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AVISO: Este é um conto, ambientado depois do livro 5 da Máfia

Fratelli. Os personagens são Rossi e Maya, protagonistas do segundo livro da


série.
Desejo que você tenha uma prazerosa leitura!
AVISO 2: A leitura do livro 1, 2, 3, 4 e livro 5 (ANJO NEGRO, ANJO
INDOMADO, ANJO SELVAGEM, ANJO PERDIDO e ANJO FERIDO)
não é obrigatória, mas caso você tenha interesse em conhecer, ambos estão
disponíveis aqui, na plataforma da Amazon.
Copyright© 2021 Sara Ester
Capa: Barbara Dameto
Revisão: Sara Ester
Diagramação Digital: Sara Ester
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com fatos é mera coincidência
_______________________________________________________
Anjo Resgatado
Livro 5.5 — Irmãos Fratelli
Sara Ester
1ª Edição
Julho — 2021
Imbituba — SC/ Brasil

Todos os direitos reservados.


São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte
dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o
consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98


e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sinopse
Uma guerra sempre gera consequências e, mortes...
Perdas dolorosas.
Rossi Ricci, Capo da máfia Fratelli sentiu na pele todo peso da dor que
as perdas que sua família teve, lhe causou. Ele precisou ir até o fundo do
poço para ser resgatado. Entretanto, as coisas mudaram...
Em meio a tantos acontecimentos, agora sua esposa precisa dele.
Ela precisa ser resgatada...
E ele será capaz de mover Céus e Terra para trazê-la de volta.
Sumário
Sinopse
Capítulo 1
Maya
Capítulo 2
Maya
Capítulo 3
Maya
Capítulo 5
Maya
Capítulo 6
Maya
Capítulo 7
Rossi
Capítulo 8
Maya
Capítulo 9
Rossi
Capítulo 10
Maya
CONHEÇA OUTROS TRABALHOS
Capítulo 1
Maya
Mais um dia amanhecia com o Sol me brindando com sua luz...
Mais um dia que tudo o que eu podia fazer era continuar me
escondendo atrás da minha escuridão. Apesar de assustador era um bom
lugar.
Um lugar seguro.
— Maya, meu amor. Eu estou aqui. Volte para mim, querida... —
Rossi soava tão devastado.
No fim das contas, eu me via num estado em que já não sentia mais
nada.
Nem raiva.
Nem dor.
Nem amor.
Nada.
Eu estava vazia. Oca. Mal tinha superado a perda do Odin, que era
como um filho, como superaria a perda de outro?
***
— Maya...? — Ouvi a voz de alguém, mas não me importei. Era como
se eu não estivesse ali, apenas o meu corpo moribundo. — Querida, você
precisa superar isso.
Era Paola? Ou talvez pudesse ser a Rosa. De qualquer maneira, não
fazia a mínima diferença.
— Benjamin está sentindo sua falta — comentou a voz que reconheci
como sendo da Beatrice. O embargo em seu tom me fez deduzir que estivesse
chorando. — Já se passaram vinte dias. Está na hora de reagir.
Vinte dias?
Eu não estava contando, porque para mim era como se todo dia fosse o
mesmo... cinza.
Existe um prazo estipulado para que uma mãe fique de luto por um
filho? Existe alguma fórmula para diminuir a intensidade da dor?
Era estranho, porque eu sequer cheguei a descobrir o sexo do meu
bebê, porque foi arrancado de mim. Arrancaram meu coração. Arrancaram
um pedaço do meu ser.
Eu queria ter forças para responder à Beatrice de que, não, não estava
na hora de reagir, porque ainda havia sangue dentro de mim... a ferida
sangrava.
Ao invés disso, me mantive calada...
Inerte.
Eu apenas queria a escuridão. A solidão.
Por que não me deixavam sozinha?
***
Encolhida na cama, abri os olhos quando ouvi a voz do Rossi no
quarto; ele estava com Benjamin em seus braços.
— Querida, olhe quem está aqui para te dar bom dia... — murmurou
ele, mas não me movi.
Nem mesmo quando Benjamin começou a balbuciar e a estender os
bracinhos em minha direção. Tudo em mim estava doendo, será que não
conseguiam ver?
Devastada, me virei de costas para os dois, fechando os olhos o
máximo que eu podia. A dor estava tão forte que estava me consumindo aos
poucos. O choro do Benjamin amplificou o meu, que fez com que os soluços
chacoalhassem meu corpo frágil e dolorido.
Eu queria pegá-lo e escondê-lo em meus braços..., mas naquele
momento, eu não tinha nada para oferecer.
Para ninguém.
Instantes depois, notei quando Rossi deixou o quarto com nosso filho
aos berros, partindo meu coração ainda mais.
De olhos fechados, me deixei dominar pela devassidão que vinha
atormentando meus dias. Não notei em que momento ele retornou ao
cômodo, mas quando menos esperei, Rossi se aninhou ao meu lado na cama,
amparando-me em seus braços de amor.
— Shh... — soprou, enchendo minha cabeça de beijos. — Eu estou
aqui. Vai ficar tudo bem, eu prometo.
Capítulo 2
Maya
Eu tinha acabado de sair da cama quando ouvi o barulho da porta do
quarto sendo aberta. Não precisei olhar para saber que era o Rossi; podia
senti-lo em qualquer lugar.
Ignorando-o, caminhei até o banheiro e fechei a porta na chave, pois
não queria que ele me incomodasse.
Lentamente, retirei minhas roupas e amarrei meus cabelos no alto, já
que não queria lavá-los. Na verdade, eu sequer tinha ânimo para tomar banho.
Passei pelo espelho sem querer olhar para meu reflexo, porque sabia
que a Maya que me olharia de volta pioraria meu estado de espírito.
— Maya? — Rossi chamou, e tentou abrir a porta.
Abri a saída de água do chuveiro e, em seguida, entrei debaixo da
ducha.
— Maya, abra essa porta. — Rossi insistiu, forçando a maçaneta.
De olhos fechados, espalmei as mãos na parede fria e deixei com que a
água gelada ferisse minha pele quente. Eu não queria outra coisa, a não ser
me torturar pela perda do meu bebê.
Porque a culpa foi minha.
Fui incapaz de mantê-lo a salvo.
Não sabia dizer em que momento aconteceu, mas quando percebi,
Rossi já tinha arrombado a porta do banheiro e, simplesmente, escancarou a
porta do Box.
— Puta merda, Maya! — exclamou ele, entrando. — Essa água está
um gelo, mulher. — Esticou o braço e desligou o registro. — Você está
tremendo.
Não falei nada.
Puxando a toalha do suporte, Rossi me enrolou rapidamente,
abraçando-me.
