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SETOR PÚBLICO
Autoria: Nelson Chalfun Homsy
Dados Pessoais
Nome:__________________________________________________________
Endereço:______________________________________________________
E-mail:_________________________________________________________
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
Prof.ª Tathyane Lucas Simão
Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
Prof. Ivan Tesck
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
330
H763e Homsy; Nelson Chalfun
Economia no setor público/ Nelson Chalfun Homsy.
Indaial : UNIASSELVI, 2017.
124 p. : il.
ISBN 978-85-69910-50-3
1. Economia.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
PARCERIA ENTRE
IBAM E UNIASSELVI
No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo,
observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência
das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz
à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de
um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas.
Paulo Timm
Superintendente Geral do Instituto
Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
APRESENTAÇÃO.......................................................................7
CAPÍTULO 1
Introdução à Economia no Setor Público............................9
CAPÍTULO 2
A Alocação e a Distribuição de Bens
Privados e de Bens Públicos................................................17
CAPÍTULO 3
As Funções Econômicas do Estado.....................................39
CAPÍTULO 4
As Políticas Tributária e Fiscal...........................................55
CAPÍTULO 5
Endividamento Público..........................................................73
CAPÍTULO 6
A Economia do Setor Público Aplicada
ao Caso Brasileiro.................................................................95
APRESENTAÇÃO
Caro pós-graduando!
Para tanto, este livro trata da disciplina Economia do Setor Público e apresenta
as Funções Econômicas do Estado, explicitando as Razões da Intervenção do
Estado na Economia. Em seguida, são apresentados e comparados os conceitos de
Bens Públicos e Bens Privados, explicitados os Arranjos Institucionais na Provisão
de Bens Públicos. Apresentam-se também os conceitos complementares referentes
aos bens meritórios e bens de clube, casos particulares dos bens públicos. Tais
assuntos constam nos cinco primeiros capítulos deste livro e são fundamentais para
o entendimento dos processos que envolvem as Políticas Fiscal e Tributária e de
Endividamento público.
Esperamos que este livro faça com que você goste do assunto e se interesse
cada vez mais por ele, seja por curiosidade, seja por necessidade. Quanto mais
você aprende e ganha segurança sobre um determinado assunto, mais aumenta o
seu grau de “amizade” com esse assunto e maior a sua curiosidade em aprender o
assunto mais detalhadamente, e assim desempenhará suas atividades profissionais
de maneira mais eficiente. Desejamos, pois, que ao ler este livro, você inicie ou
fortaleça a sua amizade com a Economia do Setor Público.
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Capítulo 1 Introdução à Economia no Setor Público
Contextualização
O que estuda a disciplina Economia do Setor Público?
Caracterização da Economia do
Setor Público
A Economia é, muitas vezes, também chamada de Economia Política. "Polis"
em grego significa Estado. E os primeiros escritores usaram o termo "Economia
Política" para a gestão do Estado. Da mesma forma que se espera que a pessoa
chefe de uma família faça o melhor uso dos rendimentos do conjunto familiar,
espera-se que o governante obtenha o máximo benefício para a sociedade.
Muitas coisas que queremos são escassas e temos que pagar um preço por
elas. Então, a Economia estuda como os preços de bens e serviços diferentes são
determinados. Podemos também dizer que a Economia é uma ciência que lida
com preços.
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Economia no Setor Público
Abordagens à Intervenção do
Estado na Economia
A expressão Economia do Setor Público pode sugerir ao leitor a ideia de que
o Setor Público só pode ser analisado a partir da visão econômica. Entretanto,
a visão econômica não é a única a abordar a intervenção do Estado. A visão
econômica como método de análise representa, entretanto, apenas uma das
várias abordagens aplicáveis ao estudo da intervenção do Estado na Economia.
Outras abordagens podem ser aplicadas, dentre as quais, a da Administração
Pública e a da Ciência do Direito, embora também sejam aplicáveis as visões da
Sociologia, da Ciência Política e a da Contabilidade Pública.
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Capítulo 1 Introdução à Economia no Setor Público
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Economia no Setor Público
A forma pela qual as unidades territoriais se reúnem pode ser mais ou menos
centralizada. Quando ocorre maior centralização, diz-se que se está diante de
um Estado Unitário. Quanto menor a centralização, ocorre o chamado Estado
Federalista. Com efeito, o modelo de planejamento econômico do país espelha a
estrutura do Estado Federalista ou Unitário.
