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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL


CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO DA METODOLOGIA CIENTÍFICA
PROF.º DRA. MARIA DAS GRAÇAS MOITA RAPOSO FERREIRA
ALUNO: RENATO RAMOS DE ALMEIDA – 1° PERÍODO

RESENHA
FAZER UNIVERSIDADE: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA
O conhecimento como compreensão do mundo e como fundamentação da ação

TERESINA-PI
2022
LUCKESI, Cipriano. Et al. O conhecimento como compreensão do mundo e como
fundamentação da ação. IN ___. Fazer Universidade: uma proposta metodológica. 6. ed. São
Paulo: Cortez, 1991. p. 47-59. 232p.

Cipriano Carlos Luckesi, nasceu em 23 de fevereiro de 1943 no município de


Charqueada-SP. O autor possui uma formação acadêmica diversa e sistêmica, Bacharel em
Teologia-Pontifícia Universidade Católica/PUC-SP (1968); Licenciado em Filosofia-
Universidade Católica de Salvador-BA (1970); Mestre em Ciências Sociais-UFBA (1976);
Doutor em Educação – Filosofia e História da Educação/PUC-SP (1992); Psicoterapeuta em
Biossíntese-Centro de Biossíntese da Bahia. Fez parte do corpo docente na Universidade
Estadual de Feira de Santana-BA com vinculo no Departamento de Ciências Humanas e
Filosofia, ministrava a disciplina de Metodologia do Trabalho Científico e Metodologia da
Pesquisa entre os anos de 1976 a 1994. Luckesi publicou 14 livros, além de inúmeros artigos
científicos publicados em revistas especializadas.
O presente texto de título “O conhecimento como compreensão do mundo e como
fundamentação da ação” do autor, Luckesi, tem como temática central a discussão minuciosa
sobre as maneiras, abordagens e inúmeras formas de como o conhecimento influência de
maneira direta e indireta o ser humano a realizar análises, avaliações e tomar decisões que
resultam em ações práticas e efetivas, como, por exemplo, tomar um determinado
posicionamento diante de alguma situação. Assim, como atuar de maneira crítica e assertiva na
sociedade independentemente do âmbito e segmento ao qual está inserido.
O texto se mostra construtivo e diretivo, pois consegue personificar, materializar a
relação indissociável que existe entre as ações (atitudes) e os saberes e fazeres (conhecimento).
De acordo com Luckesi (1991, p.47), “a ação é elemento fundamental, é básico para que haja
o entendimento e o entendimento transforma-se em suporte poderoso da condução da ação”. A
visão do autor demonstra de maneira didática como a “ação e o conhecimento” são elementos
indissociáveis, eles se complementam, existe uma espécie de mutualismo que desenvolvem
ambas de maneira proporcionalmente resultando na capacidade reflexiva e crítica do indivíduo.
Esta relação na perspectiva de Luckesi é condicionante, para o ser humano agir, este
necessita do conhecimento, nem que seja de natureza superficial, mínima sobre um determinado
tema, assunto e a ação auxilia o processo de entendimento mediante a experiência vivenciada
nas situações no mundo e sobre o mundo, estes acontecimentos que resultam em aprendizagens
que concedem suporte para a execução das futuras atitudes (reflexão e ação). Essa perspectiva
do autor sobre a ligação da ação e o conhecimento é uma espécie de analogia ao processo
empírico, o processo da compreensão da visão de mundo perpassa pela a vivência de inúmeras
experiências e a devida utilização dos saberes e fazeres.
Em conformidade com o Luckesi (1991) compreende-se que o processo de
entendimento/compreensão do mundo é uma atividade de natureza emancipatória em relação
ao mundo, no momento que o ser humano adquire conhecimento (saberes e fazeres) o mesmo
torna-se “dono de si e de tudo que está a sua volta”. É através do processo de ordenamento,
organização, significação e ressignificação das informações que resulta na construção do
conhecimento o ser humano rompe com a normatização e regramento do mundo. É explícito
no texto a visão do autor sobre como e quando o homem domina a si mesmo e o mundo a sua
volta e o transforma a sua maneira em conformidade com as suas teorias e respectivas práticas
resultante da construção dos saberes e fazeres – o conhecimento através da sua capacidade
cognitiva, reflexiva e crítica.
Para Luckesi (1991) o processo da aquisição do conhecimento (aprendizagem) não
ocorre de maneira isolada, individual, pelo contrário, faz-se necessário os aspectos sociais e
históricos. É a relação indissociável entre os aspectos do mundo que o homem está inserido e a
sua capacidade de agir, posicionar e refletir (consciências) sobre um determinado assunto, coisa
e as suas respectivas implicações para si mesmo e para o mundo que está inserido. O
conhecimento é um elemento social e histórico, social, pois a compreensão/entendimento não
ocorre de maneira solitária e isolada, e histórico devido a sua essência natural, o conhecimento
não nasce “concluso” e “pronto”, este surge ao longo do tempo, vai tomando forma, evoluindo
sofrendo inúmeras interferências em conformidade com o contexto, objetivos e finalidades
atribuídas pelo homem (ser humano).
É interessante como o autor realizou a discussão sobre a dualidade que existe na forma
como o “conhecimento” pode ser utilizado na sociedade e no mundo. Luckesi (1991) ressalta
que o conhecimento poder seguir como um instrumento de libertação (iluminação) do homem,
concede ao mesmo o poder de ser “dono da situação”, do seu destino, mas também pode servir
como uma ferramenta de controle, autoritarismo (opressão) de outros homens. Assim,
compreende-se que o “conhecimento” é puramente “poder”, que o detém pode escolher a forma
como vai utilizá-lo de uma forma libertadora ou opressora.
Conclui-se, que o autor produziu um texto de natureza descritiva e explicativa sobre a
relação indissociável entre a ação e compreensão/entendimento do mundo, o poder do
conhecimento, assim como o processo de aquisição do conhecimento do ser humano e as formas
como este pode utilizá-lo – atitudes libertadoras ou atitudes opressoras. O autor citar inúmeros
exemplos para corroborar as suas concepções e discussões acerca da temática central do texto.

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