Eu podia sentir quão desapontado ele estava.
— Qua-quando vo-você va-vai dizer? — perguntei com dificuldade por
causa dos tremores, fazendo-o se surpreender. Só não soube dizer se a
surpresa foi por minha pergunta, ou se por ter ouvido minha voz depois de
tantos dias de silêncio.
— O que quer eu diga?
Pegou-me no colo e me carregou novamente para o quarto.
Esperei até que ele me colocasse no chão, perto da cama. Calmamente,
começou a me enxugar, enquanto todo meu corpo chacoalhava de frio.
— Que a-a culpa foi mi-minha — declarei, olhando para ele, que
enxugava meus pés. — Não co-consegui segurar nosso filho — eu lutava
contra a enxurrada de lágrimas que ameaçava me abater.
O rosto do Rossi escureceu na mesma hora, e ele parou o que estava
fazendo. Em seguida, se colocou de pé e beijou minha testa.
— Você não tem culpa de nada — afirmou com a voz falha. Cobriu
minha nudez com um roupão e depois me fez deitar na cama, entre as
cobertas. Segurei-me em seu paletó quando ele se deitou comigo. — O que
aconteceu foi uma fatalidade do destino, Maya. E se existe um culpado, este
se chama Louis, e já está ardendo no inferno agora. — Apertou-me em seus
braços.
Não falei nada.
Não tinha o que dizer.
Capítulo 3
Maya
Alguém apareceu no quarto de repente e arregaçou as cortinas; os raios
de Sol invadiram o cômodo obrigando-me a correr para o outro lado da cama.
Correndo da luz.
Eu não queria luz.
— Já chega! — rugiu Rossi, fazendo-me ter um sobressalto por causa
do tom de voz empregado. — Você está nessa cama há exatos, trinta dias —
ditou, caminhando pelo quarto. — Fui paciente até agora, mas já deu!
Dizendo isso, ele simplesmente puxou as cobertas de cima de mim.
Assim que nossos olhos se chocaram, eu vi... meu marido estava por
um fio.
— Levante-se! — exigiu, naquele tom mandão que eu odiava. —
Vamos viajar. Apenas nós dois. — Continuei no mesmo lugar, mas olhando
para ele, em pé e tão imponente. — Por favor, Maya, faça o que estou
pedindo, ou terei que tirá-la daí a força.
Eu estava cansada.
Cansada de tudo.
Então, decidi me sentar na cama, deixando Rossi surpreso pela minha
atitude. Talvez, uma parte dele teria gostado se eu lutasse contra ele, mas
tudo o que eu queria era poder ficar sozinha e, em silêncio.
***
Agindo no automático, me deixei ser guiada pelo meu marido para o
andar de baixo, onde toda família esperava para se despedir de nós dois; eu
sequer sabia para onde estávamos indo, mas também nem me importei em
perguntar. Eu sentia como se minha alma estivesse presa no dia em que
descobri ter perdido meu bebê.
Ignorei todo mundo.
Ignorei todos os abraços.
Até mesmo Thor, que nos últimos dias sequer saiu do meu lado da
cama, eu conseguia amparar.
Quando Beatrice, com aquele barrigão, se aproximou de mim
carregando Benjamin em seus braços, eu me debulhei em lágrimas. Por que
ela estava com a criança dela, e eu perdi a minha?
Nesse momento, Rossi me pegou em seu colo e me levou para fora, aos
prantos. Não vi mais nada.
Só senti quando fui colocada na parte de trás do carro, para que eu
pudesse me deitar. Em seguida, Rossi deu a volta no veículo e logo o carro
entrou em movimento.
***
Depois que desembarcamos do jato particular da família, Rossi já tinha
alguém esperando com um carro para nos levar para sabe-se lá onde.
Me mantive calada durante todo o trajeto. Não por falta de tentativa do
meu marido, claro.
Eu tinha consciência de que estava fazendo um caminho longo, duro e
torturante para ele, mas não conseguia agir diferente. Não conseguia sequer
encontrar uma luz dentro de mim mesma para poder me agarrar.
Não havia nada.
Novamente dentro de um carro, Rossi se ajeitou comigo na parte de
trás do veículo depois que deu instruções ao motorista.
Meus olhos se arrastaram para fora da janela, para as lindas paisagens
dos Alpes Austríacos e das Dolomitas Italianas.
— Você sabe que não sou bom com as palavras. — Rossi quebrou o
silêncio, mas não me dignei a olhar para ele. Seu braço esquerdo estava sobre
meus ombros, e sua mão direita segurava a minha com tanta força que parecia
que tinha medo de que eu fosse desaparecer a qualquer momento. — Sou um
homem frio e duro, então não sei como lidar com o que estamos passando,
baby... — seus dedos passaram a acariciar minha mão, causando-me arrepios
leves. — Sei que está triste, mas estou passando um inferno por você. Aquela
Maya, a minha Maya, que mudou minha vida, ainda está aí dentro, então
você pode, por favor, voltar para mim nem que seja para chutar minha
bunda?
Eu apenas permaneci encarando a paisagem. Era a única coisa que eu
poderia fazer.
Capítulo 5
Maya
O ar era fresco e leve naquela pequena cidade italiana, que ficava no
sopé dos Alpes, perto da fronteira com a Áustria. A casa em que Rossi me
levou era, praticamente, isolada de tudo.
— Quando comprei esse lugar a única coisa que ainda se mantinha em
pé era uma pequena capela de 200 anos — contou Rossi. — A casa de
fazenda original já tinha desabado havia muito tempo: tudo o que sobrou foi
uma alta e solitária parede de pedras.
Assim que a porta de entrada foi aberta, meus olhos logo avistaram
uma cozinha moderna e uma sala de jantar com armários pretos de ferro, que
iam do chão ao teto, fluindo em direção a um “lounge”.
Observei quando o senhor que nos levou até ali se aproximou com
nossas malas. Não fazia ideia de quem tinha preparado a minha, com minhas
coisas.
Rossi conversou alguma coisa com ele, mas não dei atenção.
Aproveitei sua distração e comecei a circular pelo ambiente. Obviamente que
eu tinha consciência de que os Fratelli possuíam mais bens e imóveis do que
podiam contar, mas, às vezes, eu ainda me surpreendia.
Logo atrás da cozinha, vi uma escada de ferro fundido, ladeada pela
parede de pedra antiga. Descobri que ela levava a três quartos no primeiro
andar, além de uma espécie de brinquedoteca com parede de vidro inclinada e
encravada na encosta com vista para um resort de esqui da região.
Acabei ficando ali, sentada no chão e mirando aquela visão incrível das
montanhas.