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Capítulo 1 Introdução à Economia no Setor Público
Atividades de Estudos:
Algumas Considerações
A disciplina Economia do Setor Público estuda a intervenção do Estado na
economia de um país e se preocupa em analisar a gestão do setor público e
de que maneira as políticas públicas afetam o comportamento das firmas e das
pessoas.
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Economia no Setor Público
Referências
HOMSY, N. C. Introdução à economia. Indaial: Uniasselvi, 2017.
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C APÍTULO 2
A Alocação e a Distribuição de Bens
Privados e de Bens Públicos
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
Contextualização
No capítulo anterior você teve a oportunidade de conhecer Os diferentes
o campo de estudo da disciplina Economia do Setor Público e de objetos de análise
utilizados por
distinguir os diferentes objetos de análise utilizados por abordagens abordagens
alternativas à abordagem econômica, tais como a da ciência do direito alternativas
à abordagem
e a da administração pública, dentre outras abordagens que tratam da econômica, tais
intervenção do Estado na economia. como a da ciência
do direito e a da
administração
Neste capítulo você irá aprender sobre as razões da intervenção pública
do Estado na Economia, como ocorre esta intervenção e como ela afeta
a organização da produção de bens e serviços.
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Economia no Setor Público
Fonte: O autor.
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
As Regras do Mecanismo de
Mercado
Com base no exemplo prático da aplicação do cálculo marginal, pode-se
concluir que se o preço de venda do produto é maior do que o seu custo
marginal, mais recursos deverão estar disponíveis para a sua fabricação. Ao
afetar os preços dos produtos, as mudanças nas preferências dos consumidores
afetam a expansão e a contração de indústrias e negócios. Estes processos
ocorrem sem que seja necessário qualquer tipo de intervenção de um órgão
central de planejamento ou qualquer outro mecanismo de condução. Dizemos,
então, que o mecanismo de mercado é o responsável pela obtenção da eficiência
na alocação e distribuição dos recursos, muito embora essa eficiência apresente
consequências danosas para firmas ou negócios que, porventura, venham a
perder uma parcela dos seus clientes ou que mesmo vão à falência. Estas são as
regras do mecanismo de mercado.
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Economia no Setor Público
b) Externalidades
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
Situação 1
Situação 2
Fonte: O autor.
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Economia no Setor Público
c) Monopólio Natural
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
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Economia no Setor Público
As Falhas de Mercado e a
Intervenção do Estado na Economia
O Estado intervém na Economia a fim de corrigir problemas que afetam
a alocação e a distribuição adequadas de determinados tipos de bens, cuja
característica principal é o seu consumo coletivo, o que impossibilita a definição
do seu preço e a determinação de quantidades individualizadas. Um exemplo
comum a todos nós é a defesa do território nacional.
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
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Economia no Setor Público
A distinção exata entre bem público e bem privado não é tão simples. Para
tanto, dois conceitos são utilizados para diferenciá-los: rivalidade no consumo
e exclusão do consumo. Quanto maior a rivalidade e a exclusão, mais privado
será o bem. Quanto menor a rivalidade e a exclusão, mais público ele o será.
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
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Economia no Setor Público
Fonte: O autor.
Características do Consumo de
Bens Públicos
Nos exemplos anteriores podemos verificar que nós não revelamos o grau
de importância que atribuímos ao consumirmos bens públicos. Ao consumirmos
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
bens privados essa revelação ocorre de maneira explícita, uma vez que pagamos
um preço por eles. Ao adquirirmos certa quantidade de bens privados, estamos
compatibilizando a quantidade de dinheiro de que dispomos com as nossas
vontades de consumo.
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Economia no Setor Público
Fonte: O autor.
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
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Economia no Setor Público
cada um deve pagar pelo serviço. Outro ponto de forte discordância surge quando
se trata de definir o papel que o Estado deve desempenhar, enquanto provedor e
supervisor da prestação de tais serviços.
3. Devem ser produzidos diretamente pelo setor público? Ou pelo setor privado,
contando com recursos públicos para a sua produção?
