reconhecido a competência do Comitê
para tanto ( O Brasil aceitou essa competência em 2002), recebe também relatórios
confeccionados pelos Estados-partes e também comunicações interestatais.
• 5) Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência : promulgada pelo Brasil
em 2009, deficiência é um conceito em evolução, e resulta da interação entre pessoas
com deficiência e que barreiras devidas às atitudes e ao ambiente impedem a plena e
efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com
os demais indivíduos.
• os Estados têm obrigação de promover direitos que permitam à pessoa com
deficiência ter igualdade de condições com os demais cidadãos. Possui também um
Comitê para receber relatórios, fazer petições individuais e investigações in loco,
mediante Protocolo Facultativo à Convenção.
• Possui também um Comitê contra o Desaparecimento forçado ( art. 26), que recebe
relatórios e pedidos de busca e localização de pessoas desaparecidas ( art. 30).
• O Pacto de San José da Costa Rica ( Convenção Americana) entrou em vigor no Brasil
pelo Decreto 678 de 1992. Ele instituiu a Comissão e a Corte Interamericana de
Direitos Humanos.
• Na Convenção, existem muitos direitos civis e políticos, a única menção aos direitos
econômicos, sociais e culturais está no art. 26, que dispõe: que os Estados se engajem
em implementar progressivamente tais direitos.
• Em 1988 foi adotado o Protocolo de San Salvador, adicional à Convenção. Nele, temos
vários direitos econômicos, sociais e culturais que os membros da OEA se obrigam a
implementar progressivamente. No Brasil, ele foi aprovado pelo Decreto 56 de 1995.
• pode realizar estudos, solicitar informações aos Estados, confeccionar relatórios sobre
a situação dos direitos humanos, receber petições com denúncias de violações ( só
cabível caso o Estado tenha aderido à Convenção). Recebe comunicações interestatais,
desde que os Estados tenham declarado sua competência. Obs: o Brasil não declarou
competência.
• Convenção Interamericana para prevenir e punir a tortura : adotada em 1985, tem por
fundamento a consciência de que todo ato de tortura ou outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes constituem uma ofensa à dignidade humana.
• Sistema Africano: chamado de União Africana, foi fundada em 2002, sua principal
norma é a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, a qual institui a Comissão
Africana de Direitos Humanos. A Corte Africana de Direitos Humanos foi instituía por
um Protocolo à Carta ( Protocolo Burkina Faso).
• Sistema Árabe: Liga de Estados Árabes é uma organização de estados árabes, sua
principal norma é a Carta Árabe de Direitos Humanos.
• Constituição de 1891 – nos arts. 72 a 78 trazia uma declaração de direitos, entre eles a
total liberdade religiosa – o Brasil tornou-se um estado laico. Também foi instituído o
voto direto, mas as mulheres continuavam sem o direito de votar.
• Constituição de 1934 – foi inspirada na Constituição alemã de 1919, por isso há nela
um caráter social, sendo a primeira Constituição a constar os direitos sociais. Estendeu
os votos às mulheres e tornou o voto secreto. Avançou em direitos trabalhistas e
adotou o princípio do ensino primário gratuito e de frequência obrigatória.
• Constituição de 1937 – foi marcada pelo golpe de Getúlio Vargas, que foi uma aliança
civil e militar para promover a industrialização. Previu em seu artigo 186: “É declarado
em todo o país o estado de emergência”; isto é, os direitos humanos fundamentais
ficavam limitados indefinidamente.
• Constituição de 1967 – marcada pelo golpe militar para uma suposta modernização
conservadora da elite brasileira, optou pela segurança nacional exacerbada em
prejuízo dos direito humanos fundamentais. Ficou marcada pela edição dos Atos
Institucionais.
• O caput do artigo 5º da Constituição dispõe: “Todos são iguais perante a Lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se (...) a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.”
• Direito à vida: primeiro eu devo poder escolher viver, para poder escolher todos os
demais direitos. Portanto, o direito à vida é um pré-requisito para todos os demais
direitos humanos existentes, e ele mesmo é o direito humano BÁSICO.
• Direito à vida:
• Direito à vida:
• O artigo 128 do Código Penal dispõe que não se pune o aborto praticado por médico
quando não há outro meio para salvar a vida da gestante ou quando a gravidez
resultar de estupro.