Quando Rossi me encontrou, ele ficou parado na porta por um tempo,
parecendo sem coragem de se aproximar.
Minutos depois, se afastou, deixando-me sozinha, porém voltou
minutos depois carregando uma garrafa de vinho e duas taças nas mãos.
Sentou-se ao meu lado.
— Não sei você, mas eu preciso beber. — Murmurou, servindo vinho
nas duas taças, depois de depositá-las no chão.
Em seguida, pegou uma e ofereceu a mim.
Encarei-o, mas aceitei a taça com um pequeno sorriso.
Seus olhos brilharam como turquesas e um sorriso largo se espalhou
pelo seu rosto lindo. Parecia que ele estava tentando se conter. Parte de mim
sabia que eu estava sendo uma cadela agindo desta forma, mas eu não tinha
certeza de como explicar meus sentimentos. Entretanto, entendia como ele se
sentia em relação ao meu problema, embora eu não pudesse evitar continuar
vivendo naquele maldito limbo.
***
— Lembra daquela vez em que comparecemos àquele evento em nossa
homenagem por causa das nossas doações? — Rossi perguntou, enquanto
estávamos deitados na cama do quarto principal. Eu adorava me aninhar em
seu peito, porque o som dos seus batimentos cardíacos me acalmava. — Você
estava usando um vestido vermelho, com um decote tão fodidamente sexy
que quase não fui capaz de me concentrar em nada, nem dar atenção às
pessoas que se aproximavam de nós dois. — Seus dedos iniciaram um
movimento de vai e vem em meu ombro, tão lento... — Desde a primeira vez
que a vi, eu entendi que você, a mulher com quem me casaria, não seria do
tipo que se contentaria somente com os holofotes das mídias, já que exalava
uma força tão grande que fez com que eu me curvasse inteiramente aos seus
pés.
Fechei os olhos, querendo para de sentir tanta dor.
— Aliás, você tem o poder de fazer com que todos ao redor se curvem
a você, baby, sabe por quê? — não respondi, mas entendi que ele sequer
esperava por resposta. — Porque você é uma Ricci. Uma de nós. Mortal e
assustadora.
De repente, se calou, enquanto se perdia em pensamentos. O único som
ouvido era do vento lá fora, que uivava sua força contra as janelas.
— Quando nos casamos, eu não sabia o que era ser forte, ao menos não
entendia a definição da palavra — voltou a falar. — Mas você me consertou.
Você me resgatou de um lugar tão escuro que tudo o que eu via era minha
dor e nada mais. Não havia mais nada.
Lágrimas banharam meus olhos.
— Porém, no meio disso tudo descobri que com sua chegada ganhei
um novo ponto fraco — alegou num sussurro. — Um com o poder de me
derrubar para um lugar tão fundo que eu tenho certeza de que não conseguirei
encontrar mais forças para voltar. — Suas mãos subiram para meus cabelos
desgrenhados. — E acredite, odeio saber que você tenha esse poder sob mim.
Mas, ao mesmo tempo, não posso sequer imaginar minha vida sem você, nem
sem o Benjamin, baby. — Beijou minha cabeça. — Fique na cama e se aflija
o quanto precisar — acrescentou. — Estarei aqui para você quando estiver
pronta para voltar.
Limpando o rastro das lágrimas, voltei a fechar os olhos. Agradeci
quando o sono me empurrou para a escuridão bem-vinda.
Capítulo 6
Maya
Acordei no susto, apavorada com um pesadelo. Meus batimentos
estavam acelerados e minha respiração entrecortada quando Rossi surgiu na
porta do quarto, carregando uma bandeja com o café da manhã.
— O que foi? — perguntou com semblante preocupado. Depositou a
bandeja no armário de cabeceira, em seguida, se sentou ao meu lado na cama.
— Parece pálida.
Desesperada, eu o puxei contra mim, abraçando-o com tanta força que
parecia que nunca seria o suficiente.
— Ei?! Eu estou aqui, querida — soprou, nervoso. Afastou-se para
poder me encarar, amparando meu rosto. — Vai ficar tudo bem. Quer
conversar? Quer falar alguma coisa? Estou aqui para você, e sempre estarei.
Trêmula, inspirei profundamente num esforço para tentar esquecer o
pesadelo horrível que me acordou instantes atrás.
— E-eu... sonhei que tinha perdido o bebê — contei, sentindo o ar me
abandonar. Meu peito começou a subir e descer, conforme descia as mãos
para abraçar minha barriga plana. — Foi horrível. — Fechei os olhos, lutando
contra as reações ruins e indesejáveis.
O silêncio do Rossi me incomodou e me obrigou a encará-lo; me
deparei com seu olhar dolorido.
Na verdade, não fui capaz de discernir toda a miríade de emoções que
tomou conta de seu rosto naquele momento.
— Maya...
Comecei a negar com a cabeça, sentindo meu peito sufocado com a
maneira como ele me encarava, como se quisesse me puxar para seus braços
pra me consolar.
Me consolar de quê?
Por quê?
— Infelizmente não foi um simples pesadelo, querida — declarou,
temeroso. — Aconteceu, e foi há pouco mais de um mês.
— Não, não, não... — fiquei negando com a cabeça.
— Nosso bebê se foi, Maya. — Insistiu, segurando-me pelos ombros.
Irritada, o empurrei fazendo-o cair de bunda no chão.
— CALE A BOCA! — gritei, sentindo meus olhos úmidos. — Nosso
bebê está vivo, porque ainda o sinto dentro de mim. — Abracei a mim
mesma.
Rossi me encarava com um misto de sentimentos; eu podia ver quão
assustado ele estava, mas eu também estava.
Como ele poderia alegar que nosso bebê estava morto?
Desnorteada com tudo, rumei em direção a porta, mas Rossi me
segurou.
— Onde você vai?
Sem pensar muito, ergui o joelho e o acertei bem no meio das pernas,
fazendo-o se curvar de dor. Aproveitei para socar seu rosto.
Eu não sabia direito o que estava fazendo, só sentia que precisava
proteger meu bebê.
Corri para fora do quarto, ofegante e desorientada.
Desci as escadas sentindo meus pensamentos em desalinho, assim
como minhas ações.
Abri a porta de entrada e, simplesmente, corri.
Corri sem rumo.
Corri, ansiando me afastar da minha dor e de tudo aquilo que pudesse
me fazer sofrer.
Longos minutos depois, minhas pernas perderam as forças e acabei
caindo de joelhos. Não fazia ideia de onde estava.