Bens de Clube
Uma das razões básicas do não funcionamento eficiente do mercado dos
bens não rivais, mas excludentes, é a incapacidade dos cidadãos em agir de
forma cooperativa, de maneira a eliminar a exclusão. Essa falta de cooperação
é motivo para que o governo desempenhe a sua função de alocar recursos. Um
bem cujo consumo é coletivo, mas que é sujeito à exclusão, caracteriza-se como
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
um “bem de clube”. Podemos pensar nos bens de clube como bens públicos sem
exclusão, com economias de escala resultantes do aumento de consumidores e
derivadas da redução do custo médio da sua provisão. Entretanto, a entrada de
consumidores adicionais leva ao congestionamento, o que, a longo prazo, cria
uma situação de consumo rival.
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Economia no Setor Público
Atividades de Estudos
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A Alocação e a Distribuição de Bens
Capítulo 2
Privados e de Bens Públicos
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Algumas Considerações
Você observou neste capítulo que, em uma economia ideal, não há um
coordenador central orientando seu funcionamento. A auto-organização advém do
funcionamento do mercado, onde as forças de demanda e oferta determinam o
preço pelo qual ocorrem as trocas, em regime de livre concorrência.
Referências
ARVATE, P., BIDERMAN, C. (Ed.). Economia do setor público no Brasil. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2004.
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Economia no Setor Público
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C APÍTULO 3
As Funções Econômicas do Estado
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Capítulo 3 As Funções Econômicas do Estado
Contextualização
Agora que já sabe diferenciar “bens públicos” de “bens privados” e sabe que
o mecanismo de mercado, quando falha, entrega ao Estado a tarefa de coordenar
a alocação e a distribuição dos bens públicos, você estudará neste Capítulo 2 as
funções econômicas desempenhadas pelo Estado.
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Economia no Setor Público
Atividades de Estudos:
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Capítulo 3 As Funções Econômicas do Estado
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Economia no Setor Público
C X
bens privados
D Y
O E F B
bens públicos
Fonte: O autor.
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Capítulo 3 As Funções Econômicas do Estado
Fonte: O autor.
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Economia no Setor Público
Atividade de Estudos:
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Capítulo 3 As Funções Econômicas do Estado
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Economia no Setor Público
Fonte: O autor.
Atividade de Estudos:
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Capítulo 3 As Funções Econômicas do Estado
As Políticas Macroeconômicas
As Políticas Macroeconômicas são: Política Monetária, Política Cambial,
Política Tributária e Política Fiscal.
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Economia no Setor Público
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Capítulo 3 As Funções Econômicas do Estado
a) PIB sob a ótica do produto – soma dos valores agregados líquidos dos
setores primário, secundário e terciário da economia, mais os impostos indiretos,
mais a depreciação do capital, menos os subsídios governamentais.
Quadro 2 – Renda agregada: soma das rendas pagas aos fatores de produção
FATOR DE PRODUÇÃO RENDA
Capital Físico = aluguel, leasing (R$)
Capital financeiro = juro (R$)
Capital Tecnológico = royalties (R$)
Capital Humano/Trabalho = salário (R$)
TOTAL DA RENDA = (aluguel + juro + royalty + salário)
Fonte: O autor.
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Economia no Setor Público
Atividades de Estudos:
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Capítulo 3 As Funções Econômicas do Estado
Algumas Considerações
Neste capítulo foi apresentado material de estudo destinado a oferecer a
você a oportunidade de conhecer quais as funções econômicas do Estado, de
compreender os limites da intervenção do Estado na Economia e de reconhecer a
relação entre a Economia do Setor Público e as Políticas Macroeconômicas.
Referências
HOMSY, N. C. Introdução à economia. Indaial: Uniasselvi, 2017.
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Economia no Setor Público
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C APÍTULO 4
As Políticas Tributária e Fiscal
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Capítulo 4 As Políticas Tributária e Fiscal
Contextualização
Nos Estados Nacionais Modernos, as estruturas de funcionamento dos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são sustentadas pela contribuição do
valor correspondente a uma parcela da produção de bens e serviços gerados pela
sociedade.
Observação importante!