• Direito à igualdade:
• Prisão especial e isonomia: STJ – “A prisão especial não é uma regalia atentatória ao
princípio da isonomia jurídica, mas consubstanciada providência que tem por objetivo
resguardar a integridade física do preso que ocupa funções de natureza pública
( policial civil), afastando-o da promiscuidade com outros detentos comuns.” (6ª T. –
HC nº 3.848 – rel. Min. Vicente Leal, Diário da justiça, Seção I, 4 nov. 1996, p. 42.524).
• II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;
• O inciso III do artigo 5º da C.R/88 dispõe: “ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante;”
• O termo tortura, para a Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes, que foi adotada pela Assembléia Geral das Nações
Unidas em dezembro de 1984 significa:
• “Tortura é qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são
infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter dela ou de terceira pessoa,
informações ou confissões.”
• II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
pessoal ou medida de caráter preventivo.
• Danos causados na manifestação do pensamento ( oral, por escrito, imagens, etc.) são
passíveis de apreciação pelo poder judiciário ( responsabilidade civil e ou penal dos
possíveis autores) e indenizáveis!
• O inciso VIII do artigo 5º dispõe: “Ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se
de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada
em lei.”
• Questão do dia e da noite: como vimos, o inciso XI dispõe que “a casa pode ser violada
durante o dia por determinação judicial.”
• “Para José Afonso da Silva, dia é o período das 6:00 horas da manhã às 18:00hs. Para
Celso de Mello, deve ser levado em conta o critério físico-astronômico, como o
intervalo de tempo situado entre a aurora e o crepúsculo. Alexandre de Morais
entende que a aplicação conjunta de ambos os critérios alcança a finalidade
constitucional de proteção da casa durante o período noturno, possibilitando um
descanso seguro a seus moradores, bem como diminuindo a possibilidade de
arbitrariedades que estariam melhor acobertadas pelo manto da escuridão.”
• Pela edição da Lei 9.296 de 96, que regulamenta o inciso XII visto anteriormente,
também abarca comunicações da informática ( internet, etc.).
• Liberdade de locomoção:
• Engloba quatro situações: (i) acessar o território nacional, (ii) permanecer no território,
(iii) se deslocar nele e (iv) sair do território nacional.
• Em caso de guerra poderá haver restrição desse direito ou liberdade, visando a
segurança nacional.
• Liberdade de reunião:
• O inciso XVI do artigo 5º dispõe: “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente.”
• Deve haver aviso prévio para que esta tome providências cabíveis, tais como:
organização do trânsito, garantia da segurança, e impedimento de realização de outra
reunião para o mesmo local e horário.
• Liberdade de associação:
• Os incisos XVII, XVIII, XIX, XX e XXI do artigo 5º dispõem sobre a liberdade para
associar-se.
• O inciso XVII dispõe: “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar;”
• Os incisos XXII, XXIII, XXIV, XXV e XXVI do artigo 5º dispõem sobre a liberdade para
obter propriedade.
• Jurisprudência:
• O inciso XXV do artigo 5º dispõe: “no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;”
• O inciso XXXV do artigo 5º dispõe: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito.”
• O juiz natural se contrapõe ao “juiz de exceção” ou juízo de exceção pois esse é um juiz
ou juízo instituído temporariamente para julgar caso ou casos específicos. Ou seja, o
juízo de exceção não existia previamente ao conflito ou conflitos.
• Plenitude de Defesa: significa o fato dos jurados serem tirados de todas as classes
sociais, e não apenas de uma ou de algumas delas.
• Sigilo das votações: visa proteger a liberdade de opinião e de convicção dos jurados.
• A Soberania dos veredictos significa que as decisões (em caso de recursos também)
sempre serão do próprio Júri: assim entende o STF, que declarou que a garantia
constitucional da soberania do veredicto do Júri não exclui a recorribilidade de suas
decisões, mas sim o retorno dos autos ao Tribunal do Júri para novo julgamento (STF,
HC 71.617-2, 2ª T., rel. Min. Francisco Rezek, DJU, Seção 1, 19 maio 1995, p. 13.995;).
• O inciso XXXIX do artigo 5º dispõe: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal.”.
• Esse princípio exige a existência de lei específica elaborada pelo Poder Legislativo
anterior à prática do ato a ser penalizado.
• Princípio da liberdade para obter leis criminais que não retroagem para prejudicar o
réu:
• O inciso XL do artigo 5º dispõe: “a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.”
• Sendo assim, a regra geral é a irretroatividade da lei criminal para prejudicar o réu.
Contudo, é permitida a retroatividade que beneficie o réu.