Resfolegante, ergui os olhos e analisei o cenário ao meu redor; só havia
mato e árvores. Soluçando, levei uma das mãos ao meu rosto a fim de
enxugar as lágrimas que escorriam sem parar, e foi quando comecei a ouvir
um rosnado assustador. Virei a cabeça para minha direita a tempo de ver uma
loba, junto de seu filhote. Ela estava, claramente, tentando defender sua cria
de mim.
Sem saber como agir, permaneci petrificada no lugar, mas sem
coragem de desviar os olhos. O rosnado daquele animal era tão assustador
quanto a escuridão que passou a habitar em minha alma nos últimos dias.
Soluçando, e sem forças, voltei a espalmar a terra com minhas mãos e
ali fiquei, esperando a morte chegar.
Em prantos, escutei quando Rossi chegou, batendo as pernas e
lançando alguns gravetos e pedras em direção à loba de modo a afugentá-la,
junto com seu filhote.
— Querida... — correu até mim, ajoelhando-se em minha frente. —
Você está bem? Está ferida? — Analisou-se com cuidado. Podia ver que seu
lábio estava cortado por causa do soco que lhe dei, minutos atrás.
Todo meu corpo começou a tremer descontroladamente quando a
realidade se fez presente.
— Eu o perdi, Rossi — choraminguei. — Perdi nosso bebê, não
consegui protegê-lo — declarei, sentindo cada pedaço meu doer. — Fui
fraca, falha.
— Não fale assim — soou, em tom angustiado. — Você não teve culpa
de nada.
Fungando, segurei seu rosto e o encarei nos olhos, intensamente.
— Você deveria me odiar — declarei, sem fôlego. — Não mereço seu
amor, Rossi, não mereço seu cuidado. Não depois de ter sido tão fraca.
Em silêncio, mas com o rosto endurecido, ele se levantou e me pegou
nos braços.
Agarrei-me a ele, inspirando seu cheiro e me deleitando com o seu
calor conforme caminhava comigo de volta para casa.
Capítulo 7
Rossi
Um mês.
Trinta malditos dias vivendo num tormento que parecia não ter mais
fim.
Desde que Maya se perdeu em sua dor, eu me perdi junto com ela, pois
não sabia viver num mundo onde ela não estivesse ao meu redor. Porque, por
mais que ela estivesse respirando naquela cama, era como se sua essência
houvesse se perdido.
E eu temia que houvesse se perdido para sempre.
Tudo o que minha mente fodida conseguia pensar era numa forma de
trazê-la de volta; eu precisava resgatá-la desse poço o qual se enfiou, porque
se eu a perdesse temia não aguentar.
Não suportaria a dor de uma perda dessa magnitude novamente.
Jamais.
No fundo, nos últimos dias, meus pensamentos ficaram tão
desorientados que me vi perdido como há muito tempo. A possibilidade de
ter uma irmã perdida me deixou em choque e, ao mesmo tempo, expectante.
Meus irmãos e eu jamais cogitamos tal possibilidade, considerando que
quando Bianca ainda era viva preencheu nossas vidas com sua luz e doçura.
Então pensar que, em todos esses anos, nenhum de nós sabia que tínhamos
uma irmã perdida em algum lugar do mundo me deixava sem ar, sem ação.
Travado.
Entretanto, eu ainda precisava ser forte. Precisava focar minha
concentração na pessoa que tinha meu coração em suas mãos. Maya.
Minha garota.
Minha esposa.
Minha mulher.
Minha base.
A mãe do meu primogênito.
Devastado, entrei na casa, ainda com Maya em meus braços. Meu
coração batia tão descompassado que eu temia sofrer uma síncope a qualquer
momento, embora soubesse que não poderia. Precisava me manter firme.
Precisava continuar ali, para dar suporte a ela.
Minha Maya precisava de mim.
Meu corpo todo ainda tremia de medo, daquele mais aterrorizante;
quando ela teve aquele surto, longos minutos atrás, eu me senti perdido no
meio de um furacão de desespero, angústia e dor. Era como se a estivesse
perdendo para sempre.
E essa sensação se intensificou quando a encontrei encurralada por um
animal selvagem.
Perdido. Era como eu me sentia por dentro.
Lentamente, subi as escadas seguindo para a suíte principal no primeiro
andar. Só a coloquei no chão quando abri a porta do banheiro. Tremendo da
cabeça aos pés, Maya permitiu que eu retirasse sua camisola e peças íntimas.
Eu estava com tanto medo de perdê-la que não sabia o que dizer. Não
sabia mais o que fazer para ajudá-la.
A deixei perto da porta por alguns instantes, apenas tempo suficiente
para ir até o Box e ligar o registro do chuveiro. Regulei a temperatura
primeiro antes de voltar para ela.
— Venha, querida...
Retirei meus sapatos e meias, em seguida, entrei com ela, que já estava
debaixo da ducha morna, soluçando sem parar.
— Você deveria me abandonar — choramingou, abraçando-se e me
encarando com o olhar tão doloroso que me devastou ainda mais. — E-eu
não sou digna de amor, não sou digna de nada, porque destruo tudo. Perdi o
meu pai; depois perdi o irmão que nem sabia que tinha. Perdi o Odin, meu
cão que deu sua vida por mim. E-e agora... perdi nosso bebê.
Com roupa e tudo fui para debaixo do chuveiro com ela, puxando-a
contra meus braços.
— Você precisa se afastar de mim, Rossi — implorou, partindo meu
coração. — Precisa afastar o Benjamin de mim.
A abracei com força, forçando sua cabeça em meu ombro.
— Shh... — murmurei, fingindo uma calma que estava longe de sentir.
Na verdade, eu estava tão devastado quanto ela. — Vai ficar tudo bem. Vou
cuidar de você.
Peguei a bucha e comecei a esfregar sua pele com delicadeza, tentando
ignorar o som dos seus soluços, que acabavam comigo. Os movimentos eram
suaves; eu ansiava conseguir transmitir a ela todo meu amor; eu queria que
ela soubesse o quanto eu a amava e a queria de volta.
Depois de um bom tempo, decidi que já era hora de ela sair, ou
acabaria ficando doente.
Com cuidado, enxuguei sua pele sensível e macia; depois a levei para o
quarto. Fui até o closet e escolhi outra camisola, pois era uma vestimenta leve
e fácil de colocar.
Maya continuou parada no mesmo lugar que a deixei, com o olhar
vazio. Parecia uma boneca enquanto eu a vestia.
Depois de pronta, mirou a cama e, simplesmente, se aninhou entre as
cobertas, ignorando-me.
Ignorando a chama de esperança que queimava em meu peito;
esperança de que ela saísse dessa escuridão que estava afundando não
somente ela, mas eu também.
Desesperado para restabelecer minhas forças, decidi sair do quarto, ou
sucumbiria.