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Economia no Setor Público
A Política Tributária
A política tributária pode ser conceituada, de forma simples e objetiva, como
o conjunto de ações necessárias para reduzir os desequilíbrios de renda entre
pessoas, setores produtivos e regiões geográficas e para arrecadar recursos
destinados ao financiamento do gasto público (funções alocativa e distributiva),
levando em consideração as regras de neutralidade, equidade, simplicidade,
flexibilidade, produtividade e responsabilidade política.
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Capítulo 4 As Políticas Tributária e Fiscal
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Economia no Setor Público
Este princípio atende ao prescrito no art. 5° XV da CF/88, que assegura a liberdade de locomo-
ção no território nacional. O artigo 150, V da CF/88 veda a cobrança de tributos com a finalidade
de limitar o tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais.
ILUSÃO TRIBUTÁRIA
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Capítulo 4 As Políticas Tributária e Fiscal
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Economia no Setor Público
Fonte: O autor.
Primeiro exemplo:
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Capítulo 4 As Políticas Tributária e Fiscal
Segundo exemplo:
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Economia no Setor Público
Fonte: O autor.
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Capítulo 4 As Políticas Tributária e Fiscal
O senso comum indica que “algum tributo” deve existir, mas não
se sabe quantos, qual a sua incidência – se sobre a renda, sobre
o consumo ou sobre o patrimônio -, nem sobre o quanto deve ser
arrecadado. Não se sabe, também, para qual governo pagá-los, se o
federal, o estadual ou o municipal.
Uma coisa é certa: ninguém quer pagar tributo algum, mas todos
acham que alguém deve pagar. Uns acham que os ricos devem
pagar, simplesmente porque são ricos. Outros acham que os pobres
devem pagar, porque são eles que se beneficiam do transporte
coletivo subsidiado, dos hospitais públicos, das escolas públicas,
da previdência social sem terem contribuído, dos programas sociais
endereçados aos excluídos, desprovidos etc.
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Economia no Setor Público
Fonte: O autor.
A Política Fiscal
A política fiscal representa o conjunto de instrumentos destinados à execução
do gasto público, cujo objetivo é o de reduzir as disparidades entre pessoas,
setores econômicos e regiões e o de prover a demanda de bens públicos pela
sociedade.
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Capítulo 4 As Políticas Tributária e Fiscal
As Funções do Orçamento
O orçamento do setor público assume o formato de diversos tipos de
ferramentas utilizadas para atender a diferentes objetivos:
1. Ferramenta de planejamento
2. Ferramenta de controle
4. Ferramenta política
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Economia no Setor Público
7. Ferramenta motivacional
O orçamento pode ser usado como uma ferramenta para motivar os gerentes
e funcionários a trabalhar de forma eficaz e eficiente para atingir objetivos
organizacionais e objetivos que foram determinados.
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Capítulo 4 As Políticas Tributária e Fiscal
Fonte: O autor.
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Economia no Setor Público
Atividades de Estudos:
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Capítulo 4 As Políticas Tributária e Fiscal
Considerações Finais
Neste capítulo vimos as estruturas de arrecadação de tributos e de gasto
destinadas a possibilitar ao Estado oferecer as condições para o desenvolvimento
econômico com justiça social por meio da elaboração e execução de políticas
capazes de: oferecer aos cidadãos e às empresas os meios para que estes
possam contribuir de maneira plena para o crescimento econômico e garantir à
sociedade a justa repartição dos frutos deste crescimento, com distribuição da
renda, geração de emprego e provisão dos serviços sociais.
Referências
ARVATE, P.; BIDERMAN, C. (Ed.). Economia do setor público no Brasil. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2004.
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Economia no Setor Público
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C APÍTULO 5
Endividamento Público
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Capítulo 5 Endividamento Público
Contextualização
Agora que você já conhece a distinção entre os Princípios Teóricos de
Tributação e os Princípios do Sistema Tributário Nacional e possui a compreensão
das Funções do Orçamento como instrumento da Política Fiscal, neste Capítulo 5
você estudará as noções sobre o Endividamento Público.
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Economia no Setor Público
A dívida pública pode ser mantida por investidores privados, como empresas
públicas e pessoas físicas, e também por agências governamentais, fundos de
investimento e bancos da reserva federal.