• O inciso XLI do artigo 5º dispõe: “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
direitos e liberdades fundamentais.”
• A redação mais adequada para esse inciso seria “qualquer violação” e não
“discriminação”.
• Princípio da liberdade para obter leis criminais que punam severamente condutas
consideradas gravíssimas e hediondas:
• As condutas hediondas são aquelas mais graves, mais revoltantes para a sociedade,
que causam maior aversão.
• lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2 o) e lesão corporal seguida
de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito
nos arts. 142e 144 da Constituição Federal (polícias civis, militares, bombeiros, etc)
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Lei 13.142 de 2015)
• Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum ( incluído pela Lei 13.964 de 2019 – Pacote Anticrime)
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1o,
2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de
uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados
ou consumados. (Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017 ), crime de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso proibido ( incluído pela Lei 13.964 de 2019), crime de comércio
ilegal de armas de fogo, crime de tráfico internacional de arma de fogo e de organização
criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado ( Lei 13.964 de
2019.
• A nova Lei 14.344 de 2022 prevê que o crime praticado contra menor de 14 anos
torna-se hediondo ( Lei Henry Borel).
• Princípio da liberdade para obter leis criminais que punam tráfico ilícito de
entorpecentes, tortura e terrorismo:
• Art. 2o O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos
neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia
e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou
generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade
pública.
• Jurisprudência:
• Ampla defesa: asseguramento que é dado ao réu de condições que lhe possibilitem
trazer para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade ou
mesmo de calar-se.
• O inciso LVI do artigo 5º dispõe: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos.”
• Com tudo, tal princípio foi ao longo do tempo atenuado, ou seja, passou-se a admitir
provas obtidas por meios ilícitos em casos extremamente graves, especialmente nos
casos em que a segurança pública é mais importante que a intimidade, a liberdade de
comunicação, por exemplo.
• Jurisprudência:
• As provas obtidas por meios podem ser usadas para beneficiar o réu ou para legítima
defesa da vítima?
• O inciso LVII do artigo 5º dispõe: “ninguém será culpado até o transito em julgado de
sentença penal condenatória.”
• O incisos LXI do artigo 5º dispõe: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos
casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;”
• Jurisprudência:
• Direitos do preso:
• “o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;” “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária”.
• Poder ficar calado (o silêncio não pode ser interpretado em desfavor do acusado);
• Saber os motivos de sua prisão, e por quem foi preso (possível responsabilização por
abusos – responsabilidade da autoridade policial pode ser civil – danos materiais e
morais – e criminal – abuso de autoridade)
• Jurisprudência -
• O inciso LXVII do artigo 5º dispõe: “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e
a do depositário infiel.”
• Princípio da liberdade para obter indenização por erro judiciário ou excesso de prisão:
• Os direitos sociais são direitos subjetivos ( ou poderes) como é típico das liberdades,
mas também são poderes de exigir do Estado, são direitos de crédito. Na Constituição
isso é cristalino: o texto afirma “dever do Estado” propiciar a proteção à saúde (art.
196), à educação (art. 205), à cultura (art. 215), ao lazer, pelo desporto ( art. 217), pelo
turismo (art. 180) etc. Igualmente o direito ao trabalho que se garante pela
previdência social ao desempregado (art. 201, IV).
• A garantia que o Estado dá a esses direitos sociais é a instituição dos serviços públicos
a eles correspondentes. Mas, até que ponto o Estado deve dar o atendimento a esses
direitos?
• Faremos uma análise do modo pelo qual o Direito Brasileiro incorpora os instrumentos
internacionais de proteção dos direitos humanos.
• Necessidade de assegurar que não apenas as violações cessem, mas que a justiça seja
feita em relação a ambos, vítimas e perpetradores.
• O Direito Internacional dos Direitos Humanos objetiva garantir o exercício dos direitos
da pessoa humana. E ao fazer isso, revela um conteúdo materialmente constitucional,
já que os direitos humanos sempre foram considerados matéria constitucional.
Contudo, no âmbito do Direito Internacional dos Direitos Humanos, a fonte de tais
direitos é de natureza internacional.
• Essa abertura à ordem internacional, também quer dizer que a soberania do Estado
brasileiro fica submetida a regras jurídicas, tendo como parâmetro obrigatório a
prevalência dos direitos humanos.
• O termo tratado é geralmente usado pare referir aos acordos obrigatórios celebrados
entre sujeitos de Direito Internacional. Além do termo ‘tratado’, diversas outras
denominações são usadas para se referir aos acordos internacionais. As mais comuns
são Convenção, Pacto, Protocolo, Carta, Convênio, como também Tratado ou Acordo
Internacional.