***
Pouco mais de quarenta minutos depois, retornei ao quarto com uma
bandeja onde continha um prato de canja de galinha.
Eu gostava de cozinhar para ela.
Quando me aproximei da cama, depositei a bandeja no armário de
cabeceira. Ao olhar para Maya, me deparei com ela dormindo; os espasmos
do choro sacudiam seu corpo levemente fazendo-me sentir um nada.
Um inútil.
Eu estava falhando em minha missão. Estava falhando em resgatar meu
anjo da escuridão que a abraçou.
De repente, as feridas que tanto me esforcei para esconder de mim
mesmo se tornaram visíveis aos meus olhos e eu vi... visualizei todas as
merdas dos últimos meses, dias.
O fim da guerra contra o Louis e todo seu clã. A perda do meu segundo
filho. A descoberta de uma irmã. A depressão da Maya.
Eu me esforcei tanto para me manter forte por ela, por todos..., mas
meus pés estavam afundando.
O ar abandonando meus pulmões.
Eu não podia perdê-la... não aguentaria perder minha âncora.
Me afastei da cama, porém me deixei cair de joelhos ali mesmo.
Sem forças.
Devastado.
As lágrimas invadiram meus olhos sem permissão. Quando o choro
irrompeu minha garganta, eu me senti um menino outra vez.
Perdido.
Sem rumo.
Capítulo 8
Maya
Meus olhos se abriram ao som de gemidos. A princípio, demorei a
entender a cena diante de mim, mas quando minha mente absorveu senti meu
coração sufocar no peito. Rossi estava ajoelhado no chão ao lado da cama,
chorando como uma criança.
— Rossi...? — chamei.
Quando mirou os olhos nos meus, eu vi... a sua dor estava lá,
equiparando-se a minha.
Rapidamente joguei meus pés para fora da cama e fui até ele, me
ajoelhando em sua frente e amparando seu rosto.
— Oh, meu amor... — soprei, beijando todo seu rosto molhado,
esforçando-me para não chorar também, embora fosse uma missão quase
impossível. — Me perdoe. Por favor, me perdoe...
Naquele momento cheguei à conclusão do quão egoísta fui; pensei
somente na minha dor e não consegui enxergar o quanto Rossi também
estava sofrendo. Depois da perda da irmã, das milhares de vezes em que seus
irmãos quase morreram, ele teria todos os motivos para desabar, para ir para a
escuridão..., mas resolveu ficar ali... por mim. Resolveu se manter de pé por
nós dois, esforçando-se para me trazer de volta para luz. E isso apenas me
fazia amá-lo ainda mais.
— E-eu estou com medo — admitiu aos prantos. — Medo, porque
você está se perdendo e não tenho certeza se vou aguentar, Maya.
Meu peito subia e descia conforme minha mente e meu corpo
absorviam tudo.
— Nós ficaremos bem — garanti, voltando a beijar seu rosto enquanto
limpava suas lágrimas com meus dedos. — Sei disso, porque tenho você, e
você tem a mim. E nada que aconteça nesse mundo pode mudar isso. Nós
somos a luz um do outro, e sempre que um estiver indo para as trevas o outro
estará lá para resgatar, para trazer de volta para a luz. — Sorri em meio às
lágrimas.
Fungando, ele também sorriu. Parecia tão perdido que me senti a pior
pessoa do mundo por ter sido a causadora do seu descontrole.
— Eu amo você — declarei, colando nossos lábios.
— Eu também — soprou de volta, aprofundando nosso beijo.
Ainda ajoelhados, comecei a arrastar a camiseta dele para cima
ansiando acabar com aquela barreira que me impedia de tocar sua pele
completamente. Percebendo minha ânsia, Rossi arrancou a peça de uma vez e
a jogou num canto qualquer.
Colocou-se de pé, em seguida, estendeu a mão para que eu ficasse de
pé também. Nossas bocas se chocaram outra vez, e senti suas mãos
arrastando-se para meu traseiro, apertando minha carne e pressionando
nossos quadris, fazendo-me sentir sua excitação. Depois que arrancou minha
camisola por minha cabeça, Rossi correu os dedos por meu pescoço e levou
os lábios para a base da minha garganta, enquanto apertava meus seios
desnudos. Quanto tempo se passou desde a última vez que estivemos juntos
dessa forma?
Como se lesse meus pensamentos, Rossi me depositou sobre a cama,
terminando de retirar sua calça de moletom.
— Senti sua falta também — sussurrou, apoiando um joelho na cama e
se inclinando para deixar beijos por toda a extensão da minha perna. Gemi
baixinho quando seus dedos se enrolaram nas laterais da minha calcinha antes
de descer a peça por minhas coxas, aproveitando para resvalar a língua em
meu clitóris pulsante. — Vivi mil mortes nos últimos dias, e descobri que
preciso de você mais do que nunca, baby.
Voltou a se colocar sobre mim, desta vez abocanhando minha
intimidade sem cerimônia, pelo contrário, sua boca me sugou com uma fome
aterradora, arrancando-me um grito de prazer.
— E-eu preciso de você também... — soprei, revirando os olhos —
fisicamente, espiritualmente e emocionalmente.
Balancei contra seu rosto, implorando por libertação.
Agarrei um punhado do seu cabelo em meus dedos e forcei sua cabeça
para cima.
— E preciso de você dentro de mim. Agora. — Sibilei num silvo, me
erguendo para avançar minha boca na sua. Gemi ao sentir meu próprio gosto
em sua boca.
— Seu desejo é uma ordem, meu amor — declarou, abrindo um pouco
mais as minhas pernas e empurrando sua grossura toda para dentro mim. —
Puta que pariu! — gemeu, parecendo estar se controlando. — Você me tem,
mulher. Sou inteiramente seu.
Segurei seu rosto, puxando sua boca para minha. Todas as emoções e
sensações estavam misturadas, me tornando uma tremenda bagunça.
Contudo, havia uma certeza no meio de tudo... e era a força do nosso amor e
da nossa família.
Rossi estocava tão fundo e rápido dentro de mim que a cama
chacoalhava batendo contra a parede.
— Você não é e nunca será destruição... — disse, mordendo minha
orelha, antes de empurrar um pouco mais fundo.
Arrastei as mãos por suas costas, controlando o ímpeto de cravar
minhas unhas ali.
— Você é luz — agarrando minhas mãos, ele as ergueu no alto da
minha cabeça, diminuindo as estocadas por alguns instantes até bater fundo
novamente fazendo-me arquear as costas em delírio. — É a pessoa que lutou
por mim quando eu nem tinha mais esperanças. A mulher que me resgatou
das trevas e me amou quando eu nem sabia ser merecedor.