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Capítulo 5 Endividamento Público
Conceito de Circularidade de
Estoque da Dívida e Fluxos de
Pagamentos e Recebimentos
Uma importante questão a ser levada em consideração quando analisamos
o endividamento é o argumento sobre a circularidade entre as variáveis dívida
(estoque) e produto (fluxo). Este argumento aponta para o fato de que, como em
uma caixa d’água, o saldo da dívida é dado pelo nível da água no reservatório;
os volumes de água que entram e saem representam, respectivamente, novas
emissões de dívida e pagamentos de dívida. Se o governo reduz mais a dívida do
que toma emprestado em um ano, por exemplo, o volume de água no reservatório
(isto é, o saldo da dívida) se reduz.
Ou seja, o estoque da dívida pode variar para mais ou para menos quando
o período de observação é longo (dez, vinte anos) sem que esta variação tenha
como causa uma piora ou uma melhora nas condições das contas públicas.
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Economia no Setor Público
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Capítulo 5 Endividamento Público
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Economia no Setor Público
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Capítulo 5 Endividamento Público
Estas condições definem os valores das prestações que deverão ser pagas
durante o período de amortização da dívida. Se há certeza da existência de
recursos financeiros excedentes para fazer face aos compromissos, os seguintes
aspectos referentes aos aspectos institucionais e organizacionais do governo e à
dinâmica do ambiente econômico local, regional e nacional devem, também, ser
objeto de análise previamente à contratação de dívida pelo gestor:
c) A administração da dívida
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Economia no Setor Público
Dívida Soberana
A administração da dívida pública, entretanto, não está restrita a
considerações de caráter eminentemente técnicos, visto que pode ser influenciada
por decisões políticas tomadas pelo governo, que detém poderes soberanos –
daí ser chamada dívida soberana – de administrá-la, verificando o interesse do
conjunto da sociedade.
a) Montante da Dívida
b) Perfil da Dívida
c) Estrutura da Dívida
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Capítulo 5 Endividamento Público
c) Renegociação de Dívida
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Economia no Setor Público
Fonte: O autor.
Repare que no Plano I os valores das prestações se repetem (R$ 54,39). Este
perfil pode ser o mais adequado para uma Administração Pública que apresente
uma regularidade nos recebimentos e pagamentos, incluindo o pagamento das
prestações da dívida.
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Capítulo 5 Endividamento Público
Fonte: O autor.
d) Amortização e Juros
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Economia no Setor Público
Teorias do Endividamento: a
Abordagem da Equivalência
Ricardiana e a Abordagem
Keynesiana da Dívida
A necessidade de gestão racional da dívida estimulou a ciência econômica
a estudar o fenômeno da dívida pública, suas causas e consequências, para
definir os níveis ideais e limites sustentáveis da dívida. Independentemente dos
resultados dos estudos realizados, os efeitos das análises do endividamento
permitem aos técnicos ligados à área de gestão da dívida pública a maior
compreensão dos problemas relacionados com a dívida, sem fornecer exclusivas
orientações para a condução da política de endividamento, a qual representa um
misto de capacidade gerencial e decisão política.
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Capítulo 5 Endividamento Público
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Economia no Setor Público
Tratamento similar deve ser dado aos juros que o governo paga sobre a sua
dívida e aos juros que ele recebe, em função do ativo que detém. Se o governo
paga 30 reais de juros sobre o que deve e recebe 10 reais a título de juros do
ativo, os juros líquidos devidos são de 20 reais.
Atividades de Estudos:
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Capítulo 5 Endividamento Público
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Economia no Setor Público
Requisitos:
A carta deverá ser escrita em Word e conter entre 650 e 700
palavras.
Para justificar os argumentos e sugestões, o texto deverá citar
necessariamente todas as palavras e expressões, pelo menos
uma vez.
A estrutura do texto da carta é a seguinte:
Introdução – apresentação do problema – 100 a 150 palavras.
Desenvolvimento – texto de análise e argumentação – 550 a 600
palavras.
Introdução do texto:
Sr.(a) Prefeito(a)
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Capítulo 5 Endividamento Público
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Algumas Considerações
Neste capítulo você teve a oportunidade de rever e obter o conhecimento
mais aprofundado das razões do endividamento público, maior compreensão
da necessidade de limites ao endividamento público e da maior eficiência na
administração do endividamento público.
