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Brasil Argentina
Regulamentações inicias
Art. 6º, § único da CLT (2011) – equipara, para fins A mencionada lei não continha nenhuma
de subordinação jurídica, os meios telemáticos e regulamentação atinente ao teletrabalho até a lei
informatizados de supervisão aos meios pessoais e promulgada em 2020, indicada abaixo.
diretos.
Arts. 75-A a 75-E da CLT – foram inseridos pela Ley nº 27.555/2020 – Primeira lei que passa a
Reforma Trabalhista, para regular a prestação de dispor a respeito do regime em teletrabalho na
serviços do empregado em regime de teletrabalho. Argentina.
Definição
Art. 75-B da CLT → Prestação de serviços fora das Definição
dependências do empregador (podendo ou não ser Art. 102 bis (Ley 20.744) → Realização de atos,
preponderante), mediante uso de tecnologias da execução de obras, ou prestação de serviços, que
comunicação/informação que não configurem sejam executadas total ou parcialmente no
trabalho externo (ou seja, operações externas que endereço do empregador, mediante a utilização
não tem local fixo de trabalho não são consideradas de tecnologias da comunicação/informação.
teletrabalho).
Destaca-se que, diferente da legislação brasileira, na argentina, serviços configurados como trabalho
externo podem vir também a ser considerados como serviços em regime de teletrabalho. Na lei
argentina se menciona a execução de obras, por exemplo.
Percebe-se aqui que há entendimento bem díspar entre as legislações. Enquanto no Brasil o
empregado pode utilizar as ferramentas de tecnologia após a jornada de trabalho, para fins de uso
próprio/lazer, a legislação argentina prevê expressamente a proibição do uso destas ferramentas,
após o término da jornada de trabalho.
As disposições acima não se tratam exatamente da mesma situação, mas contemplam uma mesma
fundamentação, se assim podemos dizer. Enquanto a legislação brasileira apenas prevê uma
preferência de regime para um rol taxativo de pessoas, a argentina prevê vantagens/benefícios. A
legislação argentina, neste sentido, se mostra mais interessante para o empregado.
Além disso, a CLT prevê a preferência apenas quando o empregado tiver crianças até 4 anos ou
quando ele próprio possuir algum tipo de deficiência. Já a legislação argentina, concede a vantagem
para qualquer empregado tiver alguém sobre seus cuidados; além de que ao invés de 4 anos de
idade, consideram-se incapazes com até 13 anos.
Art. 7 e 8 → Transição de regime
A transição do trabalho presencial para o regime
de teletrabalho deve ser voluntária e registrada
por escrito por parte do empregado. Não pode,
Art. 75-C da CLT → A modalidade do teletrabalho portanto, o empregador obrigar esta transição.
precisa constar expressamente ou no contrato
individual de trabalho, ou em convenção coletiva. Caso o empregado que tiver consentido com a
transição, nos termos do artigo 7º, quiser revogar
Art. 75-C, §1º da CLT → Prevê a possibilidade de este consentimento, ele poderá fazê-lo.
alteração do regime presencial para o teletrabalho, Neste caso, o empregado deverá voltar a exercer
desde que haja mútuo acordo entre as partes. a atividade presencial no estabelecimento que
antes o fazia, ou, em não sendo possível, ao
Art. 75-C, §2º da CLT → Já a situação contrária, de estabelecimento mais próximo dele. Só não será
alteração do regime de teletrabalho para o observada esta regra se não for possível exercer
presencial, pode ser realizada por determinação do suas atividades naquele determinado
empregador. estabelecimento.
Art. 11 → Capacitação
O empregador é também responsável por garantir
que os seus empregados estejam capacitados a
usar as tecnologias da comunicação/informação
demandadas. Desta feita, deverá fornecedor
cursos e ferramentas de apoio para o empregado.
Sendo que, o desenvolvimento do empregado
quanto a estas ferramentas, deverá estar
integrado à jornada de trabalho.
Não há nem contestação de que, no que tange aos gastos com os equipamentos e ferramentas
necessárias para a prestação dos serviços em teletrabalho, a legislação argentina é MUITO mais
favorável ao empregado e específica do que a legislação brasileira.
Enquanto a legislação brasileira sequer coloca como sendo responsabilidade do empregador os
custos referentes aos equipamentos e às tecnologias necessárias para a prestação dos serviços, a
legislação argentina não somente atribui este dever ao empregador, como também indica a
necessidade de dar uma capacitação específica ao empregado e também compensar os gastos que
ele possa vir a ter com as tecnólogas necessárias.
Aqui fica claro que a norma argentina é favorável, na perspectiva do empregado. Visto que ela
sempre contemplará as duas hipóteses de aplicação (tanto a norma argentina, quanto a do local de
execução dos serviços), devendo sempre aplicar aquela que for mais favorável ao empregado. Já para
a brasileira, não há essa análise de valor; deve sempre prevalecer a legislação brasileira, via de regra.