Sua boca tomou a minha no instante em que eu balbuciava palavras
incoerentes; Rossi bebeu todos os meus gemidos. Perdi as contas de quantas
vezes gozei... ou talvez houvesse sido a intensidade do nosso sexo que me fez
alcançar o pico mais alto do prazer.
Quando ele gozou, seus olhos estavam nos meus o tempo todo,
vidrados. O olhar em seu rosto... foi a coisa mais gloriosa que eu já tinha
visto.
Exausto, se jogou ao meu lado, ofegante.
Ainda respirando com dificuldade, me virei de lado, amontoando sobre
seu ombro e encarando seus olhos tão emocionados quanto os meus.
— Obrigada por não ter desistido de mim — soprei. — Obrigada por
todo cuidado, amor e paciência.
— Você me assusta. Você me deixa puto. Mas você também é a dona
do meu coração — trouxe uma das mãos para meu rosto. — Não consigo
imaginar a proporção da dor que a perda do nosso segundo filho causou em
você, mas sei o tamanho da minha. Quero tua ajuda para superar isso, e quero
estar ao seu lado para ajudá-la também. Mas preciso que me deixe entrar,
Maya. Preciso que me permita estar com você.
Emocionada, assenti com a cabeça.
— Está bem. — Soprei contra seus lábios, beijando-o com carinho. —
Está bem...
— Eu amo você. — Declarou, me abraçando e enchendo meus lábios
de beijos. — Você capturou meu coração para sempre.
Naquele instante senti que meus dias escuros estavam finalmente
chegando ao fim.
Capítulo 9
Rossi
Quando acordei, percebi que o Sol já estava se pondo. Não somente
isso, mas também notei que meu lado da cama estava vazio. Pulei da cama na
mesma hora, preocupado e me perguntando onde Maya estaria.
Rumei para fora do quarto, procurando por ela em todos os lugares.
Quando desci as escadas, chamando pela mulher que tinha meu
coração em suas mãos, alívio me invadiu por inteiro quando ouvi sua voz:
— EU ESTOU AQUI.
Segui o som e a encontrei numa das sacadas, que dava para a vista
espetacular das montanhas. Maya estava deitada na espreguiçadeira. Quando
seus olhos me encontraram, eu soltei o ar aos poucos, sendo tomado por
todos aqueles sentimentos os quais eu não tinha controle algum.
Me sentei na espreguiçadeira ao seu lado.
— Fiquei assustado quando acordei e não te vi ao meu lado. —
Desabafei, segurando suas mãos e levando-as até meus lábios. — Você está
bem?
Deslizando a mão pelo seu rosto perfeito, assisti quando Maya fechou
os olhos sob meu toque; ronronando como uma gatinha manhosa. Virou a
cabeça e, em seguida, amparou minha mão na sua e a beijou.
— Ainda não, mas sei que vou ficar — admitiu.
Respirei fundo antes de puxá-la para mim, beijando sua cabeça
perfumada.
— Eu sinto muito pelos últimos dias — murmurou, instantes depois. —
Sinto muito por ter assustado você. Eu só precisava...
— Viver o luto — concluí seu raciocínio, afastando sua cabeça para
poder encarar seus incríveis olhos azuis. — Eu sei. — Deslizei uma mexa do
seu cabelo para trás de sua orelha, admirando seus traços perfeitos. Jamais
me cansaria de admirá-la. — Nosso bebê foi arrancado de você, querida. Não
é algo simples de superar.
Na mesma hora seus olhos se encheram de lágrimas não derramadas.
— Você ainda se lembra do que me disse quando presenciou uma das
minhas maiores fraquezas? — perguntei, referindo-me ao episódio em que
ela me flagrou me autoflagelando. Continuava acariciando seu rosto e
cabelos.
Sua testa ganhou leves vincos.
— Você pediu para que eu fosse sua luz. — Respondeu, abrindo um
sorriso amoroso, enquanto deslizava a mão em meu rosto e colava nossas
testas. De olhos fechados, ela suspirou baixinho. — Permitiu que eu cuidasse
de você e de suas feridas. — Fechou os olhos, arrastando as mãos quentes do
meu rosto à minha nuca.
— Eu não sabia que precisava de uma esposa até me deparar com
você... sempre me desafiando — murmurei, observando o instante em que ela
abriu os olhos para mim. — Não sabia que precisava de uma parceira até me
deparar com sua astúcia comigo e nos negócios. Eu sequer acreditava que um
dia pudesse ser amado de verdade por alguém que não fosse meus irmãos. —
Continuei acariciando seu rosto. — Mas você chegou para mudar toda essa
merda aqui dentro... — levei suas mãos ao meu peito, sobre o coração — Eu
posso não ser um homem bom com as palavras, mas a maneira como meu
coração bate acelerado por você diz muito sobre como me faz sentir.
— Oh, Rossi... — gemeu, colando nossas bocas num beijo intenso.
— Você mudou a minha vida — soprei contra seus lábios. — Mudou
meus pensamentos e minha forma de ver o mundo, que antes era apenas
sombrio. Você e Benjamin se tornaram minha base de vida.
Voltou a me beijar, enquanto eu limpava as lágrimas que desciam por
suas bochechas. Em seguida, enrolou minha cintura com seus braços.
— Temos a vida toda, querida — comentei, com os olhos no horizonte.
Os raios de Sol deixavam a paisagem do céu esplendorosa. — Poderemos ter
quantos filhos quiser.
Ela não disse nada.
***
Já tinha se passado quase duas semanas desde que decidi trazê-la para
as montanhas e, finalmente estava começando a acreditar que minha esposa
estava voltando para mim.
Voltando da escuridão.
Tinha acabado de ligar a lareira quando ouvi o som dos passos dela.
Seu perfume logo invadiu minhas narinas.
Virei para trás a tempo de observá-la entrando na sala espaçosa. Minha
garota era tão linda e sensual... estava usando um conjunto de baby-doll que
fazia minha mente derreter apenas com o desejo de arrancar de seu corpo.
— Falou com seus irmãos hoje? — perguntou, chegando mais perto. —
Já descobriram alguma coisa sobre o paradeiro da irmã desaparecida de
vocês?
Eu estava me esforçando para não perder o foco da minha atenção,
considerando que minha prioridade no momento era ela.
— Ainda estão procurando. — Respondi, enrolando sua cintura quando
se aproximou. — Mas isso não importa agora — argumentei. — Apenas
você.
Jogando a cabeça para trás deu permissão para que meus lábios se
arrastassem por seu pescoço. O som de seus gemidos quase me fez rosnar
como um animal faminto. Pulando em meu colo, Maya agarrou minha cintura
com suas coxas, esfregando-se tão desesperada quanto eu.