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Economia no Setor Público
Referências
CHALFUN, N. Lei de Responsabilidade Fiscal. Estudo em Grupos de
Aprendizagem. Unidade de Estudo 4. Controlando e Avaliando a Execução do
Orçamento. Seção 4 — O Endividamento Público. MPOG, MDIC, BNDES,
2001. p. 31-46.
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Capítulo 5 Endividamento Público
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Economia no Setor Público
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C APÍTULO 6
A Economia do Setor Público
Aplicada ao Caso Brasileiro
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A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
Contextualização
Nos capítulos 3, 4 e 5 foram analisadas as Políticas Tributária e Fiscal e
de Endividamento Público como as principais políticas de intervenção do Setor
Público na economia. Neste capítulo você verá a aplicação destas políticas no
contexto da descentralização.
No início desse livro, a Economia do Setor Público foi definida como o estudo
das funções econômicas do Estado, isto é, a alocação, a distribuição de bens e
serviços e a estabilização da economia, definindo os recursos necessários para a
execução dessas funções por meio da máquina pública.
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Economia no Setor Público
Federalismo Político
Segundo Anderson (2009), o federalismo é uma forma de Estado e tipo de
sistema político no qual o poder é dividido entre um governo central e unidades
políticas caracterizadas por estados (podendo também ser denominadas
província, cantão, região, comunidade, território, dentre outras denominações,
dependendo do país). No caso brasileiro, além do nível do estado, há o município,
definido como ente político na Constituição.
Federalismo Econômico
O Federalismo Econômico pode ser conceituado, de maneira concisa, como
o conjunto de regras que estabelece, no contexto das relações políticas entre os
entes da federação, como são arrecadados os tributos e como é executado o
gasto público.
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A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
A Evolução do Federalismo
Econômico no Brasil
No Brasil, a Constituição Federal promulgada em 18/09/1946 estabeleceu
a descentralização das atividades públicas, tendo os municípios como alvo
privilegiado destas mudanças. Para resolver o problema das disparidades, no
campo tributário foram inseridas as cláusulas de transferências de receitas para
os governos sub-nacionais e a garantia de destinação de parcela do orçamento
federal para aplicação nas áreas menos desenvolvidas do país. Este dispositivo
vigora até hoje, fazendo com que a União opere como arrecadadora substitutiva
para estados e municípios, bem como os estados para os seus municípios.
A partir dos anos 1960, foi introduzido um modelo que contribuiu para que
os recursos repartidos entre as esferas governamentais fossem prioritariamente
destinados a viabilizar os objetivos do crescimento (Emenda Constitucional nº 18
(EC18/65), de 01/12/1965, e Código Tributário Nacional (CTN) - Lei nº 5.172, de
25/10/1966).
99
Economia no Setor Público
recursos que poderiam ser arrecadados, caso tivessem competência legal para
tal, ou seja, a receita é entregue onde ela foi gerada.
O Federalismo e as Estruturas
Tributária e Fiscal
As receitas de tributos e demais entradas de recursos nos cofres públicos
dependem, em grande extensão, do comportamento dos fluxos de alguns
fatores (faturamento, circulação de mercadorias, rendas derivadas do capital e
do trabalho, por exemplo), os quais tendem a apresentar maior variabilidade do
que a arrecadação decorrente da tributação sobre patrimônio, caracterizada como
estoque.
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A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
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Economia no Setor Público
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A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
Argumentos Pró-Centralização
Três conjuntos de problemas são comumente utilizados em defesa da tese
contrária à descentralização:
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Economia no Setor Público
Centralistas Rejeitam o
Endividamento de Estados e
Municípios
O endividamento em nível subnacional é rebatido pelos centralistas, de
acordo com os seguintes argumentos:
104
A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
Por último, mas não menos importante e de forma não exaustiva, a corrente
contrária à descentralização agrega ao seu conjunto de proposições a afirmativa
de que a descentralização tende a criar padrões de segregação de renda bastante
homogêneos, impedindo a redistribuição de renda intralocalidades.
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Economia no Setor Público
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A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
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Economia no Setor Público
108
A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
De acordo com essa abordagem, cada serviço público deve ter sua provisão
efetuada pelo nível de governo que possui controle e supervisão sobre o território
cuja delimitação corresponde ao espaço onde os custos e benefícios dessa
provisão são totalmente internalizados.