• Enfatiza-se que os tratados são, por excelência, expressão de consenso. Apenas pela
via do consenso podem os tratados criar obrigações legais, uma vez que Estados
soberanos, ao aceitá-los, comprometem-se a respeitá-los.
• Em geral, o processo de formação dos tratados tem início com os atos de negociação,
conclusão e assinatura do tratado, que são da competência do órgão do Poder
Executivo. A assinatura do tratado traduz um aceite precário e provisório, não
irradiando efeitos jurídicos vinculantes. Após a assinatura do tratado pelo Poder
Executivo, o segundo passo é a sua apreciação e aprovação pelo Poder Legislativo.
• Entre a assinatura e a ratificação, o Estado está sob a obrigação de obstar atos que
violem os objetivos ou os propósitos do tratado.
• Como etapa final, o instrumento de ratificação há de ser depositado em um órgão que
assuma a custódia do instrumento – por exemplo, na hipótese de um tratado das
Nações Unidas, o instrumento de ratificação deve ser depositado na própria ONU; se o
instrumento for do âmbito regional interamericano, deve ser depositado na OEA.
• Entretanto, os direitos internacionais poderão ser subtraídos pelo mesmo Estado que
os incorporou... Vale dizer, cabe ao Estado-parte tanto o ato de ratificação do tratado
como o de denúncia, ou seja, o ato de retirada do mesmo tratado. No Brasil, a
denúncia continua a constituir ato privativo do Executivo, que não requer qualquer
participação do Legislativo.
• Resta, por fim, avaliar qual o impacto jurídico do Direito Internacional dos Direitos
Humanos no Direito brasileiro.
• A título de exemplo, o disposto no artigo 5º, III, da Constituição, que, ao prever que
“ninguém será submetido a tortura nem a tratamento cruel, desumano ou
degradante”, é reprodução literal do art. V da Declaração Universal de 1948. Do
mesmo modo, o princípio de que “todos são iguais perante a lei”, o princípio da
inocência presumida, o direito à razoável duração do processo, dentre outros.
• Vale destacar alguns direitos que, embora não previstos no âmbito nacional,
encontram-se enunciados nesses tratados e, assim, passam a incorporar ao Direito
brasileiro. Ex: direito de toda pessoa a um nível de vida adequado para si próprio e sua
família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia ( art. 11 do Pacto Internacional
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais);
• Ex: direito das minorias étnicas, religiosas ou linguísticas a ter a sua própria vida
cultural, professar e praticar sua própria religião e usar sua própria língua ( art. 27 do
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos);
• Ex: direito da criança que não tenha completado quinze anos a não ser recrutada pelas
Forças Armadas para participar diretamente de conflitos armados ( art. 38 da
Convenção sobre direitos da criança);
• O critério a ser adotado é a escolha da norma mais favorável à vítima, a norma mais
benéfica ao indivíduo, titular do direito. A primazia é da pessoa humana.
• 1) O Direito Humanitário;
• Hoje existe o Comitê Internacional da Cruz Vermelha – CICV -, que foi criado em 1863
na Suíça, por Jean-Henri Dunant, que após testemunhar a batalha de Solferino na
Itália, em 1859, com 40.000 mil soldados mortos ou feridos em um único dia, chocou-
se com o sofrimento dos feridos e com a falta de atendimento médico, e decidiu
dedicar-se a essa causa, mobilizando a população.
• Liga das Nações: é uma entidade criada por alguns países logo após a 1ª GM, em 1920,
tendo por finalidade promover a cooperação internacional pela paz e segurança
mundial. Foi fruto da preocupação que a guerra deixou em relação à paz e segurança
internacional.
• Contudo, a Liga não obteve muito êxito em seus objetivos, pois alguns anos após
houve a 2ª GM, porém ela pode ser apontada como a origem da formação da
Organização das Nações Unidas ( ONU).
• Organização Internacional do Trabalho – OIT: criada em 1919 é uma entidade que visa
promover padrões dignos de condições de trabalho e bem-estar para os
trabalhadores. A OIT é uma iniciativa bem sucedida, e atualmente conta com diversos
países, incluindo o Brasil.
• No caso de conflito de normas entre esses sistemas, deve prevalecer a norma mais
benéfica à pessoa humana ( aplicação da norma mais benéfica à pessoa humana).