Sua boca, praticamente, devorou a minha, sugando minha língua como
se estivesse sedenta.
Aproveitei que estávamos sob um tapete felpudo e, simplesmente,
deitei com ela ali mesmo, no chão, sendo banhados pelo calor da lareira.
Eu a amava tanto, embora não tivesse certeza se ela entendia isso.
Minha esposa tinha uma maneira atrevida de me desafiar e, ainda assim, eu
adorava quando ela fazia isso.
— É melhor você começar logo, querido... — soprou ela, arqueando o
traseiro e começando a retirar seu micro short. — Estou tão dolorida... —
seus dedos pressionaram por cima da sua calcinha úmida, fazendo o desejo
crescente em mim se intensificar.
Terminei de tirar seu short, juntamente com sua calcinha minúscula,
em seguida, agarrei-a pelos tornozelos e abri suas pernas até que sua
bocetinha estivesse completamente exposta para mim. Eu podia sentir que ela
ficava ainda mais molhada conforme meu olhar.
Tinha consciência de que deveria me conter, mas naquele momento fui
incapaz de esconder o animal dentro de mim... me tornei voraz. Cravei o
rosto entre suas pernas, lambendo, mordendo e chupando. Era como se eu
estivesse perdendo minha cabeça, eu podia sentir isso. Tudo o que eu queria
fazer era devorar tudo e cada pedaço dela.
Desesperada, Maya levou minhas mãos aos seus seios, por baixo da
peça de alças finas. Mesmo sob a pouca luz, pude vislumbrar suas bochechas
coradas. Belisquei seus mamilos eretos, deliciando-me com seus gemidos.
Eu lambi todos os sulcos que ela tinha para mim, enquanto ela
engasgava esfregando-se contra meu rosto.
— Rossi...
Eu me afastei por um momento, apenas para fazer meu dedo encontrar
o caminho da sua bocetinha enxarcada; Maya engasgou em êxtase. Eu batia
meus dedos dentro e fora dela tão rápido e fundo quanto possível.
Pegando-me desprevenido, Maya se ergueu, segurando meu rosto com
sua mão e exigindo meus lábios no seus. O beijo foi do tipo urgente e
esfomeado, conforme me jogava contra o chão e montava sobre mim como
uma selvagem.
Terminou de tirar a única peça de roupa que ainda tinha, em seguida,
levou as mãos até minha calça, onde libertou meu pau. Ela olhou fixamente
para ele por um instante; antes que eu tivesse tempo suficiente para pensar,
Maya sentou sem pestanejar, escondendo-me profundamente dentro dela.
Jogou a cabeça para trás, gritando em puro delírio. Maya se inclinou e beijou
meu peito lentamente, se moendo contra meu pau. Quando ela chegou ao
meu pescoço, minhas mãos foram para seu cabelo. Ela beijou meu pescoço,
em seguida, minha orelha antes de parar em meus lábios, me olhando
profundamente nos olhos. Os seus eram tão claros que eu podia me ver neles.
Sua respiração estava tão alterada quanto a minha.
— Eu amo você, Rossi — sussurrou e me beijou profundamente.
Meu nome nos seus lábios era a porra da chave para abrir os níveis
mais profundos de posse possível. Eu a empurrei de costas, fazendo com que
nós dois gritássemos e assobiássemos quando meu pau se enterrou nela uma e
outra vez. Suas pernas enrolaram-se em minha cintura enquanto
impulsionava o quadril junto ao meu, seguindo meu ritmo.
Ergui-me um pouco, apoiando meu peso sob um dos braços, em
seguida, aproximei o rosto do seu seio, circulando minha língua em torno da
auréola antes de abocanhar o mamilo durinho. Fiz isso em um, depois no
outro.
Fechei os olhos quando suas mãos deslizaram em minhas costas; ela
era a única que eu permitia que tocasse essa parte do meu corpo.
Com a boca em seu pescoço, intensifiquei os movimentos das minhas
estocadas... eu não estava nem perto de terminar. Faria Maya gozar pelo
menos duas vezes antes eu me derramasse dentro dela.
Puxando meu pau para fora dela, nós dois gritamos em protesto até que
eu a impulsionei para que ficasse sentada em meu colo; segurando-a na
cintura e ombro, eu me forcei mais profundo.
— Porra, Rossi! Mais duro, — ela implorou. — Mais rápido.
Fiz exatamente como ela pediu, até que eu não consegui mais me
segurar, assim como ela também não pôde, e nós dois gozamos juntos.
Apertando-a contra mim, podia sentir seus seios pressionando meu
peito. Com a cabeça apoiada em meu ombro, ouvi sua respiração ruidosa em
meu ouvido.
Quando empurrou a cabeça para trás para poder encarar meus olhos,
me deparei com seu sorriso lindo. Aquele que aquecia meu peito.
— Acho que está na hora de voltarmos para casa — declarou, fazendo
meu coração vibrar. — Não estou mais me aguentando de saudades do
Benjamin.
Sorri, acariciando seu rosto.
— Está pronta? — quis ter certeza.
Assentiu, colando nossas testas.
— Estou — soprou. — E sei que tenho você para me levantar quando
eu cair.
Meu sorriso se tornou largo.
— Sempre — declarei com fervor.
Capítulo 10
Maya
Ao contrário da viagem de ida, a volta para casa foi bem mais tranquila
e prazerosa. Aos poucos, eu estava aceitando o que aconteceu, embora a dor
continuasse a mesma. Rossi e eu combinamos de que seria interessante que
eu frequentasse algumas sessões com uma terapeuta, já que meu psicológico
ainda estava bem abalado.
— Vou sentir falta de ficar tanto tempo sozinha com você — comentei
com ele, assim que desembarcamos em Palermo. — Aqui tenho que dividir
você com os outros, e com frequência — reclamei, amando o sorriso que
tomou conta de seus lábios. Era maravilhosa a sensação de não mais enxergar
aquele terror que esteve presente em seus olhos nos últimos dias sempre que
olhava para mim.
— Ambos sabemos que você me domina com facilidade, hun? —
revidou, inclinando o rosto e o escondendo em meu pescoço. Gemi ao sentir
sua língua quente e macia deslizando em minha pele. — Basta você me
atentar com seu atrevimento que acaba roubando toda minha atenção.
Não resisti e dei risada., beliscando sua barriga.
Rindo junto comigo, ele me encarou. Rossi era tão lindo... Em todos
esses quase três anos de relacionamento, aprendemos tanto um com o outro...,
mas acima de tudo, aprendemos a nos respeitar e a respeitar nosso amor.