109
Economia no Setor Público
A Descentralização da Execução do
Gasto Público no Brasil
No caso brasileiro, o processo de descentralização se aprofundou de
maneira clara nas atividades referentes ao gasto público, em especial às áreas
de educação e saúde. A razão se baseia exatamente no atendimento aos
preceitos de eficiência (menores custos de distribuição dos serviços) e equidade
(reconhecimento das diferenças existentes entre localidades). Com relação
ao aspecto político, a evolução se deu na criação de sistema de formulação de
políticas locais de educação e saúde e controle do gasto em nível local, através
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A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
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Economia no Setor Público
Cabe ressaltar que a LRF, cuja ideia mãe foi modelada pelos órgãos de
financiamento internacionais, não enseja qualquer vantagem didática do ponto de
vista do gerenciamento estratégico e da participação democrática nas finanças
públicas locais. Ela simplesmente estabelece coeficientes voltados para a
observância de metas de eficiência financeira, inibindo o investimento, mesmo em
situações de obtenção de resultado positivo nas contas públicas locais, pela ótica
das receitas e despesas correntes.
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A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
Países em Desenvolvimento e
Federalismo Econômico
Os exemplos utilizados neste livro referem-se ao caso brasileiro, devendo
ser ressaltada a diversidade inerente ao termo “países em desenvolvimento de
estrutura federalista”. Com efeito, dois pontos merecem ser destacados.
Em primeiro lugar, atenção especial deve ser tomada quando nos referimos
ao conjunto de países em desenvolvimento. Observam-se, entre países e,
internamente a eles, isto é, entre suas regiões, profundas assimetrias quanto
ao tamanho do território, à concentração do poder político, ao estágio do
desenvolvimento, à estrutura econômica, à abertura para o exterior e à própria
explicitação formal do tipo de federalismo existente.
113
Economia no Setor Público
física e social, aos baixos níveis de renda per capita, ao limitado acesso aos
mercados de capitais e empréstimos internacionais, aos problemas relativos
ao equilíbrio das contas públicas e das contas externas, aos altos índices de
urbanização, de metropolização, de pobreza e de concentração da renda.
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Economia no Setor Público
Como primeira etapa de uma reforma tributária que realmente objetive reduzir
a guerra fiscal entre municípios, entre estados, entre estes e entre municípios,
estados e o Governo Federal, deveriam ser observadas as competências de fixar
alíquotas e a arrecadação dos impostos locais e estaduais, que resultem em
montante equivalente ao atualmente obtido com as transferências constitucionais,
cujos recursos dependem da arrecadação de impostos sobre Produtos
Industrializados e sobre a Renda de Pessoas Físicas e Jurídicas (base de cálculo
dos recursos atualmente transferidos por conta dos Fundos de Participação de
Estados e Municípios).
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A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
Considerações Finais
Comumente denominado de maneira inapropriada “federalismo fiscal”,
o federalismo econômico deve necessariamente buscar a compatibilização
entre o limite possível de descentralização das políticas tributária e fiscal e
de endividamento de estados e municípios e suas relações (em sentidos e
integrações diversas) com as políticas monetária e cambial, estas a cargo do
governo central.
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Economia no Setor Público
Tal fortalecimento deve ser visto como decisivo para atender aos requisitos
democráticos na formulação, acompanhamento da execução e avaliação das
políticas públicas de forma participativa.
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A Economia do Setor Público Aplicada
Capítulo 6
ao Caso Brasileiro
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Economia no Setor Público
b.3) Em uma federação, o tamanho do setor público será tão menor quanto
maior for o grau de descentralização das estruturas tributária e fiscal. O tamanho
do Estado depende, por sua vez, de uma estrutura de legislação constitucional e
infraconstitucional apropriadas para o desenvolvimento harmônico do federalismo,
além de definições claras sobre o comprometimento de cada unidade subnacional
no esforço conjunto do desenvolvimento das políticas macroeconômicas e dos
impactos dessas políticas no plano regional e local.
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Referências
AMARAL FILHO, J. Desenvolvimento regional endógeno em um ambiente
federalista. Planejamento e Políticas Públicas, Ipea, n. 14, dez. 1996.
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