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Universidade de Brasília – UnB

Tópicos Especiais em História Contemporânea III

Maria Eduarda Santos de Almeida – 211053859

Controle de leitura VI

Após o término da Guerra Fria, da derrocada da União das Repúblicas


Socialistas Soviéticas (URSS), da queda do Muro de Berlim (em 1989) e,
consequentemente, o fim da dominação do comunismo em expansão, houve a
necessidade de uma readequação no contexto global, uma reorganização política
internacional, envolvendo tanto os países que tiveram uma participação diretamente
ativa na Guerra Fria quanto aqueles que assumiram uma posição mais discreta diante
dos acontecimentos presentes, uma vez que, havendo o desequilíbrio entre potências, há
um novo equilíbrio de poder global. Ao descartar a bipolaridade presente no mundo
como uma disputa política e econômica, novos espaços são abertos à multipolaridade –
ou multilateralidade –, isto é, a existência da pluralidade quanto aqueles que detém o
poder, não estando concentrado em uma única nação, diferentemente do que ocorria na
Guerra Fria. A União Europeia é a vanguarda do multilateralismo regional e global.

O multilateralismo é composto por arenas institucionais e temas da agenda


global, como social, econômico, político e militar. “Em Washington, o multilateralismo
sempre havia sido importante, praticado em nome dos interesses dos EUA, e não como
um ideal em si mesmo” (ANDERSON, 2015). Isto posto, a criação de uma Nova Ordem
Mundial vem de encontro a necessidade que o mundo encontrava de novas pautas, a fim
de estabelecer uma melhoria em âmbito internacional. A Organização das Nações
Unidas (ONU) via uma peremptória pertinência em aprofundar-se na temática de uma
certa “comunhão” entre os países, com o intuito de evitar conflitos semelhantes à
Guerra Fria, a qual é erroneamente conhecida por não ter tido “conflitos diretos”, uma
vez que a Guerra do Vietnã, a Guerra da Coréia e as ditaduras militares presentes a
partir segunda metade do século XX na América Latina podem ser consideradas
consequências diretas da Guerra Fria. Ademais, a Nova Ordem Mundial possui
temáticas majoritariamente sobre governança e não sobre segurança – essa que é a
temática levantada e compreendida como prioridade pela ONU –, estabelecendo a
dominância dos Estados Unidos e do capitalismo.
Um dos fatores que impactam diretamente na formulação e motivação para a
necessidade de uma Nova Ordem Mundial, ainda que haja a teoria do “unimultilateral”
– em que os Estados Unidos ainda seriam o centro das decisões tomadas, no ato de
controlar outra nações, ainda que indiretamente, posicionamento muito semelhante com
o que ocorreu durante a política da Boa Vizinhança –, foi o atentado ocorrido em 11 de
setembro de 2001, nos Estados Unidos – em Nova Iorque e Washington –, fato
marcante não somente pela ocorrência do atentado por si próprio, mas por ter sido o
primeiro ataque aos Estados Unidos em território americano desde o ataque japonês a
Pearl Harbour, ainda na Segunda Guerra Mundial – e em resposta, os Estados Unidos
contra-atacam com bombas atômicas as cidades japonesas Hiroshima e Nagazaki.
Houve a produção de uma agenda de segurança e, fundamentados nas políticas norte-
americanas de segurança e proteção do próprio patrimônio, os principais tópicos dessa
agenda são: combate ao narcotráfico, preservação do meio ambiente, contenção da
imigração e combate ao terrorismo, ou doutrina anti-narcoterrorismo (NOVION, 2021).

Robert Kagan, ao estabelecer em seu discurso a autonomia previa dos Estados


Unidos, “mirou direto na autoimagem dos EUA como uma sociedade historicamente
autocentrada, aventurando-se apenas com relutância e esporadicamente pelo mundo
exterior” (ANDERSON, 2015). Por conseguinte, é de conhecimento público que o
argumento de Kagan seja inefável, devido ao expansionismo brutal dos Estados Unidos,
o histórico de violência, além da necessidade de realizar uma “limpeza étnica” – que
ainda é possível observar na modernidade, com termos e movimentos como o WASP
(White, Anglo-Saxon, Protestant, em tradução: Branco, Anglo-Saxônico e Protestante)
– nitidamente uma herança do colonialismo britânico. “Kagan enfatizou a importância
central da Guerra Civil como o modelo, não apenas para o uso norte-americano de um
poder irrestrito com a aprovação divina – como Lincoln disse, “os juízos do Senhor são
verdadeiros e inteiramente justos” –, mas como o padrão para futuros empreendimentos
na conquista ideológica e na construção da nação” (ANDERSON, 2015). Kagan ainda
defende que os antigos conflitos e questões – como o comunismo e questões
motivadoras a Guerra Fria – não estão inteiramente resolvidas, como outros autores
defendem. No século XXI, ainda há a recuperação da Rússia e a ascensão da China –
consideradas autocracias contrarias a democracia, o que afeta grande parte do Ocidente,
os Estados Unidos incluso. Desta forma, John McCain – que era aconselhado por
Robert Kagan – propõe a Liga das Democracias, que diz muito sobre a postura dos
Estados Unidos na Nova Ordem Mundial, possui como objetivo a contenção da Rússia e
da China – no que se ocorre a globalização. Assim, os Estados Unidos entendem que é
necessário “partilhar” o peso econômico de sua política externa com outros países que
adotam a democracia como estrutura de poder. Em suma, os Estados Unidos ainda
assumem uma posição de autoridade dentro das suas próprias relações externas que
relacionam outros países. Kagan, ao defender que os Estados Unidos são a “o paraíso na
terra”, desvia a atenção de políticas de extermínio determinantes no cenário global de
desenvolvimento e prosperidade, ao adotar políticas agressivas e que atinge inocentes na
Guerra Contra o Terror, por exemplo.

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