Rossi não era um homem normal, aliás, nem eu me considerava uma
garota normal; tínhamos um passado obscuro e traumas mais sombrios ainda.
Nossa realidade poderia ser assustadora para a maioria das pessoas, mas para
nós, era somente a nossa história. O que nos tornava quem nós éramos.
Quando o carro estacionou na fortaleza, esperei que Rossi descesse e
abrisse a porta para mim. Eu sabia que ele fazia questão disso, então eu o
respeitava. Demorei, mas entendi que quando estávamos sozinhos, ele era
meu marido, meu amante, meu Rossi. Porém em público, ele era o Capo da
máfia Fratelli.
Assim que desci, fechei os olhos e inspirei o ar o mais profundamente
que consegui.
De mãos dadas, eu e ele caminhamos em direção à entrada da
propriedade luxuosa e gigantesca. Não segurei às lágrimas quando me
deparei com toda família reunida, incluindo alguns funcionários.
Manuele foi o primeiro a se aproximar de mim, carregando um buquê
de rosas em suas mãos.
— Já posso voltar a te chamar de psicopata? — indagou em tom de
zombaria.
Semicerrei os olhos para ele, esfregando as bochechas para limpar a
umidade das lágrimas insistentes.
— Só se quiser levar um chute na bunda — revidei, atrevida.
Ele riu, entregando-me o buquê.
— Isso mostra que está de volta — comemorou, aproximando-se um
pouco mais. — Seja bem-vinda, querida. — Beijou minha testa.
Sorri para ele, sentindo meu coração aquecido.
Luca foi o próximo, demonstrando todo aquele ar de moleque abusado.
Observei que ele estava usando um brinco.
— Pediu permissão para usar esse brinco, menino? — perguntei,
zombeteira, fazendo os outros rirem, menos ele.
Mesmo revirando os olhos, vi que não se irritou comigo, pelo
contrário.
— Que ninguém me ouça, mas senti falta de você e das suas piadas
idiotas, sua insuportável — sussurrou para que apenas eu ouvisse. Em
seguida, beijou minha testa. Piscou para mim antes de se afastar.
Mariano estava logo atrás, sorrindo com toda aquela gentileza comum
de sua personalidade.
— Meu coração está feliz em voltar a tê-la aqui conosco, Maya. —
Também beijou minha testa, fazendo-me fechar os olhos.
Quando Fillipo chegou mais perto, eu já estava chorando de novo.
— Você não sabe a falta que fez a todos nós. — Afirmou, também
deixando um beijo em minha testa.
Odiava não estar tendo controle das minhas emoções, embora meu
coração estivesse extremamente inflado de amor.
Beatrice, Paola, Rosa e Simona também se aproximaram, me
abraçando tão apertado que meu ar chegou a faltar.
— Me perdoem — soprei para elas. — Precisei ir até o inferno, mas
agora voltei.
Sorri entre lágrimas.
Acariciei a barriga da Beatrice, em seguida, me inclinei para beijar seu
rosto rechonchudo. Eu a amava.
Amava todos eles.
De repente, o latido do Thor invadiu meus ouvidos e o vi correndo em
minha direção.
— Oi, meu amor! — exclamei, me ajoelhando para poder abraçá-lo.
Sua euforia era tanta que mal conseguia parar de me lamber. — Se
comportou como um bom menino, hein? — Dei risada quando ele latiu para
mim, como se estivesse respondendo.
De repente, Rossi chamou minha atenção para si e olhei para trás.
Cobri a boca quando visualizei o Benjamin, em pé, dando passos até
onde eu estava.
Foi impossível segurar a emoção.
Continuei parada, instigando meu filho para que ele caminhasse até
mim.
— Vem, bebê... — chamei, com a voz embargada. — Vem com a
mamãe.
Rindo e soltando gritinhos, Benjamin foi dando passos lentos e
desgovernados, mas conseguiu me alcançar.
Quando o senti em meus braços, enchi seu rosto de beijos. Senti meu
coração se enchendo de amor, alívio e esperança.
Esperança de dias melhores.
***
Mesmo depois que Benjamin adormeceu, longas horas depois, não
consegui parar de admirá-lo no berço. Odiava-me por ter sido tão negligente;
odiava-me por, de alguma forma, tê-lo rejeitado.
— Querida? — Ouvi a voz do Rossi atrás de mim, mas continuei
admirando nosso filho.
— Ainda não acredito que tive coragem de ser tão má com ele nos
últimos dias. — Desabafei, deslizando meus dedos no rostinho redondo.
— Mas você não foi má.
— Eu, praticamente, o rejeitei, Rossi. Que espécie de mãe faz isso?
— Você estava doente, Maya — argumentou. — Não era o mesmo
monstrinho com o qual estamos acostumados — zombou.
O idiota conseguiu me arrancar um sorriso.
Quando me virei para encará-lo, arquejei com a visão. Rossi estava
segurando um filhote de cachorro.
— Eu fiquei um bom tempo pesquisando a respeito do lugar em que
seu pai lhe comprou seus cães, Odin e Thor. E acabei descobrindo que o
sêmen do pai deles foi mantido congelado a pedido do velho Billy — referiu-
se ao meu pai. — Este é Rush. Tomei a liberdade de batizá-lo por esse nome.
— Aproximou-se de mim, visto que fui incapaz de sair do lugar. — Ele tem o
mesmo sangue de Odin e Thor.
Sem tirar os olhos do lindo animal, eu engoli em seco.
— Se por acaso você acha que esse cachorro vai tomar o lugar do...
— Não falei isso! — cortou-me. — O lugar do Odin é somente dele —
garantiu com veemência. — Não há como apagar as lembranças. — Pegou
minha mão e a depositou sobre o pelo macio do animal. — Rush veio para
criar a própria história dele ao seu lado, sobretudo, ao lado do nosso filho. —
Ergui meus olhos para encarar os seus. — Rush pertencerá ao Benjamin. Eu
quero que você o treine para proteger o nosso filho.
Meus olhos brilharam.
Segurando o pequeno filhote, sorri quando o ergui na altura dos meus
olhos.
— Seja bem-vindo à família, Rush! — exclamei, feliz.
Assim que me voltei para o Rossi, me deparei com o brilho em seus
olhos. Eu não sabia que podia amar ainda mais esse homem.
— Amo você demais. — Soprei, puxando seu rosto para mim. — Meu
amor. Meu homem.
— Mulher da minha vida — soprou de volta.
Me permiti ser beijada por ele, um beijo repleto de promessas.
Promessas estas que eu sabia que ele cumpriria. Meu marido era um
homem de palavra.
FIM
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Eu sou a amante do meu marido — 1
Em busca do perdão da minha mulher — 2
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