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Escrito por: Gabriel de Mello Martins

Máquina de escrever, uma escolha racional?

Hoje acordei com aquele “pensamentozinho” me incomodando bem lá no canto da cabeça.


“Putz... E aí, sobre o eu vou escrever? Será que tem um tema mais específico, mais adequado
para falar sobre?”

Então renunciando às formas mais modernas de escrita, peguei a minha velha máquina de
escrever, e a ideia surgiu como um estalo, praticamente no mesmo instante. Porém... para
infelicidade de minha parte, assim que começo a escrever, um problema me ocorre.

A infeliz da fita saiu do lugar mais uma vez. Pacientemente, e sem nenhuma outra opção, me
coloquei em função de repor a “marvada” no lugar. Mas durante esse momento, eu me peguei
pensando em uma coisa: “A máquina de escrever é boa, quando tá funcionando”.

Quantas coisas as pessoas fazem, ou quantas coisas elas compram – e nesse sentido de
“comprar”, eu não estou me referindo somente a objetos, mas a ideias também – que são
boas só no começo, só na propaganda? Ou só enquanto estão funcionando?

Olha só, eu sabia que teria de trocar a fita. Eu sabia que em alguns momentos eu iria me
aborrecer fazendo isto. E também sei que ela precisa de manutenção, ainda mais por ser algo
mais antigo. Mas mesmo assim eu a comprei.

Neste momento, você deve estar pensando, por que afinal eu a comprei? Porque lá no fundo
eu sei que esse aborrecimento vale a pena, ela compensa todos os aspectos desfavoráveis que
as pessoas podem citar a seu respeito.

Afinal, muitas pessoas vão afirmar que o uso de uma máquina de escrever é algo atrasado,
superado por tecnologias mais eficientes… Mas digo a vocês uma coisa, não. Isso que dizem
em parte não é totalmente verdade não.

Pois bem, a tecnologia atual pode até oferecer uma série de vantagens, como não precisar se
preocupar com fitas e como, quando e onde trocá-las, ou até mesmo poder corrigir facilmente
um erro de digitação no meio do texto.

Mas, por outro lado, o processo de escrita na máquina, oferece alguns aprendizados que não
estão presentes nas formas digitais. O cuidado com a escrita, para evitar erros no texto, a
reflexão sobre o que se vai escrever, para que não se tenha que reescrever tudo novamente.
O pensador grego Arístocles, que ficou famoso pelo seu apelido Platão, dizia que todas as
formas e conhecimentos perfeitos, estão em um lugar distante, ao qual o ser humano se
conecta apenas através da racionalidade, o Mundo das Ideias.

Porém me parece que, os métodos mais modernos, por terem como preocupação a velocidade
e o imediatismo, fazem com que as pessoas muitas vezes, não reflitam antes de escrever um
texto, de expressar algo, gerando muitos dos problemas que se observa nos dias de hoje.

Talvez, a minha querida velha máquina de escrever, seja uma forma bastante interessante de
gerar alguma reflexão, uma conexão ao Mundo das Ideias. Afinal, neste mundo tão
instantâneo e agressivo, talvez todas as pessoas devessem procurar alguma forma de se
conectar ao mundo racional, pensar um pouco antes de tomar uma decisão, ou de emitir
algum tipo de opinião.

Desta forma, parece um ato racional declarar “Longa vida à Máquina de Escrever! ”.

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